Madden NFL 21: Mais do mesmo que não vale 250 reais
Chegamos ao final de agosto e a espera pela volta da temporada da NFL recebe seu combustível anual que é o lançamento do Madden NFL. Como todo jogo anual – e eu até incluo Pokémon e Call of Duty nessa pegada dados seus lançamentos frequentes – a pergunta sempre reside em “mudou coisa o suficiente pra justificar meu investimento?”.
Neste caso, pouco sim, muito não. Há mudanças significativas no gameplay (jogabilidade) que aproximam mais o Madden da realidade. Há a inclusão de um novo modo de jogo – com uma pegada street, a exemplo do que já vimos no FIFA 20. Mas o Franchise Mode segue abandonado.
Sem mais delongas, vamos à análise. Se você quer uma resposta rápida para a resposta de sempre, vá ao final do artigo. Se bem que você já deve imaginar o que eu tenho a dizer, porque todo ano é a mesma coisa.
Modo carreira: mais profundo, muito fácil
A EA deu “baby steps” no modo carreira e isso é um tanto quanto estranho se compararmos com os pares da empresa. Há muito tempo o modo carreira (jogando com um personagem criado) faz parte do NBA2K e o modo já teve até mesmo a colaboração de Spike Lee. O FIFA e o Madden optaram por algo roteirizado no início – Alex Hunter/Devin Wade – e dividido em duas partes.
No ano passado, vimos a introdução de um modo carreira com o college football – ou tipo isso, porque são dois jogos e olhe lá. Mas jogando apenas como QB. Assusta porque já no Madden de PlayStation 2 – 06, 07, 08, escolha o seu – era possível jogar o modo carreira até mesmo como kicker. Então, para o Madden 21, a EA colocou a opção de mudar de posição para RB ou WR. A forma pela qual isso é feito é meio bizarro, mas não vou dar spoilers para você aproveitar a experiência.
De toda sorte, ainda é muito pouco se comparado aos modos carreira do MLB The Show e do NBA 2k. Com uma tara por cut scenes e pelo modo roteirizado, a EA caba se engessando – em oposição aos outros modos que falei dos pares esportivos. A roteirização engessa a ponto de que não podemos escolher uma dificuldade no modo carreira até chegar à NFL. Então fica tudo muito tediante e com frequência passei para mais de 5 TDs numa partida. Abaixo, o vídeo com o gameplay completo desse modo (até chegar na NFL).
Gráficos e Som: Mudanças sutis
Como a nova geração de consoles está chegando no final deste ano, era esperado que não houvesse muito empenho da EA em relação aos gráficos. Foi assim nos Maddens derradeiros do PlayStation 2 e PlayStation 3 e não seria diferente aqui. Alguns seguidores me disseram que sentiram o gráfico um pouco pior, mas sinceramente não senti isso. Em realidade achei até que estão melhores em jogos noturnos, em termos de iluminação.
O som, porém, deu uma melhorada. Um novo narrador de estádio – o que fala first down, nome do jogador e posição da bola – foi introduzido e ainda bem, porque o antigo estava no jogo desde o PlayStation 3 e era zero condizente com a realidade. Adicionalmente, gritos de torcidas foram melhorados. Você consegue ouvir o Go Pack Go com mais facilidade no Lambeau Field – algo que reproduz a realidade de maneira mais fiel, portanto.
Franchise Mode: o super descaso
Jogar o franchise mode do ESPN NFL 2k5 ou mesmo do Madden 05 de PlayStation 2 e jogar o mesmo modo de jogo no Madden 20 é uma experiência frustrante ao perceber que um jogo que tem quase idade para dirigir é mais completo. Madden 20? Sim, não foi erro meu. À época do lançamento, Madden 21 tem esse modo estritamente como o MESMO do Madden 20. Literalmente nenhuma mudança foi feita num intervalo de um ano.
Quando a comunidade soube disso, se revoltou. Nem ao menos uma perfumaria ou outra foi adicionada. O descaso e a cara de pau foram tamanhas que simplesmente não mexeram em algo que está quebrado. Esse é o ponto. Se estivéssemos falando do MyGm do NBA2k, que é completo e no qual você pode até mudar regras da liga, então beleza não haver mudanças. Mas estamos falando de um modo de jogo quebrado que não conta com elementos que estavam presentes no mesmo jogo, da mesma desenvolvedora, de 15 anos atrás.
Senior Bowl, Free Agents Restritos, Contratos com mais dinheiro no início ou no fim, times onde o jogador esteve, corrida pelos prêmios, playoff picture... Eu poderia ficar alguns dias listando as coisas que não estão presentes e que deveriam – e que estão nas contrapartes da NBA e da MLB no 2k e no The Show. Chega realmente a ser vergonhoso e frustrante.
Ante tudo isso, a EA prometeu mudanças. Algumas chegarão ainda neste ano, como a possibilidade de editar quem é Superstar X Factor ou não. Também foi prometido que a IA do jogo faça decisões que fazem sentido, como por exemplo não dar um contrato de 3 anos para AJ Green – coisa que aconteceu na live acima. Outras, como contratar uma comissão técnica (gente, não deveria ser tão difícil assim...) só no Madden 22. Algo que também me incomoda é que o “morale” não afeta tanto os ratings assim – a EA poderia jogar o MLB The Show para ver como isso é importante. Um QB com 3 interceptações num jogo deveria perder moral e ter seu rating reduzido para a partida seguinte – e vice-versa. Mas não é isso que acontece aqui.
Ainda falta quilômetros para que o Franchise Mode do Madden deixe de ser o pior – disparado – dos jogos esportivos. Sequer criar um time propriamente podemos – coisa que a EA promete apenas para o Madden 22.
The Yard: A resposta para a 2k
Ainda neste ano, a 2k anunciou um novo contrato com a NFL para fazer um jogo não-simulação de futebol americano. Ou seja, algo na pegada do NBA Jam, por assim dizer. O contra-ataque da EA foi a introdução de um modo arcade no Madden 21, o The Yard.
É praticamente a mesma coisa que o “Volta” do FIFA 20, mas no futebol americano. Aliás essa vem sendo uma tendência da EA, introduzir ideias no FIFA e no ano seguinte colocá-las no Madden – o modo carreira foi a mesma coisa.
É divertido e para você que joga de maneira casual é uma boa pedida. Eu não gostei muito mas realmente é algo subjetivo. Para que não é tão hardcore de futebol americano, é uma boa forma de apresentar o esporte, então parabéns à EA nesse sentido.
Gameplay: aí sim temos mudanças boas
Ok, depois de muita pancada vamos tecer elogios válidos. Se você era um daqueles que na defesa controlava um dos ILBs e marcava o campo inteiro facilmente, tenho uma má notícia: o Madden agora está mais próximo da realidade.
As trincheiras voltaram a ser importantes. Afinal, é isso que faz sentido, toda jogada começa na linha de scrimmage e não com um linebacker onipresente marcando o campo inteiro. Agora, este tem uma movimentação mais lenta e condizente com a realidade – forçando o jogador a começar a jogada defensiva no controle de um EDGE ou iDL. Ou seja: como acontece na vida real (aleluia!).
Nesse sentido, agora temos movimentos de pass rush a serem escolhidos como na vida real. Até ano passado, ou você apertava X (e escolhia um pass rush de técnica) ou quadrado (para um pass rush de força). E era basicamente isso. No Madden 21, por meio do analógico direito, você tem a opção de vários movimentos e uma barrinha para gastá-los – pass rushers melhores, como Aaron Donald, tem barrinha mais cheia e alguns “poderes” do Superstar X Factor inclusive recarregam essa barrinha.
Na linha ofensiva, os bloqueadores vão enchendo sua própria barrinha ao longo do jogo. Ou seja: não vai adiantar usar sempre o bull rush ou o swim, por exemplo. Tal como na vida real, eventualmente o bloqueador vai manjar isso e perderá o efeito. É uma mudança muito bem-vinda e isso deixa o jogo na defesa muito mais agradável – além de ser uma novidade que aumenta muito o fator replay do game.
No ataque em si, duas coisas que reparei que ajudam muito também no fator replay e na queda de frustração, por assim dizer: bloqueios em campo aberto estão acontecendo (era um parto para que seu bloqueador assim o fizesse até o Madden 20) e a EA deu um jeito de seu quarterback lançar a bola no “último momento” antes do sack. Pela engine Frostbite, até a edição 20 a animação de sack começava e nem se você fosse Pat Mahomes conseguiria se livrar da bola.
Veredito: Comprar agora, esperar promoção ou não comprar?
Há muitas mudanças na NFL de 2019 para 2020 – vários times mudaram de uniforme, Tom Brady saiu dos Patriots, temos calouros pra lá de interessantes. Isso, por si só, pode levar uma galera a comprar o jogo no lançamento. Se puder ser uma espécie de irmão mais velho, falaria para você não fazer isso.
As mudanças aconteceram – é fato que o gameplay está melhor e está mais gostoso jogar, sobretudo na defesa. Mas não justificam o preço de um lançamento AAA. O Madden 21 custar o mesmo que o Red Dead Redemption 2 – após anos de desenvolvimento – custou quando lançado é algo que não faz muito sentido. Continuo endossando fortemente para que jogos esportivos tornem-se serviços de assinatura.
Então a recomendação segue sendo a mesma de anos anteriores: esperar promoção para comprar. Esperemos que após a revolta da comunidade – que fez #FixFranchiseMode trending topic mundial – faça com que a EA olhe para além da máquina de imprimir dinheiro chamada Ultimate Team. Esse não é um problema apenas da Eletronic Arts – a 2k é viciada em microtransações. Mas no NBA 2k o MyGM (equivalente ao Franchise Mode) é anos luz mais completo.
Quem fez o Madden ser grande foram jogadores de anos que compravam o jogo por conta do franchise mode. Se não houver mudanças, um dia eles vão cansar e não comprarão mais. Se é que já não cansaram.
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