5 vezes Melhor do Mundo é imune às denúncias de abuso sexual? O caso de CR7 'ignorado' pela imprensa italiana
As cinco conquistas de melhor do planeta, os milhões na conta, os inúmeros troféus e o talento não deveriam fazer do português Cristiano Ronaldo alguém que está acima da lei. Ninguém está. A julgar pelo tamanho desse jogador, pela personalidade dentro de campo e pela frequente conduta nos gramados, para o jornal italiano Tuttusport, CR7 jamais cometeria o crime de estupro. Destaca: “jogador fenomenal e tão correto no campo que nos leva a pensar que ele também é assim fora de campo”. Na minha opinião, esse é erro número um: é impossível tal conclusão levando em consideração apenas a conduta desportiva. Entretanto, o desserviço - assim considero - do jornal italiano continua:
“Agora é uma epidemia. Na sobra de tempo, algumas mulheres se divertem denunciando homens ricos, acusando-os de assediar e, depois de chantageá-los, receber quantias ricas, sem pagamento, iniciam procedimentos legais. Querem ver seus amigos atrás das grades. Assim, surgem escândalos falsos e, no entanto, esmagadores e desonrados para os envolvidos, que vão de fato para o papel de 'carcereiros' e de vítimas. São operações marcadas por abjeção”.
Então vem o erro número dois, o que vou chamar de desmoralização. Se estamos numa intensa batalha para que essas temáticas - nossas temáticas femininas - sejam tratadas com seriedade, se temos avançado no sentido de relevantes movimentos globais pró mulheres, que nos estimulam a perdermos o medo de falar, de se expor, de lembrar, e como sempre digo, um lembrete que deve ser constante, como pode ainda uma publicação tratar uma denúncia com tanta apatia? Como pode escolher palavras tão repugnantes?
Essa acusação, de um estupro que teria ocorrido em Las Vegas, tomou conta das manchetes do mundo inteiro. Compete à Justiça determinar se o fato ocorreu ou não. E a imprensa o papel que lhe diz respeito: apurar, trazer os dois lados, informar. E, ainda que o texto, publicado num dos maiores jornais de Turim, fosse Jornalismo de Opinião, desqualificar uma mulher e tratar o estupro, o assédio, como uma “moda” de forma geral é uma afronta.
A modelo Kathryn Mayorga alega que o fato teria acontecido em Las Vegas em 2009. O jogador teria a levado para a cobertura onde estava hospedado e forçado a ter relações sexuais com ele. Cristiano, nas redes sociais, chamou o caso de fake news e disse que Mayorga estava tentando se promover às custas dele. Nos Estados Unidos, a polícia decidiu reabrir o caso. Segundo o advogado da modelo, há provas suficientes para o processo, entre elas, um registro de queixa que teria ocorrido na data - um abuso sexual num hotel de luxo, em que a vítima não se identificou, mas passou por perícia. Além disso, a revista alemã Der Spiegel publicou uma reportagem em que afirma ter tido acesso a documentos que revelam um acordo de silêncio entre o jogador e a modelo, por isso essas revelações só virem a público agora, 9 anos depois.
Um dos advogados de Cristiano, em comunicado divulgado pela Gestifute, a agência que representa o astro do Real Madrid, disse que esses documentos são falsos e que foi irresponsabilidade pública-los. “Os documentos que supostamente contêm declarações do senhor Ronaldo e foram reproduzidas na imprensa são puras invenções", afirmou o advogado. Ainda segundo ele, os documentos foram roubados por um hacker e que "partes significativas" desses documentos foram "alteradas e/ou completamente fabricadas".
Dessa forma, Cristiano Ronaldo não nega o acordo, mas diz que as razões que o levaram a fazê-lo estariam então sendo sendo distorcidas, sem que o acordo represente uma confissão de culpa. O acordo seria de US$ 375.000,00 pela confidencialidade.
O advogado Leslie Stoval, que defende Mayorga na acusação, afirmou ao jornal The Sun que foi ainda procurado por outras três mulheres relatando situações similares com Cristiano Ronaldo. A primeira delas teria sofrido o crime durante uma festa, a segunda teria sido 'ferida' pelo craque português, e a terceira já teria feito um acordo com o atleta, assim como Kathryn.
A notícia, apesar de desacreditada também por outros veículos italianos, teve repercussão direta nos negócios. Na Bolsa de Milão, as ações da Juventus, clube em que o português foi comprado para ser a grande estrela da temporada, registraram queda de 5,3% naquela mesma sexta, somando perda de mais de 18% desde que as alegações de abuso sexual começaram a circular. Cristiano Ronaldo, figura símbolo de diversas campanhas, pode sofrer consequências diretas com marcas, incluindo o cancelamento de contratos. Mas, se comprovada a culpa de Cristiano, esse seria o menor dos danos.
Trago esse episódio como forma de reflexão. Não há como isentar um ídolo sob o argumento de uma boa imagem ao longo dos anos de carreira, afinal, um gênio dos gramados pode ser um crápula fora deles. Não dá também para previamente condená-lo. Agora o que não pode, sob hipótese alguma, é desconsiderar uma denúncia dessa gravidade. Nem desconsiderar, nem desmoralizar, Tuttusport.
Fonte: Bibiana Bolson
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