O VAR, a pesquisa e uma certeza: no Brasil, o amadorismo da arbitragem atrapalha demais
Quem assistiu a Brasil x Equador na noite de 4 de junho, no Estádio Beira-Rio, certamente ficou irritado nos minutos finais que antecederam o pênalti convertido por Neymar. O gol foi marcado aos 48 minutos do segundo tempo. Mas a confusão começou cinco minutos antes - o árbitro venezuelano Alexis Herrera levou quatro irritantes minutos analisando as imagens da arbitragem de vídeo para decidir sobre o pênalti de Preciado em Gabriel Jesus. Por fim, Neymar bateu, Domínguez pegou, mas a arbitragem mandou voltar porque o goleiro adiantou-se. O próprio Neymar bateu pela segunda vez, balançou as redes e definiu a vitória brasileira por 2 a 0. Recorro a este episódio para ilustrar um dos inconvenientes, talvez o principal, do uso do VAR no futebol, que é a demora na tomada de decisão.
Não se trata de um problema exclusivo do futebol brasileiro ou latino-americano. Também na Europa, mais especificamente na Inglaterra, há descontentamentos com o árbitro de vídeo.
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Realizado recentemente, um estudo conduzido pela Federação dos Torcedores de Futebol (FSA, na sigla em inglês) revelou que mais de 40% dos torcedores estão menos propensos a irem a jogos de futebol devido a preocupações com o sistema de Árbitro Assistente de Vídeo (VAR, que também é uma sigla em inglês).
De um total de 33.243 torcedores ingleses entrevistados, 94% afirmaram que o VAR tornou "menos agradável" assistir futebol, queixando-se justamente de questões como o tempo necessário para confirmar as decisões. Temos que ir devagar. É importante sempre tomar a decisão correta. É claro que existem reclamações com relação à demora nas decisões, não se pode demorar cinco, seis, sete minutos como já aconteceu no Brasil. Tem que ser acelerado esse processo. Deve existir um treinamento melhor da arbitragem por aqui para minimizar os erros e esse tempo de análise. Eu sou favorável ao VAR, é um caminho sem volta.
Na pesquisa, os fãs ingleses também disseram que o VAR arruinou a espontaneidade das comemorações dos gols. Apenas 26% apoiaram o uso do auxiliar tecnológico, embora 97% tenham se mostrado a favor da tecnologia da linha do gol, que fornece resultados quase instantâneos.
Cabe ressaltar que na Europa os árbitros que apitam os jogos da Premier League são todos profissionais da arbitragem, ao contrário do futebol brasileiro, em que alguns árbitros possuem outras funções. O amadorismo da arbitragem atrapalha. O futebol no Brasil é um grande negócio, movimenta muito dinheiro e é um absurdo que não exista essa profissionalização por aqui ainda.
O árbitro tem que receber salário, com todas as condições mínimas para trabalhar, todo apoio necessário. Não vejo outra saída sem ser a profissionalização. Desde o tempo que apitava, eu levantava essa bandeira. Por fim, reitero minha posição: o VAR é um auxiliar precioso que precisa ser melhor manuseado pela arbitragem, o que certamente acontecerá com o decorrer do tempo.
Repito, o árbitro de vídeo veio para ficar. O que não pode ficar como está é a ausência de profissionalismo na arbitragem do nosso futebol. Trata-se de uma questão de respeito para os homens e mulheres que exercem o ofício e também de zelo para com o transcorrer do esporte dentro das quatro linhas. Afinal, profissionais que têm reconhecida a importância e a consequente valorização da sua atividade trabalham melhor.
O VAR, a pesquisa e uma certeza: no Brasil, o amadorismo da arbitragem atrapalha demais
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