Seahawks x Rams: como a temporada de MVP de Wilson 'foi para o vinagre' e ataque voltou 'à moda Carroll'
O Seattle Seahawks recebe o Los Angeles Rams neste domingo, às 18h25 (de Brasília), com transmissão da ESPN e do ESPN App, em partida que pode decidir a divisão Oeste da Conferência Nacional da NFL. O jogo é também uma revanche do confronto dos dois rivais ocorrido há pouco mais de um mês, quando os comandados de Sean McVay impuseram a Russell Wilson uma de suas piores atuações na temporada.
Tradicionalmente um time que prioriza as corridas, os Seahawks iniciaram 2020 com um ataque aéreo avassalador que colocou seu quarterback como um dos favoritos na discussão para MVP. Desde a partida em Los Angeles, entretanto, a unidade ofensiva vem mostrando menos poder de fogo, passando dos 30 pontos apenas em um duelo, contra o fraquíssimo New York Jets. E as conversas de Wilson como melhor da temporada 'foram para o vinagre'.
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Não é de hoje que a torcida em Seattle pede uma estratégia que valorize mais passes. Afinal, além de ser uma tendência da NFL como um todo, se encaixaria nas habilidades únicas de um quarterback raro como Wilson, considerado um dos melhores de toda a liga. O movimento #LetRussCook (deixe o Russ cozinhar, em tradução literal), ganhou as redes sociais nos Estados Unidos e virou uma realidade dentro da franquia, como mostrou Antony Curti neste post (clique aqui e leia).
O treinador Pete Carroll, contudo, nunca foi o maior fã da filosofia aérea. Já na semana 1, após enfiar 38 pontos no Atlanta Falcons, ele reclamou da priorização pelo jogo de passes.
"Sete e seis carregadas (números de Hyde e Carson naquele jogo) não são suficientes para nossos caras. Queremos mais. Tivemos 20 corridas. Queremos mais do que isso no geral", declarou.
Dada a queda no rendimento em pontos do ataque dos Seahawks e ausência do nome de Russell Wilson nas discussões sobre MVP na segunda metade da temporada, veio o questionamento: Seattle voltou a correr com a bola e a sabotar o próprio ataque?
Como mostra o gráfico acima, o ataque comandando por Brian Schottenheimer de fato teve uma queda na porcentagem de chamadas de passe nas últimas semanas, especialmente se comparadas ao meio da temporada, quando Seattle constantemente se aproximava ou até passava da marca de 75% de dropbacks (jogadas onde o quarterback recua para passar, independentemente do resultado ser uma tentativa de passe, um sack ou um corrida improvisada).
Somente o fato dos Seahawks estarem voltando ao plano de correr mais com a bola, no entanto, não quer dizer automaticamente que isso tenha atrapalhado Wilson. Aliás, ao se comparar a produção do quarterback com a porcentagem de chamadas de passe do time, uma tendência até surpreendente aparece.
Usando o índice bruto de QBR (uma nota matemática calculada pela ESPN, de 0 a 100, que representa a produção do quarterback tanto no jogo aéreo como no terrestre), é possível ver que Russ não necessariamente está na sua melhor forma quando se coloca todo o ataque em seu braço.
O gráfico acima mostra: quanto mais para a direita, maior a porcentagem de passes chamados naquela determinada partida. Quanto mais para cima, melhor Russell Wilson jogou. Os escudos indicam os adversários enfrentados pelos Seahawks em cada duelo.
A produção do quarterback superou os 75 pontos de QBR em 7 de 8 partidas quando Seattle chamou até 66% de passes (número da partida contra os Falcons). A exceção foi o duelo contra os Cardinals, o qual os Seahawks ainda venceram por 28 a 21. Todas as oito foram vitórias.
Quando a proporção de passes se aproxima dos 70% ou mais, por outro lado, a produção de Russ cai. Foram duas partidas terríveis contra Giants e Rams, três boas (mas abaixo dos 75 pontos de QBR) contra Bills, Vikings e Cardinals, além de uma exceção contra os Cowboys, que tinham uma das piores defesas da liga na época.
Nessas situações, foram quatro derrotas e duas vitórias, isso porque o triunfo contra Minnesota veio no último minuto.
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Claro, sair atrás no placar te obriga a passar mais a bola e aumenta suas chances de derrota, assim como dificulta a vida do quarterback. Mas essa explicação, com exceção ao jogo diante dos Bills, não exclui a teoria de que Wilson precisa de um time mais equilibrado para brilhar.
"No começo da temporada, não precisamos correr muito com a bola, porque estávamos voando com os passes, parecia quase óbvio. Fico desapontado com isso, porque (as corridas) são o elemento do nosso futebol americano que nos faz ser o que somos e que faz o trabalho do Russ ser diferente de quando ele precisa lançar a bola 40 ou 50 vezes. Ele certamente consegue fazer isso, adora fazer isso, nós não nos importamos em fazer isso, mas nosso futebol americano é melhor quando temos equilíbrio", disse Pete Carroll após a magra vitória por 23 a 17 sobre os Eagles na semana 12.
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Para adicionar mais uma evidência à teoria, é relevante olhar os mesmos gráficos de comparação entre QBR bruto e porcentagem de chamadas de passe de outros três candidatos ao MVP: Aaron Rodgers (em cinza), Josh Allen (em vinho) e Patrick Mahomes (em vermelho).
Dos três, dois não seguem a tendência de Wilson e mantêm números altos mesmo com altas porcentagens de chamadas de passe, em ataques mais unidimensionais e menos equilibrados. Só Rodgers decai com altas porcentagens de jogo aéreo.
Logo, é possível dizer que, ao menos nesta temporada, entregar o ataque nos braços de Russell Wilson e "deixá-lo cozinhar" como a torcida pediu não é a melhor resposta.
Agora, se isso é responsabilidade única da habilidade do quarterback ou se o ataque desenhado por Brian Schottenheimer não é criativo o suficiente para sustentar uma proporção maior de passes é discussão que renderia outro post inteiro...
Fonte: Matheus Sacramento
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