Profissão dirigente esportivo
Ao acordar dei de cara com a matéria que o skatista Bob Burnsquist virou presidente da confederação de Skate e já se rotulou um presidente rebelde.
Tenho que admitir que fiquei feliz ao ver um atleta consagrado, inteligente, querido e ativo entrando nesse vespeiro. Fiquei mais feliz ainda com sua vontade e direção de não ser político, ser mais técnico e contestador, mas ao mesmo tempo a sua decisão me fez pensar.
Será que o caminho é esse? Será que os atletas precisam ou devem se colocar nessa situação?
Há tempos eu vejo atletas entrando nas confederações e em pouco tempo abandonando o barco. Muitos deles totalmente decepcionados, outros revoltados. Poucos ficaram em fizeram um bom trabalho. Eu mesmo escuto que deveria fazer esse caminho. Muitos já me indagaram a respeito. Mas no meu caso isso está bem fora dos planos
Eu tenho claro algumas coisas sobre esse assunto:
1. Não importa o quanto o atleta foi bem sucedido. Na minha visão para ser presidente de uma confederação o postulante tem que ter muita noção de gestão, planejamento e ser um pouco político. De gestão e planejamento o cara precisa ser bom porque ele vai ser o responsável por um esporte. Uma empresa. Político, porque mesmo sendo rebelde o cara vai ter que lidar com presidentes, ministros, atletas e muitas vezes ou na maioria delas os outros não pensam como ele, ou melhor, ele pensa totalmente diferente e tem um respeito ao esporte que os outros nem passam perto de ter.
2. Tem que ter estômago. Não preciso dizer aqui que o esporte brasileiro é dirigido em sua quase totalidade por caras que pouco produzem, pouco se preocupam com o desenvolvimento ou atletas. A sua grande maioria é feita de pessoas que não tem condição de estar lá e usam o posto para se promoverem e terem ingresso, regalias e um minuto de fama na frente da televisão. Ganham o posto e automaticamente viram a cara para o verdadeiro esporte.
3. Ter sido um grande atleta não representa ser um bom dirigente. Não te dá a credencial de competente. Não te dá a isenção de incompetente ou idôneo. Temos no esporte muito atleta perigoso. No caso do Bob, tenho certeza que ele tem condição. Mais que um atleta ele sempre se mostrou um empresário e um agregador. Não precisa da fama e do dinheiro da confederação e ama o esporte. Todas as credenciais necessárias.
4. Ter tempo para trabalhar. O esporte é fundamental. Temos que ter respeito a ele. Para isso quem assumir tem que trabalha duro. Ter tempo para pensar, aglutinar pessoas, fazer decisões, conversar, mas acima de tudo fazer decisões importantes. Mudanças radicais. Para isso se precisa tempo e um time forte. Sem isso vejo pouca chance de sucesso. Presidente que vai só no final da tarde para assinar papéis e ficar sabendo o que aconteceu quase sempre é engolido pela política brasileira.
Falado isso, reafirmo que estou feliz em ver o Bob encarando um desafio desses. Torço para que ele consiga mudar o falido processo dos dirigentes esportivos. Que ele incentive e mostre uma alternativa aos atletas e com isso que tenhamos mais e mais pessoas competentes no poder. Que ele consiga pressionar o COB e o ministério dos Esportes. É por último que ele tenha em casa guardado muita paciência.
Boa sorte, Bob. Voe alto. Tenha equilíbrio, erre ou acerte tentando o correto. Lute pela nota 10.
Fonte: Fernando Meligeni, blogueiro do ESPN.com.br
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