Dois meses e três reuniões depois, CBF acaba com comitê para futebol feminino
Depois de apenas 3 reuniões em dois meses, a CBF decidiu extinguir o Comitê de Futebol Feminino, criado após as manifestações de atletas da categoria por ocasião da demissão da técnica Emily Lima, em outubro. A extinção foi publicada em portaria assinada por Marco Polo Del Nero, então presidente da CBF, no fim de novembro. No texto, o dirigente fixa o fim dos trabalhos para 31 de janeiro. O grupo foi comunicado da decisão em reunião realizada nesta terça-feira, sem explicações para o precoce encerramento.
Durante os dois meses em que existiu, o comitê, batizado de "Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do Futebol Feminino", sugeriu diversas mudanças na forma como a CBF conduz a modalidade. Entre os principais pontos, estava a criação de uma diretoria específica para cuidar dos interesses das jogadoras. A criação de um departamento para o feminino foi uma das 11 resoluções indicadas pelo Comitê de Reformas da CBF, aprovado em junho do ano passado. Mas que ainda não saiu do papel.
Entre as ideias que a CBF aproveitou do grupo está a realização de uma festa de premiação para as jogadoras que mais se destacarem na temporada. A entidade aceitou fazer e decidiu premiar com R$ 5 mil as jogadoras, nas categorias: artilheira do Brasileiro, destaque do campeonato, gol mais bonito e revelação da competição. Outra sugestão atendida foi a inclusão de pelo menos uma mulher em função técnica nas comissões dos 32 times do Brasileiro de 2018.
Questões mais administrativas também foram acolhidas, como a preservação da datas FIFA, não havendo rodada da serie A1 no mesmo período.
"Nós entregamos mais de 20 sugestões para a CBF. Ideias que podem melhorar a modalidade em todo o país, em relação ao seu desenvolvimento, ao seu fomento. Isso já está com eles desde outubro. A gente entende que as mudanças que eles farão para o ano que vem são muito simples que já deveriam ter acontecido há um certo tempo. Eram questões que bastava ter escutado quem já está falando isso há bastante tempo", comentou Juliana Cabral, ex zagueira da seleção e uma das integrantes do grupo.
- Grupo na Fifa
O grupo foi formado após protestos de dezenas de jogadoras de futebol feminino no país, que pediam mais voz junto à CBF para traçar melhorias para a modalidade. Marco Polo Del Nero decidiu criar o comitê, após receber uma carta aberta das veteranas da seleção, com grande repercussão fora do país. Marcia Tafarel, Sissi, Juliana Cabral, Formiga, Cristiane, Fran, Rosana e Andréia Rosa, foram as que assinaram a carta.
As reuniões realizadas não tiveram a presença do coordenador de futebol feminino, Marco Aurélio Cunha. Entre os pedidos do grupo estava a criação da diretoria de futebol feminino e para o qual as veteranas indicaram Aline Pelegrino, ex zagueira da seleção e atual responsável pela modalidade na Federação Paulista de Futebol.
"Não sabemos porque essa porta foi fechada. Em momento algum nos disseram que este grupo teria um prazo para o trabalho, entendíamos nós que o grupo seria criado para esse diálogo aberto de 30 anos inexistente. A criação do grupo foi importante naquele momento para a CBF porque dava uma resposta para todas as manifestações e pra gente era um início importante, uma porta aberta que não existia. Apesar de saber dos interesses, achávamos importante um diálogo aberto, que mas ele só aconteceu por 2 meses até as portas se fecharam novamente", disse Cabral..
O grupo das veteranas, no entanto, continuará existindo e elas já iniciaram contatos com a FIFA. "Hoje temos um contato diretamente dentro da FIFA, que é a Sisi, e continuaremos com o comitê, continuaremos pensando no desenvolvimento da modalidade, só que agora o diálogo será entre a entidade máxima e a CBF. A Sisi que é tão respeitada lá fora será a nossa representante".
Segue o posicionamento da CBF:
"A CBF não quer se manifestar publicamente sobre o tema. Esse assunto é tratado diretamente com o grupo de trabalho."
Fonte: Gabriela Moreira, blogueira do ESPN.com.br
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