LeBron James errou e eu me rendi: o play-in da NBA é um sucesso

Gabriel Veronesi
Gabriel Veronesi

         

    

 

Contrariando o que eu pensava no começo da 'invenção' do play-in e as críticas de LeBron James, Luka Doncic e Mark Cuban, o play-in da NBA é um sucesso.

Está certo, a temporada - esta, especialmente - é atribulada. São muitos jogos, e com a pandemia, os jogos ficaram condensados, castigando o físico dos jogadores.

Dito isso, minha opinião fica totalmente presa à parte do telespectador, do fã da NBA.

Após a bola de três de LeBron James diante dos Warriors na vitória da última quarta-feira, as redes sociais entraram em frenesi. Quem odiava LeBron, quem odiava Curry, os torcedores dos Lakers, dos Warriors. Todos. Apenas um jogo, apenas um 'mata', diferente do restante dos playoffs, decididos em quatro ou mais jogos, fez com que todos os fãs do basquete se sentissem como se assistissem à uma final.

A ideia da NBA ao criar o play-in era dar mais significado à morosa reta final da temporada regular. Na última semana, quando todas as equipes já estavam com suas posições garantidas, e da 10ª colocação para baixo, ninguém mais poderia chegar ao playoff, as equipes poupavam seus jogadores, e as partidas ficavam arrastadas.

Cansamos de ver jogos sem nenhum propósito, só com calouros e jogadores da G-League, sem ambição e sem apelo.

A NBA pensa nos cofres, no público, na audiência quando cria o novo modelo, mas acerta também nos fãs.

As críticas vieram de LeBron James, Luka Doncic e Mark Cuban, questionando 'justiça', quando equipes atuam por 72 jogos na temporada em busca de um suado 8º lugar, antes vaga garantida na pós-temporada, podem cair fora da briga pelo título após apenas duas derrotas.

E a crítica é plausível. Do ponto de vista do atleta, do GM, do técnico que trabalha a temporada toda para beliscar uma vaguinha nos playoffs e fica a duas derrotas da volta para casa, é um tombo bastante dolorido.

O ponto é: só faz essa crítica quem está no play-in por cima. LeBron, Luka, Cuban... Todos criticaram quando estavam nas vagas superiores.

Duvido que Ja Morant, por exemplo, tenha críticas a fazer ao play-in. Se classificando em oitavo e podendo brigar por uma chance na pós-temporada.

 

         

    

 

'É só ganhar', foram algumas respostas aos questionamentos. Mas é aí que tá. Não é simples assim. A NBA é uma coisa imprevisível em um jogo só. Pode dar tudo errado pra você e nenhuma bola cair. Sua principal estrela pode pegar um mero resfriado e ficar longe dos 100%. Ou então você pode cruzar com um Stephen Curry numa noite 'daquelas'.

É isso que faz o esporte tão cativante. É essa imprevisibilidade. É a chance de surpresa a qualquer momento. É a iminência da zebra.

E é isso que tem acontecido nesse play-in. Jogaços, emoção, jogos eletrizantes. É tudo o que o fã quer.

A NBA precisará revisar seu formato de calendário. Reduzir o número de jogos, espaçá-los. Algo a ser feito. Dever de casa para Adam Silver.

Por hora, para nós, é apreciar cada jogaço desses. Cada partida acirrada, que pode contar com, veja só, LeBron x Curry na primeira rodada.

O play-in? Ano que vem deve ter mais.

Os playoffs? Estão apenas começando.

 

         

    

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LeBron James é o melhor da história em algo que Michael Jordan jamais será

Gabriel Veronesi
Gabriel Veronesi

Títulos, pontos, assistências, rebotes, mais títulos. As estatísticas sempre embasaram as grandes discussões sobre 'os maiores da história'. Mas existe um recorte, uma conta, em que LeBron James é, sem a menor discussão, o maior de todos os tempos na NBA.

O debate da parte em quadra pode ficar para outro texto, mas nesse aqui é onde eu cravo que LeBron James é o maior homem de negócios que a NBA já viu. Bem longe de Michael Jordan.

Jordan comanda o Charlotte Hornets, franquia simpática mas que parece ter dificuldades para subir ao grande palco da NBA. Jordan tem suas ações e seus negócios, mas todos parecem andar sob o radar. Jordan tem seus tênis, mas vale lembrar que toda a parceria com a Nike ficou por um fio após os dois primeiros modelos, e foram salvos pelo design de Tinker Hatfiled, que desenhou o terceiro modelo da coleção e 'reviveu' a marca.

Quando jogador, o desejo de ser o maior de todos os tempos fez com que Jordan 'ignorasse' outras estrelas, como conta Jerry Krause, ex-diretor dos Bulls, afirmando que Michael não fazia questão de ter companhia em Chicago, acreditando que ele poderia vencer sozinho.

Jordan pode ser todo o ícone que é, mas jamais será o grande jogador de xadrez, influente nos bastidores, assim como LeBron James é.

LeBron provou seu valor ano após ano dentro das quadras, mas bem antes disso, quando ainda estava no colégio, no St. Vincent-St. Mary High School, o atleta já atraía todos os olhares e já estampava revistas e mais revistas.

Assim como Kobe Bryant, LeBron 'pulou' o basquete universitário e entrou para a NBA com apenas 18 anos, e atraiu os holofotes do mundo todo para Cleveland, correspondendo em quadra e estampando outdoors, revistas e jornais.

Toda essa mídia parece ter moldado LeBron, que aprendeu, como ninguém, a usar todo esse brilho a seu favor.

Nos dias de hoje, é comum alguns jogadores 'se esconderem' dos holofotes. Kawhi Leonard, Giannis Antetokounmpo e James Harden são exemplos de que um astro pode ser discreto longe da bola laranja, e passam quase desapercebidos nas redes sociais.

LeBron é o contraponto. Não que ele polemize, teça opiniões divergentes ou coisa do gênero. Mas as redes sociais são uma arma poderosíssima, e ele sabe usar como ninguém.

Em Cleveland, apesar de jogar em casa, LeBron 'apanhou' nas finais em 2007 contra os Spurs e não viu mais as decisões da NBA em seu horizonte. Fez as malas e foi para Miami em 2010. O primeiro grande movimento de xadrez do 'King'.

Na Flórida, que já tinha Dwyane Wade, LeBron 'recrutou' também Chris Bosh, que estava brilhando no Toronto Raptors. O resultado da 'panela'? Finais da NBA logo no primeiro ano. A derrota para os Mavericks por 4 a 2 doeu, mas ainda viria mais coisa pela frente.

No ano seguinte, o caneco veio. LeBron, Bosh e Wade passaram fácil pelo Oklahoma City Thunder de um ainda novo Kevin Durant, e conquistaram o primeiro anel juntos.

Mais uma ano se passou, e um novo caneco foi para Miami. Dessa vez, o adversário era o San Antonio Spurs, e LeBron liderou a vitória nas finais em um histórico 4 a 3. Nessas finais em especial, LeBron contou com a ajuda de nomes importantes como do experiente Ray Allen, decisivo no jogo 6, partida de vida ou morte para Miami.

O que levou Ray Allen, ídolo dos Celtics a Miami? LeBron James. Mais um movimento de xadrez do 'Rei'.


A vingança dos Spurs veio em 2013-14, e San Antonio venceu por um amargo 4 a 1. A derrota abalou LeBron, que fez mais um importante movimento em seu tabuleiro: voltar para Cleveland.

LeBron construiu uma narrativa de 'promessa' nos Cavaliers, e voltou para o time para completar seu legado. Dessa vez, as peças ao seu lado foram Kyrie Irving, até então estrela solitária na equipe, e Kevin Love, outra estrela solitária no Minnesota Timberwolves.

A vitória não veio de cara, e a derrota em 2014-15 foi para o Golden State Warriors, o grande 'bicho-papão' da NBA (mal sabíamos o que Golden State se tornaria).

Por onde passou, LeBron não só deixou números e vitórias. Amizades e boas conexões também são marcas de James dentro da NBA. O irregular Tristan Thompson, parceiro de LeBron em Cleveland, conseguiu um gordo contrato, sem tanto entregar em quadra. Como explicar? A força de LeBron nos bastidores é algo absolutamente plausível.

No ano seguinte, inflamado por sua 'promessa', LeBron foi implacável, e conseguiu uma histórica e suada vitória sobre o Golden State Warriors. Mais um caneco. Mais um anel. Mais um bloco na construção de seu legado.

Mesmo vencedor, LeBron sentiu falta de algumas coisas ao seu redor, e precisava de mais peças para bater os Warriros, que agora tinham Kevin Durant. James mexeu suas peças, e trouxe artilharia de elite, como Kyle Korver. Não foi suficiente, e os Cavs caíram para um Golden State absolutamente avassalador.

A temporada seguinte começou sem Kyrie Irving, que se incomodou de dividir o palco com LeBron e pediu uma troca, partindo para o Boston Celtics. LeBron voltou ao seu tabuleiro, e reuniu sua 'panela'. Wade integrou os Cavaliers, além de George Hill, armador experiente. Antes de chegarmos às finais daquele ano, um movimento lateral aconteceu.

Os Cavs fizeram uma troca com os Lakers no meio da temporada, adquirindo Jordan Clarkson e Larry Nance Jr. e mandando Isaiah Thomas, Channing Frye para Los Angeles. A troca até parecia interessante para os Cavaliers, mas a verdade é que abriu espaço na folha salarial dos Lakers. Caminho livre para uma eventual chegada de um astro na próxima temporada. E que tal LeBron James?

A panela de LeBron em Cleveland não deu certo, e os Cavs sucumbiram aos Warriors mais uma vez. Varrida na final, 4 a 0 e o fim de uma história.

 Lembram daquele espaço na folha salarial dos Lakers? Pois é. LeBron casou perfeitamente com o espaço. Deixou os Cavaliers após cumprir sua promessa do título, contemplou suas responsabilidades sociais (afinal, LeBron cresceu em Akron, cidade vizinha a Cleveland), construindo uma escola do mais alto nível. O ato é nobre, sem dúvidas. Mas segue fazendo parte das peças de xadrez do astro.

Los Angeles é Hollywood. Cidade dos filmes, dos holofotes, das luzes. Os Lakers eram um time recheado de jovens talentosos, que poderiam casar muito bem com a experiência de LeBron. Além disso, os Lakers também adquiriram jogadores que, curiosamente, se encaixavam perfeitamente com as características de James, e sempre em contratos curtos: JaVale McGee, Kentavious Caldwell-Pope, Rajon Rondo...

O porquê dos contratos curtos? Oras, caso o time não desse certo no primeiro ano, os contratos expirariam e os Lakers teriam espaço para ter mais uma estrela.

E não deu certo mesmo. LeBron se lesionou, perdeu muitos jogos, os Lakers não engrenaram e fizeram uma temporada vexatória. Em meio a tudo isso, surgiu Anthony Davis.

Anthony Davis mostrou insatisfação no New Orleans Pelicans, e teve seu nome ligado aos Lakers. E por que os Lakers de LeBron James? Coincidentemente, Davis é agenciado por ninguém mais, ninguém menos, que Rich Paul, amigo de infância de LeBron, e um dos nomes fortes da Klutch Sports, que representa diversos jogadores na NBA.

Os rumores de uma troca esquentaram, mas não deram em nada, graças ao jogo duro de David Griffin, presidente de operações de basquete dos Pelicans. O 'saldão' abalou os jovens dos Lakers, que foram absolutamente destruídos pelos Pacers no dia seguinte aos rumores mais fortes. O desânimo era visível no rosto de todos.

A temporada passou, e o contrato de Davis foi chegando ao fim, perdendo seu valor, e 'pedindo' por uma troca.

Mal apagaram as luzes das finais entre Raptors e Warriors, e Anthony Davis encontrou um fim para sua novela. Os Lakers embalaram para presente diversos jovens e escolhas de draft, e colocaram Davis vestido de dourado e roxo. A dupla Davis-LeBron estava feita.

Junto deste 'casamento', foi anunciado a gravação de um filme estrelando ele mesmo: LeBron James. Space Jam 2 dá sequência ao filme de sucesso de 1996 que tinha Michael Jordan como seu personagem principal. Parte do elenco? Klay Thompson (agente livre), Damian Lillard e, adivinhem só, Anthony Davis. Convenientemente, morando em Los Angeles, assim como LeBron James. Nunca foi tão bom morar próximo a Hollywood.

Falamos de Raptors agora pouco, e aí entra outra peça: Kawhi Leonard. O ala que deixou San Antonio chegou aos Raptors com apenas 1 ano de contrato. O suficiente para vencer o 'bicho-papão' Golden State Warriors e validar todo o talento de Kawhi.

Os Lakers, agora com Anthony Davis e LeBron James, ficaram esfacelados e com pouquíssimos jogadores. Alguns novatos no elenco e as duas estrelas, além de Kyle Kuzma, um dos poucos jogadores que pareceram se adaptar ao jogo de LeBron. Mais uma coincidência?

 Davis sempre usou a camisa 23, mas não poderia usá-la nos Lakers, já que a mesma pertencia a LeBron James. Eis que mais uma peça é movida no tabuleiro. Para ter espaço na folha salarial para mais um contrato máximo com uma estrela, Davis teria que abrir mão de 4 milhões de bônus oriundos de sua troca. Anthony Davis abriu mão da quantia, e foi 'presenteado' com a camisa 23 de LeBron, que voltará a usar a 6, que usou nos tempos de Miami Heat. Cheque.

O último movimento estava por vir: os Lakers trocaram com os Wizards, mandaram seus últimos novatos com contrato para Washington, e conseguiram se livrar dos salários de Isaac Bonga, Moritz Wagner e Jemerrio Jones. Sem os salários, sem o bônus de Davis, os Lakers têm, enfim, espaço para contratar mais uma das estrelas no mercado.

No final das contas, LeBron James é mais influente nos bastidores do que Michael Jordan jamais será.

E se, finalmente, Kawhi Leonard, nascido em Los Angeles, um dos jogadores mais dominantes da NBA entrar nesse 'espaço' que os Lakers têm? E se Kawhi Leonard se juntar a LeBron James e Anthony Davis, fazendo time de Los Angeles ter três dos dez melhores jogadores da NBA hoje em dia? Se isso acontecer, bom... Cheque-mate.

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