Seleção é momento, mas não só
Não houve grandes surpresas nem novidades na convocação de Tite para os dois primeiros jogos das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, contra Equador e Paraguai. Lucas Veríssimo chega para ser observado após bom início no Benfica comandado por Jorge Jesus, enquanto Fred e Daniel Alves voltam ao grupo.
Se entre esses a volta de Daniel Alves poderia surpreender por se tratar do chamado de um jogador já com 38 anos atuando no futebol brasileiro, seu histórico monstruoso na seleção brasileira e alto rendimento no São Paulo, aliados ao baixo nível da concorrência, tornam sua convocação normal agora que os jogos são para valer.
Everton Ribeiro e Roberto Firmino, pelos momentos que atravessam, estiveram entre os nomes questionados – sempre haverá, em qualquer seleção – por muita gente.
É fato que o meia do Flamengo não vem jogando bem, a ponto de muitos questionarem sua presença até mesmo entre os titulares de Rogério Ceni. Firmino, gols feitos no clássico contra o Manchester United à parte, também está longe de viver sua melhor temporada. Nessa linha, baseando-se na fase atual, pode-se ainda discutir um ou outro nome da relação de Tite (e ao mesmo tempo uma ou outra ausência).
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“Seleção é momento” é uma frase batida e até certo ponto verdadeira. Seleção, porém, não pode ser apenas momento.
Ao mesmo tempo em que técnicos de seleções são privilegiados por poderem escolher os melhores dentro de uma ampla gama de jogadores, eles também são obrigados a lidar com pressões constantes para que convoquem os jogadores em melhor fase no momento de cada chamado.
Essa pressão não faz sentido.
Impor a um técnico que convoque sempre os jogadores em melhor fase nos seus clubes significaria fazer mudanças significativas e constantes a cada convocação. Porque jogadores, afinal, são humanos – vivem bons e maus momentos, sobem e descem de produção como quase qualquer um, em qualquer atividade.
Além disso, essa imposição parte de um pressuposto que não pode ser considerado verdadeiro para quem acompanha futebol com um pouco mais de atenção: o pressuposto de que o trabalho do técnico de seleção é apenas chamar os melhores e colocá-los em campo para desempenhar a mesma função que fazem em seus clubes.
Se assim fosse, faria sentido reclamar das convocações dos jogadores em mau momento.
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Foi nessa linha a resposta de Tite quando questionado sobre Everton Ribeiro: “Ele é um jogador criativo. A gente esteve com ele nos últimos três jogos da seleção e ele foi muito bem. A consistência e o desempenho dele dentro da seleção tem nos trazido essa certeza do grande jogador que ele é”.
Um técnico de seleção, ao escolher seus jogadores, precisa levar em conta, sim, a fase de cada atleta. Mas precisa considerar, também, o trabalho já realizado e a viabilidade para criar desenhos táticos, implementar ideias, gerar movimentações automáticas e jogadas ensaiadas com aquelas peças.
Se tudo isso não funcionar, e se os jogadores em má fase nos clubes não renderem também na seleção, restará sempre a alternativa de apelar à mais simplória união daqueles em melhor fase. Para o que, convenhamos, nem é preciso ser um grande treinador.
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