Da previsão de caos ao envolvimento local: os últimos dias antes da final da Libertadores entre Flamengo e Athletico

Gian Oddi
Estádio da final da Libertadores, em Guayaquil
Estádio da final da Libertadores, em Guayaquil Gian Oddi

Violência urbana, erupções vulcânicas, terremotos, atentados? Exceções feitas a casos pontuais, os últimos dias antes da disputa da final da Conmebol Libertadores 2022 em Guayaquil, no Equador, não confirmaram algumas previsões de caos e confusão para a semana do aguardado confronto entre Flamengo e Athletico-PR.

Na última terça-feira, dois vídeos que circularam nas redes sociais mostrando equipes de televisão locais sofrendo assaltos ou tentativas de assaltos ao vivo alarmaram quem chegava à cidade para torcer ou trabalhar. O fato, contudo, não se repetiu, até porque, desde quarta-feira, o que se vê nas cercanias do estádio Monumental é um policiamento muito reforçado. Neste sábado, dia da final, o reforço, claro, será ainda maior, com utilização inclusive de forças do exército, até aqui não empregadas.

Jornais locais como o diário Expresso alertam, porém, para o fato de que o emprego da maior parte do efetivo policial de Guayaquil na decisão deixará em alerta outras partes da cidade. É o caso de Alborada, a cerca de quatro quilômetros do estádio da final. Cecilia Cevallos, moradora do bairro, explicou ao Expresso: “Ninguém estará seguro fora. Como vão nos proteger se todos os policiais estarão no estádio? O melhor é ficar fechado em casa até o final de semana”.  

A preocupação dos moradores se justifica porque Guayaquil vive um momento conturbado, de crescente número de assassinatos, assaltos e até atentados a bomba devido a disputas entre grupos de narcotraficantes. De agosto até o meio deste mês, inclusive, a cidade teve decretado Estado de Exceção pelo presidente do Equador, Guillermo Lasso – de janeiro a agosto, mais de 850 pessoas foram assassinadas na cidade.

Fan Fest em Guayaquil, palco da final da Libertadores de 2023
Fan Fest em Guayaquil, palco da final da Libertadores de 2023 Gian Oddi

Vulcão Cotopaxi

Além da violência urbana, havia alguma preocupação com eventuais problemas de ordem natural, como as possibilidades de um terremoto de maior proporção e de erupção do vulcão Cotopaxi, perto de Quito, a cerca de 400 quilômetros de Guaiquil. Nenhum dos fatos, entretanto, ocorreu na semana da decisão.

O vulcão segue sendo monitorado pelas Forças Armadas e pelo Instituto Geofísico equatoriano, inclusive com sobrevoos de helicóptero realizados na últimas quinta-feira, mas não foram constatadas quaisquer mudanças significativas nas atividades vulcânicas.

Embora no Brasil a agência de turismo Outsiders Tour tenha chegado a citar o vulcão como parte das causas do adiamento de voos que trariam torcedores para Guaiaquil, a última vez que um voo foi cancelado ou adiado por conta de atividades vulcânicas no Equador foi em agosto deste ano.

 

Polícia reforçada em Guayaquil
Polícia reforçada em Guayaquil Gian Oddi

Torcida local

Problemas logísticos à parte, nas ruas de Guayaquil, a presença de torcedores com as camisas dos times brasileiros – especialmente do Flamengo, em proporção bem maior – se tornou mais comum a partir da quinta-feira, até quando, segundo levantamento das autoridades equatorianas, três mil brasileiros já tinham chegado à cidade.

O maior fluxo de torcedores vindos do Brasil, porém, ocorrerá nesta sexta-feira e no próprio sábado, dia do jogo: a expectativa, segundo as autoridades, é de que, no total, cerca de 30 mil brasileiros cheguem a Guayaquil – cerca de 12 mil deles por via terrestre.

Enquanto a maior parte dos brasileiros não chega, os próprios equatorianos tratam de se envolver com a decisão, como fica claro nas lojas esportivas na cidade, cujas fachadas exibem camisas do Flamengo nas vitrines, ou mesmo pelos jornais locais, que já dedicam boas partes de suas edições – incluindo as capas – para a final deste sábado.

Mas talvez seja na Embaixada dos Torcedores, localizada no Palácio de Cristal, um ponto turístico da cidade, que o envolvimento dos equatorianos com a festa da decisão fica mais clara: em qualquer horário, pelo menos até a última quinta-feira, mais do que camisas rubro-negras, impressionava o número de camisas amarelas, tanto as da seleção equatoriana como, principalmente, as do Barcelona, o time com mais torcida no país.

Guayaquil abraçou a decisão. E pelo menos até esta sexta-feira, sem maiores confusões.

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Brasil virou o principal favorito à Copa, mas qual a relevância disso?

Gian Oddi

Encerrada nesta terça-feira a última Data Fifa antes do início da Copa do Mundo, não sou eu quem diz, mas sim uma pesquisa pelas principais casas de apostas do planeta: a seleção brasileira é, hoje, a principal favorita a conquistar o Mundial que começa em pouco menos de dois meses, no Qatar.

Mas qual a relevância disso, se é que ela existe?

À exceção do que ocorre quando tratamos de campeonatos por pontos corridos, discussões sobre favoritismo no futebol já não costumam significar muito. No caso de uma Copa, em que jogos únicos, de 90 ou 120 minutos, definem quem avança, o valor desse favoritismo é ainda menor.

Para esta Copa, a irregularidade das principais forças da Europa (que levaram os últimos 4 Mundiais) embaraça ainda mais qualquer perspectiva, o que está bem simbolizado pelo fato da atual campeã continental, a Itália, estar fora da Copa – embora após sua eliminação já tenha superado Alemanha e Inglaterra na busca por uma vaga nas semifinais da Nations League.

Nesta mesma competição, a vice-campeã europeia Inglaterra, esta sim classificada ao Mundial, ficou na última colocação do grupo e acabou rebaixada para a segunda divisão do torneio. Após uma sequência de jogos ruins, seu técnico, Gareth Southgate, tem tido o trabalho questionado, como parecia inimaginável um ano atrás.

É quase consenso que, dentre as seleções da Europa, a França é a principal candidata ao título. Reflexo da qualidade de seu elenco, talvez o melhor do mundo, e não do futebol jogado – a atual campeã mundial caiu nas 8ªs da Euro, diante da Suíça, e na Nations deste ano ficou só em 3º lugar de seu grupo, atrás das competentes Croácia e Dinamarca.


Tite sorri: se Brasil virou o principal favorito, o mérito é dele
Tite sorri: se Brasil virou o principal favorito, o mérito é dele Lucas Figueiredo/CBF

A inquestionável força da Alemanha, vivendo um período de recuperação técnica, parece estar mais ligada à sua gigantesca tradição. A Espanha, um dos melhores times da última Euro, eliminado nos pênaltis pelos italianos numa partida em que jogou até melhor, classificou-se novamente às semifinais da Nations, mas não tem mostrado o mesmo nível da Euro.

Portugal, que viveu um duro golpe ao perder em casa sua vaga na semifinal da Nations por não conseguir arrancar um empate da Espanha, vive situação semelhante à francesa: suas chances de ir longe nesta próxima Copa são até boas, mas têm mais a ver com seu ótimo elenco do que com futebol que costuma jogar sob o comando de Fernando Santos.

Em contrapartida, seleções como Holanda, Croácia e Dinamarca – as duas primeiras também asseguradas nas semifinais da Nations League – chegam mais consistentes para tentar atrapalhar a vida dos gigantes na Copa.

Se os resultados forem os mais lógicos na fase de grupos, Holanda, França e Inglaterra terão vantagens de caminhos teoricamente mais simples até as quartas-de-final do Mundial, algo que não se aplica a Alemanha, Espanha, Croácia e Bélgica, todas com boas chances de se enfrentar já nas oitavas.

 

Força sul-americana

Diante deste cenário nebuloso das seleções europeias, é normal que as duas principais seleções sul-americanas, Brasil e Argentina, despontem entre as favoritas do Mundial. Se o Brasil surge na 1ª colocação entre apostadores, os argentinos, atuais campeões sul-americanos, aparecem em 3º lugar, atrás também da França.

Nesse contexto, porém, é importante ressaltar que, desde a criação da Nations League, as seleções sul-americanas não têm conseguido fazer enfrentamentos em alto nível como as grandes da Europa são obrigadas a fazer em toda data Fifa. Tite já reclamou do fato, embora seja provável que os treinadores europeus também não desejassem fazer sua preparação quase sem amistosos, apenas em jogos complicados e valendo pontos.

Seja como for, esteja a vantagem do lado que estiver, o fato indiscutível é que o período de preparação das seleções europeias e sul-americanas para esta Copa do Mundo foi completamente diferente, como nunca havia ocorrido. Qual o reflexo disso, se é que haverá algum, constataremos até meados de dezembro, no Mundial.

De qualquer forma, é difícil discutir que, dentro das possibilidades que tinha, Tite fez um trabalho de alto nível para levar o Brasil a figurar na primeira colocação entre os favoritos ao Mundial. Não só pelo ótimo aproveitamento de pontos que teve, mas pela montagem de um forte e equilibrado elenco, por um jogo sólido e competitivo e, hoje, com variações que pareciam improváveis no meio deste último ciclo.  

O valor do favoritismo do Brasil, convenhamos, é quase nulo no sentido de aumentar as chances na busca pelo hexa. Ganhar ou perder uma Copa pode inclusive se definir nos detalhes, na sorte ou no azar, no imponderável. O valor do favoritismo de hoje está exclusivamente ligado ao passado, ao trabalho muito bem feito nos últimos quatro anos.


 
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Brasileiros, voltas para casa, nomes consagrados e uma promessa: quais são as 10 principais contratações da Série A italiana para a temporada

Gian Oddi



Muita coisa ainda deve acontecer até o fim da janela de mercado, no dia 1º de setembro: a Juventus pode contratar Depay e Paredes; Belotti tem boas chances de ir à Roma, que também procura um zagueiro, assim como a Inter; o Napoli quer Raspadori e outros nomes para compensar as pesadas saídas que teve; Gasperini espera que a Atalanta lhe dê reforços para brigar mais de perto com as principais forças do campeonato.

Apesar disso, ainda que o mercado se encerrasse agora, a chegada de reforços nesta temporada da Série A é significativa, sobretudo na comparação com o início do campeonato passado, quando o êxodo de jogadores como Lukaku e Cristiano Ronaldo acabou por tirar holofotes da competição. Ainda assim , foi uma temporada recheada de emoção com a disputa de título acirrada até a rodada final.

Para este campeonato, nomes importantes e mundialmente conhecidos chegaram à competição, boa parte deles para reforçar a Juventus, cujo mercado, na visão de boa parte da imprensa italiana, basta para transformar a 4ª colocada do último Italiano em favorita. A Roma é outra a mudar seu patamar com seus reforços. A Inter conseguiu o sonhado retorno de Lukaku, mas não só. O campeão Milan, por ora, foi mais modesto, mas contrata dois belgas para tentar se manter na ponta.  

Confira abaixo quais foram, na avaliação do blog, as 10 principais contratações dos times italianos para esta temporada até aqui.

Lukaku (Inter)
Graças também ao próprio desejo, o nome mais badalado da conquista do scudetto pela Inter na temporada retrasada está de volta após uma passagem frustrante pelo Chelsea. No campeonato passado, sem ele, o bi escapou por pouco. Por isso a reedição da ótima dupla do belga com Lautaro Martinez traz aos torcedores a esperança de reconquistar o scudetto.

Pogba (Juventus)
Principal reforço entre os vários e ótimos feitos pela Juve, o meio-campista francês vindo do Manchester United buscará reeditar nesta sua segunda passagem pelo clube italiano o mesmo futebol mostrado na primeira. Logo de cara, porém, um problema no menisco o impedirá de jogar as primeiras cinco ou seis partidas da temporada.

Pogba está de volta à Juventus após seis anos
Pogba está de volta à Juventus após seis anos Getty

Dybala (Roma)
Após muita especulação sobre sua ida da Juventus para a Inter, foi a Roma, também pelo poder de convencimento de José Mourinho, quem contratou o meia-atacante argentino de 28 anos. Sua incrível festa de recepção por parte dos torcedores (vídeo acima) dá uma dimensão da enorme expectativa criada em torno de seu nome.

Bremer (Juventus)
Foi a contratação mais cara da temporada, com cifras que devem chegar aos 48 milhões de euros se incluídos os prováveis bônus. Não é à toa: jogando pelo Torino, o brasileiro foi eleito o melhor defensor da última temporada do Campeonato Italiano e, com base no rendimento dos últimos anos, a Juve até ganha com a saída de De Ligt para o Bayern e a chegada do ex-atleticano.

De Ketelaere (Milan)
Enquanto seus rivais contratam nomes consagrados, o campeão Milan faz sua aposta na juventude, como tem sido nos últimos anos: o ótimo meia-atacante de 21 anos é uma das maiores esperanças do futebol belga e chega do Brugge, que receberá cerca de 35 milhões de euros e ainda manterá 12,5% dos direitos sobre uma negociação futura do jogador.

Ederson (Atalanta)
Considerado um dos principais responsáveis pela incrível recuperação e o não rebaixamento da Salernitana na última edição da Série A, o meio-campista brasileiro, ex-Corinthians, chega numa operação avaliada em torno de 25 milhões de euros e cheio de expectativa para reforçar o time de Giampiero Gasperini. Aos 23 anos, o sucesso em Bergamo poderia significar a ida para um gigante.       

Di Maria (Juventus)
Aos 34 anos de idade, após 7 temporadas no PSG e ainda jogando em alto nível, o titular da seleção argentina é um reforço importantíssimo para Massimiliano Allegri, também por sua capacidade de jogar em várias posições. Nos jogos de pré-temporada ele já mostrou que as questões físicas não devem ser um problema.  

Wijnaldum (Roma)
Ex-Liverpool e PSG, o meio-campista holandês chega à Roma depois de ter atuado em 31 dos 38 jogos do time francês no último campeonato nacional. Ao lado de Matic, Mourinho espera poder agregar qualidade e, principalmente, experiência a um meio-campo que pecou pela falta dela em momentos importantes do último Campeonato Italiano.  

Kostic (Juventus)
O melhor jogador do Eintrach Frankfurt na conquista da última Liga Europa chega como alternativa importante para o time de Allegri, seja para jogar como um externo ofensivo, seja para jogar no meio campo. Para tê-lo no elenco, a Juve pagou 15 milhões de euros pelo sérvio de 29 anos.  

Matic (Roma)
É possivelmente o nome menos badalado da lista das 10 principais novidades, mas o volante de 34 anos, que deixou o Manchester United sem custo, chega a pedido de Mourinho, cuja confiança no futebol do jogador é grande: após será a terceira vez que eles trabalhar juntos,
  

OUTRAS CONTRATAÇÕES MAIS IMPORTANTES ATÉ AQUI:
Origi (Milan), Sirigu (Napoli) Jovic e Dodô (Fiorentina), Onana, Mkhitaryan e Asllani (Inter), Çelik (Roma) Romagnoli e Marcos Antônio (Lazio), Cragno, Pablo Marí, Marlon, Pessina e Sensi (Monza), Daniel Maldini (Spezia), Pinamonti e Álvarez (Sassuolo). 

 
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Jornalismo Esportivo x jornalismo esportivo

Gian Oddi

Faixa em BH: ofensas a Rodrigo Capelo após denúncias feitas pelo jornalista em 2019
Faixa em BH: ofensas a Rodrigo Capelo após denúncias feitas pelo jornalista em 2019 []

Poucos segmentos do jornalismo profissional merecem um percentual tão alto das críticas recebidas como o jornalismo dedicado ao futebol brasileiro.

A manchete em busca do clique fácil, a polêmica artificial, o clubismo institucionalizado porque rentável, o jornalismo-parça, o despreparo sob a aura da informalidade acessível, o post populista, as falsas notícias de mercado...

São inúmeras as mazelas, existem tantas outras, e para cada uma delas caberiam abordagens específicas sobre suas razões e mecanismos.

Grosso modo, porém, estamos quase sempre tratando da busca por engajamento, essa palavra do novo milênio que não só superou a relevância do conteúdo como tomou seu lugar: são os índices de engajamento, e não mais o teor de conteúdo, a determinar a relevância de uma reportagem ou análise.

Não falta nesse meio quem busque declaradamente e acima de tudo, com táticas conhecidas tão discutíveis quanto eficientes, um aumento no número de seguidores para faturar mais com #publis. A relação mercantilista é agora direta, e o valor do engajamento tornou-se bem maior que o do bom conteúdo.

Ficam assim liberadas e até estimuladas, inclusive por grandes empresas que não precisariam disso, as frases de efeito sem nexo ou embasamento, as acusações tão tolas quanto irresponsáveis a profissionais de futebol, as manchetes que omitem ou fazem charada com o sujeito, a ditadura da contundência, a burrice, as perguntas infantilizadas elevadas à categoria de “conteúdo”.

“Atlético ou Flamengo, qual clube é maior?”; “Ex-Corinthians vai jogar em gigante europeu graças a palmeirense”. “Fulano afinou, beltrano pipocou”. E dá-lhe informação chutada, perguntas que só pretendem provocar, festivais de clichês e bordões vazios, perdigotos e socos na mesa, veias saltadas e adjetivos duros aplicados a temas irrelevantes.

Está ruim na média, apesar de muita gente boa por aí.

É isso que torna ainda mais lamentável a opção de muitos torcedores supostamente interessados no nível do jornalismo esportivo em depreciar conteúdo produzido de forma séria por se incomodar com seu teor – mesmo que verdadeiro.

Foi assim com a recente reportagem de Danilo Lavieri, do portal UOL, ao noticiar recente consulta do Palmeiras à Adidas e apontar a falta de profissionais no reformulado departamento de marketing do clube. As cifradas, vagas e indiretas respostas do Palmeiras deveriam fazer pensar os que resolveram atacar o portador da informação que o clube nem sequer negou.

A mídia segmentada, muitas vezes apontada como vilã por trabalhar para um público específico e precisar atender aos seus anseios e preferências acima de tudo, também sofre com o problema quando faz jornalismo sério: as críticas ao portal Meu Timão por publicar informações sobre lesões ou escalações omitidas pelo clube são um bom exemplo.

Num panorama em que Canais de Fulanos (alguns remunerados por clubes importantes e abonados) se prestam a fazer perguntas amigas em coletivas de imprensa e serviço sujo atacando profissionais nas redes sociais, o trabalho do Meu Timão deveria ser exaltado, e não condenado por divulgar fatos.

Talvez mais absurda seja a agressividade voltada a competentes comentaristas táticos por fazer seu trabalho, ou seja, ilustrar de maneira didática ao grande público as virtudes e fragilidades dos principais times do país. Há quem se incomode com a função, acreditando que ela possa facilitar a vida de adversários dotados de profissionais e departamentos criados exclusivamente para fazer esse mesmo trabalho.

Mas o melhor exemplo de conteúdo relevante tratado com sanha e animosidade é o que faz rotineiramente o jornalista Rodrigo Capelo, do GE, ao abordar as finanças dos clubes brasileiros. Quando ele e Gabriela Moreira publicaram, em 2019, a série de reportagens denunciando as falcatruas e irresponsabilidade da antiga gestão do Cruzeiro, não faltou quem os colocasse no mesmo balaio dos sensacionalistas, irresponsáveis e clubistas. O resultado do que foi escancarado está aí, na situação do clube mineiro.

Citei quatro exemplos positivos, poderia citar mais.

No Brasil de 2022, o ataque indiscriminado a jornalistas, ao jornalismo e aos seus veículos não chega a surpreender e não é exclusividade do esporte. Mas quem se preocupa verdadeiramente com a baixa qualidade do jornalismo esportivo precisa saber fazer distinção entre quem é sério e quem só busca engajamento. Porque quem faz críticas motivadas apenas por razões clubísticas está agindo exatamente como boa parte daqueles que critica.


 
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É tão cruel quanto forçado atribuir aos treinadores a incrível virada do Palmeiras sobre o São Paulo

Gian Oddi
Rogério Ceni: apesar do placar, suas mudanças contra o Palmeiras faziam sentido
Rogério Ceni: apesar do placar, suas mudanças contra o Palmeiras faziam sentido Gazeta Press

Que o trabalho de Abel Ferreira em seu pouco mais de um ano e meio de Palmeiras tem sido quase irrepreensível parece óbvio.

A evolução do futebol jogado, as estratégias tão surpreendentes quanto determinantes nos títulos conquistados, a impecável gestão do elenco, a potencialização dos jogadores e até mesmo o legado de suas entrevistas e livro já forçam até mesmo seus críticos mais fervorosos a reconhecer suas inúmeras e consistentes qualidades.

Rogério Ceni, por outro lado, ainda desperta desconfiança sobre seu futuro como treinador.

Ainda que demonstre conhecimento sobre o jogo e capacidade de analisar e explicar o que se passa em campo, muitos discutem, baseando-se em sua personalidade e trabalhos recentes, a condição do treinador são-paulino gerir elencos, além de seu equilíbrio para lidar com as insanas pressões e críticas sempre direcionadas aos técnicos de futebol no Brasil.

São bons pontos. Talvez a desconfiança sobre Ceni faça tanto sentido quanto certamente fazem os elogios a Abel Ferreira.

Só não faz sentido atribuir o placar e o inusitado roteiro deste recente São Paulo 1 x 2 Palmeiras exclusivamente às escolhas dos treinadores, especialmente quando se busca culpar Rogério Ceni pela virada sofrida.

Ceni cita gritos de torcedores do São Paulo e é direto: 'Teu treinador não é burro'


Ainda que você possa discordar das substituições de Ceni contra o Palmeiras, é preciso reconhecer que havia boas explicações nas saídas dos pendurados e já sobrecarregados Igor Vinícius e Gabriel Neves, na entrada de um Rigoni que visava dar alguma capacidade de contra-atacar a um time que só se defendia e, também, na inclusão de um experiente zagueiro para minimizar o então intenso perigo das bolas aéreas palmeirenses.

Não deu certo, é verdade, porque assim é o futebol. Miranda entrou mal, Rigoni pouco fez. Mas havia lógica nas mudanças do treinador, que inclusive não parecia satisfeito com a postura excessivamente retraída do seu time no 2º tempo – uma consequência natural dos momentos dos dois clubes e do parcial 1 a 0 no placar.

Do lado vitorioso, curiosamente, as escolhas na escalação parecem estar entre as mais discutíveis do excepcional ano palmeirense.

Gustavo Gómez na lateral-direita, a exemplo do que já ocorrera contra o Atlético-GO, fez com que o time perdesse qualidade e eficiência no miolo da defesa, tornou o lado direito da equipe bem mais vulnerável e, talvez ainda mais prejudicial, diminuiu consideravelmente o poder de fogo do Palmeiras por onde ele mais costuma levar perigo aos adversários.

Ainda assim, deu tudo certo para a equipe, com gols aos 45 e 51 minutos do 2º tempo, um deles marcado justamente por Gustavo Gomez (então já atuando como zagueiro).

Ceni desabafa, diz que São Paulo foi 'massacrado nos últimos anos' e dispara: 'Pessoas não cuidaram como deveriam'


Durante os 90 minutos de um jogo de futebol, técnicos fazem escolhas para minimizar suas deficiências e a chance de perder, ao mesmo tempo que buscam potencializar suas qualidades e, claro, suas chances de vencer.

Certas vezes as escolhas fazem sentido e acabam dando errado. Em outras, ainda que pareçam equivocadas, podem dar certo. Atribuir todo e qualquer resultado aos treinadores de futebol é ignorar uma das principais magias do futebol, sua imprevisibilidade. Técnicos de futebol, afinal, não são jogadores de videogames com um controle remoto na mão.


 
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Onze anos depois, o Milan é campeão italiano: veja o peso de cada um dos 26 jogadores na conquista do scudetto

Gian Oddi

Após 11 anos de espera, o Milan enfim encerrou seu jejum e voltou a conquistar um scudetto: no último domingo, ao derrotar o Sassuolo por 3 a 0, a equipe terminou a competição com dois pontos de vantagem em relação à campeã anterior, a Internazionale.

Stefano Pioli foi merecidamente eleito o melhor técnico da Série A após levar um time que não estava entre os dois favoritos à conquista do título no início da competição. Entre os jogadores, foram 26 aqueles que entraram em campo em pelo menos um minuto dos 38 jogos disputados.

O blog faz abaixo uma avaliação sobre o peso da participação de cada um deles na conquista que impediu a Inter de estampar sua segunda estrela na camisa e ainda fez com que o Milan se igualasse à rival no número de scudetti conquistados. 

O Milan, campeão italiano 2021/22
O Milan, campeão italiano 2021/22 ESPN

***** (5 ESTRELAS)

Maignan – Atuações e defesas monstruosas, não tomou gol em 18 dos 32 jogos que disputou. Eleito, claro, o melhor goleiro do campeonato.

Tomori – Foi o jogador de linha que mais minutos esteve em campo. Primeiro com Kjaer, depois com Kalulu, foi fundamental para o Milan ostentar a melhor defesa do campeonato junto com o Napoli.

Theo Hernandez – Essencial tanto na defesa quanto no ataque, marcou 5 gols e fez 6 assistências. Infernizou as defesas adversária junto com Rafael Leão pelo lado esquerdo.

Tonali – Aos 22 anos, nesta temporada entregou tudo que se esperava dele: consistência, qualidade de passe e até, na reta final do campeonato, gols decisivos contra Lazio, Verona e Atalanta.

Rafael Leão – Um dos artilheiros (11 gols) e líder de assistências do time, sua eleição como melhor jogador da Série A fala por si. Sem ele, dificilmente haveria título.

**** (4 ESTRELAS)

Kalulu – Poderia estar na primeira prateleira pelas atuações, só não está porque jogou menos minutos. Aos 21 anos, tomou conta da defesa ao lado de Tomori logo após a lesão de Kjaer.

Giroud – Os problemas físicos de Ibra o obrigaram a jogar mais que o esperado. Entre os 11 gols que lhe deram a artilharia do time ao lado de Leão, estão aqueles da virada do derby do returno contra a Inter. Gols fundamentais para o scudetto, como Giroud.

Ibrahimovic – Com problemas físicos, jogou pouco mais de 1000 minutos e mesmo assim somou 8 gols e 3 assistências no campeonato. Mas está entre os 4 estrelas também por sua importância fora de campo: tornou-se, enfim, um cara de grupo.  

Kessié – Apesar das críticas sofridas por não renovar contrato, foi sempre profissional: esteve entre os top 5 jogadores de linha com mais minutos, jogando como volante ou, depois, meia avançado. E ainda marcou seis gols.

*** (3 ESTRELAS)

Calabria – Questões físicas o impediram de ter o mesmo rendimentos da temporada passada, mesmo assim foi importante: 26 jogos, 2 gols e 3 assistências.

Bennacer – Alternativa sólida no meio de campo sempre que Pioli não podia contar com Tonali ou Kessié. Foi titular em 15 jogos e uma opção sempre importante para entrar no decorrer dos jogos e manter o fôlego da equipe.

Brahim Diaz – Começo de temporada muito bom, entregava criatividade ao time. Depois da COVID não foi o mesmo, mas mesmo assim atuou em 31 dos 38 jogos. Marcou 3 gols e deu 3 assistências.

Saelemaekers – Passou a maior parte da temporada disputando a titularidade com Júnior Messias; no fim do campeonato levou a melhor, até por marcar mais que o brasileiro. Marcou 1 gol e deu 3 assistências.

Júnior Messias – Foram 26 jogos, dos quais 14 como titular. Marcou 5 gols e deu 2 assistências. Teve sua importância na conquista de um scudetto que há três ou quatro anos lhe pareceria um sonho inalcançável.

Krunic – Alternativa para Pioli na maior parte da temporada, ganhou a titularidade na reta final como meia central mais avançado, até pela consistência que acrescentava ao meio-campo.

Kjaer – Atuou em apenas 11 dos 38 jogos da campanha, mas num nível muito alto. Assim como Ibra, foi outro nome importante fora dos gramados, trazendo experiência e tranquilidade para um elenco jovem.

** (2 ESTRELAS)

Rebic – Apenas 805 minutos em campo no total, ainda assim fez 2 gols e deu 2 assistências. Na reta final jogou como falso 9. Tivesse atuado mais tempo, mereceria três estrelas.

Romagnoli – O capitão que ergueu a taça até participou de 19 jogos, mas Tomori, Kjaer e Kalulu estiveram sempre à sua frente.

Florenzi – Outro que sofreu muito com problemas físicos. Foi titular em 12 dos 38 jogos da temporada e marcou 2 gols.

* (1 ESTRELA)

Tatarusanu, Gabbia, Ballo-Touré, Stanga, Bakayoko, Daniel Maldini e Castillejo – Os setes jogadores variaram entre 2 minutos (caso de Stanga) e 540 minutos (caso de Tatarusanu) em campo. Seus nomes já estão, também, na história do Milan, mas é impossível dizer que se algum deles não estivesse no elenco as coisas poderiam ter sido diferentes para o time de Stefano Pioli.  


 
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Título, Champions, Liga Europa e permanência: o que cada time precisa na última rodada da Premier League (e onde ver cada jogo)

Gian Oddi

Jürgen Klopp e Pep Guardiola: a disputa do título é entre eles
Jürgen Klopp e Pep Guardiola: a disputa do título é entre eles Getty Images


Chegou o momento da última rodada da Premier League, com todos os jogos sendo disputados às 12h (de Brasília) deste domingo e todas as brigas possíveis ainda abertas: falta definir quem será o campeão, quem ficará com a última vaga na Champions, quem serão os representantes ingleses na Europa e Conference League e, por fim, quem será o último dos três rebaixados à Championship.

O blog traz abaixo o que todos os times envolvidos nessas disputas necessitam na última rodada, além de informar onde serão transmitidas as oito partidas com importância em algumas dessas brigas.


BRIGA POR TÍTULO
MANCHESTER CITY, 1º, 90 pontos / LIVERPOOL, 2º, 89
Com vitória sobre o Aston Villa fora de casa, o City será mais uma vez campeão inglês. Se houver empate ou derrota do City, o Liverpool ficará com o título no caso de vitória em casa sobre o Wolverhampton.

Onde ver:
Aston Villa x Manchester City - domingo, ESPN e Star+, 12h
Liverpool x Wolverhampton - domingo, Star+, 12h


BRIGA POR CHAMPIONS
TOTTENHAM, 4º, 68 / ARSENAL, 5º, 66
Na prática (esqueça a matemática), o Tottenham só precisa empatar a partida contra o já rebaixado Norwich, fora de casa, para se garantir na Champions League. Ao Arsenal, que neste caso ficaria com a vaga na Liga Europa, a única possibilidade de chegar à Champions é vencer o Everton e torcer por uma derrota do Tottenham.  

Onde ver:
Norwich x Tottenham - domingo, ESPN3 e Star+, 12h
Arsenal x Everton - domingo, Star+, 12h


BRIGA POR LIGA EUROPA
MANCHESTER UNITED, 6º, 58 / WEST HAM, 7º, 56
Com uma vitória sobre o Crystal Palace, o Manchester United vai à Liga Europa e deixa o West Ham com a vaga na Conference League. Se o United não vencer, e ao mesmo tempo o West Ham derrotar o Brighton, as vagas se invertem: United na Conference e West Ham na Liga Europa.   

Onde ver:
Crystal Palace x Manchester United - domingo, Star+, 12h
Brighton x West Ham - domingo, Star+, 12h


BRIGA PARA NÃO CAIR
BURNLEY 17º, 35 / LEEDS 18º, 35
A conta é simples: o Leeds precisa conquistar ao menos um ponto a mais que o Burnley para conseguir se salvar. Ou seja: se o Burnley perder, o Leeds precisa ao menos empatar; se o Burnley empatar, o Leeds tem que ganhar. Uma vitória do Burnley rebaixa o Leeds, qualquer que seja seu resultado contra o Brentford.

Onde ver:
Brentford x Leeds - domingo, Star+, 12h
Burnley x Newcastle - domingo, Star+, 12h

 
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Título, Champions, Liga Europa e permanência: o que cada time precisa na última rodada da Premier League (e onde ver cada jogo)

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Título, Europa e rebaixamento: veja o que cada time precisa na última rodada do Italiano e onde assistir cada jogo

Gian Oddi

Começa nesta sexta-feira, com o confronto entre Roma e Torino, a última rodada do Campeonato Italiano que pode definir o Milan como campeão nacional após 11 anos de espera. Já se sabe que Milan, Inter de Milão, Napoli e Juventus serão os times que representarão a Itália na próxima Champions League; a Lazio já tem um lugar na próxima Europa League assegurado, enquanto Venezia e Genoa estão matematicamente rebaixados para a Série B. 

Ibrahimovic: único jogador do Milan que estava no título de 11 anos atrás
Ibrahimovic: único jogador do Milan que estava no título de 11 anos atrás EFE

Destinos definidos à parte, além da disputa pelo scudetto entre Milan e Inter, ainda estão em jogo duas vagas europeias para serem disputadas entre Roma, Fiorentina e Atalanta, além da briga para escapar da última vaga do rebaixamento, entre Cagliari e Salernitana. Confira abaixo o que cada uma dessas equipes precisa fazer para alcançar seu objetivo na última rodada e onde assistir cada uma das sete partidas ainda relevantes nestas disputas.  

Lautaro Martinez, um dos destaques da Internazionale, atual campeã da Serie A
Lautaro Martinez, um dos destaques da Internazionale, atual campeã da Serie A Getty Images

BRIGA POR SCUDETTO
MILAN 1º, 83 pontos  /  INTER 2º, 81
O Milan precisa pelo menos empatar com o Sassuolo, fora de casa, para ficar com o título sem depender do jogo da Inter. Caso perca, torce para a Inter não derrotar a Sampdoria no San Siro.

Onde ver:
Sassuolo x Milan - domingo, ESPN4 e Star+, 13h
Inter x Sampdoria - domingo, Star+, 13h


         
     





BRIGA POR LIGA EUROPA/CONFERENCE
ROMA 6º, 60  /  FIORENTINA 7º, 59  /  ATALANTA 8º, 59

Desconsiderando a final da Conference League, a Roma precisa vencer o Torino nesta sexta para garantir sua vaga na Liga Europa sem depender dos placares de Fiorentina e Atalanta; o time de Florença, com uma vitória sobre a Juve, assegura ao menos o lugar na Conference, mas pode ser Liga Europa se a Roma não bater o Torino; já a Atalanta, que tem desvantagem em qualquer confronto direito e precisa de mais pontos que Roma e Fiorentina para superá-las, tem que vencer o Empoli e torcer por tropeços das rivais para assegurar vaga na Liga Europa (6º) ou Conference (7º). 

José Mourinho durante jogo da Roma no Campeonato Italiano
José Mourinho durante jogo da Roma no Campeonato Italiano Matteo Ciambelli / Getty Images

Importante destacar que, caso a Roma não vença o Torino e termine em 8º lugar (o que só ocorre caso Fiorentina e Atalanta vençam seus jogos), a Itália pode ter 8 representantes em copas europeias na próxima temporada, isso se a Roma seja campeã da Conference League contra o Feyenoord no próximo dia 25.

Onde ver:
Torino x Roma - sexta-feira, ESPN4 e Star+, 15h45
Fiorentina x Juventus - sábado, ESPN e Star+, 15h45
Atalanta x Empoli - sábado, Star+, 15h45        

Éderson e Ribéry, companheiros de Salernitana
Éderson e Ribéry, companheiros de Salernitana Getty Images



BRIGA PARA NÃO CAIR
SALERNITANA, 17º, 31 / CAGLIARI, 18º, 29
Aqui a conta é simples: jogando em casa, basta à Salernitana vencer a Udinese para se manter na Série A e rebaixar o Cagliari. Em caso de empate ou derrota da Salernitana, o Cagliari se salva do rebaixamento e rebaixa a Salernitana apenas se derrotar o Venezia fora de casa.

Onde ver:
Salernitana x Udinese - domingo, Star+, 16h
Venezia x Cagliari - domingo, Star+, 16h



 
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Ironizar a insatisfação de Pedro era tão irracional quanto é, agora, exagerar na relevância das suas manifestações

Gian Oddi

Não foram polêmicas, não trazem um teor surpreendente e não parecem gerar consequências negativas as manifestações do centroavante Pedro, do Flamengo, após a vitória por 2 a 1 sobre o Altos pela Copa do Brasil, jogo no qual o atacante marcou um dos gols de sua equipe.

Em síntese, Pedro disse que gostaria de atuar mais, o que parece óbvio para um jogador da sua qualidade que é apenas o 20º mais utilizado do elenco se considerarmos as partidas do Flamengo no Brasileirão e na Libertadores.

Pedro em ação com a camisa do Flamengo
Pedro em ação com a camisa do Flamengo Gilvan de Souza/Flamengo

Por outro lado, apesar da sinalização pública a respeito desse desejo em um post no Instagram e na entrevista ao fim do jogo, Pedro fez questão de isentar nominalmente o treinador atual, falou a respeito de escolhas de “quem aqui estava”, prometeu manter empenho total para conquistar mais espaço e, o que talvez pudesse gerar mais turbulência, falou que, se for o caso, “no meio do ano”, quando ocorre a janela de mercado, “a gente conversa”.

Embora seja evidente que suas manifestações têm o intuito de colocar alguma pressão para que suas entradas em campo sejam mais constantes, a forma e o método utilizado não ultrapassam qualquer limite legal ou ético. A comunicação é parte de sua estratégia, e se as ações são feitas dentro desses limites não há problema algum, faz parte do jogo.

Copa do Brasil: veja os gols de Altos-PI 1 x 2 Flamengo

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Assim como não fazia sentido usar termos como “tristeza” ou (o insuportável) “mimimi” para ironizar as notícias divulgadas por repórteres que seguem o clube de perto, também não faz sentido, a partir de agora, imaginar um ambiente de turbulência, crise ou desconforto por causa das manifestações deste domingo.

Como muitas vezes costuma ocorrer no futebol, o episódio das declarações de Pedro parece gerar uma repercussão bem maior que o tamanho do fato, que a relevância da notícia.

Se for o caso, como disse o próprio Pedro, no meio do ano clube e jogador podem conversar. Sempre levando em consideração que sua eventual saída só poderá ocorrer com o consenso das duas partes, que têm contrato assinado válido até dezembro de 2025. E que essa saída, se viesse a acontecer, teria que ser para destino e por valor também acordado com todos os lados.

Qualquer especulação, incitação ou ironia que desconsidere a conjuntura acima não se baseia nos fatos, mas em desejos.

 
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Mesmo que por inveja, precisamos mudar

Gian Oddi

Jürgen Klopp e Pep Guardiola: símbolos de uma ideia bem mais saudável do futebol
Jürgen Klopp e Pep Guardiola: símbolos de uma ideia bem mais saudável do futebol Getty Images

Quis o destino que o Campeonato Brasileiro deste ano começasse no mesmo fim de semana de um dos jogos mais brilhantes, se não o mais brilhante, da temporada europeia: o confronto entre Manchester City e Liverpool, líder e vice-líder da Premier League separados apenas por um ponto na liga nacional mais rica do planeta.

Enquanto as duas equipes inglesas jogavam o melhor futebol possível, os velhos e compreensíveis chavões sobre a tal “outra modalidade” em relação ao esporte que se disputa por aqui imediatamente tomaram conta das redes sociais.

É justo constatar que, por maiores que fossem os esforços e as boas intenções, existem aspectos diretamente relacionados ao dinheiro que tornam os patamares da Premier League inatingíveis para o cenário brasileiro e sul-americano – a compra dos melhores jogadores do planeta, claro, é o principal deles. 

Deveriam nos interessar, portanto, todos os outros aspectos, todos aqueles cuja quantidade de dinheiro não tem relação direta com um melhor espetáculo em campo.

O cumprimento eufórico de Pep Guardiola e Jurgen Klopp ao final do empate por 2 a 2, um resultado que não agradou plenamente a nenhum dos dois treinadores, diz muito sobre o jogo e o porquê dele ter sido o que foi. Diz muito sobre a intenção de ambos, sobre aquilo que os satisfaz, sobre o que e como seus jogadores são orientados a fazer quando pisam no gramado.

Em um jogo de futebol que na nossa visão habitual teria todos os ingredientes para ser “brigado, falado, pegado, pressionado e violento”, o que vimos foram 90 minutos de puro futebol. Foram 20 faltas no jogo, média de uma a cada 4,5 minutos (a média na rodada inaugural do Brasileirão foi de uma a cada 3 minutos). O VAR, quando necessário, agiu com agilidade e sem contestações. E o árbitro foi quase tão notado em campo quanto a bandeira de escanteio.

Não há avaliação de árbitro que resista àquilo que ocorre no Brasil: por melhor que seja uma arbitragem em campo, não há imagem que não saia destruída diante dos infindáveis bolos de atletas e técnicos protagonizando contestações na quantidade e intensidade que vemos por aqui, em quase qualquer partida.

Gabriel Jesus encerra jejum, e City e Liverpool empatam em Manchester; veja os melhores momentos


Essas cenas imediatamente costumam gerar, tanto em torcedores como em jornalistas e influenciadores de clubes, as avaliações de que o árbitro "não está sabendo conduzir a partida”, “está confuso”, “invertendo faltas”, “não teve pulso” e tantos outros clichês aos quais costumamos recorrer quando não há erro de arbitragem claro e inquestionável para apontar.

Nossa arbitragem merece inúmeras e contundentes críticas, mas isso não deveria nos impedir de perceber quantas vezes transferimos para ela um problema que está essencialmente no comportamento de técnicos e jogadores. A ideia de que futebol se ganha com gritos, peitadas e virilidade é onipresente por aqui e não traz benefício algum para o nosso futebol.   

O Campeonato Brasileiro pode ser espetacular. Em sua primeira rodada, dois dos três favoritos já tropeçaram. Pelo menos quatro times que não pertencem a esse trio fizeram excelentes jogos. Passamos a ter alguns clubes bem estruturados, e novos investimentos estão chegando para outros. Bons jogadores, jovens e veteranos, não faltam. As torcidas são numerosas. O clima ajuda, a grama prospera. Temos vários novos estádios e, acima de tudo, uma população com mais de 210 milhões de pessoas para a qual o futebol é o esporte nacional. Sem falar na (ainda) admiração dos estrangeiros por nossa capacidade técnica.

O potencial do futebol brasileiro, e sobretudo de seu campeonato nacional, é gigante.  

CBF, clubes e treinadores precisam agir, juntos, para mudar esse panorama de comportamento insano que predomina por aqui. Não é missão das mais complicadas e tampouco carece de grande investimento: bastam orientações, comunicação clara e punições. 

A compreensão de que tornar os jogos de futebol no Brasil mais atrativos trará um campeonato bem melhor e, portanto, mais interesse e mais dinheiro, parece não ser simples, mas precisa acontecer. Nem que a motivação parta da simples inveja do que vimos neste domingo em Manchester.


 
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Mesmo que por inveja, precisamos mudar

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O incompreensível ódio por Abel Ferreira

Gian Oddi

Os termos “idiota” e “boçal”, usados por Paulo Roberto Martins para criticar o técnico Abel Ferreira, a quem o comentarista classifica como “uma desgraça de ser humano”, foram apenas parte de mais um episódio entre os tantos que têm tratado o treinador português do Palmeiras de maneira não apenas desrespeitosa, mas violenta.

Antecipo-me, antes de prosseguir no tema, para dizer que discordo da postura da diretoria palmeirense ao vetar entrevistas para a rádio Transamérica “enquanto o comentarista fizer parte do quadro da emissora”, conforme informa o UOL Esporte nesta terça-feira (15).

Embora o ato agrade boa parte da torcida e não seja prática rara no universo do futebol brasileiro, pedir cabeças de profissionais não deveria fazer parte do procedimento de clubes, que têm muitos caminhos para cobrar e eventualmente penalizar um profissional por seus excessos – começando pela recusa em conceder-lhe entrevistas e chegando às vias jurídicas.

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Dito isso, é preciso tentar entender: por que tanto ódio por Abel Ferreira? Por que as críticas ao treinador do Palmeiras têm passado do ponto tão frequentemente, extrapolando o que acontece no campo?

Ser um técnico vitorioso, como Abel passou a ser desde que chegou ao Palmeiras, não deveria lhe garantir imunidade em relação às críticas, que, porém, seguiram em volume e contundência surpreendentes para um treinador cujos méritos nas conquistas são tão evidentes quanto a qualidade técnica superior de adversários que ele eliminou em seus títulos.

Mas isso pouco interessa. Criticar Abel, suas estratégias, escalações e modelo de jogo é um direito de quem quer que seja, e cabe a quem consome essas críticas concordar ou não com elas e com as motivações e justificativas de quem as elabora. Faz parte do jogo.

Bem mais surpreendentes e inexplicáveis são as críticas furiosas, cheias de veias saltadas, perdigotos e excessos verbais, que dizem respeito aos aspectos pessoais de Abel Ferreira; ou as críticas que condenam suas ótimas entrevistas coletivas e seu posicionamento sempre claro e firme contra o que há de pior no futebol do Brasil.

Exceção feita aos seus arroubos e indiscutíveis exageros contra a arbitragem na beira do gramado, onde Abel é apenas mais um entre tantos por aqui, o treinador português vai prestando inestimáveis serviços ao futebol brasileiro – e não apenas ao Palmeiras.

Afinal, não é bom ter quem nos ajude a perceber a forma violenta e tóxica com a qual temos nos relacionado com o futebol, ainda que para isso tenha que criticar seu próprio torcedor? Não queríamos alguém relevante que falasse constante e contundentemente contra o insano calendário da CBF sem temer retaliações? Não é positivo que um técnico faça questão de explicar suas escolhas da forma como ele faz, falando sobre futebol e deixando inclusive um livro publicado a esse respeito? Não é bom, em meio à nossa ode à ignorância e malandragem, ver celebrado um treinador obcecado pelo trabalho, aplicado e estudioso? Além de tudo isso, um sujeito que é tão exaltado por faxineiros, cozinheiros, roupeiros e seguranças do clube pode mesmo ser essa “desgraça de ser humano”?

Abel Ferreira não é perfeito. Já cometeu seus deslizes em coletivas, exagera na beira do gramado e, para muitos, recua o time mais que o necessário. Mas não há como negar: para o futebol brasileiro, o saldo de sua passagem é muito positivo.

Por que, então, o técnico português sofre o tipo de crítica que tem sofrido, com tanta contundência e continuidade? É a simples busca de audiência em cima de um personagem relevante? É por ser estrangeiro? É a praga do clubismo? É por se contrapor a um modelo que consagrou figuras relevantes e ultrapassadas, mas ainda bem relacionadas?

Difícil dizer. O ódio por Abel Ferreira é incompreensível.

Abel Ferreira no Brasil: títulos e críticas na mesma medida
Abel Ferreira no Brasil: títulos e críticas na mesma medida Cesar Greco / Palmeiras

 

 
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Gostem ou não, a Bola de Ouro é relevante. E muda, de novo, para melhor

Gian Oddi

Você pode até não gostar, mas precisa admitir que as premiações individuais de jogadores de futebol parecem ter cada vez mais relevância no contexto da modalidade. Os principais jogadores do planeta almejam sempre mais essas premiações, e há até mesmo quem troque de clube vislumbrando protagonismo e um aumento na chance de conquistar troféus como a Bola de Ouro, da France Football, e o The Best, da Fifa.

Essa realidade torna relevante o anúncio feito hoje pelo diretor de redação da revista France Football, Pascal Ferré, a respeito dos critérios de escolha do prêmio Bola de Ouro, o mais antigo e, ao menos na Europa, ainda o mais prestigioso dos prêmios.

Ele informou que serão duas as principais novidades na escolha anual dos vencedores da Bola de Ouro:

1) A partir de agora o prêmio passa a considerar o desempenho dos jogadores na temporada europeia, que costuma acontecer de agosto até maio/junho, e não mais no ano solar. Dessa forma, a premiação passará a ser concedida em setembro ou outubro, e não mais em dezembro.

2) Haverá também uma significativa redução no colégio eleitoral que definirá os vencedores do prêmio: seguirão votando apenas jornalistas, mas, a partir de agora, apenas aqueles que pertencerem aos 100 países mais bem colocados no ranking da Fifa – até hoje votavam jornalistas de 170 países para o futebol masculino. Já para o futebol feminino votarão jornalistas dos 50 primeiros países no ranking.

Ronaldo e Messi, com 3 troféus, são os maiores vencedores da Bola de Ouro ao lado de Cruijff, Van Basten e Platini
Ronaldo e Messi, com 3 troféus, são os maiores vencedores da Bola de Ouro ao lado de Cruijff, Van Basten e Platini Alexander Hassenstein/Getty Images

 

“Essa é a oportunidade para dar uma nova guinada no prêmio. Até ontem julgávamos os jogadores baseados em duas metades de temporada. Com o novo formato a escolha ficará mais compreensível”, afirmou Ferré.

A confusão na compreensão das escolhas em várias temporadas recentes, nesta última inclusive, corrobora a justificativa de Ferré. Assim como as tabelas de votos específicos dos representantes de cada país justifica a escolha de reduzir o colégio eleitoral a países com “grande cultura futebolística e legitimidade histórica”, como escreve a própria France Football.

Outras mudanças anunciadas, mas que devem ter menor ou nenhum impacto no resultado final do prêmio, dizem respeito aos critérios que devem nortear os votos de cada um e à forma como será definida a lista prévia de candidatos. 

Criada em 1956, esta não é a primeira vez que a Bola de Ouro muda seus critérios. Em 1995, por exemplo, o prêmio, que até então era restrito a cidadãos europeus, passou a permitir vencedores de qualquer nacionalidade; em 2007, jogadores que atuavam fora da Europa também puderam entrar na disputa, algo que até então não era permitido (não que isso tenha mudado muito na prática); em 2018, houve a criação da Bola de Ouro feminina.

Mesmo quem não se importa com premiações individuais precisa admitir que, hoje, elas têm considerável relevância do futebol. Diante disso, o ideal é que esses prêmios se aprimorem para refletir da forma mais justa possível o que aconteceu na temporada. Foi o que fez a France Football.

 
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O principal valor da Supercopa

Gian Oddi
Bruno Henrique e Vargas, em lance da ótima Supercopa entre Flamengo e Atlético
Bruno Henrique e Vargas, em lance da ótima Supercopa entre Flamengo e Atlético Pedro Souza/Atlético

Após a grande partida de futebol jogada por Atlético-MG e Flamengo no último domingo, como aliás já ocorrera em 2021 após o jogo entre Flamengo e Palmeiras, a discussão sobre o valor e a importância da Supercopa do Brasil mais uma vez vem à pauta.

Seu valor, contudo, parece óbvio: é o valor de uma taça, de um jogo apenas, algo incomparável àquilo que vale o título de competições duríssimas e disputadas como a Conmebol Libertadores, o Brasileirão e a Copa do Brasil. Algo que, portanto, não deveria gerar crises, revoltas ou mesmo chiliques do lado perdedor.

A Supercopa serve, também, para que clubes, técnicos, jogadores e direções acrescentem números aos seus currículos de conquistas. Assim, eventualmente, nas infinitas (e muitas vezes divertidas) comparações entre fulano e cicrano, torcedores (e jornalistas também) lançarão mão destes números para justificar suas preferências.

O fato de o Atlético ter vencido as duas competições que credenciam um time a jogar a Supercopa pode, sim, fazer com que se discuta a necessidade – ou a justiça – de o jogo ser disputado nesse contexto, sem ao menos uma vantagem para o duplo campeão. Embora infantis, as brigas dos dirigentes de Flamengo e Atlético ajudaram a colocar foco neste debate.

Mas o mais relevante das últimas edições da Supercopa disputada no Brasil, seu principal valor, não diz respeito a um time ou contexto específico, e sim ao futebol brasileiro de maneira geral. A Supercopa, basicamente, escancara o quanto desperdiçamos do nosso futebol, e do prazer que ele pode gerar, a cada semana da temporada.

Porque tem ficado claro nas edições dessa disputa, ainda mais no cenário atual em que vários clubes têm (ou terão) condições de montar boas equipes, o quanto o nosso principal campeonato, o Brasileiro, pode ser forte e divertido. O quanto seus jogos podem ser tecnicamente bons, bem jogados, com qualidade e intensidade física.

Para que assim seja, porém, não dá para os jogos importantes da temporada se concentrarem em 7 meses, enquanto outros três são dedicados primordialmente aos estaduais. Não dá para times perderem seus principais jogadores para seleções quando jogam partidas importantes no cenário nacional. Não dá pra jogar bola em certos gramados, com certos árbitros. Não dá pra os estádios estarem vazios porque o torcedor precisa escolher em qual partida gastar seu dinheirinho, já que um time pode chegar a fazer 91 (!) jogos num só ano.

Definitivamente, assim não dá. E as lições da Supercopa, para a qual dois bons times se preparam e jogam com condições mais próximas do ideal, escancararam isso. 

São lições óbvias e batidas, mas que, no Brasil, insistimos em ignorar.

 
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Embora imparcial, filme sobre Neymar tem pouco a revelar

Gian Oddi



Ao saber do lançamento de “Neymar, o Caos Perfeito”, resolvi encarar as 2h45 de filme, dividido em três episódios, apenas como obrigação profissional. Primeiro, por certo desinteresse a respeito daquilo que Neymar produz, diz e faz fora dos campos. Segundo, por considerar suspeito o valor jornalístico de uma série produzida com o aval do jogador e, sobretudo, de seu pai.

O segundo motivo, porém, mostrou-se infundado, pelo menos quanto à presença dos episódios negativos envolvendo a carreira e a vida de Neymar: há no filme uma avalanche de críticas e xingamentos de torcedores, muitas opiniões negativas retiradas de programas de TV, um depoimento crítico gravado com Juca Kfouri, o soco no torcedor do PSG, os memes que zombavam de suas simulações. Está tudo lá. Até a denúncia de estupro, que pela inconsistência das acusações poderia ter sido omitida, está presente.

As críticas são ali apresentadas como a força motriz de Neymar. Desde o início do filme, quando o jogador sugere que um compilado delas abra o documentário, a narrativa é a de que sem essas críticas Neymar não teria o tamanho que tem. O mantra adolescente “FODA-SE O QUE VÃO PENSAR DE MIM” é repetido várias vezes pelo atleta, para quem as críticas são sempre insensatas. Ainda assim, elas o motivam, ele diz – e isso lhe basta.

Mesmo que os episódios e opiniões desfavoráveis a Neymar cumpram esta função específica no roteiro do filme, ninguém pode acusar a edição final de omitir, ironizar ou minimizar esses momentos para favorecer o jogador. A falta de isenção ou imparcialidade na abordagem dos temas não é um problema do documentário.

Seu problema é revelar pouco, não surpreender, não apresentar nenhuma faceta ou aspecto até então desconhecido de Neymar. Já cansamos de conhecer o Neymar craque. O baladeiro. O superstar. O moleque. O autossuficiente. E todos eles estão mais uma vez bem retratados no filme.

É até justo ponderar que mostrar muito além disso talvez seja missão impossível diante da superexposição de Neymar: tudo a respeito dele já foi dito, analisado e mostrado, não só pela mídia como em suas próprias (frenéticas) redes sociais.

Relação entre pai e filho é o que há de novo na série sobre Neymar. Mas é pouco
Relação entre pai e filho é o que há de novo na série sobre Neymar. Mas é pouco EFE

Há um ponto do filme, contudo, que caberia ressaltar: as passagens que abordam o mundo empresarial em torno do craque. As reuniões nas quais Neymar pai – com enfadonhos clichês corporativos – demonstra deslumbramento com seu papel de empresário acabam por mostrar também, em contrapartida, um Neymar filho cansado disso tudo. Porque, para o pai, a prioridade parece ser a tal “marca” e o futuro de sua empresa após o fim da carreira do jogador.

Percebe-se tensões entre ambos, e a intransigência e incapacidade de ouvir do interlocutor são apontadas pelos dois lados como um problema na relação. É o filho, porém, que em determinado momento admite ser aquele que acaba sempre por ceder para “não entrar em conflito”. São breves diálogos, estes sim reveladores, mas o filme não avança nessa questão que talvez o tornasse bem mais interessante do que é.

“Neymar, o Caos Perfeito” tem suas qualidades, e suas quase 3 horas são um bom passatempo sobretudo para quem curte o personagem Neymar. É muito bem filmado e traz bastidores pessoais (mais) e profissionais (menos) que podem interessar a muita gente. Mas a impressão final é que, a exemplo de seu protagonista, o filme poderia ter sido ainda mais relevante do que é.


 
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O raro caso do erro de arbitragem que comoveu o time prejudicado

Gian Oddi
Girroud e Rebic reclamam com o árbitro Marco Serra em Milan x Spezia
Girroud e Rebic reclamam com o árbitro Marco Serra em Milan x Spezia reprodução TV

Para quem não viu: o jogo era Milan x Spezia, no estádio San Siro, e o placar da partida que levaria o time milanista à liderança do Campeonato Italiano em caso de vitória apontava 1 a 1, aos 47 minutos do 2º tempo. O Milan buscava o gol quando o atacante Rebic sofreu falta na entrada da área. Menos de dois segundos depois, porém, a bola já estava nas redes após uma linda finalização do brasileiro Junior Messias, que entrara no jogo havia pouco tempo.

O gol, contudo, foi invalidado, porque, sem aplicar de lei da vantagem no lance, o árbitro Marco Serra apitara freneticamente antes mesmo do chute de Junior Messias. Não cabia VAR, não havia discussão: o nítido som do apito, ainda que em nada tenha influenciado a ação dos jogadores envolvidos no lance, invalidava o gol. O primeiro erro não justificaria um segundo com a sua validação.

Junior Messias caiu ajoelhado no gramado, tão calado quanto inconformado. Girroud, Theo Hernandez e Rebic correram em direção a Serra para reclamar. O árbitro, percebendo a bobagem cometida, imediatamente levantou os braços para pedir desculpas a todos eles. Rebic segurou a cabeça do árbitro com as duas mãos, chegou a encostar sua testa na de Marco Serra, para perguntar já com mais decepção do que revolta: “Por que você apitou? Por que você apitou?”

No lance seguinte ao da cobrança da indesejada falta, 96 minutos de jogo, contra-ataque do Spezia e gol: 2 a 1, de virada. O Milan, que em caso de vitória chegaria à liderança, perdia em casa para o modesto 15º colocado do campeonato.

Veja os gols de Milan 1 x 2 Spezia:   


Ocorre, então, o fato menos corriqueiro e mais surpreendente de todo o episódio.

Enquanto o árbitro Marco Serra saía de campo já com lágrimas nos olhos, recebíamos, na transmissão que fazíamos do jogo para o Brasil, mensagens de espectadores afirmando que Serra não conseguiria sair “vivo do gramado”.  

Os jogadores do Milan, liderados por Ibrahimovic, de fato se aproximaram do árbitro como muita gente esperava. Para surpresa dessas mesmas pessoas, porém, a aproximação foi tranquila. Aos 40 anos, um a mais que o árbitro, o centroavante sueco dirigiu suas primeiras palavras a Marco Serra: “Todos erram”. Frase completada, no instante seguinte, pelo capitão milanista Theo Hernandez: “Eu errei um pênalti hoje”.

Parte menor da surpreendente reação dos jogadores do Milan poderá talvez ser atribuída à maturidade do veterano Ibrahimovic, que em seu livro “Adrenalina” afirma o seguinte: “Sempre considerei os árbitros como um 12º adversário em campo. Hoje, quando posso, eu tento ajudá-los.”

Mas é evidente, acima de tudo, que a reação compreensiva do grupo de jogadores do Milan tem mais a ver com a reação do árbitro, com a humildade das desculpas públicas ainda em campo; com o reconhecimento de que, sim, erros fazem parte da vida de todos nós, mas pior que o erro em si é não o reconhecer e manter diante dele uma postura de arrogância e prepotência, como fazem tantos árbitros. 

Basicamente, os jogadores do Milan, num gesto humanista raro no futebol atual, estavam sendo solidários à tristeza de Marco Serra.

O episódio de Milan x Spezia diz muito sobre como a postura de árbitros e jogadores, em certas praças bem mais do que em outras, pode ajudar na evolução da arbitragem e nas relações dentro de um jogo de futebol.

Marco Serra, aos 39 anos e com apenas 9 partidas dirigidas na Série A italiana, trabalhará nesta quarta no VAR de Cagliari x Sassuolo pela Copa da Itália, fato previsto antes do fatídico jogo de Milão. Será, então, suspenso para mais tarde voltar a dirigir jogos da Série B. Os pontos do Milan não serão recuperados e podem até custar o título. O prejuízo é irreparável.

Como consolo, porém, ainda que autor de um grave erro técnico, o jovem árbitro de Turim poderá um dia olhar todo o imbróglio sob um outro prisma: o de ter sido protagonista de um episódio que deveria servir de exemplo de postura. Para árbitros e jogadores.

 
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Fossem outras, cobranças a Leila Pereira fariam sentido

Gian Oddi

Em sua trajetória até assumir a presidência do Palmeiras, Leila Pereira pouco foi questionada a respeito de temas muito relevantes. Alguns exemplos: qual o valor do documento assinado apenas por Mustafá Contursi que lhe permitiu virar conselheira, seus métodos para conquistar os votos dos associados e as possíveis consequências da dívida que o clube de uma hora para outra passou a ter com sua empresa.

Grosso modo, para muita gente, a impressão passada foi a de que seu dinheiro bastou para qualificá-la ao cargo que hoje ocupa.

Seja como for, Leila Pereira é hoje a presidente do Palmeiras. E não deixa de ser curioso que, mal iniciada sua gestão, muitos dos que fizeram vistas grossas a todo o processo que a levou à cadeira que ocupa, e que foram inclusive beneficiados por sua farta distribuição de dinheiro e mimos, façam questionamentos ou cobranças tão irrelevantes como a do time para o qual torce seu assessor de imprensa.

Não se trata de novidade no clube, é verdade. Paulo Nobre já havia passado pelo mesmo, mas a irrelevância do assunto não justifica mais que uma breve menção neste artigo.

Mais relevantes e compreensíveis seriam as cobranças pela contratação de um centroavante à altura do atual elenco bicampeão sul-americano, algo de que o Palmeiras, hoje, realmente não dispõe.

Seriam cobranças compreensíveis não fossem em grande parte intensificadas pela pressa e pela obsessão da chegada de um nome conhecido, uma estrela daquelas que trazem o nome e tantas vezes oferecem pouco mais que este nome quando estão em campo. Como ocorreu com Luiz Adriano, para ficar apenas em um exemplo recente (são muitos) do próprio Palmeiras.

Num país onde a temporada do futebol começa praticamente em abril, a pressa baseada no Mundial de Clubes não tem justificativa racional, seja porque o Mundial não é maior que o restante da temporada, seja porque, numa eventual decisão contra o poderoso Chelsea, as chances do Palmeiras passam bem mais por uma infinidade de outros fatores do que pela contratação de um único jogador – ou esse camisa 9 por acaso seria Robert Lewandowski?

Fazer uma bobagem agora pode comprometer a temporada inteira, e se é preciso esperar para contratar melhor, que assim seja.

O Palmeiras já deixou claro julgar necessária a contratação do camisa 9, e ela de fato é. A busca por nomes como Taty Castellanos e Alário aliada à chegada de jogadores úteis embora pouco badalados para outras posições indicam um clube atento ao mercado e que hoje busca seus reforços não por grife, mas por uma lógica baseada em estudo, prospecção e responsabilidade financeira – como deveria ser padrão.

Entre tantas cobranças e questionamentos possíveis, os que são feitos a Leila Pereira neste início de mandato não fazem muito sentido, embora seja preciso ponderar e compreender que sua gestão midiática, populista e ávida por likes colabore para isso.  

Leila Pereira, ainda com pouco conhecimento sobre a dinâmica do futebol nacional, passa a impressão de ter se tornado presidente do Palmeiras em grande parte por vaidade, pela visibilidade que o cargo lhe dá. O absurdo post nas redes sociais em que ela praticamente atribui para si todos os méritos da guinada dada pelo clube nas gestões de Paulo Nobre e Maurício Galiotte é completamente desconexa da realidade.

Quem sabe as cobranças atuais, ainda que pouco fundamentadas, tenham pelo menos o mérito de conectá-la à realidade do futebol brasileiro. Uma realidade insensata e truculenta na qual o trabalho com discrição costuma ser muito bem vindo.

Leila Pereira, nova presidente do Palmeiras, conversa com o elenco
Leila Pereira, nova presidente do Palmeiras, conversa com o elenco Cesar Greco/Palmeiras

 
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Fossem outras, cobranças a Leila Pereira fariam sentido

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Ronaldo tem razão e não tem culpa

Gian Oddi
Ronaldo, o novo acionista, e Sergio Rodrigues, presidente do Cruzeiro
Ronaldo, o novo acionista, e Sergio Rodrigues, presidente do Cruzeiro XP Investimentos/Divulgação

 

Não há o que se discutir sobre a importância de Fábio na história do Cruzeiro. Seus 17 anos de serviços prestados ao clube e sua trajetória de conquistas tornam a idolatria da torcida compreensível, justa e até obrigatória. Relações assim são em grande parte as responsáveis por dar ao futebol a dimensão que ele tem.

Portanto, após a dispensa do goleiro pelos novos gestores do Cruzeiro, é preciso compreender, também, que muitos torcedores tenham corrido às portas da Toca da Raposa gritar “Ronaldo, gordão, vem dar satisfação”, para que o velho conhecido e novo proprietário do clube explicasse o término do vínculo com Fábio.

Alguns dias depois, Ronaldo foi. E não poderia ter sido mais claro.

"O Cruzeiro é um paciente em estado grave, estamos oferecendo o tratamento" e "encontramos um cenário realmente trágico no clube, mas temos que estancar o sangramento” foram suas duas frases mais contundentes que, verdadeiras, resumem com precisão o atual cenário do clube.

É até normal que, após um episódio como o corrido com Fábio, surjam infinitas acusações de insensibilidade e desrespeito. A chegada dos gestores cruéis, dos capitalistas impiedosos e inescrupulosos em busca do lucro incessante é uma narrativa comum e muitas vezes verdadeira no universo do futebol, mas não se aplica ao caso Fábio.

Fossem novos gestores assumindo Flamengo ou Palmeiras e agindo da mesma maneira com algum de seus ídolos, a discussão caberia. No Cruzeiro, não. O Cruzeiro de hoje precisa lutar para sobreviver. Se manter. Se estruturar. Crescer de forma sustentável. E, claro, subir para um dia voltar a ocupar os patamares que já ocupou no futebol brasileiro.

Não há outras prioridades e, dentro dos caminhos legais, não importa o que seja preciso fazer, não importa quão doloroso seja o tratamento. O foco do Cruzeiro passou a ser apenas um, e se as coisas chegaram neste ponto a responsabilidade não é de seus novos gestores.   

A necessidade da dispensar um jogador com alto salário aos 41 anos de idade não é culpa de Ronaldo. É dos wagners, gilvans, itaires, zézés e tantos outros que no passado, com cargos maiores ou menores, não lançaram mão de tratamentos menos invasivos para que o Cruzeiro evitasse chegar ao ponto que chegou, o triste ponto de adotar um remédio tão amargo como a dispensa de Fábio.

 

 
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José Mourinho, com sua obsessão pelo mal, está pronto para o Brasil

Gian Oddi

Mourinho á beira do campo durante Roma x Juventus
Mourinho á beira do campo durante Roma x Juventus Matteo Ciambelli/DeFodi Images via Getty

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Quem assistiu à ótima série documental All or Nothing a respeito do Tottenham e da passagem de José Mourinho pelo clube já sabe: o vitorioso técnico português está obcecado pelo mal.

Em diversos episódios do documentário, Mourinho alterna as palavras para repetir a Harry Kane, Son e companhia uma reclamação exatamente com o mesmo teor: “vocês são um grupo pessoas incríveis, muito boas mesmo, mas no futebol isso é um problema, vocês são bonzinhos demais”.

Chama atenção, pelo menos segundo o que é retratado na série, o quanto suas preleções, falas e orientações são muito mais de ordem motivacional do que tática e técnica (o oposto do que se vê na mesma série ao retratar o Manchester City de Pep Guardiola).

Após a incrível e absurda virada da Juventus sobre sua Roma no domingo, num jogo em que o time da capital viu um placar favorável por 3 a 1 ser revertido para 4 a 3 em apenas 7 minutos, o teor das entrevistas de Mourinho seguiu mais ou menos a mesma linha daquilo que se vê no documentário do Tottenham. Ele quer um time mau.

Veja os gols de Roma 3 x 4 Juventus:

José Mourinho não é o culpado pelo desastre no Olímpico. Com formação e desempenhos acima da média para o que tem sido a temporada, mesmo toda desfalcada, a Roma produziu até mais que a Juve. Por seu carisma e história, a chegada do português ao clube no início da temporada surtiu efeito e, mesmo sem tantos motivos técnicos para tal, gerou euforia que há tempos não se via entre torcedores (leia texto a respeito no blog).

No cômputo do saldo atual, sua passagem não é desastrosa apesar da modesta 7ª colocação no Campeonato Italiano e de uma goleada vexatória diante do norueguês Bodo Glimt. Mourinho, claro, não deveria ser substituído. Reclamar de foco, concentração e comprometimento é não apenas seu direito, mas também sua função e responsabilidade.

Porém, ao manter essa lógica materazziana do futebol, ao insistir na máxima de que jogos se ganham no grito, na intimidação do adversário, nas chegadas mais dura e nas rodinhas em torno do árbitro (a Roma já exagera neste aspecto), Mourinho contraria o que se vê, hoje, nos principais times e campeonatos do continente. Em 2022, aliás, nem mesmo na Libertadores, antes exaltada por seu caráter bélico, os jogos se ganham dessa forma – embora muitos ainda joguem assim.

Aos 58 anos, José Mourinho precisa mudar. Caso contrário, entres as ligas relevantes do planeta, ao buscar um lugar onde sua visão de futebol ainda é razoavelmente compartilhada, só lhe restará o Brasil. 


 
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8 previsões (infalíveis) para o futebol brasileiro em 2022

Gian Oddi

Robério de Ogum e Lene Sensitiva que se preparem, está chegando concorrência nova na praça. Se dois dos mais midiáticos videntes do país têm alternado acertos e erros em relação àquilo que projetam para o futebol brasileiro nos últimos anos, eles mesmo ficarão boquiabertos quando perceberem que, no final de 2022, este blog terá acertado 100% das oito previsões abaixo feitas para a temporada que começa em alguns dias, com o início dos campeonatos estaduais. 

Voleio de Milik, milagre de Ter Stegen, chutaço de Kovacic e mais: o top 10 do final de semana

         
     

1.  O absurdo do calendário do futebol brasileiro e dos jogos nas datas Fifa, tudo definido desde já, será percebido como verdadeiro problema pelos clubes mais importantes do país apenas e tão somente quando seus jogadores começarem a ser convocados para as seleções sul-americanas.

2.  A incompetência da arbitragem, pela qual pouco se fez, também surgirá como se fosse uma surpresa, inesperada, no primeiro pênalti ou impedimento mal marcado contra seu clube. Que vai reclamar para o jogo seguinte, quando poderá ser beneficiado. Para depois ser prejudicado novamente...

3.  Técnicos e times hoje vencedores e exaltados serão tachados como incompetentes, mercenários ou “sem vergonha” na primeira perda de taça pouco relevante ou na primeira sequência de maus resultados em jogos desimportantes que tenham pela frente nos campeonatos estaduais.

4.  Na sequência a esse momento ruim surgirão (e serão amplamente divulgadas) listas de dispensas de jogadores promovidas por torcidas organizadas, as mesmas que dali a alguns meses não terão o menor pudor em exaltar como deuses os nomes que desejavam ver expurgados do time no início da temporada.    
 
5.  Clubes devendo para Deus e o Mundo contratarão ninguém menos que Deus e o Mundo sob o argumento de que é preciso investir para arrecadar. De que é preciso “ousadia”. Muita gente defenderá a ousadia no seu próprio clube ao mesmo tempo em que, curiosamente, condenará a irresponsabilidade financeira do rival.

6.  No que nos diz respeito, refiro-me à imprensa esportiva, a ditadura da contundência (ou, no melhor e mais inofensivo dos casos, a pieguice popularesca) seguirá imperativa em uma busca inegavelmente bem sucedida por audiência, cliques e likes.

7.  Esse fato de certa forma ajudará a explicar que entrevistas coletivas de clubes estejam cada vez mais recheadas por canais clubistas – alguns sérios e outros subsidiados sorrateiramente pelos próprios clubes –, tornando os questionamentos sempre mais vazios e confortáveis.

8.  Para encerrar, uma previsão estatística: o número de técnicos a trabalhar no próximo Campeonato Brasileiro será no mínimo, numa previsão modesta, 80% maior que o número de times a disputar a competição.

Sei que não existe lá um grande mérito nisso, mas podem conferir e cobrar.

E um feliz 2022 a todos.   ;  )

Sem ajuda de clubes e atletas, e com poucas ações da CBF, arbitragem seguirá contestada
Sem ajuda de clubes e atletas, e com poucas ações da CBF, arbitragem seguirá contestada Jorge Bevilacqua/Código19/Gazeta Press

 
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Melhor da temporada: o número mais incrível de Hulk não foi o de (36) gols

Gian Oddi
Hulk pelo Galo: muito futebol em qualidade e quantidade
Hulk pelo Galo: muito futebol em qualidade e quantidade Pedro Souza/Atlético-MG

Após a conquista da Copa do Brasil pelo Atlético Mineiro, a temporada do futebol brasileiro está finalmente encerrada e não deixa dúvida alguma sobre quem foi o melhor jogador de futebol no país em 2021: todos os critérios apontam para Hulk, eleito o melhor do Brasileirão e da Copa do Brasil, além de ter sido artilheiro das duas competições e, portanto, da temporada.

Hulk marcou apenas 2 gols no irrelevante Campeonato Mineiro, mas fez 7 pela Libertadores, 8 pela Copa do Brasil e 19 no Brasileirão. A soma de 36 gols, contudo, não foi a mais impressionante das marcas que ele obteve em sua temporada inaugural após a volta ao Brasil.

Em um país com um calendário futebolístico insano, onde muitos jogadores já veteranos como Douglas Costa, Diego Costa e Eder têm enorme dificuldades de manter uma sequência de partidas, Hulk, aos 35 anos, foi exatamente o oposto: somados os minutos jogados nas três competições importantes disputadas pelo Atlético em 2021, entre todos os jogadores de linha, foi ele quem mais atuou.

Hulk esteve em campo por nada menos que 4.598 minutos entre Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores e Copa do Brasil. Allan, o segundo na relação, jogou 4.237 minutos, 361 a menos que o paraibano, e foi seguido por Junior Alonso (3.780), Guilherme Arana (3.665) e Matías Zaracho (3.594).

Atlético-MG campeão da Copa do Brasil! Galo vence Athletico-PR com golaço de Hulk e fica com a taça

A marca de Hulk, aliás, não é superior apenas aos seus companheiros de time: mesmo na comparação com todos os jogadores de Flamengo e Palmeiras, respectivamente 2º e 3º colocados do Brasileirão e finalistas da última Libertadores, ele leva a melhor. No Palmeiras, quem mais atuou nas três competições entre os atletas de linha foi o zagueiro Luan, com 3.342 minutos. No Flamengo, William Arão, com 4.054.

Para efeito de média de jogos na temporada, que para o Atlético durou 339 dias do início do Campeonato Mineiro ao final da Copa do Brasil, podemos somar também os 768 minutos jogado pelo atacante no campeonato estadual. Dessa forma, Hulk atuou, na temporada inteira, por nada menos que 5.366 minutos, o equivalente a 60 jogos completos. 

 É realmente incrível, Hulk.  


 
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Para o Brasil, grandes na repescagem europeia não é sinal de alívio. Pelo contrário

Gian Oddi

A presença de importantes seleções europeias como Itália, Portugal e Suécia na repescagem das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo de 2022 serviu para que muita gente passasse a propagar devaneios a respeito de certa debilidade das principais forças do futebol no Velho Continente.

É fato que a atual campeã europeia, assim como a seleção de Cristiano Ronaldo (entre tantos outros talentos), irá disputar uma duríssima repescagem dentro de cinco meses. E também é fato que se uma delas ou mesmo as duas ficarem de fora da Copa do Catar o nível de dificuldade a ser encarado na competição pode vir a ser (um pouco) menor.

Entretanto, tratar isso como sinal de fraqueza dos selecionados europeus seguindo a distorcida lógica de um nivelamento por baixo porque “a campeã continental nem mesmo conseguir se classificar” é, no melhor dos casos, falta de informação.

Não faltou nem mesmo quem, com o intuito de ressaltar o nível do Brasil, usasse o fato de seleções como San Marino, Malta ou Cazaquistão disputarem as Eliminatórias Europeias para ironizar o nível da competição na comparação com a briga travada nas Eliminatórias Sul-Americanas entre suas 10 seleções – das quais metade deve ir ao Catar.

Não faz sentido algum.

Ronaldo lamenta
Ronaldo lamenta Getty Images

Ainda que seleções como as citadas acima joguem as Eliminatórias na Europa, elas não passam de figurantes cuja importância se dá, eventualmente, no cômputo de saldo de gols das equipes que as goleiam a cada rodada.

Bem mais significativo é notar que a disputa europeia obriga, por exemplo, a campeã continental a brigar por UMA vaga direta contra uma seleção como a Suíça, que chegou às quartas de final da Euro após eliminar ninguém menos que a França. Ou perceber que a Espanha, outro time de excelente futebol na Euro e na Nations League, precisou disputar sua vaga contra a Suécia – correndo risco de ir à repescagem até os minutos finais de sua derradeira partida.

Se o formato (um tanto quanto enfadonho) das Eliminatórias Sul-Americanas tem o mérito de ser indiscutivelmente mais justo e fazer com que avancem as melhores seleções do continente, o formato europeu, até por necessidade devido ao grande número de equipes, acaba por funcionar melhor como preparação à Copa, por maior similaridade com o Mundial.  

Não há o que se discutir em relação ao bom nível de competitividade da seleção brasileira e suas chances de conquistar o título no Catar. São muitos os motivos para isso: o formato da Copa, a importância e respeito do Brasil, a qualidade de seu elenco e, por que não, o ótimo aproveitamento de Tite, com 50 vitórias, 12 empates e apenas 5 derrotas com a seleção.

Reafirmar suas chances de título, porém, não deveria hoje significar favoritismo. Sobretudo, e apesar dos resultados das Eliminatórias, pela comparação do futebol das melhores seleções europeias com o futebol jogado pelo time de Tite.

O mesmo Tite que, aliás, por tantas vezes já lamentou e continua lamentando que o calendário da Uefa o impeça de enfrentar seleções da Europa durante sua preparação. Afinal, ao contrário dos que defendem cegamente o próprio técnico ou a seleção brasileira, Tite assiste atentamente às partidas de seus rivais e sabe muito bem de onde virão os adversários mais duros na briga pelo hexa. 


 
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