Cabelo preso, parafusos no punho e maquiada, sim: saiba quem é Sarah Thomas, a 1ª árbitra dos playoffs da NFL
Mais de dez anos atrás, Sarah Thomas estava se sentindo sem perspectivas em sua carreira de árbitra. Apitava jogos no high school, e não havia nenhuma mulher nessa posição na liga profissional. Sempre lhe diziam que nunca contratariam uma mulher - nem para o college.
Mas em um jogo, tudo mudou!
Era uma final de campeonato, e o scout da NFL Joe Haynes estava lá. Ele gostou do que Sarah fez em campo e a colocou em contato com o árbitro aposentado, Gerald Austin, que a contratou para o college e mudou sua carreira.
Muitos anos e muito trabalho depois, Thomas se tornou a primeira mulher a trabalhar como árbitra da NFL. Seu jogo de estreia foi entre Kansas City Chiefs e Houston Texans, em setembro de 2015.
Após fazer história em 2015, agora Sarah Thomas será a primeira mulher a fazer parte da equipe de arbitragem em um jogo de playoffs. A equipe será de Ron Torbert, na partida entre Los Angeles Chargers e New England Patriots neste domingo (13), no Gillette Stadium, em Boston, por uma das duas semifinais da Conferência Americana (AFC), que você acompanha na ESPN e no WatchESPN, AO VIVO, a partir das 16h (horário de Brasília).
Thomas começou sua carreira em 1996, quando foi com seu irmão em um curso para árbitros e, atualmente, está em sua quarta temporada na liga, na qual trabalha como down judge*, depois de começar como line judge.
Casada e mãe de três filhos, tem muito apoio da família e compreensão, afinal sua profissão demanda que viaje muito durante a temporada, mas consegue conciliar sua vida profissional e pessoal sem problemas.
Apesar de ser a primeira mulher exercendo essa função, Sarah diz que não teve muitos problemas em campo por ser uma mulher: “Todos são muito profissionais e olham para mim como qualquer outro juiz”, disse.
Ainda em 2007, seu “mentor”, Gerald Austin, sugeriu que Sarah escondesse o rabo de cavalo que faz no cabelo embaixo do boné e não usasse maquiagem. Apesar de não aceitar o conselho sobre a maquiagem, ela entendeu o motivo pelo qual ele disse isso: “Você quer ser reconhecida como qualquer outro árbitro, e não como uma 'árbitra feminina', pois isso te coloca em uma categoria separada”, disse Sarah. “Não quero fazer nada que exalte isso, então, quando um técnico me olhar, ele vai ver apenas um 'árbitro' e nada mais”, completou a árbitra.
Mesmo tendo que esconder seu cabelo e moderar na maquiagem, diz que nunca sentiu nenhuma resistência: “Cresci com irmãos [homens], joguei na liga de basquete masculina, nunca permiti que meu gênero fosse motivo para que as pessoas agissem ou me tratassem de maneira diferente. Se eles têm algum problema comigo, é um problema deles, não meu”, diz Sarah.
Sarah sempre passa muito tempo estudando e aprendendo. Assiste diversas vezes as jogadas para continuar melhorando, tem cuidados especiais com sua alimentação e pratica exercícios físicos com regularidade, afinal um down judge tem que se movimentar muito em campo para acompanhar as jogadas. Ela tem objetivos grandes na carreira, como ser árbitra de um Super Bowl, mas, enquanto isso, procura garantir a longevidade de sua atividade na NFL.
Apesar de ser a única mulher como árbitra na liga, várias outras mulheres já estão seguindo seu caminho: “O que eu aprendi nesse tempo todo é que você deve fazer algo porque ama, sem esperar reconhecimento. Se você trabalhar duro, o reconhecimento virá. Você tem que acreditar em si mesmo”, afirmou.
Tanta personalidade e persistência refletem em campo, até de maneira física: na semana 15 da temporada 2016/2017, no jogo entre Minnesota Vikings e Green Bay Packers, o tight end Kyle Rudolph recebeu um passe na sideline, levou um tackle do safety Morgan Burnett e acabou colidindo com Sarah, que caiu e quebrou um dos punhos. Foi para os vestiários, fez um raio-x, colocou uma tala e voltou a campo para terminar a partida. Após o incidente, teve que colocar uma placa e 8 parafusos para consertar o estrago.
Sarah sempre tentou fazer seu trabalho da mesma maneira que os árbitros faziam, com muita dedicação, sem tentar provar nada para ninguém, afinal, essa lista não acabaria nunca: “Sempre terá alguém dizendo ‘ela não é boa o suficiente’, ‘só está aqui por causa disso ou daquilo’, e por aí vai. Só estou aqui para fazer meu trabalho e fazê-lo bem. Eu me esforço para conseguir a perfeição, assim como todos os árbitros que dão seu melhor em campo, e não para se provarem. Assim como os outros, faço meu trabalho para não me envergonhar ou envergonhar a liga ou, mais importante ainda, ser fator determinante em um jogo”.
Com tanta experiência e dedicação, Sarah vem quebrando paradigmas e sendo um exemplo de determinação. Ficamos na torcida para que ela escreva mais um capítulo de sua história na NFL, atingindo seu maior objetivo como árbitra de uma partida de Super Bowl, afinal, não devemos limitar nossos desafios, mas, sim, desafiar nossos limites!
*Down Judge:
Down judge e line judge são os dois juízes que ficam nas extremidades da linha de scrimmage, um do lado oposto ao outro.
Um down judge tem a função de observar a linha de scrimmage, direcionar a equipe que faz a marcação de jardas, verificar se houve offside ou encroachment, julgar jogadas na sideline próximas a ele, contar jogadores ofensivos em campo, informar o juiz da descida em questão, determinar quando e se um jogador está fora de campo, marcar avanço do corredor, observar o recebedor mais próximo por 7 jardas até o jogador já esteja livre para contato legal dos defensive backs, observar interferência do passe, regras de faltas envolvendo bloqueadores e defensores em trick plays.
Fonte: Paula Ivoglo
Cabelo preso, parafusos no punho e maquiada, sim: saiba quem é Sarah Thomas, a 1ª árbitra dos playoffs da NFL
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.