Cruzeiro 'curtindo a vida adoidado', Flamengo na 'hora da colheita' e Palmeiras 'dono da bola': as finanças dos clubes segundo estudo de banco
Nesta terça-feira, o Itaú BBA lançou seu tradicional estudo sobre as finanças dos clubes brasileiros. E, como sempre faz, a instituição define em uma frase curta a situação de cada equipe. E eles são precisas para saber se seu time vai bem ou vai mal na administração.
O bloco dos que são elogiados não é pequeno. Claro que fazem parte dele os poderosos Palmeiras e Flamengo, mas também sobram elogios para o Grêmio e também para agremiações sem tantas receitas, como o Bahia.
Veja o título que cada clube recebeu e uma pequena amostra da análise do Itaú BBA.
Atlético-MG: Buraco sem fundo
Há boas e más notícias. No lado bom vemos um clube trabalhando com menos custos e despesas, o que é bastante positivo. Agora, todo o resto não ajuda. As receitas recorrentes caem consistentemente e a dependência da venda de atletas aumenta. Os investimentos, que deveriam estar controlados, mudam o rumo ao sabor do vento. A elevada dívida gera despesas financeiras imensas.
Athlético-PR: Contra o relógio
É inegável a capacidade de desenvolvimento estrutural do Athlético. O clube formou um patrimônio invejável, com estádio e centro de treinamentos modernos. Trabalha sua marca como poucos, tem um excelente projeto de sócio torcedor. Mas o clube tem limitações de crescimento e tem contra si o ponteiro do relógio, uma vez que as dívidas do estádio começarão a vencer e o clube precisa de estruturar para isso.
Bahia: No caminho certo
O Bahia mostra que há um caminho para que os clubes regionais tenham força e sustentabilidade. Desenvolvendo o relacionamento com seu torcedor, explorando a marca do clube, trabalhando corretamente a venda de atletas e controlando custos e investimentos, priorizando o pagamento de dívidas. Este é um processo que se bem coordenado colocará não só o Bahia, mas os clubes que nele se espelharem, em boas condições no futuro.
Botafogo: O passado condena
Os números nos permitem analisar casos de forma fria. O Botafogo caminha para uma situação de completa insolvência, mesmo com uma gestão que trabalha na direção correta, controlando custos e investimentos.
Ceará: No limite, mas sem sustos
O Ceará apresentou em 2018 um comportamento bastante similar ao que vem tendo nos últimos anos. O clube trabalha sempre dentro de seus limites, mas sem folgas. O fato de não carregar dívidas relevantes que pressionam o fluxo de caixa ajuda a manter esta estratégia.Tem conseguido ampliar receitas recorrentes, especialmente com torcedores, de forma a dar maior sustentabilidade ao clube no longo prazo.
Chapecoense: Irreconhecível
A Chapecoense tem um histórico de desempenho esportivo e financeiro invejável. Sempre bem posicionada nos campeonatos que disputa e operando dentro de suas possibilidades, o que mostra a eficiência da gestão. Mas em 2018 a estratégia mudou e não funcionou. Esportivamente o clube não foi bem, escapando do rebaixamento no Brasileiro na última rodada, e financeiramente a estratégia de elevar investimentos e gastos apenas consumiu o caixa disponível.
Corinthians: Equilibrista em apuros
O Corinthians lembra aquele equilibristas que mantém vários pratos girando sobre hastes. Exige muito esforço e fôlego, mas enquanto eles estão girando a plateia aplaude. A manutenção da dependência da venda de atletas é um sintoma ruim, assim como a redução de valores a receber em Publicidade, sem contar a falta que a receita de bilheteria faz. Tudo isso e ainda haverá necessidade de pagamento de Profut de forma mais significativa logo mais. Haja fôlego. Ainda assim o clube voltou a investir mais fortemente em 2018.
Cruzeiro: Curtindo a vida adoidado
A situação do Cruzeiro é complicadíssima, para ficarmos numa esfera onde ainda há esperança. O clube tem um descontrole absurdo, e leva ao pé da letra a máxima de que clube de futebol não quebra. As ações observadas em 2018 são uma coleção de atitudes que vão contra qualquer manual de boa gestão.
Flamengo: Hora da colheita
O dever de casa foi cumprido. O Flamengo hoje é uma potência econômico-financeira do futebol brasileiro. Anos de austeridade, recuperação da imagem e trabalho colocaram o clube numa condição invejável. Receitas elevadas, geração de caixa robusta, dívida controlada e em patamares aceitáveis. Investimentos crescendo, não só em atletas mas também em estrutura. Tudo certo, tudo pronto. Mas dirão que faltam os títulos.
Fluminense: Pressão aumentado
A vida financeira do Fluminense lembra uma piscina daquelas de plástico, cheia de furos. É possível correr para tapar um aqui e outro ali, mas a água continuará escorrendo enquanto todos não forem fechados. O problema é que enquanto não são fechados os buracos aumentam com a pressão da água.
Fortaleza: Trazendo a massa para jogo
O Fortaleza apresentou um desempenho bastante interessante em 2018. Chamou a torcida para o jogo, bancou um “all in” para voltar à Série A e deu tudo certo. O crescimento de receitas com Sócio Torcedor, Bilheteria e também com Patrocínios permitiu ao clube elevar seus gastos na formação de elenco e isso foi fundamental para esse momento. Dinheiro mais apoio nas arquibancadas, dupla incontestável de sucesso no futebol.
Goiás: Controle e equilíbrio
Mesmo depois de cair para a Série B, em 2015, o Goiás, manteve uma política de controle de gastos e investimentos nos lugares certos. Controle de gastos não é somente cortar custo, mas sim gastar dentro de suas possibilidades. Contando ainda com receitas de TV acima da média da Série A, o clube manteve gastos comportados, reforçou seu caixa e pode nos dois últimos anos ser mais agressivo, investir mais, sem perder o equilíbrio
Grêmio: Caminho para a estabilidade
A oportunidade bateu à porta do Grêmio e a gestão soube aproveitá-la. O elevado valor de venda de direitos de atletas entrou no clube e foi aproveitado. Ainda que parte do dinheiro tenha sido endereçada a investimentos, o clube reduziu em R$ 45 milhões suas dívidas e atravessou o ano sem sustos. Contribuiu para isso a redução nos custos, numa política de controle bem feita.
Inter: Longe demais das capitais
Inegável dizer que o Internacional apresenta evolução. Recuperação de geração de caixa, mostram uma cenário melhor que o dos dois anos anteriores. Era terra arrasada. Recuperar-se a partir de um cenário tão complicado leva tempo, e é compreensível que seja lento. Entretanto, o clube ainda está muito distante do ideal, muito distante dos clubes que já apresentam uma estrutura e condição financeira equilibradas. Além disso, manteve investimentos e a dívida aumentou, na contamão do ideal.
Palmeiras: O dono da bola
O Palmeiras atingiu um patamar econômico-financeiro muito acima dos demais clubes. O nível de receitas é equilibrado, e nenhuma concentração relevante. Consegue obter um enorme retorno dos seus torcedores, com receitas de Bilheteria/Sócio Torcedores expressivas. O que vimos em 2018 é resultado de um trabalho iniciado em 2014 e que trouxe os primeiros sinais de evolução ainda em 2015. A partir daí temos números superlativos em todos os itens: receitas, investimentos, gastos com pessoal, sem que isso se transformasse num problema, com dívidas incontroláveis.
Santos; A arte de enxugar gelo
O Santos apresentou um desempenho mais fraco em 2018. Menos receitas, mas com pouca capacidade de adequação de custos fizeram de 2018 um ano mais difícil. Ainda assim, graças à antecipação de parte da venda de Rodrygo o clube conseguiu se ajustar, mas sem nenhuma margem de folga. Fechamento de ano tão justo deve ter sido contornado com muita ginástica por parte da gestão. É o preço que se paga por viver na dependência da venda de atletas para fechar suas contas.
São Paulo: Feitiço do tempo
Esta é uma expressão repetida em todos os anos nas nossas análises. Nem sempre para o mesmo clube, mas para situações que vemos tantas vezes que dá a sensação de que o tempo não passou. O São Paulo repete os erros dos últimos muitos anos: dependência da venda de atletas para fechar suas contas e fazer investimentos elevados sem sucesso esportivo, além da incapacidade de fazer receitas além da TV. Em 2018 o clube perdeu receitas de Publicidade e não conseguiu transformar seus torcedores em receitas, com Bilheteria e Sócio Torcedor emperrados
Vasco: Longa batalha pela frente
A situação geral do Vasco é bastante difícil. Tem dificuldades em fazer as receitas recorrentes crescerem consistente e rapidamente, os custos não cedem, e mesmo sem investimentos relevantes o dinheiro que sobra é pouco para o tamanho das dívidas existentes e potenciais. Mas para se chegar ao longe é preciso dar o primeiro passo. E em 2018 vimos isso acontecer. Balanço melhor explicado, renegociações vantajosas, uso do recurso aplicado na solução de problemas.
Fonte: Paulo Cobos, blogueiro do ESPN.com.br
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