Jogos de última hora, como os do Paulista, ferem o Estatuto do Torcedor. E como ficam os árbitros?
A Federação Paulista de Futebol (FPF) resolveu de última hora realizar dois jogos do estadual em Volta Redonda, no Rio de Janeiro: São Bento x Palmeiras, pela terceira rodada, e Mirassol x Corinthians, pela quinta rodada.
Com isso, várias perguntas surgem, inclusive como o árbitro, a única figura da partida a não ser profissional, fica com uma escala desta, repentina?
Um ponto é o fato do árbitro sempre querer ser escalado, mesmo que seja de última hora. Por amar o que faz e por sua remuneração ser por partida.
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Entretanto, uma preparação de última hora, ainda mais com viagens longas, podem interferir no rendimento da equipe de arbitragem. E se houver erros, quem vai levar em consideração a escala de última hora, a correria, a falta de preparação ideal para o jogo? As cobranças cairão em cima dos árbitros, ainda mais se tratando de jogos com grande visibilidade.
O árbitro, justamente por não ser profissional, tem outro emprego para ter uma renda fixa. E uma escala de última hora, assim, interfere demais em sua vida, pessoal e profissional.
Outro ponto interessante: a decisão da FPF em anunciar a realização de Mirassol x Corinthians com menos de 48 horas para a realização do evento fere o Estatuto Torcedor, a Lei n°10.671, de 2003, em que se prevê que uma audiência pública ou um sorteio para a definição do árbitro da partida deva ocorrer com no mínimo 48 horas antes da partida. O que deve ser amplamente divulgado, aliás. Para São Bento x Palmeiras, os árbitros já estavam definidos anteriormente.
E não para por aí. E se os árbitros das partidas não tiverem tempo hábil para realização do teste da COVID-19?
Em função da pandemia, a arbitragem tem ido para os jogos com condução própria, isto é, alguém da equipe da arbitragem vai dirigir.
São diversos fatores que acabam contribuindo para o que consideramos longe do ideal quando tratamos de jogos de futebol profissional. Contudo, é mais comum do que se imagina, principalmente se olharmos para jogos da base, onde um bate-volta da arbitragem para jogos de 600 km ocorrem facilmente. A equipe pega o carro de um dos árbitros, vai para o jogo, faz a partida e volta para sua cidade de origem.
Falo porque fiz muito isso, não só na base, mas no profissional também, com a diferença de que na elite se tinha motorista antes da pandemia.
A lei que regulamenta a profissão de árbitro de futebol existe desde 2013, é a n°12.867, mas que só existe no papel, e a arbitragem ainda sofre muito com a falta de profissionalização.
Vinicius Gonçalves e Luiz Alberto Andrini estão escalados pela primeira vez neste Paulistão, em Mirassol x Corinthians, ficaram de fora das quatro primeiras rodadas, aparentemente sem motivos, pois são árbitros de elite, inclusive da CBF. Além da escala de última hora, tem a questão de ritmo de jogo que não faz diferença só para jogadores, mas também para a arbitragem.
Com todos essas circunstâncias, o que podemos é somente torcer para que ambas equipes de arbitragem façam ótimos jogos e caso algum erro ocorra, tudo isso seja levado em consideração antes de se pensar em punições. Os árbitros agem como profissionais por conta própria, por amor ao que fazem, porém, nos tempos atuais, a profissionalização precisa ser concreta, não cabe mais ser amador para quem é essencial ao espetáculo.
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