"Sou (torcedor) do Real Madrid. Se digo o contrário, que não sou (torcedor) de nenhum ou de todos, seria uma hipócrita e me poderiam taxar de mentiroso. Meus quatro filhos são fãs do Real Madrid, parece óbvio que seu pai também seja. Prefiro dizer a verdade", disse Javier Tebas ao jornal madrilenho AS em novembro de 2015.

A declaração não tem nada demais, não fosse a pessoa em questão a presidente da LFP, a Liga Espanhola. Porém, ele tratou de deixar claro: "no âmbito das decisões, esta paixão não afeta em nada."

Desde 2013 no cargo, o torcedor declarado do Real Madrid Tebas não é muito querido em Barcelona, mas não por motivos clubistas. Afinal, ele sempre se mostrou contrário à independência da Catalunha, probiu as esteladas (bandeira do movimento da independência da Catalunha) e recentemente fez críticas aos jogadores do Barça por conta da polêmica ocorrida em Valência.

Na mesma entrevista ao AS, disse "que as saídas de Cristiano Ronaldo e Messi são como a independência da Catalunha, impossível."

"Barcelona e Espanyol não jogariam o Campeonato Espanhol se a Catalunha tornar-se independente. E não o fariam pelos seguintes motivos: a Lei do Esporte recorre a uma disposição adicional que somente há um Estado não-espanhol que pode jogar a Liga ou competições oficiais espanholas e é a Andorra", disse Tebas à rádio Onda Cero em outubro de 2014.

rejeição às estaladas

Outra posição polêmica em relação à Catalunha se deu por conta das esteladas, ao não permiti-las na decisão da Copa do Rei entre Barcelona e Sevilla no estádio Vicente Calderón, em Madri - um juiz viria a derrubar a proibição.

"Estamos falando da Copa do Rei, a Copa da Espanha, e as esteladas são símbolos que defendem a destruição da Espanha. Neste ponto de vista, tem sentido que aqueles símbolos que caminham para a destruição da Espanha não sejam permitidos", declarou o dirigente, que chegou a parabenizar o Real Madrid certa vez por ter banido a bandeira no estádio Santiago Bernabéu.

"O Real Madrid está certo em remover a estelada, porque é uma questão de segurança. Eu me lembro, eu não sei se foi no ano passado ou antes, que teve uma situação incômoda com um torcedor do Real no Camp Nou, com a camisa do Real. Não é o ideal, e queremos parar essas coisas, mas é um momento de especial sensibilidade", falou em novembro de 2015.

Outra polêmica envolvendo Tebas e o Barcelona a se deu em janeiro deste ano, quando ele não gostou que o clube mandou mensagens de felicitação ao novo presidente do Governo Catalão, Carles Puigdemont.

"O Barcelona está parabenizando uma pessoa, Carles Puigdemont, que quer destruir a unidade espanhola, que luta a favor da independência radical e que viola leis de seu país", disse o presidente da LFP ao AS.

'Vergonha por simulação'

O mais recente ataque de Tebas ao Barça se deu nesta semana. Depois de um torcedor do Valencia jogar uma garrafa de água nos atletas que comemoravam o gol da vitória dos visitantes por 3 a 2 no Mestalla, o dirigente reclamou da "simulação" dos catalães.

"Algumas das condutas de alguns jogadores não é o que gosto (de ver). Não gostei do que aconteceu no fim (do jogo)", afirmou em um evento de gala da Liga Espanhola. "Há milhares de crianças assistindo. Eu estaria envergonhado de fingir assim", declarou à SportYou.

Vice-presidente do Barcelona, Jordi Mestre respondeu em declarações à TV3. "Eu estive em Valência e em poucas ocasiões eu vi um ambiente tão hostil dentro e fora do gramado", disse. O que Tebas deve fazer é ter certeza que não há violência nos estádios e ataque a jogadores, que são quem irá proporcionar o espetáculo e permitir que ele venda os direitos de televisão de La Liga na China, Ásia e Estados Unidos. Ele é o presidente da liga e deveria se dedicar a cuidar dos jogadores."