Gustavo Kuerten comemora os 20 anos de seu primeiro título em Roland Garros. Em 27 de maio de 1997, o até então pouco conhecido tenista brasileiro, número 66 do mundo, chegava empolgado por um título no challenger de Curitiba, e sairia consagrado com o troféu do Grand Slam.

Pelo caminho até a conquista, Guga cruzou com sete adversários, sendo que cinco deles eram melhores ranqueados que ele, e com Bruguera, adversário da decisão, que já havia sido campeão no saibro francês em duas oportunidades (1993 e 1994), enquanto Yevgeny Kafelnickov, derrotado nas quartas, era o atual campeão, e Thomas Muster, rival da terceira rodada, tinha sido campeão em 1995.

Mas o que o destino reservou aos tenistas que fizeram parte da caminhada histórica de Kuerten? Confira o que cada um desde faz da vida 20 anos depois.

• Slava Dosedel (TCH) - 73º do ranking

• 1ª Rodada | 3x0 | 6-0, 7-5 e 6-4

O encontro durou apenas 1 hora e 35 minutos, classificando Guga para uma segunda rodada de Grand Slam pela segunda vez na história.

O tenista tcheco teve a 26ª colocação como seu melhor ranking na carreira, alcançada em outubro de 1994. Profissional entre 1989 e 2001, deu uma pausa na carreira em 1999 para estrelar um filme. Ele participou da produção tcheca Life Water.

Com Dosedel no papel principal, a obra conta a vida de Vincent Priessnitz, que descobriu a cura para a febre alta no século XIX.

• Jonas Bjorkman (SUE) - 23º do ranking

• 2ª Rodada | 3x1 | 6-4, 6-2, 4-6 e 7-5

Contra o sueco que vinha crescendo dentro do circuito, Guga teve mais facilidade do que poderia esperar e ficou perto de fechar o jogo em sets diretos, chegando a ter o 4 a 1 na terceira parcial, além de desperdiçar sete match points.

Bjorkman ainda viria a ser o número 4 do ranking de simples em 1997, e liderar a lista de duplas em 2001. Aposentado, ele segue vivendo dentro do tênis. Em 2015 ele fez parte da equipe de Andy Murray e atualmente trabalha com Marin Cilic.

Além de ter empreendimentos em seu país natal, além de uma fundação ao lado do cantor pop Måns Zelmerlöw, campeão do Eurovision em 2015, ele é comentarista de tênis na Eurosport.

• Thomas Muster (AUT) - 5º do ranking

• 3ª Rodada | 3x2 | 6-7 (7-3), 6-1, 6-3, 3-6 e 6-4

O austríaco era o quinto cabeça de chave do torneio, havia sido número um do ranking no ano anterior e já tinha um título no saibro francês. Guga tinha 2 sets a 1, vencia o quarto e levou a virada. No quinto set, saiu perdendo por três a zero, mas conseguiu a virada.

O "Animal", como era chamado pela imprensa na época, chegou a ser intitulado de "Rei do Saibro" após chegar a 40 jogos de invencibilidade no piso. Após a aposentadoria, em 1999, ele abriu uma empresa, a TOMS, que, dentre outras coisas, tem a linha de óculos assinada pelo ex-tenista.

No ano passado, ele desembolsou milhões para comprar uma propriedade de 35 hectares para ter sua casa de férias na Nova Zelândia. Porém, não foi apenas com motivos de lazer que ele comprou a propriedade, investindo também na recuperação da vegetação nativa do local, atitude muito elogiada pelo país da Oceania.

• Andrei Medvedev (UCR) -20º do ranking

• 4ª Rodada | 3x2 | 5-7, 6-1, 6-2, 1-6 e 7-5

Contra o número 20 do ranking, a partida começou em um dia e terminou apenas no outro, sendo interrompida por falta de iluminação natural. Mais uma batalha épica de Guga, que chegou a ter 4-2 no quinto set, mas permitiu o empate e ainda salvou seu serviço com 0/40.

Medvedev havia conquistado o campeonato de juniores na França, em 1991, e teve o 4º lugar como seu melhor ranking na lista da ATP, em maio de 1994. Em 1999 ele conseguiria dar o troco eliminando Guga nas quartas de Roland Garros, e Meligeni nas semi, perdendo a final para Agassi.

No final de 2016 ele foi apontado como o capitão da equipe ucraniana na Davis.

• Yevgeny Kafelnikov (RUS) - 3º do ranking

• Quartas de Final | 3x2 | 6-2, 5-7, 2-6, 6-0 e 6-4

No primeiro compromisso de Guga na Phillipe Chartrier, o brasileiro simplesmente eliminou o favorito ao bicampeonato, com direito a um pneu no quarto set. Kafelnikov, que chegou ao topo do ranking da ATP, seria um dos principais adversários de Gustavo Kuerten em sua carreira.

Depois da aposentadoria, ele disputou o World Series of Poker em 2005, e também jogou golfe no PGA Europeu do mesmo ano, além do Aberto da Rússia da modalidade em 2008. Kafelnikov chegou a aparecer como treinador de Marat Safin e comentarista de tênis na TV russa.

O ex-número 1 do mundo é também vice presidente da federação russa de tênis.

• Filip Dewulf (BEL) -122º do ranking

• Semifinal | 3x1 | 6-1, 3-6, 6-1 e 7-6 (7-4)

Nesta partida, Dewulf também era uma grande surpresa em Roland Garros, vindo do qualifying. Tinha também um gosto de revanche, já que o belga havia eliminado Fernando Meligeni, então brasileiro mais bem ranqueado, na segunda rodada.

Em setembro de 1997, Dewulf atingiu sua melhor colocação na lista de simples, na 39ª posição. Depois de 21 anos nas quadras, ele se aposentou em 2001 e partiu para outra carreira: a de jornalista.

Ele escreve para o Het Laatste Nieuws, maior jornal da Bélgica.

• Sergi Bruguera (ESP) -19º do ranking

• Final | 3x0 | 6-3, 6-4 e 6-2

Contra o bicampeão e outro dono do título de "Rei do Saibro", Guga teve uma atuação impecável e conquistou o título com sobras, sendo o primeiro "não cabeça de chave" a levar o Grand Slam Francês.

Sua melhor posição no ranking da ATP foi a terceira colocação, em agosto de 1994.

O espanhol tem uma academia de tênis, a Bruguera Academy, em Barcelona, com programas especiais voltados para treinamentos visando torneios específicos, além de dar formação para treinadores.

Sergi atualmente trabalha com Richard Gasquet (25º do ranking), e também dá conselhos aos estudantes de sua academia.