Emily Lima é demitida da seleção e detona Marco Aurélio Cunha: 'Nunca tive respaldo. Dizia que trabalhar demais é errado'

Bianca Daga e Antônio Strini, do espnW.com.br

Emily Lima e Marta durante treino da seleção brasileira feminina de futebol
Emily Lima e Marta durante treino da seleção brasileira feminina de futebol CBF

Emily Lima, a primeira técnica da história da seleção brasileira feminina de futebol, não está mais no cargo.

Em reunião realizada na manhã desta sexta-feira, a treinadora foi demitida pela CBF após uma série de seis jogos sem vitórias, sendo quatro derrotas consecutivas.

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A informação foi revelada pela jornalista Lu Castro e confirmada pela própria técnica em contato com o espnW.

A ex-volante Emily Lima, de 36 anos, assumiu a seleção brasileira em 1º de novembro de 2016 e teve um início arrasador com sete vitórias consecutivas.

No entanto, desde julho deste ano, em seis partidas, empatou uma vez e perdeu outras cinco - uma para a Alemanha, outra para os Estados Unidos e três em sequência para a Austrália, a última há três dias.

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"Eu já imaginava que isso fosse acontecer. Não pelos resultados em si, como alegaram, mas pela falta de respaldo da coordenação técnica. Num tive esse respaldo do Marco Aurélio (Cunha, coordenador de futebol feminino da CBF). Já entrei com ele contra mim. Então, foi complicado. Busquei resultados do Vadão (ex-treinador)...foram vários negativos...3 a 0...4 a 0... mas no caso dele, isso nunca importou", disse Emily em entrevista exclusiva ao espnW.

E prosseguiu. "Quando eu entrei, o planejamento sempre foi trabalho de longo prazo. Mas logo no começo desses dez meses vi que seria bastante difícil porque o coordenador é os olhos do presidente. O Marco Aurélio nunca disse que era contra mim e vai continuar negando, mas tenho informações de dentro da CBF."

"Mas é vida que segue. Saio de cabeça erguida, sabendo que toda a comissão técnica trabalhou e fez um trabalho diferente. Mas isso era errado para o nosso coordenador. O Marco Aurélio me falou várias vezes que eu trabalho demais e que trabalhar demais é errado", completou.

Em contato com a reportagem, o coordenador de futebol feminino disse desconhecer a demissão, mas garantiu que deu respaldo ao trabalho de Emily.

"Nem estou sabendo, ainda não estou sabendo. Oficialmente", começou Marco Aurélio Cunha. "Cada um entende como quiser (sobre trabalhar demais). Primeiro, desconheço a demissão. Segundo, dei todo respaldo possível. Às vezes o trabalho tem que ser mais calculado, grau de exigência mais calculado, e quem tem 39 anos de futebol tenta auxiliar".

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"Não é verdade, fiquei esse ano todo trabalhando direto, ofertando tudo o que ela necessitava. Tudo que ela pediu foi dado", assegurou.

Questionado se ficou surpreso com a decisão, o cartola foi direto: "Eu não acho nada, quem acha é o presidente da CBF. Ele trocou o técnico da seleção principal, trocou o Vadão e agora é com ela. Pra você ver como as coisas são feitas de forma presidencialista".

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Oswaldo Alvarez, o Vadão, técnico da seleção feminina durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, é o mais cotado para assumir o cargo.

Questionada se há lobby pela presença de um treinador homem na seleção feminina, Emily afirmou com certo ar de conformismo: "Não sei se existe lobby por técnico homem, mas acho bem difícil outra mulher assumir o cargo. É bastante complicado, no Brasil, uma mulher trabalhar em um cargo como esse."

O próximo compromisso importante da seleção feminina será em abril do próximo ano, a Copa América. A Copa do Mundo será em 2019, na França.

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