Ela é refugiada do Afeganistão, fala nove línguas, estuda medicina e agora vai jogar no Manchester City

Bianca Daga, do espnW.com.br

Nadia Nadim assinou contrato e vai jogar pelo City em 2018
Nadia Nadim assinou contrato e vai jogar pelo City em 2018 Divulgação/Manchester City

Quando pulou de um caminhão de carga aos 12 anos e se viu diante de uma terra totalmente desconhecida, não podia imaginar que seu país lhe oferecia muito mais do que segurança: uma carreira como jogadora profissional de futebol. Refugiada vinda do Afeganistão, Nadia Nadim deu seus primeiros chutes na Dinamarca, se tornou uma das melhores atacantes da Europa e, agora, chega à Inglaterra para defender o Manchester City.


Ao lado de sua mãe e suas quatro irmãs, vivia dias norteados pelo medo. Seu pai, um general do exército, foi assassinado pelo Talibã. Com passaportes forjados, decidiram fugir para Londres, mas acabaram desembarcando na Dinamarca. Se tivessem continuado no Afeganistão, precisariam seguir as regras do regime, em que meninas não podiam nem ir à escola depois dos oito anos e mulheres eram proibidas de trabalhar.

Em sua nova casa, Nadia encontrou um time em um campo de refugiados. Seu primeiro jogo foi na defesa, e ela marcou três gols. Não deu para fugir de seu talento no ataque. Em 2006, aos 18 anos, assinava seu primeiro contrato profissional, com o IK Slovbakken. Dois anos depois, ganhou cidadania e passou a defender a seleção da Dinamarca. Soma 22 gols marcados em 74 jogos e, em agosto, disputou a final da Eurocopa, tendo ficado com a medalha de prata após derrota para a Holanda.

A afegã, que estuda medicina, quer ser cirurgiã e fala nove línguas (dinamarquês, inglês, alemão, francês, persa, dari, urdu, hindi e árabe), passou também pelo Fortuna Hjørring, tendo estreado na Champions League. Em 2014, foi jogar nos Estados Unidos, onde defendeu Sky Blue FC e Portland Thorns FC, terminando a última temporada como artilheira da equipe na NWSL, a liga profissional do país. Agora, terá casa nova. Assinou contrato com o Manchester City nessa quinta-feira, e chega à Inglaterra em janeiro.

A atacante é refugiada do Afeganistão e tem cidadania dinamarquesa
A atacante é refugiada do Afeganistão e tem cidadania dinamarquesa Divulgação/Manchester City

“Estou muito ansiosa. Eu não poderia ter feito outra escolha. O City tem feito muito pelo futebol feminino e quero fazer parte dessa história. A ambição do clube por títulos reflete minha história e estou pronta para esse novo desafio. Quero mostrar às pessoas que nada é impossível. Não importa de onde você vem. É só trabalhar e acredita em si mesmo, que os sonhos se tornam realidade”, disse Nadia, em entrevista ao site oficial do clube inglês.

Na última temporada, o Manchester City conquistou a tríplice coroa histórica, com títulos na Women’s Super League (WSL), na Women’s FA Cup e na Continental Tyres Cup. E mais, disputou as semifinais da Uefa Champions League. O pontapé inicial para a nova edição da WSL foi no fim de semana passado, com goleada por 4 a 0 sobre o Yeovil Town Ladies.

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