Ele se deu mal na Itália e teve que jogar por ajuda de custo de R$ 300. Hoje, tenta ser campeão em cima do Atlético-MG

Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br

Alisson safira foi decisivo na classificação do Londrina para a final da Primeira Liga
Alisson safira foi decisivo na classificação do Londrina para a final da Primeira Liga Divulgação

O cronômetro do estádio do Café marcava 16 minutos do segundo tempo e o placar era de 2 a 0 para o Cruzeiro, resultado que tirava do Londrina a chance de ir para a final da Primeira Liga.  Alisson Safira entrou em campo disposto a mudar o destino do clube e conseguiu.

Aos 36 minutos, após um cruzamento perfeito de Marcinho, ele completou de cabeça para o fundo das redes para diminuir a diferença. Aos 49, o atacante entrou na área e foi derrubado. 


O juiz assinalou a penalidade máxima. Germano cobrou com perfeição e igualou o marcador. Na decisão por pênaltis, o arqueiro César pegou três chutes e o "Tubarão" venceu por 3 a 1.

"Da maneira que aconteceu foi uma sensação inexplicável. Eu não estava no meu melhor momento, mas entrei, fiz o gol e sofri o pênalti que originou na nossa retomada. Para mim foi inesquecível. Até hoje fico vendo os lances com uma felicidade absurda", disse Safira, ao ESPN.com.br.

"Depois do gol, na jogada em que sofri o pênalti, quando ouvi o apito do árbitro sabia que íamos passar. Desde que cheguei no Londrina não vi o Germano errar uma cobrança. Empatamos a partida e levamos para as penalidades. O César é um grande goleiro e nos ajudou na classificação", analisou.

O próximo desafio do Londrina será na final da Primeira Liga contra o Atlético-MG no Estádio do Café, nesta quarta-feira, às 21h45 (de Brasília).

"Lutamos e fomos guerreiros até agora. Temos capacidade de ser campeão e vamos brigar por esse título até o final. Esperamos fazer uma grande partida e sair com o troféu", bradou.

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  • De soldador para a Itália

Nascido em Terra Boa-PR, Alisson Pelegrini Safira vem de uma família de jogadores profissionais.

"Safira, na verdade, é meu sobrenome. Isso vem lá de trás com meu pai e meu tio que quando jogavam juntos também eram conhecidos como Safira. Depois veio meu irmão utilizando o mesmo nome e aí fiquei conhecido como Safira também. Eu sempre vivi o futebol. Desde pequeno, seguindo meu pai nos campos, depois meu irmão e a paixão foi só crescendo", contou.

Safira (à esq.) quando atuou na Itália
Safira (à esq.) quando atuou na Itália arquivo pessoal

Mesmo assim, ele chegou a se aventurar em uma profissão fora dos gramados.

"É uma história até engraçada (risos). Como sempre tive apoio dos meus pais nas minhas decisões, em um certo dia resolvi trabalhar. Um grande amigo de infância, um dos meus melhores amigos, estava começando no ramo de aviário. Comentei com ele que gostaria de arrumar um trabalho e ele me conseguiu em uma granja de frango. Mesmo eu contando que eu não tinha experiência nenhuma, ele me deu a oportunidade".

"Eu trabalhava de soldador das seis da manhã até às seis da tarde, mas só aguentei durante duas semanas. De qualquer forma, acho que esse foi o período de maior aprendizado da minha vida".

Só que o futuro do menino era mesmo dentro das quatro linhas.

"Eu não fazia muitos testes, mas um dia fui tentar na peneira do Coritiba. Com três dias de treino um empresário me viu e quis me levar pra Itália, onde minha história no futebol começou. Na Itália, passei pelas categorias de base do Pescara, mas não fiquei muito no time. Um dia, em um jogo treino, recebi proposta do Benevento, que hoje disputa a série A do italiano. Com 17 anos, eu já estava no profissional", falou.

O que parecia ser um conto de fadas do mundo da bola quase virou um pesadelo.

"A maior dificuldade que passei foi financeira e com os documentos. Tive muitas promessas, mas quando cheguei ao clube não tinha nada definido. Fiquei como extracomunitário no Benevento, mas após seis meses sem receber e não conseguir a dupla cidadania", lamentou.

"Neste período complicado que eu estava vivendo na Europa, meu irmão me ligava todos os dias me pedindo para eu voltar para o Brasil. Eu, teimoso, negava, mas acabei concordando com ele e voltei um pouco desanimado", explicou.

O jogador resolveu trocar a equipe que cuidava de seus negócios.

"Depois que voltei da Itália por problemas com a pessoa que agenciava minha carreira, conheci meus novos empresários (Luiz Fabiano e Adriano Spadoto), que me ajudaram nessa fase difícil que eu estava vivendo"

Em 2014, Alisson Safira precisou recomeçar a carreira profissional no interior do Paraná.

Alisson Safira ao lado do irmão Safira
Alisson Safira ao lado do irmão Safira Divulgação

"Cheguei para jogar no Foz do Iguaçu junto com meu irmão. Eu fui pela oportunidade de continuar jogando futebol, pois não tinha salário, era apenas uma ajuda de custo de R$ 300. No Foz, fiz 15 gols e fui chamado para disputar a série D do Brasileiro. No ano seguinte, resolveram apostar na base quando o treinador Ivan Carlos assumiu o profissional", contou.

Na equipe paranaense, ele viveu uma das maiores alegrias da carreira.

"Fiz uma dupla de sucesso com meu irmão no Estadual, quando fomos os destaques do Foz do Iguaçu. Éramos conhecidos como Safira e Safirinha. Ano passado, recebi por volta de cinco propostas e escolhi o Londrina. Vi que aqui tinha uma grande possibilidade de crescimento e de ganhar meu espaço. O projeto que foi apresentado foi o que mais me encantou entre as propostas", garantiu.

Neste ano, ele foi emprestado ao Almirante Barroso, de Santa Catarina, para jogar o Estadual. Após o fim da competição, o jogador voltou ao Londrina para a disputa da Série B e Primeira Liga.  Alisson Safira espera justificar o apelido e brilhar no futebol.

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"Me considero uma joia, sim. Trabalho forte todos os dias e dou o meu melhor porque sei que tenho capacidade para chegar longe. Meu sonho é chegar ao auge do atleta, que é vestir a amarelinha. Acho que todos têm esse sonho. Ainda sou novo, tenho muita bola pra jogar e vou fazer de tudo para chegar lá um dia", finalizou.

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