Quem é a torcedora do Londrina que ficou ajoelhada à beira do campo na final da Primeira Liga

Bianca Daga, do espnW.com.br

Tubarão móvel, o carro da torcedora fanática do Londrina
Tubarão móvel, o carro da torcedora fanática do Londrina Arquivo pessoal

Se você assistiu à final da Primeira Liga, na última quarta-feira, provavelmente viu, à beira do campo, uma senhora ajoelhada até que as cobranças de pênaltis acabassem e fosse decretado o título do Londrina sobre o Atlético-MG. E por que ela estava ali, tão perto da cena?! Porque Izonete Meneguzzo não é uma torcedora qualquer: é responsável técnica pela equipe de enfermagem do clube paranaense. E chamada de ‘tia’ pelos jogadores.


Não, ela não nasceu na cidade. Izonete é de Ponta Grossa, no centro do Paraná, e foi para Londrina – no norte – em 1993 para estudar enfermagem. O trabalho veio primeiro e, por meio dele, se apaixonou pelo time. “Em 2000, comecei a trabalhar como responsável técnica do grupo médico no Estádio do Café. Aí, virou um amor platônico pelos meninos. Eles descem do ônibus e não entram no vestiário sem me dar um abraço”, contou ao espnW.com.br.

Já são 17 anos de uma relação de mãe e filhos. Antes, Izonete não ligava muito para futebol – apenas acompanhava o Operário pela TV, às vezes. Hoje, aos 53 anos, é fanática e nunca perdeu uma partida, mesmo podendo escalar outras pessoas da equipe de enfermagem para trabalhar. Antes de todos os jogos disputados em casa, faz um ritual.

Torcedora e o treinador do Londrina, Cláudio Tencati
Torcedora e o treinador do Londrina, Cláudio Tencati Arquivo pessoal

“A ambulância só chega uma hora antes. Eu chego três ou quatro horas mais cedo. Ando pelo campo, faço minhas orações, ajudo a arrumar o vestiário, coloco alguns banners que faço e falo algumas mensagens de otimismo e motivação.”

Quando os confrontos são fora de casa, a tia do Tubarão – apelido do Londrina – também viaja para torcer. Mas aí, paga tudo do seu bolso, como uma torcedora comum. E quando assiste em casa, pela TV, também faz seu ritual. “Coloco a camisa, pego a bandeira, falo minhas orações e fico fechada no meu quarto. É sempre assim. Fico mais concentrada e dá sorte.”

E o amor pelo clube vai além dos gramados. Izonete decidiu trocar de carro e, então, pensou em um que tivesse identificação com o clube. “No ano passado, comprei um Onix branco porque o formato dele lembra um tubarão. E então, customizei com dentes, barbatana, o logo do Londrina e um tubarão atrás.”

Izonete e o zagueiro Silvio, a quem chama de 'filho número 1'
Izonete e o zagueiro Silvio, a quem chama de 'filho número 1' Arquivo pessoal

Para não prejudicar o time, com multa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Izonete procura ficar quietinha à beira do gramado, sem torcer muito. Mas na final da Primeira Liga, não conseguiu. Ficou ajoelhada durante todas as cobranças de pênalti e, quando o jogo finalmente acabou, tirou seu uniforme de enfermeira e correu para abraçar os jogadores e o técnico Cláudio Tencati.

“O Londrina é a minha alegria. Sou feliz por ser Tubarão. Não consigo imaginar minha vida na cidade sem o time. É uma delícia ver eles jogarem. Uma vez, o Silvio (zagueiro) correu para me abraçar depois de um jogo, chorou e disse que era de alegria e gratidão, porque sabe que, ganhando ou perdendo, sempre tem a mim para abraçar depois. Se eu tivesse morrido quarta, tinha morrido feliz. Já avisei todo mundo que, quando eu me for, é para me cremarem e jogar as cinzas no Estádio do Café, pois assim estarei com eles para sempre."

O Londrina venceu uma batalha para conquistar o título da Primeira Liga. No caminho até a final, enfrentou Figueirense, Avaí e Paraná na fase de grupos. No mata-mata, eliminou Fluminense e Cruzeiro. A decisão teve como herói o goleiro César, que defendeu as cobranças de Clayton e Rafael Moura.

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