Como a maior estrela do taekwondo no Brasil ajuda a reconstruir a modalidade após escândalos de corrupção

Bianca Daga, do espnW.com.br

Natália Falavigna é coordenadora de seleções do taekwondo brasileiro
Natália Falavigna é coordenadora de seleções do taekwondo brasileiro Divulgação/COB

Ouro no Campeonato Mundial de Madri-2005 e bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, Natália Falavigna se revezava entre os tatames e os estudos enquanto era atleta. Empreendedora por natureza, já enxergava lá na frente e se preparou para quando uma oportunidade surgisse. Formada em Educação Física, ela fez mestrado em Exercício Físico na Promoção da Saúde e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas. Agora, é um dos nomes chave na reestruturação da Confederação Brasileira de Taekwondo.


A entidade enfrenta uma crise política e financeira desde agosto do ano passado - quando a Justiça afastou a antiga diretoria sob acusações de corrupção e fraude –, sem poder receber repasses de valores oriundos da Lei Agnelo/Piva por não ter prestado constas referentes aos valores de 2014 a 2016. O Comitê Olímpico Brasileiro, então, assumiu o planejamento da modalidade para a Olimpíada de Tóquio e trabalhar junto à nova diretoria. 

Foi o novo presidente da CBTKD, Alberto Cavalcante Junior, que convidou Natalia para se juntar a ele nessa empreitada. A nova gestão assumiu o comando em julho. A ex-atleta já ajudava o COB desde maio, durante a preparação para o Mundial, mas no meio do ano, passou a exercer oficialmente o cargo de coordenadora de seleções.

 “O que me atraiu foram as ideias e as propostas. Ajudo na reestruturação da parte técnica, mas faço um pouco de tudo. Reestruturação de regras e de regulamento, capacitação de treinadores, apoio a federações, relatórios, banco de dados com embasamento científico para melhorar o treinamento e o rendimento dos atletas, normativas de competição, diretrizes de formação, reajuste no sistema nacional de ranking, código de ética e conduta”, contou ao espnW.

O trabalho está sendo desenvolvido para dar resultados permanentes. “Queremos que, no ano que vem, já seja possível ver a cara dessa nova gestão. Mas o resultado não será em curto prazo. É uma reestruturação. As decisões eram pautadas somente por experiências práticas e subjetivas. A ideia é montar uma base de dados que fique disponível para as próximas diretorias e dê embasamento por 15, 20 anos”, completou.

Natália é campeã mundial e conquistou medalha de bronze em Pequim-2008
Natália é campeã mundial e conquistou medalha de bronze em Pequim-2008 Getty

Natalia Falavigna é a ponte entre o administrativo e a técnica. Algumas das ações são feedback com os treinadores dos atletas em seus clubes, plano de dados com o desempenho do top 10 do mundo – quantas competições disputam e como vencem – e a avaliação dos brasileiros em relação a eles, além de suporte à base e programa de formação de treinadores. Não tem o papel de treinadora, mas sempre que necessário, dá uns toque à beira do tatame.

“Queremos desenvolver uma escola. Sempre acreditei que podíamos levar o taekwondo do Brasil a um patamar diferente. Encaro com a mesma garra de quando eu estava no tatame. Todos os dias temos dado passos largos. A reconstrução está sendo brilhante, com ajuda dos técnicos e dos atletas. É gratificante o desafio de pode mudar o esporte junto com um grupo de pessoas motivadas. As maiores crises provocam as maiores mudanças.”

E todo projeto da Confederação Brasileira de Taekwondo, neste momento, precisa ser bem pensado para otimizar os recursos. Hoje, a CBTKD não tem patrocínio e sobrevive apenas da Lei Agnelo/Piva, sendo que o valor não é mais repassado à entidade e sim investido diretamente pelo COB, por conta das acusações de desvio de verba da gestão anterior. Mas pode haver novidades nos próximos meses. 

Atleta junto à nova diretoria da CBTKD, que assumiu o comando em julho
Atleta junto à nova diretoria da CBTKD, que assumiu o comando em julho Divulgação/CBTKD

“Estamos em conversa com alguns fornecedores de material esportivo para se tornarem patrocinadores. Até o final do ano, vamos anunciar. Sem o COB, o taekwondo estaria parado. O Comitê Olímpico nos dá suporte desde estrutura até pesquisas e cursos de capacitação e permite que os atletas continuem treinando e viajando para competir. É uma modalidade promissora e o COB enxerga este potencial. Temos dois ou três atletas em nível melhor e precisamos dar um salto de qualidade com os outros. São ótimas as perspectivas para Tóquio.”

Além do mestrado e do MBA, Natalia Falavigna fez um curso do COB de Fundamentos da Administração Esportiva e está na metade de outro, Avançado de Gestão Esportiva. Justamente por não ter suporte, em sua época de atleta, fundou, em 2009, uma academia de taekwondo em Londrina (PR) para treinar em alto nível. A campeã mundial divide sua rotina entre a cidade paranaense e o Rio de Janeiro, onde é a sede administrativa da CBTKD.

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