Dentre as muitas boas histórias do Houston Astros, campeão da Major League Baseball na última quarta-feira após uma emocionante série de 7 jogos contra o Los Angeles Dodgers, talvez nenhuma supere a de Evan Gattis.

Aos 31 anos, ele se tornou campeão da MLB sendo relevante para o time e atuando em seis dos sete jogos da final. Em apenas cinco anos entre os profissionais, são 114 home runs e 332 corridas impulsionadas, além de um anel de campeão.

Mas pouco mais de uma década atrás, era quase impossível imaginar que esse seria seu destino.

• De promessa a perdido na vida

No colegial, Evan Gattis chamou atenção dos olheiros do beisebol e chegou a receber bolsas de estudo de universidades. Ele acabou aceitando a de Texas A&M. Em 2004, ele era cotado para ser draftado, mas passou sem ser recrutado devido ao abuso de maconha e álcool, forma que ele encontrou de “descontar” sua frustração pelo divórcio dos pais.

Gattis nem chegou a ir para a faculdade, sendo colocado em uma clínica de reabilitação para usuários de drogas e álcool, além de ter sido diagnosticado com depressão e crise de ansiedade. Fora 30 dias lá e mais três meses de terapia.

“Eu estava em um hospital mental. Eu não consegui dormi por uma semana e sabia que havia algo errado comigo. Então eu fui admitido. Eu estava tão depressivo que só pensava em me matar. Eu quis me matar por muito tempo”, contou Gattis, ao jornal “USA Today”, em 2013.

Ele tentou voltar ao beisebol depois disso em uma universidade menor em 2006 em Oklahoma, aos 20 anos. Mas abandonou o esporte e os estudos.

Com o tratamento antidepressivo e curado dos vícios de drogas e bebidas, ele recomeçou a vida quase que do zero, longe dos pais.

• Manobrista, faxineiro e...mendigo

Gattis foi ser manobrista em Dallas no seu primeiro emprego após abrir mão do beisebol. Dentre os muitos trabalhos estão inclusos pizzaiolo, empregado doméstico e até faxineiro.

Mas os empregos não geravam muito dinheiro para o seu bolso.

Em 2007, ele foi até Nova York buscar ajuda espiritual. Ele contou em 2013 que nessa ocasião foi retirar dinheiro no caixa eletrônico e seu cartão foi rejeitado. Motivo? Saldo de – US$ 17 na conta.

No dia seguinte, ele teria o voo de volta para Dallas e obviamente não teria dinheiro para pagar outra passagem caso perdesse o horário. E com –US$ 17 na conta, também não havia recursos para chegar até o aeroporto.

“Eu estava chorando, tentando vender um saco de roupas. ‘Ei, você quer um saco de roupas? US$ 10 para eu conseguir ir até o aeroporto”, lembrou, à época. Gattis disse até ter se sentado ao lado de um mendigo no metrô de Nova York.

O jogador afirmou que um policial o deixou pegar o trem para o aeroporto JFK em Nova York. Sem ter comido por 24 horas, Gattis disse ter implorado por comida para as pessoas no aeroporto. Até que um viajante irlandês se solidarizou e deu a ele US$ 10, gastos no Burger King do terminal.

• O recomeço e a glória

Entre o Texas, Colorado, Novo México e Califórnia, em 2010, seu meio irmão jogava beisebol na faculdade em Dallas e convenceu os técnicos a darem uma chance a Gattis, que foi aceito na universidade e voltou a rebater após quatro anos em encostar no bastão.

A performance impressionou (40% de média e 11 home runs), e o Atlanta Braves o selecionou no Draft de 2010.

Ele subiu para o time principal dos Braves em 2013, fazendo sua estreia na MLB. Hoje, mais de 100 home runs e pouco mais de US$ 10 milhões (R$ 32 milhões)arrecadados em salários no beisebol, Evan Gattis pode dizer que venceu na vida.