Ela começou na escolinha de futsal do Falcão, mudou para o campo e virou ‘pupila’ da craque Marta

Bianca Daga, do espnW.com.br

Camilinha e Marta são companheiras de ataque no Orlando Pride (EUA)
Camilinha e Marta são companheiras de ataque no Orlando Pride (EUA) Divulgação/Orlando Pride

Faz somente cinco anos que ela decidiu mudar do futsal para o futebol de campo. E tudo aconteceu muito rápido. Lá em 2012, quando começou a jogar no ‘chão verde’ em Caçador, município de Santa Catarina, Camilinha nem imaginava que, hoje, seria uma das estrelas do Orlando Pride (EUA) e estaria concorrendo, entre homens e mulheres, com o melhor gol do ano na Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe). Muito menos que teria como companheira de time – e de apartamento – ninguém menos que Marta, ídolo oito anos mais velha – 31 contra 23.

FUTSAL, FALCÃO

A carreira com a bola deslanchou na ‘casa’ de outro ícone. Nascida em São Bento do Sul (SC), Camilinha disputava Jogos Escolares de Futsal e torneios regionais e estaduais. Foi então que a escolinha do craque Falcão – bicampeão mundial com a seleção brasileira e quatro vezes melhor do mundo – a convidou para treinar lá. Na época, ele tinha 28 anos e ela 11.

“Cheguei a conhecê-lo. Conversou com a gente, contou sua história, tirei foto com ele. Eu era a única menina na escolinha do Falcão na época. O futsal me abriu todas as portas. Ganhei sub-13, sub-15, Catarinense, Copa do Brasil, Brasileiro. Até a categoria sub-20, ganhei tudo o que podia”, contou ao espnW.

DA QUADRA AO CAMPO, E À SELEÇÃO

E então, vendo as amigas jogarem no campo e o desejo do pai para que isso se concretizasse, fez a mudança. Do futsal, passou a defender o Kindermann (Caçador) e no ano seguinte, em 2013, já recebia sua primeira convocação para a seleção brasileira, no sub-20. Foi campeã sul-americana, disputou Mundial e, em 2014, estreava na seleção princinpal.

Camilinha saiu de Santa Catarina para vestir a camisa do Houston Dash (EUA), voltou ao Brasil para jogar por Ferroviária e Corinthians Audax (São Paulo), com quem foi campeã da Copa do Brasil, e foi convocada para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016 (mas ficou como suplente).

“Quando você está no futsal, não pensa que as coisas vão acontecer tão rapidamente. O que eu achava que ia demorar, aconteceu muito rápido (ser convocada para a seleção). E a Olimpíada então, eu não imaginava... eu era uma novata entre várias experientes. Tinha 1% de chance, mas agarrei. Sonho de infância realizado.”

Camilinha está lesionada, mas deve voltar à seleção para disputar a Copa América
Camilinha está lesionada, mas deve voltar à seleção para disputar a Copa América Divulgação/CBF

ORLANDO, MARTA

Foi então que, no início deste ano, veio a oportunidade de voltar aos Estados Unidos como contratada do Orlando Pride. A brasileira chegou como lateral-esquerda, mas passou a treinar como meia-atacante e ganhou a posição. Com estilo mais ofensivo, logo se adaptou. E aí, veio a maior das surpresas. Pouco depois que ela havia chegado ao clube da National Women’s Soccer League (NWSL) – a liga profissional de futebol feminino dos EUA –, Marta se juntou ao elenco.

“Começaram a sair notícias que ela ia para o Orlando. Pensei ‘não pode ser verdade’. Eu convivia com ela na seleção, pouco...nos treinos, porque eu não era titular. Mas daí a ter a Marta no meu time... Mandei mensagem para ela perguntando se era sério, mas ela deu voltar e não respondeu. Daí um dia que estávamos na seleção, ela me contou que era para valer. Disse ‘eu vou, garotinha’, que é como nos chamamos. Não dava para acreditar que EU ia jogar com ela.”

A relação se estreitou e virou amizade. Marta o pilar da meia quando ela se machucou em setembro. Pouco antes de a liga acabar e o Orlando terminar na inédita terceira colocação, Camilinha rompeu o ligamento colateral anterior do joelho direito e precisou passar por cirurgia. Como sua casa era mais perto da fisioterapia, Marta ofereceu a Camilinha que ficasse em sua casa.

“Hoje, sou fã e amiga. Duas cenas que não esqueço: quando fiz o gol que está concorrendo a melhor do ano ela me olhou bem, pegou no meu rosto e falou ‘que golaço’ e gritamos juntas; e quando eu me machuquei ela veio até mim e disse que ia me ajudar em tudo. Depois da cirurgia, ela ficou uns dez dias comigo na casa dela, antes de se juntar à seleção. Ela não deixava eu fazer nada, fazia tudo para mim. Disse para eu me sentir em casa. Só tenho gratidão.”

Em recuperação em São Paulo e com previsão de voltar a jogar daqui quatro meses, Camilinha só tem motivos para comemorar. Além da concorrência a gol do ano na Concacaf (apenas um mulher disputa o prêmio, além dela), a brasileira foi escolhida pelo Orlando Pride como a melhor novata. A meia-acatante terminou a temporada com cinco assistências e quatro gols.

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