PSG: o melancólico recordista campeão da França
O Paris Saint-Germain conquistou seu décimo título do Campeonato Francês e se igualou a Saint-Étienne e Olympique de Marselha como maio vencedor da história (se for considerada apenas a era profissional, o Marselha fica atrás, com nove).
O troféu foi confirmado matematicamente neste sábado, com quatro partidas de antecedência depois que empatou por 1 a 1 com o Lens no Parque dos Príncipes, sendo que sofreu um gol quando tinha um atleta a mais em campo.
Apesar do emblemático título para a história do futebol local, o PSG não deixa de ter uma temporada bem abaixo do esperado, para não dizer decepcionante.
Virar o maior campeão nacional era uma questão de tempo para um clube que há uma década estabeleceu um abismo financeiro de disputa para seus rivais. É claro que os parisienses alcançaram um feito memorável, mas esperado. E poderia já ter vindo no ano passado, caso não tivesse deixado a taça escapar para o Lille, que conseguiu o feito mesmo superando adversidades financeiras.
Neste contexto, a missão do PSG vai muito além do dever de casa, e este nem foi tão bem feito assim, uma vez que o time foi eliminado nas oitavas de final da Copa da França para o Nice treinado por Christopher Galtier, justamente o treinador que levou o Lille à glória na Ligue 1 em 2020-21.
Na Champions, caiu nas oitavas por um descuido tremando em um duelo em que foi superior ao Real Madrid na maior parte do tempo. O problema, na verdade, não está nem na eliminação precoce em si, uma vez que teve o azar de cruzar com o Real Madrid nas oitavas e nem pode ser tão responsabilizado por ter sido só o segundo da chave (vamos lembrar que o Manchester City foi o líder).
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O problema está no estágio coletivo de uma equipe que retrocedeu desde que foi finalista da Champions em 2019-20, fazendo um jogo equilibrado diante de um Bayern de Munique que era o melhor time do mundo naquele momento.
Desde que iniciou o seu domínio na liga em 2012-13, o PSG teve sua defesa mais vazada em 2014-15 com 36 gols, um a mais do que levou em 2018-19. Na campanha atual, registra o terceiro pior desempenho com 31 gols sofridos, restando ainda cinco partidas por fazer.
Esse número não é uma coincidência, é um reflexo de um time que não exerce tanta pressão sem a bola e que ainda está muito distante de encantar ou convencer em campo. O projeto é hoje bem mais uma reunião de craques do que um supertime, que são os casos de Manchester City e Liverpool na atualidade.
Não há uma identidade clara de como esse time joga em meio à tanta badalação, e muitas questões fica, em aberto. Mauricio Pochettino ainda não encontrou a forma de Lionel Messi e Neymar funcionarem juntos da melhor forma, não há uma definição do goleiro titular e não há uma identidade clara de como essa equipe atua.
Além disso, os grandes reforços para essa temporada não renderam o esperado também individualmente. Gianluigi Donnarumma alternou o tempo todo com Keylor Navas (e me parece um problema essa ideia) e tem na falha contra o Real Madrid sua principal marca da primeira temporada com a camisa do PSG; Sergio Ramos jogou só dez vezes, sendo cinco como titular e nenhuma na Champions; Georginio Wijnaldum mal se estabeleceu como titular.
Já Lionel Messi sofreu com questões físicas, menos que Ramos, e não conseguiu brilhar nos grandes jogos de uma forma geral. No momento, são nove gols marcados, sua pior marca desde 2005-06, quando a ainda promessa de 18 para 19 anos marcou oito vezes. De 2008-09 em diante, ele nunca balançou as redes menos do que 31 vezes por temporada.
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O problema não é o PSG ser ‘só’ o campeão francês ou ter simplesmente caído nas oitavas de final da Champions, mas sim ver como coletivamente esse time está muito atrás dos seus principais concorrentes na Europa. Boas campanhas são consequência de um trabalho com ideais claras e continuidade, coisas que estão faltando pelos lados de Paris.
Aliás, falta sintonia até com as arquibancadas, uma vez que a partida contra o Lens foi marcada por protestos da torcida, como vaias no fim do primeiro tempo. Após o apito final, a celebração dos atletas no gramado foi um tanto discreta, bem mais do que o Bayern de Munique, por exemplo. Os bávaros também foram campeões nacionais neste sábado em uma temporada em que 'só' ganharam sua liga nacional, mas que gera um sentimento interno e externo bem diferente dos parisienses.
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