Hegemonia, equilíbrio no elenco e Champions memorável: o enorme legado de Ten Hag no Ajax
De malas prontas para Manchester, Erik Ten Hag confirmou nesta quarta-feira a sua sexta e última taça em sua passagem de quatro anos e meio pelo Ajax. A equipe de Amsterdã venceu o Heerenveen por 5 a 0 na Johan Cruyff Arena e assegurou sua 36ª conquista do Campeonato Holandês.
Desde que assumiu o comando no fim de 2017, o treinador não conseguiu taças em seu primeiro semestre, mas depois determinou uma hegemonia, vencendo as três edições finalizadas do Holandês – a de 2019-20 foi encerrada precocemente por conta da pandemia do coronavírus. O cenário poderia ter se repetido na Copa, mas o time da capital foi derrotado pelo PSV na decisão desta temporada.
Além de três títulos da Eredivisie e dois da KNVB Cup, Ten Hag também levou o Ajax à conquista da Supercopa da Holanda de 2019. Em meio às glórias, alguns números ajudam a entender o tamanho do trabalho do técnico de 52 anos na equipe.
Desde que ele assumiu, são 350 pontos somados no Campeonato Holandês, 31 a mais do que o PSV, em 142 jogos disputados - o clube de Eindhoven soma 143 partidas no período. O Feyenoord fecha o top 3 com 285 pontos. São 420 gols marcados (72 a mais do que qualquer outro time) e 111 gols sofridos (37 a menos do que qualquer equipe que tenha estado na elite nas últimas cinco campanhas) e uma posse bola média de 64,1%, quase 7% a mais do que qualquer adversário.
Além disso, Ten Hag deixa o Ajax a um título do tetra, a maior hegemonia que qualquer equipe já alcançou na história da liga nacional - o próprio clube alcançou entre 2011 e 2014, enquanto o PSV o fez em duas oportunidades (1986-1989 e 2005-2008). Antes da era profissional da liga, o HVV Den Haag conseguiu a marca entre 1900 e 1903. Vale lembrar que a edição encerrada sem campeão em 2019-20 tinha Ajax e AZ empatados em pontos no topo da classificação após 25 rodadas disputadas.
Internacionalmente, o pico foi a semifinal da Uefa Champions League 2018-19, quando superou Real Madrid (nas oitavas, com vitória por 4 a 1 no Santiago Bernabéu) e Juventus (nas quartas), antes de levar uma virada surreal e inesperada para o Tottenham na semi. Ainda que tenha sofrido uma eliminação traumática, o clube conseguiu sua melhor campanha na competição em 22 anos – também caiu na semi em 1996-97 – e protagonizou uma das campanhas mais sensacionais dos últimos anos na Europa.
Além da hegemonia nacional, uma história memorável na Champions e o bom e vistoso futebol praticado por sua equipe, seguindo a filosofia histórica do clube, Ten Hag ainda esteve envolvido em um período em que o Ajax passou a ter um perfil diferente no mercado e na montagem de seu elenco.
Com toda dificuldade para competir com grandes clubes da Europa, seja pela questão financeira ou pela atratividade de sua liga, o Ajax é conhecido por formar muitos talentos e buscar nomes de talento no cenário nacional, o que continua a ser uma realidade. Porém, o clube também passou a captar jogadores mais maduros entre as principais ligas da Europa, mostrando uma maior expressividade nas janelas de transferência.
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Segundo dados do site Transfermarkt, 12 das 14 contratações mais caras da história do Ajax ocorreram no período sob o comando de Ten Hag, e chama atenção as chegadas de Davy Klaassen, Daley Blind, Dusan Tadic, Quincy Promes e Sebastian Haller, que tinham todos mais de 25 anos no momento da negociação e jogavam na Premier League, LaLiga ou Bundesliga.
Dessa forma, o Ajax conseguiu permanecer forte, mesmo com a saída de diferentes atletas ao longo dos últimos anos, entre eles um quarteto muito importante (Matthijs de Ligt, Frenkie de Jong, Donny van de Beek e Hakim Ziyech). As mudanças, no entanto, foram gradativas, sem exigir uma reformulação a cada ano e representando um obstáculo na competitividade deste time.
Neste ritmo, o Ajax sempre seguiu forte desde o início do trabalho de Ten Hag, ainda que o elenco já tenha mudado inteiro. Dos 13 nomes que estiveram em campo na vitória por 2 a 0 sobre o Feyenoord em 21 de janeiro de 2018, na estreia do treinador, apenas André Onana e Nicolás Tagliafico permanecem no elenco (ambos são reservas no momento) - Noussair Mazraoui, que está a caminho do Bayern de Munique, foi um reserva não utilizado na ocasião.
A combinação de todos estes aspectos torna enorme o legado do técnico, que se despede com seis taças acrescentadas no museu do clube. Resta agora o jogo final desta história, que ocorrerá no domingo, quando o Ajax visitará o Vitesse às 9h30 (de Brasília).
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