Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras vão dominar... e sofrer com inveja
Inveja é sentimento humano dos mais fortes e imutáveis. Pode reparar: basta alguém sobressair em alguma atividade e logo surgirão comentários maldosos para colocar em dúvida mérito e capacidade. Na vida, em algum momento, ou sofremos com a inveja alheia ou nos deixamos envolver por ela ao ver o sucesso de outra pessoa. Importante é lutar contra esse astral ruim e melhorar no que se faz.
Bem, mas por que estou cheio de considerações morais e filosóficas? Para chegar ao futebol, tema de nossos papos quase diários neste espaço. E para dizer que o alvo de dor de cotovelo, por aqui, é o trio formado por Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras. Os dois últimos há tempos são cornetados pelos rivais; o primeiro entrou para o grupo agora que tem dinheiro, conquistou o Brasileiro e tem nove dedos e meio colocados na Copa do Brasil, depois dos 4 a 0 de domingo no Athletico.
As conquistas recentes deles sempre tiveram algum tipo de restrição. As mais comuns são “sorte”, “falhas dos adversários”, “acidente” ou principalmente “esquema”. Note como damos um jeito de encontrar mutreta numa trajetória vencedora. Uma taça foi alcançada não por mérito em campo da equipe campeã, mas como consequência de “esquema de bastidores''.
Daí detectamos (leia-se com ironia) uma infinidade de episódios que beneficiaram um time - pênaltis duvidosos, amarelos e vermelhos para concorrentes, mexidas na tabela -, o que comprovaria a tese conspiratória de “apito amigo”, ou de CBF e Conmebol vendidas, fora interesses escusos de imprensa, patrocinadores e rede de televisão. Quantas vezes não se falou de “campeonato manchado”? Se olharmos bem, acho que nunca teve uma competição em que se botasse o carimbo de lisura e competência.
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Não comecei ontem no jornalismo, não nasci anteontem, não me iludo com o mundo do futebol. Porém, é um porre duvidar de qualquer feito! Inveja pura na veia!
Duvida do que estou falando? Relembre que o Flamengo teve destaques, na história recente, por interferência de estatal (Petrobras) e mídia (a Globo), interessados em “proteger” o clube com maior torcida no Brasil. Fosse verdadeira essa tese e os rubro-negros ganhariam tudo, todos os anos. Basta olhar o que aconteceu desde o início dos anos 2000 para constatar que faturou, em termos nacionais e internacionais, 3 Brasileiros, 1 Libertadores, 1 Recopa Sul-Americana, 2 Copas do Brasil, 2 Recopas do Brasil, fora estaduais. Muito? Não, normal.
Para o Palmeiras a avaliação é ainda pior. No mesmo período, as 2 Libertadores, os 2 Brasileiros, as 3 Copas do Brasil, os 2 Estaduais vieram só por obra e graças do acaso. Não houve suor, estratégia, bons jogadores e técnicos de qualidade; os palestrinos estão entre os maiores ganhadores do nosso futebol por deslizes. E o Galo cavou lugar nessa turma seleta porque tem “um mecenas que compra tudo”.
Os três podem ficar espertos porque a chiadeira continuará. Sabem por quê? Porque a tendência é a de que continuem a nadar de braça, no Brasil e na América. A estrutura que cada um montou é forte e não parece que vá mudar.
O Flamengo ajeitou suas finanças, na gestão Bandeira de Mello, assim como o Palmeiras saiu da bancarrota com administração impecável de Paulo Nobre. (Sim, ele emprestou dinheiro, num período de sufoco financeiro incomum, mas teve tudo devolvido, com correção e juros baixos.) Nobre também negociou o patrocínio da Crefisa, e o que se espera é que não haja conflito de interesses agora que a dona da empresa (Leila Pereira) será também presidente do clube. Se ela souber separar as coisas, o sucesso é provável; caso contrário, veremos um desastre.
O Atlético segue os passos da dupla e pretende firmar-se como gigante. O currículo é mais modesto e pode engrossar, se também se estruturar para garantir receitas e elenco fortes sem aporte de torcedor bilionário. É possível, basta ter planejamento transparente e profissional. Os reflexos positivos nos campeonatos virão como bônus.
Há espaço para outros protagonistas? Claro que sim, desde que se disponham a ter gastos, investimentos e dívidas sob controle, e que encontrem parceiros comprometidos e não aventureiros e oportunistas de plantão. Casos positivos são os de Fortaleza e Red Bull Bragantino. E o do Athletico Paranaense.
O risco sempre à espreita é o de aparecer uma diretoria ruim e estragar tudo. Já aconteceu diversas vezes, aí está o Cruzeiro para comprovar. Para isso também os clubes precisam criar proteção, que só vem profissionalismo e transparência, como escrevi acima. E preparar-se para as épocas de baixa, porque a roda gigante da vida e do futebol está sempre em atividade.
No mais, que os oponentes mordam o cotovelo, tratem de encontrar formas de diminuir as conquistas alheias e chorem na cama que é lugar quente…
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