O São Paulo vai às compras, mas é prudente segurar a empolgação
Nos últimos dias vi, em mais de um lugar, comentários empolgados por causa das contratações que o São Paulo fez na largada de 2022. A chegada de Jandrei, Alisson, Rafinha, Patrick e Nikão arrancou previsões entusiasmadas, na base de “o melhor no mercado” ou “está pintando um grupo muito forte” para a temporada.
As afirmações entre aspas não são mentirosas, tampouco representam uma verdade categórica ou são prova de excelência. O Tricolor é, de fato, um dos clubes que mais se mexem na tentativa de construir um plantel que dê opções ao treinador, no momento Rogério Ceni (a gente nunca sabe até quando um técnico fica num clube). Mas o fez por necessidade, porque o material que tinha em 2021 não agradou, ficou aquém das expectativas. A conquista do Campeonato Paulista foi doce ilusão.
Daí a necessidade de a direção sair à cata de jogadores. O investimento desponta como obrigação e não sinal de que, com isso, o São Paulo supera rivais nesta fase de reformulação. Não cabe, por exemplo, comparação com Flamengo, Atlético-MG ou Palmeiras. Por uma razão óbvia e evidente; estes investiram pouco, ou quase nada, nestes primeiros dias de janeiro simplesmente porque não precisam. Os respectivos elencos já provaram sua capacidade de competição e decisão. Conmebol Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro estão aí para realçar essa constatação.
O São Paulo precisava recuperar terreno - aliás, coloco o verbo no presente: precisa retomar o lugar histórico de protagonismo que lhe cabe. Insisto na tecla há pelo menos uns sete anos. Fui dos poucos na imprensa que lá atrás, por volta de 2015/16, alertava para a tendência preocupante de o Tricolor ocupar só papel secundário. Já me chamava a atenção a seca de títulos: desde o tri nacional de 06/07/08, a única taça nova no memorial no Morumbi fora a Copa Sul-Americana de 2012. Era pouco, e a seca estendeu-se até o Estadual do ano passado. Ainda é pouquíssimo.
Entendo a esperança do são-paulino, e é inevitável. Quando o clube contrata, abre-se a perspectiva de sucesso. O torcedor precisa ter otimismo; caso contrário, não terá ânimo para seguir a equipe. No caso, o lado bom é a certeza de que vários chegaram para ser titulares, casos específicos de Rafinha, Patrick e Nikão. Se isso se confirmar, o investimento terá sido positivo. Não há nenhum fora de série; porém, são jogadores rodados e eficientes.
No entanto, do lado de cá do balcão é necessária cautela. Não gosto de postura negativa, ranheta, que muitas vezes o cronista esportivo assume. Há aqueles para os quais nada está bom, nunca. Não jogo nesse time. Ao mesmo tempo, procuro encarar com prudência certa euforia, sobretudo no caso do São Paulo. Foram tantas as bolas foras, o clube entrou em inúmeras barcas furadas na última década que me levaram a ser cético. Basta olhar a quantidade de jogadores anunciados como “reforços” (não gosto dessa palavra) que não vingaram, ou basta ver a infinidade de técnicos que passaram pelo clube e foram triturados.
Por isso, prefiro esperar alguns meses para construir um conceito mais sólido a respeito do que será o São Paulo de 2022. Espero escrever muitas crônicas elogiosas, desde que mereça. Fico na torcida para que, enfim, os dirigentes acertem e o time volte a ser relevante nos campeonatos de que participe. Está mais do que na hora da reação.
O São Paulo vai às compras, mas é prudente segurar a empolgação
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