Pablo não é o vilão do São Paulo
Pablo é o assunto do momento no São Paulo. O que, por si só, já mostra como há falta de temas importantes lá pelos lados do Morumbi. O moço virou centro da mais recente polêmica no clube e, involuntariamente, outra prova de como investir errado, jogar dinheiro fora, acumular dívidas e não saber como se livrar delas.
Para início de conversa, vou direto ao ponto central: Pablo não é o vilão da história. Insinuou-se, por aí, que as finanças tricolores, que não andam boas faz tempo, poderiam agravar-se devido a relutância do atacante em não pegar o boné e tentar a sorte em outra freguesia. Por causa dele, estariam emperradas outras negociações.
Errado. Pablo sabe que não faz parte dos planos são-paulinos e, segundo o noticiário, até aceitou rescindir contrato e seguir sua vida profissional em outro lugar, de preferência no Athletico, onde teve sua melhor fase. Só que não abre mão de receber o que tem de atrasos, em salários e outros penduricalhos. Vai embora na hora em que houver um acordo, como aconteceu com Daniel Alves. Também não é obrigado a aceitar a primeira ou a segunda proposta de trabalho que aparecerem.
Não se pode ver, nisso, sinais de “mercenarismo” ou radicalismo. Pablo tem contrato assinado, registrado na CBF e em cartório. O que está escrito tem de ser cumprido. É assim em qualquer relação de trabalho ou de prestação de serviços. Eu não quero levar chapéu no que tenho direito. E você? Com jogador não é diferente. A ruptura é viável, se as partes entrarem em acordo. Portanto, não é falha dele se as coisas estão; a cobrança deve ser dirigida para quem o trouxe.
Alguém pode alegar: “Ah, mas o Pablo ficou muito aquém da expectativa.” Concordo. Trata-se de fiasco, porém não muito diferente de tantos outros episódios semelhantes, em qualquer clube. O problema é que o São Paulo tem se especializado em dar bolas fora - e, por extensão, perde dinheiro a rodo, sem que ocorra a contrapartida de conquistas. Para ser justo com o Pablo, é bom recordar que, mesmo não sendo excepcional, ainda foi artilheiro do time no ano passado, com 14 gols, três a mais do que Rigoni. Vai entender...
Nos últimos anos, perdem-se as contas de quanta bobagem a diretoria cometeu. Só para não ir longe demais, vêm à mente os casos de Ganso, Cueva, Hernanes (a última passagem), Jean, Orejuela, Benitez, Clemente Rodriguez, Wesley, Pato. Amigo tricolor, acrescente aí outros nomes. A lista certamente é imensa.
O São Paulo durante décadas foi visto como modelo de administração, de avanço em tecnologia de preparação e revelação de talentos, de investimentos e valorização. Mas parece ter perdido a mão. Só para constar: desde o tri brasileiro de 06/07/08, ganhou apenas a Sul-Americana de 2012 e o Paulista de 21. Pouco, constrangedor para uma potência. E a gente ainda alivia para os desacertos…
O São Paulo tem de fazer um exame de consciência, abandonar a pose, botar os pés no chão e rever sua política de contratações. E usar o dinheiro com inteligência. Caso contrário, continuará a acumular decepções - e que não venha com papo de que a exigência de um jogador (e justa) está a atrapalhar a sua vida.
Pablo não é o vilão do São Paulo
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