Abel Ferreira sabe o que é Palmeiras x Corinthians. Vítor Pereira, ainda não
Toda vez que tem o dérbi paulista, lembro de uma frase famosa de 'Boleiros', filme do genial Ugo Giorgetti. O Lima Duarte fazia papel de treinador e estava preocupado com o assédio de uma mulher em cima de jogadores do Palmeiras na concentração. Ele chamou a moça de lado e lhe disse: 'A senhora não sabe o que é um Palmeiras x Corinthians!', para mostrar-lhe a gravidade da atitude dela na véspera desse jogo especial.
Pois a expressão pode ser transferida para os dois técnicos portugueses que estiveram à beira do gramado da Arena Barueri, na noite deste sábado (23). Abel Ferreira, o 'mister' do lado verde, já entendeu o significado do duelo que tem mais de 100 anos de história. O conterrâneo Vítor Pereira, responsável pela turma alvinegra, parece não ter captado, ainda, a importância de ter bom desempenho contra o rival. E, pela segunda vez, em pouco tempo (havia perdido no Paulistão), levou outra sova, desta vez por 3 a 0.
Só 3 a 0, não. Como se dizia no Bom Retiro, bairro em que Corinthians e eu nascemos, 'foi 3 a 0 fora o baile'. Sim, amigos corintianos e palestrinos, o que se viu na arena pertinho da capital foi um passeio de Dudu, Raphael Veiga, Rony & Cia. pra cima do mistão de Donelli, Rafael Ramos, Raul Gustavo & outros. Abel não poupou nenhum medalhão, enquanto Vítor Pereira resolveu dar descanso para a maioria dos titulares - e foi um desastre completo. O Palmeiras poderia ter ido curtir o restinho de sábado de carnaval com uma goleada.
Entendo o raciocínio dos dois, embora não concorde com Pereira. Ambas as equipes têm jogos pela Libertadores, no começo da semana, em rodada que fecha a primeira parte da fase de grupos. Abel está tranquilo, pelo fato de o Palmeiras ter vencido duas vezes, a classificação não deve ser das mais complicadas. Além disso, precisava de uma vitória no Brasileiro, depois da derrota em casa (Ceará) e dos empates com Goiás e Flamengo, fora.
Já Vítor Pereira entende que o jogo com o Boca será crucial para definir o futuro do Corinthians, que largou com derrota e uma vitória na Conmebol Libertadores. Novo tropeço, e em casa, pode representar um paredão nas pretensões de seguir adiante no torneio sul-americano. Daí a escolha por um time praticamente reserva. Entendo, mas não cravo como a decisão mais correta: nunca se deve desdenhar do clássico com o Palmeiras. A história mostra que ele é termômetro, para o bem e para o mal. Não há como negar que o Corinthians entrará pressionado contra o Boca Juniors, e só apagará o gosto amargo, se vencer. Sei que para mim é fácil, mas iria de força total contra o Palestra.
Não há nem o que contestar do jogo. O Palmeiras liquidou o desafio com menos de 20 minutos, em dois gols idênticos - de cabeça e em cobrança de escanteio pelo lado direito. Gómez e Rony subiram mais do que os zagueiros corintianos e jogaram uma tonelada nas costas dos adversários. O restante da partida foi o Corinthians a expor-se e a oferecer generosos espaços, tudo o que o Palmeiras adora. O terceiro gol, de Dudu, foi o coroamento de uma exibição impecável da Armada de Abel Ferreira.
Epa, quase cometo uma injustiça neste texto: citei vários jogadores e esqueci de fazer referência ao melhor em campo: Zé Rafael. Ele foi impecável, na proteção da retaguarda, na destruição de jogadas e na armação de contragolpes. Mandou uma bola na trave e, depois de dividida forte, fez o passe para Dudu marcar o terceiro da noite. Zé Rafael foi 'o monstro de Barueri', como diriam antigos locutores de rádio. O rapaz vive grande fase.
Abel Ferreira sabe o que é Palmeiras x Corinthians. Vítor Pereira, ainda não
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