Manchester City, Real Madrid, gols e uma indigestão de bom futebol
Quem curte futebol vibra com qualquer jogo bom, independentemente de onde for disputado. Não importa se é Campeonato Alemão, se for Copa da Indonésia, se se tratar de Conmebol Libertadores, Champions League ou torneio de várzea. Se a rapaziada que estiver a correr atrás da bola caprichar no serviço, vai atrair atenção e receberá aplausosdo público, sejam 100 ou um milhão de pessoas. Sobretudo se se preocupar em jogar e não em catimbar ou dar botinadas.
O parágrafo acima serve só como introdução para o seguinte: Manchester City e Real Madrid fizeram, no início da noite desta terça-feira (26), um duelo digno de entrar em antologias. Os representantes do time inglês e os da equipe espanhola deram aula de respeito ao esporte, ao público, aos colegas e a si mesmos. Houve intensidade, qualidade, lealdade da primeira à última assoprada de apito do romeno István Kovács. Desconfio que até Sua Senhoria ficou aborrecido, quando acabou o duelo, com a vitória do City por 4 a 3, pela ida da semifinal da Champions League.
Quem me conhece sabe que não sou dos que têm visão eurocentrista do futebol. Claro que nessa parte do Hemisfério Norte acontece muita coisa boa, os clubes e as competições são mais bem organizados do que em nossas bandas. Também tem muito mais grana; os elencos são legiões estrangeiras de multinacionais da bola. Mas, lá como cá, não faltam polêmicas e maracutaias; é assim no mundo todo.
Dito isto, de novo volto ao que interessa - e o que vale é exaltar o espetáculo no tapete do Etihad Stadium. As trupes de Pep Guardiola e Carlo Ancelotti trataram a redonda com carinho, com arte, harmonia, coordenação. Daí, o festival de gols. Para início de conversa, quem perdeu o pontapé inicial - meu caso -, já ficou em desvantagem. Isso mesmo, com 1 minuto e pouco, De Bruyne tascou 1 a 0 para o City. Com 10, estava 2 a 0, após belo gol de Gabriel Jesus.
O Real foi para as cordas. E o City, bem à maneira de Guardiola, atacava, pressionava, insistia, criava e perdia chances de gol. Uma atrás da outra. Até que, num vacilo, vem o contragolpe espanhol e quem aparece para mandar para o gol? Acertou quem cravou Benzema. Aos 33, o francês recolocou o Real na briga. E por pouco não chegou ao empate. Alerta no City, e dava para ver a cara preocupada do técnico.
Largada do segundo tempo e tome City indo como locomotiva sem freio para o ataque, com bola raspando a trave ou tocando nela, bola sendo tirada em cima da linha, bola passando a centímetros dos pés do atacante. Até que Foden aos 8 minutos encaçapa os 3 a 1. Desespero do Real? De forma alguma. Nem deu para a torcida voltar a sentar que Vinicius Jr. pega a bola na lateral do meio-campo, gira o corpo enquanto aplica caneta em Fernandinho e saiu como doido para a área adversária. Só parou ao ver a bola dentro da rede: 3 a 2.
Tensão, adrenalina, esperança e temor. Tudo isso rolava em campo. Menos pancadas. Faltas, só aquelas normais, 'táticas', que ocorrem em qualquer partida de futebol. E dá-lhe City, que abre de novo vantagem de dois gols, com Bernardo Silva, aos 29. E, por um triz, não saiu o quinto. Até que o juiz deu pênalti, em jogada aérea, para cobrança de Benzema, aos 37. Bateu com nojo, com frieza, de cavadinha. Até o Guardiola aplaudiu a ousadia do matador.
A parte tática, as observações sobre erros e acertos cometidos no meio, na ponta, no último terço do campo, deixo para colegas especialistas no tema. Este texto é só para extravasar a alegria de quem ama o futebol, se fartou com o banquete oferecido e saiu com uma congestão de bola! Tomara houvesse ao menos uma por dia dessas benditas indigestões.
Manchester City, Real Madrid, gols e uma indigestão de bom futebol
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