Abel Ferreira, Ademir da Guia, o Velho do Restelo e a Nova Academia
Dois personagens importantes no Palmeiras - Abel Ferreira e Ademir da Guia - levantaram duas questões interessantes para um breve bate-papo aqui com os amigos. O técnico português referiu-se ao “Velho do Restelo”, após a goleada por 5 a 0 sobre o Independiente Petrolero. O Divino craque viu na equipe atual a versão número 3 da Academia, tal a excelência do futebol apresentado e das conquistas alcançadas.
Começo pelo nobre “mister” português. Na madrugada desta quarta-feira (4 /5), durante o SportSCenter última edição, na ESPN, esclareci o que quis dizer Abel. Como deve ter sido muito bom aluno, guardou na memória passagens de “Os Lusíadas”, a monumental obra de Luís de Camões, que exalta os feitos dos navegantes portugueses. A epopeia é de 1572, ou seja do século XVI, época do auge do ciclo de descobrimentos e das rotas desbravadas pelos lusos.
O “Velho do Restelo” é personagem que aparece no Canto IV dos Lusíadas. Ele não bota fé na capacidade e no sucesso dos navegantes, que se lançavam ao mar em busca de caminhos e terras novas. Com o tempo, no imaginário popular o “Velho do Restelo” passou a representar sujeito pessimista, reacionário, que não acredita em inovações. E Abel critica aqueles que não confiam em suas estratégias. Em palavras simples e atuais: seria a Turma do Amendoim, o pessoal da corneta.
Ora, ora, como dizia um antigo slogan da TV Cultura, de São Paulo: “Esporte também é Cultura!”...
Vamos à segunda parte, aquela abordada pelo maior camisa 10 da história do Palmeiras. Aliás, o maior ídolo alviverde, o insuperável e inigualável Ademir da Guia. Ele fez parte - diria que foi o centro - de duas versões da Academia, referência ao futebol bonito e refinado dos palestrinos em meados dos anos 60 e começo dos anos 70. O apelido era carinhoso e prova de respeito por formações distintas, mas que tiveram, dentre outros, Valdir de Moraes, Djalma Santos, Djalma Dias, Julinho, Servílio, Vává, Gildo e… Ademir - a primeira versão. Ou Leão, Eurico, Luís Pereira, Dudu, Edu, Leivinha, César e… Ademir - a segunda versão.
O Divino anda tão encantado com a rapaziada de Abel que vê nela a versão número 3 da Academia. Com a devida permissão do mestre, ouso dizer que se trata da 4.ª versão, e concordo com a reverência. Esses moços de agora entrarão para a história. Não é pouca coisa conquistar, em 20 meses, duas Libertadores, dois Estaduais, uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana, fora um vice Estadual e um vice Mundial. É proeza demais, inédita na história do clube.
No entanto, a 3.ª versão existiu, e foi aquela dos anos 90, época da Parmalat. Durante um período também de conquistas, desfilaram, sob comando sobretudo de Luxemburgo e Felipão, astros do calibre de Cafu, Cleber, Evair, Edmundo, Edilson, Rincón, Alex, Djalminha, Luizão, Rivaldo, César Sampaio, Mazinho, Zinho. Roque Júnior, Roberto Carlos, Júnior. Uma galeria excepcional, que acumulou troféus como o Estadual, o Brasileiro, a Copa do Brasil, o Rio-SP, a Mercosul, a Libertadores…
Então, Ademir da Guia, meu ídolo maior e eterno, brindemos à saúde e glória da 4.ª versão da Academia. Não é por acaso que o Palmeiras tem esse epíteto (e vamos gastar uma palavra mais difícil, em homenagem ao Português impecável de Abel).
Abel Ferreira, Ademir da Guia, o Velho do Restelo e a Nova Academia
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