Caro Vítor Pereira, pense: o Corinthians é maior do que o Liverpool!
Figuras de linguagem são bonitas, mas às vezes revelam atos-falhos e provocam saias-justas. É preciso cuidado para lidar com as palavras, sobretudo quando se está de cabeça quente. Como, por exemplo, depois de um clássico complicado contra um rival. Caso de Corinthians 1 x 1 São Paulo, da tarde de domingo (22).
A entrevista de Vítor Pereira, após o jogo, em Itaquera, é bom exemplo do que escrevi no parágrafo acima. As declarações do treinador continuam a dar o que falar. Em primeiro lugar, porque escancarou discordância com Róger Guedes, que estaria com postura individualista, o que o levou a deixá-lo na reserva. Na verdade, o atacante tem sido escanteado desde que revelou em público que não se sente confortável de jogar fora do setor em que se considera mais à vontade.
Nessa estou com VP. A gente parte do pressuposto de que o técnico olha para o coletivo. E, por isso, considera que o lado em que Róger gosta de atuar está mais bem servido por Willian. Cá entre nós, não há comparação entre os dois: Willian, com trajetória longa e muitos serviços prestados, é bem melhor. Róger, portanto, que abra a mente, dê uma controlada no ego e não deixe escapar chance de brilhar em um clube importante. No Palmeiras e no Atlético-MG, creio, não sentem saudades dele.
Tem a outra parte da entrevista do Mister que me incomodou um pouco. Ao fazer comparação entre o que desejamos e o que a realidade nos impõe, Pereira tratou de usar-se como modelo. Sem rodeios, falou a respeito de um sonho. E reforçou: "Eu também queria treinar o Liverpool, mas não posso. Se você perguntar para mim, eu ia correndo treinar o Liverpool. Com todo respeito ao Corinthians, mas o Liverpool é o Liverpool."
Ok, entendo o fascínio, o tamanho, a caixa de ressonância que é o Liverpool, um dos mais míticos clubes europeus. Evidentemente, é uma honra ser lembrado para dirigir os Reds da terra dos Beatles. Praticamente um carimbo de qualidade para qualquer técnico. No entanto, a retórica de Pereira pode ser vista como uma gafe, algo como 'quero voos altos, mas me consolo com o que for possível'.
Brinquei em redes sociais, ao observar que 'aqui é Timão, ó gajo!'. Sei que não houve a mais tênue intenção de Pereira menosprezar a ocupação atual. E, segundo os que acompanham a rotina corintiana, ele trabalha com afinco. Porém, poderia ter evitado a referência a um clube estrangeiro, e ainda falar que 'ia correndo', se pintasse um convite. Bastaria limitar-se ao Róger Guedes que todo mundo entenderia.
Sem falso moralismo, sem buscar polêmica vazia, no lugar dele eu sempre falaria que meu local de emprego é o melhor do mundo. Pois isso faz com que mecanismos de nossa mente nos incentivem a sermos melhores, a atingirmos excelência nos desafios, sejam numa empresa de fundo de quintal, seja numa multinacional dessas que pretendem comprar o mundo. O mesmo vale para o futebol.
Faço ainda outra leitura das palavras de Vítor Pereira. Ele quis ser modesto, talvez por não se considerar à altura do potente clube inglês. Ora, não deveria pensar dessa maneira. Não sou 'coach' nem nada. Mas, se fosse ele, botaria na cabeça que tem capacidade para qualquer desafio que lhe aparecer pela frente. E, para início de conversa, admitir que o Corinthians é grande! É maior, até, do que o Liverpool ou qualquer time gringo. Se for campeão de tudo por aqui, um dia chegará ao Liverpool ou outro do portento do gênero. Quem sabe?
Caro Vítor Pereira, pense: o Corinthians é maior do que o Liverpool!
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