Guayaquil pode ter revanche de Palmeiras x Flamengo. Por que não?
Sei que o título desta crônica tende a provocar polêmica. Aliás, qualquer título despertaria celeuma, porque é impossível ocorrer consenso, quando se trata de futebol. E a temperatura sobe numa competição que, a partir das oitavas de final, toma outro formato, com duelos eliminatórios. A história da Taça Libertadores tem incontáveis exemplos de favoritos que tropeçaram nos mata-matas e de zebras que cresceram, surpreenderam e ao final levantaram o troféu.
Isto posto, vamos lá, quero expor por que acredito na possibilidade de repetição do duelo de 27 de novembro passado, em Montevidéu, aquele que deu o tri ao Palmeiras, com 2 a 1 sobre o Flamengo - gol decisivo de Deyverson, no início da prorrogação. Trata-se de uma projeção e não de verdade definitiva. Se isso fosse, eu ganharia a vida como adivinho e não faria nunca mais plantões de madrugada como jornalista. Passaria meus dias na praia, com sol, camarão e água de coco.
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O caminho verde até a final, em teoria - e apenas no papel -, é menos complicado do que o do Flamengo. Mas ambos podem superar obstáculos. A rapaziada de Abel Ferreira, com a melhor campanha na fase de grupos, topará com o Cerro Porteño, tradicional concorrente paraguaio. Hoje, porém, não há como negar que o campeão da América é mais competitivo e tem sido letal diante de oponentes com menos potencial técnico. Se não ocorrer surpresa, segue para as quartas de final.
Nessa fase, suponho, pode ter seu maior desafio, o Atlético-MG. Mesmo com altos e baixos, ao contrário de 2021, o campeão brasileiro tem elenco para despachar o Emelec, que ficou em segundo no grupo do Palmeiras e lhe deu algum trabalho. O Galo precisa, apenas, reencontrar o equilíbrio que tinha sob o comando de Cuca. Jogadores com qualidade não lhe faltam.
Se assim for, o Atlético-MG tem condições de devolver a desclassificação na semifinal anterior. Mas, de novo, vejo hoje o Palmeiras como um time que sabe o que quer e como atingir objetivos na Libertadores. Mais adiante a história pode mudar, porque dependerá de como estarão os dois elencos.
Num eventual avanço para a fase seguinte, a perspectiva é de que os palestrinos - se passarem - topem com o Estudiantes, no momento mais forte do que o Fortaleza, seu adversário nas oitavas, ou de Athletico-PR e Libertad. O choque com os argentinos embute perigo para o Palmeiras (ou mesmo para o Atlético-MG). Seria, mais de meio século depois, oportunidade de vingar a perda da Libertadores de 1969. Na época, foram três duelos: 2 a 1 para o Estudiantes na Argentina, 3 a 1 para o Palmeiras em São Paulo; e 2 a 0 para os hermanos em Montevidéu.
O outro lado
O caminho do lado do Flamengo parece mais cabuloso - está repleto de argentinos e são cinco campeões continentais. A turma de Gabigol tem uma casca de banana que é o Tolima, habituado a aprontar para cima de brasileiros. Porém, na técnica, sou mais o rubro-negro nas oitavas. Paulo Sousa precisa, no entanto, encontrar urgentemente uma formação próxima do ideal e que seja confiável.
Na hipótese de ir para as quartas, terá parada dura contra Boca ou Corinthians. Vejo equilíbrio nesse tira-teima entre brasileiros e argentinos, que foi final em 2012. Embora não seja o melhor Boca dos últimos anos, a tradição, a tarimba em Libertadores podem fazer o diferencial para classificação. E, nas quartas, vejo de novo chances de o Flamengo superar um gigante do futebol mundial.
Se este exercício de projeção se confirmar, o Flamengo jogará na semifinal necessariamente contra outro argentino, pois nas oitavas estão marcados os clássicos Talleres x Colón e Vélez x River Plate. Não vislumbro o River caindo para nenhum desses rivais domésticos antes da semifinal. Numa hipotética revanche da final de 2019, a balança será bem calibrada. Ainda assim, minha preferência recai sobre o Flamengo, sobretudo se voltar a funcionar à perfeição o quarteto Everton, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol. Será dureza, disso não há dúvida.
Este texto pode soar como tendencioso - e não vou contestar, se pensar assim: uma coisa é imaginar cenários, outra é a realidade com a bola rolando. Não excluo ninguém de antemão, como observei logo no primeiro parágrafo. Apenas fiz um “exercício de futurismo”. Outras hipóteses de final, por exemplo? Vamos lá: Atlético x Flamengo, Atlético x Boca, Palmeiras x Boca, Palmeiras x River, Estudiantes x River, Estudiantes x Flamengo, Atlético x River, Estudiantes x Boca. Alternativas baseadas no que os times apresentaram na primeira fase - e só levei em consideração aqueles que mais chamaram a atenção até aqui.
Guayaquil pode ter revanche de Palmeiras x Flamengo. Por que não?
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