O Flamengo precisa de muita convicção, se acha que deve manter Paulo Sousa
O ambiente acalmou no Flamengo por duas semanas, tempo em que não viajou, ficou em casa e venceu vários jogos. Mas a poeira voltou a subir, neste domingo, com a derrota por 2 a 1 para o lanterna Fortaleza. Parte da torcida que foi ao Maracanã vaiou o time e sobretudo Paulo Sousa, antes e depois do jogo. O português não consegue conquistar o coração dos “adeptos” rubro-negros, e a direção precisará de muita convicção, se acha conveniente mantê-lo, independentemente das turbulências.
Paulo Sousa mostra inquietação com os constantes experimentos no Flamengo. Desde que chegou, raras as vezes em que repetiu uma formação. E isso não ocorreu por diversos motivos e “ões”: contusões, suspensões, convocações e opções dele mesmo, no rodízio permanente a que submete o elenco. Este último aspecto, ele defende como necessidade, em função dos muitos torneios de que o clube participa ao mesmo tempo. Nada diferente do que fazem seus colegas.
O problema do Flamengo não se resume às mexidas na escalação. Estas ocorrem e são inevitáveis em qualquer lugar. Concentra-se, em minha opinião, na indefinição de um time-base, na ausência de uma formação em que se podem detectar os titulares e substitutos imediatos. Algo rotineiro em qualquer time, mas que agora parece uma ofensa, na visão de muitos “professores”, que apelam para o chavão de que “todos são titulares”.
Balela. Esse discurso funciona quando o técnico não tem clareza do que pretende com um time; ou, então, não tem confiança nos jogadores. O próprio Flamengo, com Jorge Jesus, tinha uma escalação que estava na ponta da língua dos torcedores. E se sabia, quase sempre, quem entraria, numa emergência. Cito JJ não porque sou uma “viúva” dele; mas porque esta crônica trata de Flamengo. Ou, se preferirem, cito Abel Ferreira, que tem um Palmeiras A para os grandes duelos, em que todos sabem quais serão os 11 a começarem os jogos. Depois, entram as alternativas…
Ter um time-base ajuda a definir estratégia, encorpa, dá confiança aos escolhidos e transmite ao torcedor a sensação de firmeza no trabalho. Paulo Sousa não passou isso, ainda, para seu público. Pior: o futebol da equipe não engrena, não encanta, não se mostra estável. As trocas, jogo a jogo, deixam mais dúvidas do que certezas. Para complicar, os resultados raramente são convincentes.
Não vejo ainda terra arrasada no Flamengo, que está no páreo em três frentes - Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores. Claro que pode chegar em todas, assim como pode ficar a ver navios, como aconteceu no ano passado. Mas é inegável que a situação é preocupante, porque muito longe do ideal. A inconstância aparece em todos os setores, e não é de agora. Não sou dos que espinafram treinadores por qualquer bobagem; também não sou dos que defendem permanência a qualquer custo. Paciência de torcedor e de cartola tem limite.
A bola está com a direção rubro-negra: se a avaliação é a de que Paulo Sousa faz bom trabalho e o grupo apresenta potencial para crescimento, então que ele seja defendido com ênfase. Se a cartolagem ponderar que o português já errou a mão, então não deve esperar por catástrofes e tem de agir rapidamente na troca. Uma dica. Quando treinador fala em "erros individuais", numa fase de instabilidade, abre uma brecha para perder o grupo. E Paulo Sousa fez essa observação, após o jogo com o Fortaleza...
O momento é delicado e requer tato e bom senso, e igualmente segurança e rapidez nas decisões. Porque a cornetagem voltou a se fazer ouvir - e eu diria que, exageros à parte, com razão. A situação voltou a ficar tensa para o "mister"... Se bem que o problema no Flamengo não se resume só a encontrar um técnico ideal. Está cada vez mais com cara de que cabe uma mudança ampla.
O Flamengo precisa de muita convicção, se acha que deve manter Paulo Sousa
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