Fossem outras, cobranças a Leila Pereira fariam sentido
Em sua trajetória até assumir a presidência do Palmeiras, Leila Pereira pouco foi questionada a respeito de temas muito relevantes. Alguns exemplos: qual o valor do documento assinado apenas por Mustafá Contursi que lhe permitiu virar conselheira, seus métodos para conquistar os votos dos associados e as possíveis consequências da dívida que o clube de uma hora para outra passou a ter com sua empresa.
Grosso modo, para muita gente, a impressão passada foi a de que seu dinheiro bastou para qualificá-la ao cargo que hoje ocupa.
Seja como for, Leila Pereira é hoje a presidente do Palmeiras. E não deixa de ser curioso que, mal iniciada sua gestão, muitos dos que fizeram vistas grossas a todo o processo que a levou à cadeira que ocupa, e que foram inclusive beneficiados por sua farta distribuição de dinheiro e mimos, façam questionamentos ou cobranças tão irrelevantes como a do time para o qual torce seu assessor de imprensa.
Não se trata de novidade no clube, é verdade. Paulo Nobre já havia passado pelo mesmo, mas a irrelevância do assunto não justifica mais que uma breve menção neste artigo.
Mais relevantes e compreensíveis seriam as cobranças pela contratação de um centroavante à altura do atual elenco bicampeão sul-americano, algo de que o Palmeiras, hoje, realmente não dispõe.
Seriam cobranças compreensíveis não fossem em grande parte intensificadas pela pressa e pela obsessão da chegada de um nome conhecido, uma estrela daquelas que trazem o nome e tantas vezes oferecem pouco mais que este nome quando estão em campo. Como ocorreu com Luiz Adriano, para ficar apenas em um exemplo recente (são muitos) do próprio Palmeiras.
Num país onde a temporada do futebol começa praticamente em abril, a pressa baseada no Mundial de Clubes não tem justificativa racional, seja porque o Mundial não é maior que o restante da temporada, seja porque, numa eventual decisão contra o poderoso Chelsea, as chances do Palmeiras passam bem mais por uma infinidade de outros fatores do que pela contratação de um único jogador – ou esse camisa 9 por acaso seria Robert Lewandowski?
Fazer uma bobagem agora pode comprometer a temporada inteira, e se é preciso esperar para contratar melhor, que assim seja.
O Palmeiras já deixou claro julgar necessária a contratação do camisa 9, e ela de fato é. A busca por nomes como Taty Castellanos e Alário aliada à chegada de jogadores úteis embora pouco badalados para outras posições indicam um clube atento ao mercado e que hoje busca seus reforços não por grife, mas por uma lógica baseada em estudo, prospecção e responsabilidade financeira – como deveria ser padrão.
Entre tantas cobranças e questionamentos possíveis, os que são feitos a Leila Pereira neste início de mandato não fazem muito sentido, embora seja preciso ponderar e compreender que sua gestão midiática, populista e ávida por likes colabore para isso.
Leila Pereira, ainda com pouco conhecimento sobre a dinâmica do futebol nacional, passa a impressão de ter se tornado presidente do Palmeiras em grande parte por vaidade, pela visibilidade que o cargo lhe dá. O absurdo post nas redes sociais em que ela praticamente atribui para si todos os méritos da guinada dada pelo clube nas gestões de Paulo Nobre e Maurício Galiotte é completamente desconexa da realidade.
Quem sabe as cobranças atuais, ainda que pouco fundamentadas, tenham pelo menos o mérito de conectá-la à realidade do futebol brasileiro. Uma realidade insensata e truculenta na qual o trabalho com discrição costuma ser muito bem vindo.
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