Para o Brasil, grandes na repescagem europeia não é sinal de alívio. Pelo contrário

Gian Oddi

A presença de importantes seleções europeias como Itália, Portugal e Suécia na repescagem das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo de 2022 serviu para que muita gente passasse a propagar devaneios a respeito de certa debilidade das principais forças do futebol no Velho Continente.

É fato que a atual campeã europeia, assim como a seleção de Cristiano Ronaldo (entre tantos outros talentos), irá disputar uma duríssima repescagem dentro de cinco meses. E também é fato que se uma delas ou mesmo as duas ficarem de fora da Copa do Catar o nível de dificuldade a ser encarado na competição pode vir a ser (um pouco) menor.

Entretanto, tratar isso como sinal de fraqueza dos selecionados europeus seguindo a distorcida lógica de um nivelamento por baixo porque “a campeã continental nem mesmo conseguir se classificar” é, no melhor dos casos, falta de informação.

Não faltou nem mesmo quem, com o intuito de ressaltar o nível do Brasil, usasse o fato de seleções como San Marino, Malta ou Cazaquistão disputarem as Eliminatórias Europeias para ironizar o nível da competição na comparação com a briga travada nas Eliminatórias Sul-Americanas entre suas 10 seleções – das quais metade deve ir ao Catar.

Não faz sentido algum.

Ronaldo lamenta
Ronaldo lamenta Getty Images

Ainda que seleções como as citadas acima joguem as Eliminatórias na Europa, elas não passam de figurantes cuja importância se dá, eventualmente, no cômputo de saldo de gols das equipes que as goleiam a cada rodada.

Bem mais significativo é notar que a disputa europeia obriga, por exemplo, a campeã continental a brigar por UMA vaga direta contra uma seleção como a Suíça, que chegou às quartas de final da Euro após eliminar ninguém menos que a França. Ou perceber que a Espanha, outro time de excelente futebol na Euro e na Nations League, precisou disputar sua vaga contra a Suécia – correndo risco de ir à repescagem até os minutos finais de sua derradeira partida.

Se o formato (um tanto quanto enfadonho) das Eliminatórias Sul-Americanas tem o mérito de ser indiscutivelmente mais justo e fazer com que avancem as melhores seleções do continente, o formato europeu, até por necessidade devido ao grande número de equipes, acaba por funcionar melhor como preparação à Copa, por maior similaridade com o Mundial.  

Não há o que se discutir em relação ao bom nível de competitividade da seleção brasileira e suas chances de conquistar o título no Catar. São muitos os motivos para isso: o formato da Copa, a importância e respeito do Brasil, a qualidade de seu elenco e, por que não, o ótimo aproveitamento de Tite, com 50 vitórias, 12 empates e apenas 5 derrotas com a seleção.

Reafirmar suas chances de título, porém, não deveria hoje significar favoritismo. Sobretudo, e apesar dos resultados das Eliminatórias, pela comparação do futebol das melhores seleções europeias com o futebol jogado pelo time de Tite.

O mesmo Tite que, aliás, por tantas vezes já lamentou e continua lamentando que o calendário da Uefa o impeça de enfrentar seleções da Europa durante sua preparação. Afinal, ao contrário dos que defendem cegamente o próprio técnico ou a seleção brasileira, Tite assiste atentamente às partidas de seus rivais e sabe muito bem de onde virão os adversários mais duros na briga pelo hexa. 


 
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Ronaldo garantirá em prêmios ao United pelo menos mesmo valor que o clube pagou por ele à Juventus

Gian Oddi

Apesar da liderança em um dos grupos mais difíceis da atual Champions League, o futebol do Manchester United não convence. Em quatro jogos disputados, foram duas vitórias (contra Villareal e Atalanta), um empate (também contra a Atalanta) e uma derrota (contra o Young Boys). Sete pontos conquistados.

O curioso é que, dos sete pontos, nada menos que cinco foram garantidos por gols de Cristiano Ronaldo já nos finais dos jogos: ele fez um gol aos 50 minutos do 2º tempo na vitória por 2 a 1 contra o Villareal, outro aos 36 do 2º na vitória por 3 a 2 sobre a Atalanta em casa e, por fim, no empate por 2 a 2 desta terça fora de casa, mais um aos 46 do 2º, novamente contra os italianos.

Pelo fato de os gols terem saído todos nos finais das partidas, não é exagero algum dizer que o português transformou dois empates em duas vitórias e uma derrota em um empate nesta fase de grupo da Champions League.

O último gol de Cristiano Ronaldo contra o Manchester City com a camisa do United

         
     

Segundo a tabela de premiações estipulada pela Uefa, uma vitória na fase de grupos garante ao time vencedor 2,8 milhões de euros (cerca de R$ 18,4 milhões), enquanto um empate vale 930 mil euros (cerca de R$ 6,1 milhões). A diferença do que o United receberá com duas vitórias e um empate (6,53 milhões) para o que receberia com dois empates e uma derrota (1,86) é, portanto, de 4,67 milhões (cerca de R$ 30,7 mi).

Também vale notar como estaria a classificação do grupo sem os três gols de Ronaldo marcados nos minutos derradeiros das partidas: Atalanta e Villareal teriam 8 pontos cada, o Young Boys estaria com 3 e o Manchester United, virtualmente eliminado, teria apenas 2 pontos.

Dessa forma, também não é exagero dizer que a classificação da equipe inglesa, muito bem encaminhada após o empate desta terça e um jogo para fazer em casa na última rodada contra o Young Boys, só se dará devido aos gols de Ronaldo. Uma classificação que, pela tabela de premiação da Uefa, vale nada menos que 9,6 milhões de euros.

Somada a mencionada diferença de premiação pelos resultados na fase de grupos e o valor agregado pelo iminente avanço às oitavas temos, por causa dos gols do português, nada menos 14,27 milhões de euros garantidos na conta do Manchester United, clube que, segundo anúncio oficial feito pela Juventus, pagou ao time italiano 15 milhões de euros para contratá-lo.

E aí, compensou? Lembrando que ainda há muita Champions para ser disputada e, portanto, muito dinheiro a ser distribuído...

Só com gols no final, Ronaldo transformou dois empates em vitórias e uma derrota em empate
Só com gols no final, Ronaldo transformou dois empates em vitórias e uma derrota em empate Matthew Peters/Manchester United/Getty I

 
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Se não forem covardes, invasores gremistas ainda estão em tempo de provar suposto amor pelo clube

Gian Oddi


Imbecis como os que deram voadoras em monitores, se engalfinharam com cabos de energia e massacraram pedaços de acrílico no último domingo, na Arena do Grêmio, não são exclusividade da torcida gremista, nem do futebol, tampouco do Brasil. Eles estão por toda parte, são onipresentes, como podemos comprovar diariamente ao caminhar pelas ruas, ler jornais ou acessar a Internet.

Era, portanto, presumível que os imbecis estivessem também na Arena do Grêmio no jogo deste domingo contra o Palmeiras. Estando o time gaúcho na situação que está, não chegava a ser difícil prever que eles agissem como agiram, o que por sua vez torna óbvia a falta de efetivo policial ou de seguranças particulares suficientes para combater a inevitável estupidez humana.

Fossem os invasores um bando de egocêntricos tentando satisfazer suas vaidades em busca de algum protagonismo ou meros frustrados desopilando no estádio a revolta por suas vidas vazias e sem sentido, as duas ou três dezenas de torcedores provavelmente passaram a noite porto-alegrense a se vangloriar pelo feito e a justificar suas atitudes infantis sob o pretexto da “paixão pelo Grêmio”.

Torcedores gremistas invadem o campo após o final de Grêmio x Palmeiras
Torcedores gremistas invadem o campo após o final de Grêmio x Palmeiras Raul Pereira/AFP/Getty Images

Pois, se é assim, ainda está em tempo de os atores do patético episódio provarem seu suposto amor pelo clube, deixando a covardia de lado e se apresentando ao Grêmio para assumir o que fizeram: entreguem ao clube seus números de RGs e endereços para que que os mesmos sejam repassados às autoridades, responsabilizem-se pessoalmente pelos atos cometidos e não façam o Grêmio pagar por seus erros pessoais.

Afinal, diante da incompetência das autoridades do futebol (e não só) brasileiro em identificar e punir criminosos, esta é provavelmente a única chance de o clube gaúcho não ser prejudicado com a perda de mandos de campo, o que complicaria ainda mais a sua já suficientemente complicada reta final de campeonato.

Bem mais corajoso do que agir com a certeza da impunidade como fizeram os invasores da Arena do Grêmio no último domingo é assumir as consequências do que fizeram para pagar pelos próprios atos. Contudo, para desgosto do Grêmio e de seus milhões de torcedores que não compactuam com o que aconteceu, é de se desconfiar que, entre a coragem e a covardia, os invasores do domingo ficarão com a segunda opção.


 
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Renato Gaúcho é outra prova da supervalorização dos técnicos num cenário onde eles (ainda e infelizmente) fazem pouca diferença

Gian Oddi

É questionável que um técnico de futebol não demonstre a menor capacidade de explicar, numa entrevista, suas decisões, mudanças e preferências táticas após uma partida. E é por isso que sempre me pareceu no mínimo estranho tanta gente atribuir às mudanças e escolhas estratégicas de um treinador como Renato Gaúcho os melhores momentos do Flamengo sob seu comando.

Renato pode ter – e provavelmente tem - suas qualidades como técnico, sobretudo para aquilo que os jogadores exigem de um treinador no Brasil. Entretanto, sua capacidade de leitura de jogo, de escolher, montar e alterar a equipe baseando-se em conceitos táticos elaborados nunca foi e, diante do seu desinteresse pelo tema, provavelmente nunca será seu forte.

Há tempos vivemos no Brasil uma supervalorização do trabalho dos treinadores do ponto de vista tático, atribuindo primordialmente a essas escolhas os méritos ou deméritos pelos resultados dentro de campo, como se os aspectos técnicos, psicológicos, físicos e até metafísicos tivessem uma parcela menos significativa nos números que o placar mostrará após o apito final – o que não é verdade.

Renato no Fla: ele merecia os elogios recebidos há poucas semanas?
Renato no Fla: ele merecia os elogios recebidos há poucas semanas? Alexandre Vidal/Flamengo

Não deixa de ser ainda mais curioso que isso ocorra justamente num país onde a capacidade dos treinadores não é nem de longe um diferencial na relação com outras praças importantes do futebol mundial.

Nossa escola de técnicos, é preciso admitir, ainda não faz cócegas em escolas como a italiana, portuguesa, argentina ou alemã. Mesmo assim, é por aqui que impera uma espécie de tecnicocentrismo: sob argumentações vagas como “falta padrão”, “não faz um bom trabalho” ou “não vemos evolução”, tudo é quase sempre responsabilidade das escolhas táticas dos treinadores, o que explica suas constantes e infinitas demissões.

Não se trata de refutar a importância do treinador em pleno século 21. Não faria sentido algum, por exemplo, negar que trabalho tático de um técnico como Pep Guardiola (é só um exemplo) faz toda diferença nos resultados finais de um time por ele dirigido. Assim como não fazia sentido algum atribuir grandes méritos táticos a Renato Gaúcho ou esperar dele, para o futuro, grande brilho nesse aspecto.

Torcida do Flamengo xinga Renato Gaúcho e grita por 'Mister' Jorge Jesus no Maracanã


A recente prevalência das análises e da leitura do futebol no Brasil sob o aspecto tático talvez tenha surgido, compreensivelmente, como contraposição à pobreza que por anos imperou nessas mesmas análises. Mas não se pode forçar a barrar: ao exaltar (ou depreciar) trabalhos de técnicos com tanta facilidade o que se constata é uma completa aleatoriedade no que é classificado como “sucesso” ou “fracasso” desses mesmos técnicos por aqui.

O gênio de hoje é o burro de amanhã (Valentim?), o burro de hoje é o gênio de amanhã (Renato, se campeão da Libertadores?). Tudo dependerá dos resultados: méritos ou deméritos táticos em seus trabalhos sempre serão encontrados, ainda que não sejam eles a decidir os jogos. E dessa forma os principais responsáveis pelos sucessos ou insucessos serão quase sempre os técnicos, mesmo num país em que eles, ainda e infelizmente, fazem pouca diferença.


 
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À espera da aurora boreal, brasileiro do Bodo resume goleada na Roma: 'Maior vitória da história do clube'

Gian Oddi
A pequena cidade de Bodo, na Noruega
A pequena cidade de Bodo, na Noruega divulgação (site oficial Bodo)

Não são poucos os jogadores de futebol de várzea que sonham um dia poder jogar futebol profissionalmente na Europa. São bem menos, porém, aqueles que imaginam a possibilidade de exercer a profissão praticamente dentro do Círculo Polar Ártico, numa pequena cidade de cerca de 55 mil habitantes bem ao norte da bela e gelada Noruega.

Foi esse o destino de José Vitor Rodrigues da Silva dos Santos, conhecido como Pernambuco, atacante de 23 anos do pequeno Bodo-Glimt, atual (pela primeira vez) campeão norueguês e que conquistou nesta última quinta-feira um dos maiores feitos dos seus 105 anos de existência: uma goleada por 6 a 1 sobre a Roma, de José Mourinho, pela fase de grupos da recém-criada Uefa Conference League, competição oficial da Uefa.

“A torcida foi à loucura porque essa foi a maior vitória da história do clube. Em todos os jogos por aqui os torcedores fazem muita festa. Mas desta vez foi especial porque foi contra uma grande equipe, a Roma, e com um treinador como o Mourinho. Foi espetacular”, afirmou o único brasileiro do elenco, que ficou no banco durante todo o confronto.

Vitor, atacante do Bodo-Glimt, na cidade de Bodo
Vitor, atacante do Bodo-Glimt, na cidade de Bodo arquivo pessoal do jogador

Aos 23 anos, Vitor, que depois de descoberto na várzea só atuou profissionalmente por Portuguesa e Jaguariuna em território brasileiro, jogou também no Lyiv, da Ucrânia, e no Dínamo Tblisi, da Geórgia, antes de ser emprestado pelo campeão georgiano ao Bodo-Glimt, em março deste ano.

Apesar de viver numa cidade próxima ao Polo Norte, com cenários tão isolados quanto espetaculares, Vitor explica que não conseguiu explorar a região por um problema bem conhecido por seus colegas brasileiros: “Não tive tempo de conhecer muito por aqui porque é muito jogo, a cada três dias: domingo, quarta, domingo... Mas andei pela cidade e ela é muito bonita!”

Apesar do frio (temperatura média anual de 2,4º celsius) e do isolamento, Pernambuco conta que não titubeou quando recebeu a proposta para jogar em Bodo: “Não pensei duas vezes porque era o time campeão nacional e que ia jogar a Champions League [eliminado na fase preliminar do torneio, pela qual o brasileiro chegou a marcar um gol, a equipe ganhou o direito de jogar a Conference League]”.

Aurora Boreal em Bodo, Noruega
Aurora Boreal em Bodo, Noruega divulgação (site oficial Bodo)

Apesar da aproximação do mês de dezembro, quando os dias em Bodo passam a ter menos de 2 horas de luz solar a cada 24, Pernambuco não parece muito preocupado com eventuais dificuldades de adaptação. E não só porque seu time está na liderança tanto no Campeonato Norueguês como em sua chave na Conference League.

Mas também porque, com a escuridão que vem por aí, aumentam suas chances de ver a aurora boreal, o deslumbrante fenômeno óptico comum em regiões polares: “Eu já vi a aurora boreal, é um negócio muito bonito, incrível. Estou querendo ver de novo, só que ela não apareceu mais”.


Veja os gols de Bodo-Glimt 6 x 1 Roma


Vitor comemora gol contra o Legia Varsóvia, pela Champions League
Vitor comemora gol contra o Legia Varsóvia, pela Champions League arquivo pessoal do jogador


 
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O inferno de Tite são os outros

Gian Oddi

O fato de os últimos dois jogos da seleção brasileira terem coincidido com as semifinais e finais da Nations League escancarou aquele que é hoje, a pouco mais de um ano da disputa da Copa do Mundo do Catar, o grande problema do time de Tite: a diferença entre o futebol jogado pela sua equipe na comparação com seus principais concorrentes.

Durante muito tempo, o contra-argumento "mas quais seleções jogam um grande futebol no planeta?" parecia razoavelmente válido para relativizar quaisquer críticas mais contundentes que fossem feitas à seleção brasileira – e não apenas à comandada por Tite.

Mas o cenário mudou.

Neymar em ação contra a Colômbia: outra fraca atuação da seleção
Neymar em ação contra a Colômbia: outra fraca atuação da seleção Juan Barreto/AFP via Getty Images

Hoje a França, ainda que longe de atingir seu potencial máximo, é campeã mundial e da Nations League sobretudo pela enorme qualidade individual de estrelas como Mbappé, Benzema e Pogba. Qualidade superior à de um Brasil que parece ainda depender dos lampejos de Neymar.

A Itália, campeã europeia, se não conta com estrelas do nível de Mbappé, Neymar, Messi ou Cristiano Ronaldo, tem um alto padrão de jogo forjado pelo técnico Roberto Mancini, o que, aliado a uma boa geração de jogadores, produz o suficiente para lhe colocar também à frente dos brasileiros no nível de futebol jogado.

Caso similar ao da Espanha de Luis Enrique e seus jovens comandados, um time que perdeu a final da Nations League para a França e foi eliminada pela campeã Itália nas semifinais da Euro, mas que, em ambas ocasiões, produziu mais que seus adversários.

A Bélgica, coletivamente, também não parece ficar atrás da seleção brasileira, e tem não apenas um, mas dois jogadores com enorme capacidade de decidir jogos – De Bruyne e Lukaku, para não falar de um decadente (mas ainda recuperável?) Hazard.

Outras seleções, ainda que não possam ser colocadas categoricamente num patamar acima do da seleção brasileira, também não parecem estar abaixo dela por aquilo que produzem atualmente.


É o caso de Portugal, outra equipe cujo técnico não parece extrair o potencial máximo de seu grupo, mas que conta com talentos que vão além de sua estrela máxima, Cristiano Ronaldo; da Argentina de Messi, campeã sul-americana (no Brasil) que passa por inegável evolução nos últimos dois anos; da Inglaterra com sua jovem e promissora geração; e até da Alemanha, que parece ter deixado de lado seus piores momentos após a chegada de Hansi-Flick.

O fato de a seleção brasileira ter parado de evoluir e estar jogando mal nas eliminatórias evidentemente não significa que ela não seja competitiva, como mostram seus próprios resultados, e que não possa ganhar um torneio de tiro curto como a Copa do Mundo no final do ano que vem.

Em campeonatos assim, como a história já cansou de mostrar, o imponderável, as eventuais ausências, as arbitragens ou mesmo a sorte podem ser determinantes para se definir vencedores, derrotados e campeões.  

A quase um ano da Copa do Mundo, porém, está claro que a seleção brasileira não consegue jogar mais futebol do que pelo menos oito (!) de seus concorrentes. O cenário, certamente, poderia ser mais promissor.


 
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Mbappé falou. E fez muito barulho por pouco (futebol também)

Gian Oddi


O barulho não foi pouco, mas a tão repercutida entrevista de Kylian Mbappé à rede RMV Sport, na verdade, não traz respostas tão polêmicas quanto sua ressonância poderia fazer crer.

Mbappé admitiu o desejo que tinha de deixar o PSG no último mercado, o que não surpreende absolutamente ninguém que tenha acompanhado os fatos amplamente divulgados no último ano.

Mbappé não negou ter reclamado por Neymar não lhe passar a bola, e negar algo do gênero, diante das imagens exibidas por televisões de todo o mundo, seria como negar em 2021 que a terra é redonda (ops).

Mbappé disse, sim, que poderia correr enquanto o Messi andava em campo, mas não sem antes afirmar não ter qualquer problema com isso por entender que existe uma “hierarquia estabelecida” no futebol.

Mbappé: sua entrevista à RMC Sport repercutiu no mundo todo
Mbappé: sua entrevista à RMC Sport repercutiu no mundo todo Divulgação

Esta sobre Messi não foi a única ressalva, digamos, diplomática feita pelo francês, que também afirmou saborear cada momento de atuação ao lado do craque argentino, com quem há pouco considerava ser um sonho impossível jogar ao lado.

Sobre a tentativa de ida para o Real, Mbappé ressaltou que pretendia sair deixando boa compensação financeira ao PSG (que parece não se importar muito com isso). No caso de Neymar, disse que a reclamação não foi inédita, que episódios parecidos são corriqueiros, e que respeita e admira o brasileiro.

A verdade é que a entrevista de Mbappé repercutiu muito mais pelos nomes nela envolvidos do que pelo teor das falas do craque francês.

Afinal, se montar um time com três dos quatro melhores jogadores do mundo traz inúmeras e óbvias vantagens para quem os contrata, um dos ônus é lidar com a desproporção (muitas vezes negativa) de tudo que envolve seus atletas dentro e fora de campo.

O problema maior neste início de trajetória do renomado trio é justamente que a desproporção do barulho gerado fora dos gramados esteja se dando também, e apesar dos resultados, em relação ao futebol jogado dentro dele.

Não quer dizer muito, claro. Trata-se apenas do início de um time que, pela absurda qualidade, ainda pode e deve deslanchar, possivelmente com Messi, Neymar e Mbappé funcionando bem, coletivamente, juntos. 

O protagonismo do milionário e badalado trio parisiense, porém, é hoje inevitável de qualquer forma: enquanto ele não ocorrer dentro campo, ocorrerá fora dele.


 
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Espetáculo de Pedro tornou ainda mais insensato tudo que veio antes dele no Maracanã

Gian Oddi

Flamengo x Grêmio pelas quartas de final da Copa do Brasil era até então o que alguns gostam de chamar, usando uma apropriada metáfora de guerra, de "batalha campal", enquanto outros, mais compreensíveis com a lógica vigente por aqui, preferem definir como "jogo tenso e brigado".

O fato é que mesmo se tratando de um confronto já decidido, uma mera formalidade de tabela, até o momento da entrada de Pedro, as reclamações, empurrões, brigas e tentativas de esperteza superavam em boa medida o desejo de jogar futebol por parte dos 22 atletas dentro de campo no Maracanã.

A má arbitragem – que já não deveria ser novidade – era, como de costume, a justificativa para a desnecessária, ineficaz e cansativa atitude dos atletas. Porque afinal é essa a lógica imperativa nos campos de futebol do Brasil: se a arbitragem já é ruim, por que não a tornar ainda pior e mais conturbada?

Acontece que, aos 15 minutos do 2º tempo, Renato Gaúcho resolveu colocar Pedro para jogar futebol. O ótimo centroavante reserva do Flamengo entrou em campo para substituir o também ótimo, mas sempre irritado e reclamão, Gabigol.

Pedro: com foco na bola, ele decidiu o jogo no Maracanã
Pedro: com foco na bola, ele decidiu o jogo no Maracanã Marcelo Cortes / Flamengo

Para surpresa de praticamente todos os que em campo viam no time adversário um inimigo para exterminar a qualquer custo, a primeira atitude de Pedro após entrar foi, sorrindo, correr para dar um caloroso abraço em Rafinha, agora gremista mas até pouco tempo atrás seu ex-companheiro de Flamengo.

A partida seguiu e Pedro seguiu na boa, buscando a bola e não o árbitro. Buscando jogar e não gritar. Exibir técnica e não virilidade. O que veio a seguir todo mundo viu: foi o jogador mais disposto a jogar bola que decidiu a partida com a linda bicicleta do lance do pênalti e os dois gols da vitória rubro-negra.

Deve ter sido uma surpresa para seus colegas em campo, mas Pedro mostrou que, por mais maluco que pareça, é possível ganhar um jogo de futebol jogando futebol.

Pedro entra e decide o jogo no Maracanã. Assista:


 
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Recorde atingido por Messi após superar Pelé é (apenas) um fato

Gian Oddi

Ao fazer os três gols da vitória argentina sobre a Bolívia pelas eliminatórias da Copa do Mundo, Lionel Messi chegou aos 79 marcados com a camisa de sua seleção, superando Pelé – que tem 77 gols feitos pelo Brasil –, e tornando-se assim o recordista de gols marcados por uma seleção sul-americana na história do futebol.

Este é um fato, incontestável e sem margem para interpretações. Um fato que não permite grandes ilações e que não traz em si qualquer significado oculto, mas um fato evidentemente digno de registro e que não à toa tomou o espaço de manchetes no mundo todo.

Messi faz três contra a Bolívia e supera recorde de Pelé; assista


Quando Cristiano Ronaldo recentemente superou o iraniano Ali Daei como o maior artilheiro de seleções da história do futebol, não houve qualquer discussão, relativização ou debate que gerasse comparações entre os jogadores evidentemente incomparáveis.

O mesmo não ocorre no caso do recorde sul-americano, que devido às monstruosas qualidades do atual e do antigo recordistas, além da sempre inflamada rivalidade entre brasileiros e argentinos, acaba por gerar uma série de comparações e relativizações na esteira do recorde.

Há quem argumente, com absoluta razão, que Messi precisou de 62 jogos a mais que Pelé para superar o brasileiro. O que também pode ser relativizado, com igual sentido, ao comprovarmos que a média de gols por jogos nos tempos do craque brasileiro era bem superior à média atual de gols por partida.

Ainda que diversos argumentos possam ser encontrados para tentar equiparar Messi com Pelé, este mais novo recorde pouco ou nada influencia e não serve como grande argumento para quem pretende fazê-lo.

Tanto que é bem possível, para não dizer provável, que Neymar venha a superar não apenas Pelé mas também o próprio Messi nesta mesma relação, o que não deve ser jamais capaz de colocá-lo no patamar nem de um e nem do outro, faça o que fizer o atual camisa 10 da seleção na reta final de sua carreira.

Comparações no futebol são muitas vezes divertidas e, em outras, até interessantes. Pode até ser o caso deste Messi x Pelé, que para muitos é um sacrilégio, uma comparação proibida. Esteja você do lado que estiver, porém, é preciso admitir: o recorde desta quinta é somente um fato importante.

Messi, em jogo no qual fez três gols contra a Bolívia
Messi, em jogo no qual fez três gols contra a Bolívia JUAN IGNACIO RONCORONI/POOL/AFP



 VEJA O RANKING DE GOLS MARCADOS POR SELEÇÕES:

Mais gols por seleções da América do Sul:
1. Messi (Argentina) - 79 gols
2. Pelé (Brasil) - 77 gols
3. Neymar (Brasil) - 68 gols
4. Luis Suárez (Uruguai) - 64 gols
5. Ronaldo (Brasil) - 62 gols
6. Romário (Brasil) - 55 gols
7. Gabriel Batistuta (Argentina) - 54 gols
8. Edinson Cavani (Uruguai) - 53 gols

Mais gols por seleções no mundo:
1. Cristiano Ronaldo (Portugal) - 111 gols
2. Ali Daei (Irã) - 109 gols
3. Mokhtar Dahari (Malásia) - 89 gols
4. Ferenc Puskás (Hungria) - 84 gols
5. Godfrey Chitalu (Zâmbia) e Lionel Messi (Argentina) - 79 gols
6. Hussein Saeed (Iraque) - 78 gols
7. Pelé (Brasil) - 77 gols


 
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Recorde atingido por Messi após superar Pelé é (apenas) um fato

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Sobre dívidas, mecenas, irresponsabilidade e transparência

Gian Oddi

Sinal dos tempos, hoje são poucos os temas capazes de tirar torcedores do sério como ocorre quando se questiona a capacidade de um clube de futebol contratar jogadores sem desequilibrar suas finanças e sem comprometer, pelo menos em tese, o seu futuro.

Como não estamos falando de um país no qual os clubes costumam ser punidos por inadimplência, criou-se no Brasil um fato curioso: torcedores preocupam-se apenas com as finanças dos rivais e nunca com as do seu próprio clube.

A lógica, embora em parte equivocada, é simples: há pouco o que temer. Seja pelo eterno socorro governamental, pela infinita rolagem de dívidas ou pela falta de pulso e critério da CBF ao barrar inscrições de clubes quebrados, a bancarrota não gera temor por suas consequências. É melhor um time forte e um clube quebrado a um clube são com time mediano.     

Diego Costa, Calleri, Willian e mais: a 'louca' janela de transferências do futebol brasileiro; veja


O clamor pelo Fair Play Financeiro, a contestação sobre o mecenato e o inconformismo com as dívidas têm, para muita gente, uma única função relevante: impedir os adversários de contratar bons jogadores, tornarem-se competitivos e conquistarem títulos. Para os times rivais, a responsabilidade; para o meu time, a ousadia.

“Ousadia” é o termo, porque na esteira da ira dos torcedores surgem teses simplistas (e muito populares, cheias de likes) de que “é preciso investir muito para obter retorno”. De que gastar é necessário para voltar a crescer. Embora a ideia faça sentido em cenários específicos, ela não deveria ser aplicada num contexto de dívidas imorais, prioritárias, por exemplo com assalariados cujas rendas mensais não representam um milésimo da renda mensal do jogador renomado que pode chegar.

Soluções para problemas do gênero, sobretudo nos clubes com enorme capacidade de gerar receita, são inúmeras. Você pode encontrar um mecenas que resolva lhe ajudar e que, contratualmente, esteja disposto a assumir o prejuízo no caso de os planos não darem certo; pode encontrar novos patrocinadores; pode enxugar as despesas, renegociar todas suas dívidas e provar que, sim, será possível pagá-las mesmo contratando alto; pode usar a criatividade para buscar novas receitas; pode fazer muita coisa, muita coisa mesmo.

Seja qual for a solução encontrada, porém, é preciso ser transparente e, dentro do possível, abrir os números, planilhas e planos; explicar com detalhes o que se pretende fazer; apresentar esses planos abertamente àqueles com capacidade de interpretá-los e questioná-los para que, sempre no campo da teoria, o torcedor possa se sentir seguro com aquilo que está sendo feito no seu clube de coração.

Essa transparência, porém, é a última coisa que se exige de um dirigente de futebol brasileiro. Primeiro porque os clubes não pagam, literalmente, por seus erros. E também porque, pelo menos com seu torcedor, estará tudo bem se um novo craque chegar no fim do mês.

Sede da CBF, no Rio de Janeiro
Sede da CBF, no Rio de Janeiro Lucas Figueiredo/CBF

 
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Sobre dívidas, mecenas, irresponsabilidade e transparência

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Vinicius Jr., Gabriel Jesus e a tristeza dos que amam odiar

Gian Oddi


Gabriel Jesus e Vinicius Jr. são, além de dois ótimos jogadores de futebol, duas figuras adoráveis que atuam em dois dos mais importantes clubes de futebol do mundo. Não deveria haver, portanto, nenhum motivo que levasse torcedores de qualquer time do Brasil a nutrir qualquer tipo de sentimento negativo em relação aos dois atacantes brasileiros que tão bem representam o país lá fora.

Ambos chegaram lá através do próprio talento e esforço. Cada um à sua maneira, são exemplos também pela postura que tiveram ao desembarcar para jogar futebol em duas das ligas mais importantes do planeta: souberam, e ainda sabem, esperar; entendem que a badalação vivida por aqui no início de suas carreiras em nada os ajudaria na Europa; têm a consciência de que não ser “o melhor” não significa ser irrelevante.

Ao contrário de tantos jogadores que desembarcam no futebol europeu e logo voltam por não entender as mudanças de contexto que vivem, Gabriel e Vinicius Jr. não têm arrogância alguma: foram à Europa para aprender, para ouvir e aproveitar as oportunidades que lhes fossem concedidas pelos melhores técnicos do mundo. Exatamente como ocorreu neste fim de semana, nos jogos de Manchester City e Real Madrid.

Gabriel Jesus no Manchester City
Gabriel Jesus no Manchester City Getty Images

Gabriel Jesus foi eleito o melhor em campo na goleada sobre o Norwich e, não bastasse isso, ouviu de Pep Guardiola, após o jogo, frases que levará para a vida toda e que poderá ostentar no seu currículo. Frases como: “A melhor coisa de ser um técnico de futebol é poder trabalhar com pessoas como o Gabriel. Ele nunca reclama, sempre faz o melhor possível, nunca desrespeita os colegas ou minhas decisões. Joga sempre feliz.”

Vinicius Jr., por sua vez, saiu do banco de reservas para fazer dois dos três gols do Real Madrid no empate com o Levante (veja no vídeo abaixo). Segundo a imprensa espanhola, o brasileiro conta com toda confiança do técnico Carlo Ancelotti, que já teria dado ao atacante importantes conselhos em relação às decisões que toma dentro da área – ele já fez 3 gols em apenas 55 minutos jogados no atual Campeonato Espanhol.

Veja os gols de Real Madrid x Levante!

    

Diante do talento e da postura do dois, seria muito difícil entender por que, sempre que seus nomes vêm à tona, uma infinidade de comentários negativos discutindo suas qualidades ou questionando seus futuros contamina o debate. Seria difícil, mas não é, porque estamos a cada dia mais habituados com o clubismo doentio e nocivo que tem contaminando tudo que envolve o futebol no Brasil.

É notável a tristeza na vida dos que amam odiar, dos que preferem celebrar as derrotas alheias às próprias vitórias, dos que buscam motivos para festejar o insucesso do outro na patética esperança de conseguir atrelá-lo a um rival. Vinicius Jr. e Gabriel Jesus não jogam mais por Flamengo e Palmeiras, aos quais certamente são gratos. Assim, contentar-se com o sucesso deles deveria ser o óbvio para qualquer fã de futebol no Brasil: não só pelo que estes garotos fazem em campo, mas por como são fora dele. Infelizmente, não é assim.    

Vinicius Jr. e Gabriel Jesus têm hoje muitos motivos para comemorar. As grandes atuações por seus clubes no fim de semana, o fato de vestirem duas das camisas mais importantes do futebol atual, o apreço de seus treinadores. Mas, além de tudo isso, eles têm que celebrar o sucesso profissional que os consolida como jogadores relevantes em um ambiente que, mesmo podendo não ser o ideal, é bem menos tóxico e contaminado do que o que temos vivido onde eles começaram suas importantes trajetórias.

Vinicius Jr comemora gol do Real Madrid
Vinicius Jr comemora gol do Real Madrid Getty Images

 
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Vai começar o Campeonato Italiano: listamos as 23 principais contratações da Série A até aqui

Gian Oddi

Vai começar o Campeonato Italiano da temporada 2021-22 e, dentre as novidades, muitas aparecem no comando técnico de alguns dos principais times do país: José Mourinho na Roma, Maurizio Sarri na Lazio, Simone Inzaghi na Inter de Milão, Luciano Spaletti no Napoli e até o brasileiro Thiago Motta no Spezia são algumas delas. Em campo, porém, os times ainda trabalham para se reforçar até o dia 31 de agosto, quando será encerrado o período para transferências de novos jogadores na Itália. 

Até esta data limite, novos reforços podem e devem ser anunciados. Contudo, a apenas dois dias do início do Italiano, que nesta temporada será exibido ao vivo pelos canais ESPN, Fox e pelo Star+, já é possível elencar aquelas que são, na avaliação do blog, as 23 contratações mais relevantes feitas até aqui pelos clubes que jogarão a competição (só não me pergunte por que 23). Confira abaixo a relação, que está em ordem alfabética e não de relevância. 

<strong>Principal reforço da Roma, Abraham abraça seu novo técnico, José Mourinho</strong>
Principal reforço da Roma, Abraham abraça seu novo técnico, José Mourinho divulgação A.S.Roma

 

Abraham (atacante, Roma) Após iniciar muito bem sua trajetória no Chelsea e perder espaço na última temporada, o jovem centroavante inglês chega por um alto preço com a missão de ocupar a vaga deixada por Dzeko no time de José Mourinho.


Arnautovic (atacante, Bologna) O centroavante da Áustria na última Euro – durante a qual chegou a ser suspenso por um gesto supremacista feito numa comemoração de gol – volta à Itália onde já vestiu (sem brilho) a camisa da Inter. A torcida o recebeu com festa e expectativa.

Caldara (zagueiro, Venezia) O zagueiro outrora bem mais badalado, que já jogou por Juventus e Milan, segue pertencendo ao clube milanês com seus 27 anos de idade, mas nesta temporada será emprestado ao time recém-chegado na Série A.

Çalhanoglu (meia, Inter) O meia turco, titular na última temporada do Milan, não muda de cidade mas muda de clube para assumir as funções que seriam provavelmente do dinamarquês Christian Eriksen, afastado (temporariamente?) por problemas cardíacos.

Cutrone (atacante, Empoli) Ex-Milan, Fiorentina, Valencia e Wolverhampton (a quem ainda pertence), o centroavante de apenas 23 anos tenta agora, emprestado para o Empoli, corresponder às expectativas geradas no início de sua carreira com a camisa milanista.

Demiral (zagueiro, Atalanta) Outro jogador que, aos 23 anos, jogará para confirmar a grande expectativa em torno de seu futebol. Chega por empréstimo da Juventus para substituir o argentino Cristian Romero, que foi para o Tottenham.

Dumfries (lateral, Inter) O lateral titular da seleção holandesa, aos 25 anos, chega bem credenciado, mas com uma dura missão: substituir o campeão italiano Hakimi, que foi negociado com o PSG por 70 milhões de euros para ajudar a equilibrar as finanças do clube.

Dzeko em ação pelo seu novo clube, a Inter
Dzeko em ação pelo seu novo clube, a Inter divulgação inter.it

Dzeko (atacante, Inter)
Após anos de namoro, o time milanês finalmente conseguiu a contratação do bósnio de muitos gols marcados com a camisa da Roma. Agora, porém, ele terá que substituir Lukaku na parceria com o argentino Lautaro Martinez.  

Felipe Anderson (meia, Lazio) Após passagens por West Ham e Porto, o meia brasileiro volta para jogar na Lazio, onde viveu o melhor momento de sua carreira, e será agora comandado pelo respeitado técnico Maurizio Sarri, ex-Napoli, Chelsea e Juventus.

Florenzi (lateral, Milan)* Aos 30 anos, o versátil lateral-direito da seleção italiana volta à Itália após passagens por Valencia e PSG, a quem estava emprestado. Para jogar no Milan, que o contratou da Roma, o jogador aceitou reduzir o seu salário.  

Giroud (atacante, Milan) O atacante francês campeão mundial e europeu chega do Chelsea para ser em princípio uma alternativa ao sueco Zlatan Ibrahimovic. Uma parceria entre os dois, contudo, também não foi descartada pelo técnico Pioli.  

Kaio Jorge (atacante, Juventus) Com apenas 19 anos, o brasileiro rejeitou uma proposta do Benfica para assinar com a Juve até 2026. Porém, num elenco tão renomado, precisará mostrar muito serviço para ganhar espaço logo de cara.

Locatelli (meio-campista, Juventus) Foi talvez a maior novela do mercado italiano. Após muito esforço, finalmente, a Juve conseguiu tirar do Sassuolo o meio-campista que aproveitou muito bem seus minutos em campo com a seleção italiana no título da última Euro.  

Maignan (goleiro, Milan) Repor a saída de Donnarumma era difícil. Mas, dentro das suas possibilidades, o Milan fez boa aposta ao tirar o goleiro de 26 anos do Lille, surpreendente campeão francês na última temporada.

Matheus Henrique (meio-campista, Sassuolo) Recente time-sensação da Itália, que perdeu o técnico De Zerbi para o Shakhtar, o Sassuolo buscou reforços no Grêmio: além do bom volante, que iniciará a Serie A 2021-22, o zagueiro Ruan chegará em janeiro do ano que vem.    

Musso (goleiro, Atalanta) Para substituir Gollini, agora no Tottenham, a Atalanta buscou um dos goleiros campeões da Copa América com a Argentina e titular (em bom nível) com a Udinese nos últimos três Italianos.  

Nico Gonzalez (atacante, Fiorentina) Outro campeão sul-americano com a Argentina, o atacante multi-funções, adorado pelo técnico da albicesleste Lionel Scaloni, chega do Stuttgart muito festejado, por (no mínimo, sem os bônus) 23 milhões de euros.

Pedro (atacante, Lazio) Em campo, as atuações do ex-jogador de Barcelona e Chelsea pela Roma não foram boas. A relevância da transferência do espanhol, porém, é outra: após 40 anos, um jogador é negociado diretamente entre os rivais da capital italiana.      

Rui Patrício (goleiro, Roma) Pedido de José Mourinho, o goleiro titular da seleção portuguesa chega à capital italiana, do Wolverhampton, para assumir a camisa 1. Tudo indica que seu reserva imediato será o brasileiro Daniel Fuzato, ex-Palmeiras.

Shomurodov (atacante, Roma) Para contar com o atacante uzbeque que marcou 8 gols no último Italiano com a camisa do Genoa, a Roma pagou mais de 17 milhões de euros. Em princípio, porém, ele não chega para ser titular da equipe de Mourinho.   

Sirigu (goleiro, Genoa) O ex-goleiro do PSG, que foi titular do Torino nas últimas quatro edições da Serie A, chega a custo zero, assim como a maioria dos reforços contratados, para assumir a titularidade da equipe genovesa.

Strootman (meio-campista, Cagliari) Aos 31 anos, o meio-campista holandês, ex-Olympique de Marselha, vai defender seu terceiro clube na Itália: foram mais de cinco anos com a camisa da Roma e a última temporada jogada pelo Genoa.

Viña (lateral, Roma) Antes cobiçado pelo Porto, o ex-palmeirense, titular da seleção uruguaia, chega em Roma para ocupar o vácuo deixado pelo ótimo Spinazzola, que rompeu o Tendão de Aquiles na Euro e vai demorar a voltar aos gramados.

*Ainda não foi feito o anúncio oficial.

 
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JOGOS DO ITALIANO TRANSMITIDOS PELA TV NA 1ª RODADA
Sábado, 13h30 - Inter x Genoa, na ESPN Brasil
Domingo, 13h30 - Udinese x Juventus, na Fox Sports
Segunda, 15h45 - Sampdoria x Milan, na ESPN Brasil  

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Ele não quer dar show: por que PSG não parece o destino ideal para Messi

Gian Oddi



As lágrimas incontidas no adeus ao Barcelona. A calorosa recepção por parte dos torcedores parisienses. A generosidade do Fair Play Financeiro da Uefa com o PSG. O aluguel da Torre Eiffel. Os impactos em sua família. O vídeo de apresentação que mais parecia querer vender o Parc des Princes. O notável crescimento no número de seguidores nas redes sociais de seu novo clube. O novo cenário na disputa do prêmio de melhor do mundo. A escolha da camisa 30. Sua imagem sendo retirada de um enorme painel no Camp Nou. A amizade com Neymar e a rivalidade com Sérgio Ramos. O recorde de camisas vendidas em tão pouco tempo.

Não interessa qual a abordagem, qual o foco, mas Lionel Messi dominou o noticiário esportivo pelo planeta nos últimos dias. Tem sido impossível ouvir falar de futebol sem ouvir falar de Messi. Seu protagonismo é absoluto.

Tornar-se uma estrela dessa dimensão e ter voltados para si os holofotes do mundo inteiro parece ser o sonho de 10 entre 10 jogadores de futebol. Mas não é assim com Lionel Messi, que voluntariamente ou não resumiu em uma frase de sua primeira entrevista coletiva pelo PSG o momento que está vivendo: “Sinceramente, quero que tudo isso passe rápido”.

Messi durante apresentação ao PSG
Messi durante apresentação ao PSG Getty Images

Enquanto as outras estrelas deste esporte desfrutariam da badalação e da massagem no ego proporcionadas por uma das mais relevantes transações da história do futebol, Messi está desconfortável e só quer fazer uma coisa: jogar bola.

É um resumo de sua personalidade, da sua meta de vida, do seu desinteresse por quase tudo que não acontece dentro das quatro linhas de um campo de futebol. É também, de certa forma, uma explicação para o seu sucesso, que como se vê vai além de sua gigantesca aptidão, de sua genialidade.

É justamente por isso, contudo, que Lionel Messi pode passar a viver um dilema no PSG. Porque a mesma objetividade que demonstra ao priorizar o futebol em relação a tudo que acontece fora de um gramado, ele costuma demonstrar também em campo: seu jogo, embora genial, é pragmático e tem uma meta clara, que deveria ser a meta de todo jogador: chegar ao gol adversário.

Mesmo tendo toda capacidade do mundo para dar espetáculo, a Messi pouco importam as firulas, os lances supérfluos, a plasticidade. Assim como pouco importa ganhar tempo, provocar adversários, valorizar uma falta sofrida. Ele cai e levanta. E corre, vertical, com dribles e passes geniais, em direção à meta adversária. Messi não quer dar show, não quer aparecer, não quer posar de vítima. Ele quer chegar ao gol, ser o melhor e, claro, ganhar.  

É nesse ponto que jogar na França com a camisa do PSG não parece ser o destino ideal, embora provavelmente, por questões financeiras, fosse o único possível (ou quase).

No cenário nacional, Lionel Messi terá que se contentar com o que para ele parece nunca ter sido o mais importante: brincar de globe-trotter e, ao lado de Neymar, Mbappè e companhia, dar o espetáculo que o mundo todo está ansioso para ver.

É o que se espera do PSG. É o que se imagina de um verdadeiro dream team como não se vê há (no mínimo) 15 anos. O título de tudo que o PSG disputa na França, neste caso não se trata de contundência forçada ou sensacionalismo dizer, é mera obrigação devido à gigantesca diferença em relação aos competidores locais, uma formalidade para quem tem três dos quatro melhores jogadores do mundo.

Agora, Messi não terá um Real ou um Atlético de Madrid contra quem duelar, não terá a quem temer, contra quem disputar. Exceção feita aos (no máximo) 13 jogos da Champions League que pode fazer na temporada, seu desafio será lúdico. Tomara que lhe baste e que ele o supere com louvor. Amantes do futebol por todo o planeta irão agradecer. 


 
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Foi a vaidade, e não o desejo de explicar, que motivou a resposta de Daniel Alves

Gian Oddi

Sejamos sinceros: ninguém espera dos jogadores de futebol do Brasil qualquer tipo de posicionamento que não seja aquele de dentro de campo, o das variações táticas. Com raríssimas exceções, e por motivos que não vêm ao caso aqui, questionamentos sociais e políticos não fazem parte de suas rotinas nem mesmo quando o tema em questão é relacionado ao sistema no qual estão inseridos, o do esporte.

Diante disso, é de se supor que o fato de os jogadores de futebol da seleção olímpica terem subido ao pódio vestindo os uniformes da Nike/CBF com os agasalhos da Peak/COB escondidos e amarrados em suas cinturas não passa daquilo que costuma ser a atitude desses mesmos jogadores em suas rotinas diárias: pura submissão sem contestação. Alguém mandou que assim fosse, eles assim fizeram. Para os jogadores de futebol da seleção, afinal, seria térmica a única diferença entre utilizar a camisa ou o agasalho.

Brasil recebe o ouro no pódio do futebol masculino na Olimpíada
Brasil recebe o ouro no pódio do futebol masculino na Olimpíada Anne-Christine Poujoulat/AFP/Getty Imag

É bem provável que, ao acatar tal ordem, nenhum deles tenha imaginado que a atitude poderia gerar consequências negativas, no aspecto financeiro, até mesmo para atletas de outras modalidades cujas realidades são bem diferentes das suas no dia a dia de um ciclo olímpico.

Ao responder uma nota divulgada pelo COB sobre o caso, o sempre supersincero nadador Bruno Fratus fez questão de deixar isso claro através do Twitter: “A mensagem foi clara: não fazem parte do time e não fazem questão. Também estão completamente desconexos e alienados das consequências que isso pode gerar a inúmeros atletas que não são milionários como eles”, escreveu.

Daniel Alves não gostou e, ostentando o rótulo de capitão da seleção, inflou-se para responder exatamente assim em sua conta de Instagram: “Eu como capitão dessa equipe respeito todas as opiniões de atletas de outros esportes, porém tem coisas que nós também não aceitamos dentro do esporte. Não queremos ser diferente de ninguém, mas não aceitamos algumas imposições. Favor quando forem exigir alguma coisa pro seus esportes, respeitar o nosso…. até mesmo porque presamos para que haja uma igualdade dentro das modalidades ou pelo menos um equilíbrio. Não se faz reivindicações criticando outros esportes, devemos criar uma base sólida nas nossas teses para defender as nossas solicitações”.

Deixemos de lado o vazio e a desconexão de boa parte da resposta do capitão da seleção. Mesmo nos atendo àquilo que é possível compreender, seu teor não faz sentido algum, não explica nada. 

Afinal, a quais “imposições” eles não se submeteram? A de vestir o agasalho? Ora, não teriam os jogadores da seleção aceitado a “imposição” de amarrá-los na cintura? E basta reler o comentário de Bruno Fratus para perceber que o nadador não desrespeitou ou criticou um “esporte”, e sim uma atitude que pode prejudicar atletas em situações mais precárias. Não seria melhor para Dani Alves buscar entender a questão e, no caso de ela já tiver sido entendida, explicar melhor e de forma mais direta, sem clichês vagos, por que eles preferiram usar os uniformes da Nike aos da Peak, que foram utilizados por todos os outros medalhistas olímpicos do Brasil?

Está claro que Daniel Alves não estava interessado em dar respostas com fatos e explicações para que entendêssemos o porquê da postura. Provavelmente, bastaria dizer o óbvio: “Fomos orientados a utilizar apenas as camisetas e assim fizemos, sem imaginar que isso poderia ter consequências negativas para outros atletas. Os ataques que estamos recebendo são injustos, reclamem com a CBF ou com o chefe do futebol olímpico”. Pelo histórico dos jogadores já citado, ninguém duvidaria da versão.

Está claro, porém, que foi por absoluta vaidade que Daniel Alves preferiu posar de galo, bater no peito e dar uma resposta sem responder absolutamente nada. Afinal, era o suficiente para que, na sequência, recebesse vários elogios de seus companheiros capitaneados na seleção, também através do Instagram. Coisas do tipo: “Bom demais capita!”, “Craque craque e craque!”, “É isso capita!” ou “É todo mundo contigo capita!”

Bom saber que pelos menos aos outros jogadores da Seleção Brasileira a vaga resposta de Daniel Alves agradou. Já para quem pretendia entender os motivos que os levaram a usar as camisas e não os agasalhos.... 


 
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Daniel Alves fala sobre polêmica do uniforme usado no pódio olímpico e diz que 'futebol é diferente'

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Olimpíada revela como é miserável nossa relação com o futebol

Gian Oddi

Acabaram os Jogos Olímpicos de Tóquio e, como costuma acontecer ao fim de uma competição do gênero, a melancolia toma conta de quem ama esporte e se esforçou nas duas últimas semanas para seguir de perto e se emocionar diante de tudo que rolava do outro lado do mundo com o melhor do esporte e da desportividade. Para quem vive no Brasil e tem o futebol como sua maior paixão, então, a melancolia é ainda maior.

Porque ficarão para trás, guardados na memória, episódios em que atletas e torcedores derrotados entendem que ganhar e perder faz parte do esporte. Ficará para trás a compreensão de que só um pode ser o melhor, e que não o ser não é necessariamente um fracasso. Ficará para trás o companheirismo e respeito entre rivais. Ficarão para trás aqueles que não buscam nos erros dos outros, em geral dos árbitros, todas as justificativas para suas derrotas.

Letícia Bufoni e Rayssa Leal: skate deu show de esportividade na na Olimpíada
Letícia Bufoni e Rayssa Leal: skate deu show de esportividade na na Olimpíada JEFF PACHOUD/AFP via Getty Images

Não se trata de comparar modalidades esportivas e ignorar suas diferenças óbvias. Não faria sentido, num jogo de futebol, ver a camaradagem dos skatistas torcendo um pelo outro e colocando a curtição pelo esporte acima da busca por medalha. Ninguém exigirá o mesmo nível de respeito à arbitragem que vemos nas artes marciais ou a mesma amizade demonstrada entre os melhores saltadores do mundo. Ninguém cobrará abraços e beijos após uma disputa como vimos até mesmo em modalidades nas quais os atletas passam o tempo todo se espancando.

Olimpíadas de Tóquio: Veja como foi a cerimônia de encerramento


Não se trata tampouco de querer impor ao nosso futebol uma utopia olímpica, mas não faltam exemplos no mundo para nos mostrar que o respeito à modalidade mais popular do planeta poderia ser bem maior por aqui, que a nossa relação com o futebol poderia ser bem melhor e mais saudável, e isso vale tanto para dirigentes, jogadores e técnicos como para torcedores e jornalistas.

Seria já um grande passo partirmos do pressuposto que o futebol é um jogo, e que para vencê-lo é mais eficiente jogar futebol do que recorrer a pressões, reclamações, caretas ou intimidações. Ajudaria bastante aprender a perder e, sobretudo, não ultrapassar certos limites dentro e fora de campo para tentar vencer. Compreender que nem toda derrota é um fracasso, por mais que tratá-la assim possa dar mais audiência.

Nossa relação com o futebol tem sido pobre, triste, e isso diminuiu também a nossa capacidade de curtir seu lado bom. A supervalorização das derrotas (também por parte da imprensa esportiva) ajuda a tornar cada vez mais efêmeros os prazeres de uma conquista. A um time campeão, em questão de semanas, bastará perder dois ou três jogos pouco relevantes para ter seu técnico questionado e ficar apto a saciar o fetiche de torcedores e jornalistas pelo uso de termos como “vexame” e “vergonha”.

Ao mesmo tempo, o ódio pelo adversário parece ter se tornado o maior combustível na busca pela vitória. Esqueça a celebração no bar com os amigos. A meta é gritar “chupa” na janela do vizinho, é postar cuspindo ódio nas redes sociais. As mesmas redes nas quais os maus perdedores (em boa parte aqueles que viraram “especialistas” em arbitragem de surfe e judô durante a olimpíada) buscam desculpas para os insucessos de seus times.

A não ser que fossemos subitamente tomados por esse espírito olímpico, é assim, desse jeito miserável, que seguiremos nos relacionando com nosso futebol. Esqueçamos a Olimpíada. O show de espírito esportivo visto em Tóquio ficará para trás e nós voltaremos, infelizmente, a nos acostumar com essa nossa peculiar cultura esportiva. Pelo menos até 2024.


 
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Brasileiros avançam com bom futebol na Libertadores. E a Conmebol precisa ressaltar: é isso que conta

Gian Oddi

Com ótimas atuações em seus jogos de volta pelas oitavas de final da Conmebol Libertadores, Flamengo, Palmeiras e São Paulo se uniram ao Atlético-MG (de atuação pouco brilhante) e já estão nas quartas de final do torneio, que ainda podem contar com Internacional e Fluminense. Ou seja: dos oito times na próxima fase da competição, seis podem ser brasileiros.

Que os resultados são reflexo de maior potencial técnico e de maior capacidade de investimento das equipes brasileiras parece óbvio, tanto que os quatro times do país já classificados às quartas eram, antes mesmo de seus confrontos, pelos elencos que têm, os favoritos para avançar na competição.

Reflete-se assim, portanto, uma realidade relativamente nova da principal competição sul-americana de clubes: ao contrário do que imperou por décadas na Libertadores, ser melhor jogando futebol, entre as quatro linhas apenas, é cada vez mais relevante e suficiente para se atingir boas campanhas no torneio.

Cenas lamentáveis! Nos túneis do Mineirão, Boca e Atlético-MG entram em confronto, e grades e lixos são arremessados; veja

Apesar das reclamações de arbitragem favorável aos times brasileiros (algumas justas, outras, não), o lugar-comum de que “Libertadores se ganha nos bastidores”, “na catimba” ou “na porrada” vai aos poucos, de forma gradual, ficando para trás.

Há, porém, como se viu no segundo confronto entre Atlético e Boca Juniors, quem ainda encare a Libertadores como uma competição bélica, na qual um jogo de futebol, se não puder ser vencido com gols, será vencido com intimidações, socos, pontapés e depredações.

Não se trata de criar estereótipos sobre nacionalidades, de repetir clichês tolos e injustos, de querer rotular argentinos, uruguaios, brasileiros ou bolivianos.

Se trata tão somente de avaliar episódios específicos e dar a eles os tratamentos justos e necessários para confirmar o que é uma inegável, ainda que lenta, evolução na competição. Se a Conmebol tiver interesse em desfazer a ideia por tantos anos tão comum de que na Libertadores o futebol é um detalhe, ela não deveria ignorar ou minimizar o bizarro episódio de quarta-feira à noite no Mineirão.

A cobiçada taça da Libertadores
A cobiçada taça da Libertadores Twitter Oficial Conmebol


 
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Campeão por campeão: a análise de cada jogador na merecida (e coletiva) conquista da Itália

Gian Oddi

Campeã da Euro-2020 após a vitória nos pênaltis na decisão contra a Inglaterra, a Itália fez por merecer sua conquista mais que qualquer outra seleção. Não porque tenha jogado muito melhor que todos seus rivais, pois neste aspecto houve notável equilíbrio – e a Itália esteve, certamente, entre as melhores.

Também não é pelo fato de os italianos, na casa do rival, terem tido 65% de posse de bola na final e terem finalizado 19 vezes (6 no alvo) contra apenas 6 finalizações (2 no alvo) dos ingleses que a conquista se torna mais merecida. Estes números, afinal, são um reflexo do contexto que se apresentou na decisão após o gol inglês logo no início.

O título italiano é merecido, acima de tudo, porque o trabalho de seu treinador, Roberto Mancini, é de longe o melhor entre os treinadores das grandes seleções da Euro-2020.  Mancini transformou em campeã europeia, com uma invencibilidade de 34 jogos, uma seleção que não havia nem mesmo se classificado para a Copa do Mundo de 2018.

Comemoração italiana! Leonardo Bertozzi é 'atrapalhado' por rostos conhecidos comemorando título da Itália na Eurocopa


E  o fez sem grandes estrelas. Sem nomes como Mbappé, Pogba, Lukaku, De Bruyne, Cristiano Ronaldo ou Harry Kane. O fez com um elenco de bons jogadores (alguns dos melhores perdidos por lesões antes ou durante o torneio), mas que, no conjunto, se comparado, fica atrás de pelo menos quatro outras seleções que disputaram esta Euro.

O título da Itália é um título coletivo. O título de um grupo, acima de tudo. O que não nos impede de analisar, uma a uma, as participações dos 27 jogadores do elenco de Roberto Mancini na conquista:

Elenco italiano celebra com o goleiro Donnarumma após pênaltis defendidos na final
Elenco italiano celebra com o goleiro Donnarumma após pênaltis defendidos na final Twitter oficial Eurocopa

5 ESTRELAS

Donnaruma – eleito o melhor jogador do torneio, foi o campeão com mais minutos em campo e fundamental nas disputas de pênaltis contra Espanha e Inglaterra.

Jorginho – Apesar do erro no pênalti na final, foi o dono do meio-campo italiano durante toda a Euro e o jogador de linha que mais atuou entre o elenco campeão.

Bonucci e Chiellini – É justo manter a dupla da Juventus unida também nesta avaliação: segurança, experiência e liderança em dobro. Ter recuperado Chiellini após a lesão contra a Suíça foi essencial. E Bonucci ainda fez o gol de empate na decisão.

 

4 ESTRELAS

Spinazzola – Enorme na defesa e no apoio, era o melhor jogador da Itália até se machucar nas quartas-de-final contra a Bélgica.

Insigne – Ainda que se esperasse mais momentos brilhantes como o gol contra a Bélgica, deu muito trabalho às defesas adversárias durante toda Euro. O mais técnico ao lado de Chiesa.

Chiesa – Ganhou a vaga durante a Euro não por lesão de um titular, mas por desempenho técnico. Vinha muito bem na final até se machucar. Um dos cinco jogadores do elenco a marcar dois gols.

Verratti – Recuperou-se da lesão que colocou em dúvida sua participação na Euro e atuou bem o suficiente para manter Locatelli no banco de reservas.

 

3 ESTRELAS

Di Lorenzo – Ganhou lugar no time pela lesão de Florenzi e não saiu mais. Mesmo sem ser brilhante, foi defensivamente seguro em quase todos os momentos dos jogos eliminatórios.

Barella – Titular em todo o torneio, fez importante gol contra a Bélgica, mas não rendeu na seleção o mesmo que na Inter. 

Berardi – Fez ótima estreia contra a Turquia, mas depois acabou perdendo a vaga de titular graças ao bom rendimento de Chiesa. Virou opção importante no banco.

Emerson – Teve a dura missão de substituir Spinazzolla após sua lesão nas quartas. Ainda que sem o mesmo brilho, e apesar de início titubeante na final, cumpriu sua função.

Pessina – Tirando o jogo contra Gales, que pouco valia e no qual fez um gol, atuou por poucos minutos. Mas entra aqui pelo gol decisivo marcado nas oitavas contra a Áustria.

Immobile – Fez dois gols nos dois primeiros jogos, brigou muito, foi sempre titular, mas suas atuações foram bem abaixo da média do que costuma mostrar pela Lazio.

 

2 ESTRELAS

Locatelli – Titular nos dois primeiros jogos na ausência de Veratti. Teve atuação monstruosa contra a Suíça, quando fez dois gols. Depois disso, não chegou a somar 40 minutos em campo.

Acerbi – Substituiu o machucado Chiellini contra a Suíça, entrou também contra Gales e foi titular com boa atuação nas oitavas de final contra a Áustria.

Belotti – Substituto de Immobile, só foi titular contra Gales, mas entrou em outras 5 partidas. Contudo, não conseguiu marcar e ainda perdeu seu pênalti na final.

Toloi -   Jogou 20 minutos contra a Suíça, foi titular contra Gales e entrou nas partidas das quartas contra a Bélgica (bem no final) e na semi contra a Espanha (16 minutos + prorrogação).

Cristante - Jogou poucos minutos por partida, mas, exceção feita à semifinal contra a Espanha, participou de todas elas.

Bernardeschi - Só foi titular contra a Gales. Entrou na semi contra a Espanha e na final contra a Inglaterra, convertendo seus pênaltis nas disputas de penalidades dos dois jogos.

 

1 ESTRELA

Bastoni, Florenzi, Raspadori, Castrovilli, Sirigu e Meret - Com exceção de Meret, que nem chegou a atuar, todos jogaram por pelo menos um minuto no torneio, mas não foram peças fundamentais na conquista. Bastoni atuou o jogo toda contra Gales, em que a Itália cumpria tabela, e Florenzi, que seria o titular da lateral-direita na Euro, deixou o time após a lesão com 48 minuto de estreia para só voltar nos últimos minutos da prorrogação da final.


 
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Campeão por campeão: a análise de cada jogador na merecida (e coletiva) conquista da Itália

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Além de um inspirado Messi, Argentina encontrou sua tão cobrada base. Veja qual é

Gian Oddi

Lionel Messi é até aqui o artilheiro da Copa América. O líder de assistências. Das seis partidas disputadas pela Argentina, foi eleito o melhor em campo em quatro delas – contra Chile, Uruguai, Bolívia e Equador. Diante desses fatos, é normal que se crie a narrativa da messidependência e, mais do que isso, que se ignore qualquer evolução no trabalho de um técnico inexperiente como Lionel Scaloni.

A Argentina não é brilhante, assim como o (hoje favorito e bem mais consolidado) Brasil não o é, mas sua marca de 17 partidas de invencibilidade com 10 vitórias e 7 empates não pode ser atribuída apenas às atuações de Messi.

Scaloni definiu a base que tantas vezes foi acusado de não encontrar por mexer muito na equipe. Com critérios lógicos – aquilo que (não) fizeram nos seus clubes durante a temporada –, deixou de convocar nomes badalados como Dybala e Icardi. Pelo mesmo motivo, deu chances a jogadores como Dibu Martinez, Cuti Romero e Nico González, hoje seus titulares. Fez vários testes e com base neles tem definido escalações e alterações.

É o que se espera de um técnico de seleção. E de alguém com uma carreira curta como a de Scaloni não dava para esperar ou exigir muito mais.

Adriano detalha gol histórico contra Argentina na Copa América e admite: 'Dei uma cotovelada no cara, mas não pegou'; assista

     

Os argentinos vivem um tabu de 28 anos sem conquistas com sua seleção principal, o que muitas vezes faz com que se coloque num mesmo balaio trabalhos de níveis bem diferentes dos que dirigiram a Albicesleste nesse período. Um período no qual, já com Messi, a Argentina chegou a uma final de Copa do Mundo e três finais de Copa América (sem contar a atual) – todas elas perdidas, duas nos pênaltis.

No futebol, contudo, uma desafortunada derrota nas penalidades muitas vezes é capaz de condenar um bom trabalho da mesma forma que uma vitória imerecida é capaz de consagrá-lo. O desfecho da grande final deste sábado (10) pode, inclusive, ser o mesmo das últimas disputadas pela seleção argentina.

Uma nova (e até mais provável) derrota para o Brasil, porém, não deveria ocultar o fato de que uma nova base existe, sim. E é esta abaixo:

No gol, aproveitando-se do espaço deixado pela ausência de Franco Armani (River Plate) por causa da COVID-19 já nos últimos jogos das Eliminatórias, Emiliano Martinez (Aston Villa), após ótima temporada na Premier League, tomou a posição de titular e parece ter se consolidado no posto com as defesas dos três pênaltis diante da Colômbia na semifinal da Copa América.

As laterais talvez tenham sido e ainda sejam as posições com maiores dúvidas para Scaloni. Hoje, porém, o jovem Nahuel Molina (Udinese) parece estar um pouco à frente de Montiel (River Plate) do lado direito, enquanto na esquerda a escolha entre Tagliafico (Ajax) e Acuña (Sevilla) fica condicionada a uma ideia de jogo respectivamente mais ou menos prudente, de acordo com o adversário.

Entre os zagueiros, Cuti Romero (Atalanta), um dos melhores defensores do último Campeonato Italiano, tornou-se em poucos jogos pela seleção nome indiscutível entre os 11, ainda que não deva jogar contra o Brasil por problemas físicos. Talvez para compensar sua falta de experiência, na cabeça de Scaloni o seu parceiro ideal é hoje o experiente Nicolás Otamendi (Benfica). Assim, Germán Pezzella e Martinez Quarta (ambos da Fiorentina) tornam-se as opções seguintes na hierarquia do treinador.

No meio de campo, já faz algum tempo, o técnico elegeu Leandro Paredes (PSG), Rodrigo De Paul (Udinese) e Giovani Lo Celso (Tottenham) como seu trio base e geralmente titular – meio-campistas dinâmicos, que marcam e jogam. A Copa América, porém, lhe trouxe a boa alternativa do nome de Guido Rodriguez (Betis), opção mais defensiva e especialmente útil em confrontos contra adversários mais técnicos como Colômbia e Brasil.

A exemplo do que ocorre no meio, o trio ofensivo base de Scaloni também já está claro e é composto por Lionel Messi (Barcelona?), Lautaro Martinez (Inter) e um voluntarioso Nico González (agora Fiorentina), que por sua enorme dedicação tática ficou com a vaga que também pode ser ocupada por Di Maria (PSG) ou Papu Gomez (Sevilla), hoje alternativas para o segundo tempo ou para enfrentar times contra os quais a necessidade de recompor seja menor.

A base está aí, sujeita a mudanças de acordo com adversário ou contextos específicos, e podendo no futuro ter acréscimos de outros bons jogadores hoje nem convocados. E ainda que Scaloni esteja longe de ser um dos melhores técnicos do mundo e de fazer sua seleção brilhar (quem faz?), sua permanência no comando da Argentina, seja qual for o resultado deste sábado, é uma obviedade que não deve ser nem mesmo discutida.

Messi: sua Copa América excepcional ofusca as evoluções da Argentina
Messi: sua Copa América excepcional ofusca as evoluções da Argentina Getty

 
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Piadas, provocações e mais um show midiático: agora em Roma, o Mourinho de sempre

Gian Oddi


Quem esperava um José Mourinho redimensionado, diferente e eventualmente mais focado no futebol talvez tenha se decepcionado com as respostas vagas sobre ideias táticas ou a utilização de jogadores como Zaniolo. Já aqueles que resolveram assistir à apresentação do técnico português na Roma atrás de um show midiático de uma das figuras mais carismáticas do futebol mundial certamente curtiram.

Entre muitas piadas, algumas estocadas (“tem quem ganha e não paga os salários”, disse, em clara referência à Inter) e as já tradicionais exaltações da própria carreira, Mourinho foi mais ou menos o Mourinho de sempre. Numa sala de imprensa cheia de jornalistas de todo o mundo, o técnico português iniciou sua fala citando o imperador Marco Aurélio e brincou sobre o desejo de encerrar a entrevista antes mesmo que ela começasse.

Levantou-se uma vez, ainda no início, para arrancar pessoalmente uma proteção nas janelas que fazia barulho por causa do vento. Em mais de uma oportunidade, mesmo que com simpatia, solicitou o fim da entrevista ao responsável pela comunicação (“quero treinar!”), que, contudo, pediu paciência ao português.

De diferente, talvez pela consciência da força dos rivais, desta vez não prometeu conquistas num curto prazo: “vocês só falam de títulos, nós falamos de tempo, de projeto, de trabalho. Título não é só uma palavra, seria uma promessa fácil, mas a realidade é outra coisa. Títulos vão chegar, mas este clube não quer conquistas isoladas. Ele quer chegar lá e ficar lá. Queremos ser sustentáveis”.

Quem quiser pode ver a entrevista na íntegra, em italiano, clicando aqui

Leia abaixo alguns trechos da entrevista de José Mourinho na sua chegada à Roma.     

Sobre a recepção dos torcedores da Roma: 
“A reação à minha contratação foi excepcional. Tive a sensação de ainda não ter feito nada para merecer isso e me senti imediatamente em débito porque a torcida me acolheu de um jeito muito emocionante. E a primeira coisa que preciso fazer aqui é agradecê-los.”

A cidade influenciou na sua escolha de carreira?
“Não, porque eu não estou aqui em férias. A incrível ligação do clube com a cidade de Roma é óbvia: o símbolo, as cores o nome. No mundo todo se confunde a cidade e o clube, e essa é uma responsabilidade, mas não estamos aqui para fazer turismo, estamos aqui para trabalhar. Por isso, treino às 16h, arriverdeci, ciao! (e se levanta antes mesmo da primeira pergunta)”.

Veja a chegada de Mourinho!

 

         

 

    


Sobre a chance de ganhar títulos com a Roma:
“Queremos chegar a conquistar títulos. Mas ganhar imediatamente? Claro que isso pode até acontecer, porque no futebol essas coisas acontecem, mas seguindo uma trajetória normal não será assim”.

Se ele será beligerante na Roma como era nos tempos da Inter:
“Para defender os meus, o meu clube e os meus jogadores, farei de tudo. Para procurar problemas, não. Estou mais maduro”.

O que diria a quem afirma que ele já não está no seu auge?
“Sou uma vítima daquilo que fiz, de como as pessoas me olham. No Manchester United eu ganhei três títulos e para muitos foi um desastre. No Tottenham eu cheguei a uma final que não me deixaram jogar e foi um desastre. O que para mim é um desastre, para os outros é uma coisa fantástica”.

Após ser comparado com Antonio Conte, campeão com a Inter:
“Existem treinadores na história de um clube que você não deve jamais comparar. Neste clube, por exemplo, se você fala de (Nils) Liedholm ou de (Fabio) Capello, não os compare com ninguém, nunca. Quando você fala da Inter, não compare ninguém comigo ou com Helenio Herrera”.

José Mourinho em sua apresentação à Roma
José Mourinho em sua apresentação à Roma reprodução Roma Channel

Sobre o Italiano não ser mais o principal campeonato do mundo como em seus tempos de Inter:
“Talvez estejamos aqui falando do futebol campeão europeu. Talvez. No mínimo estamos falando do vice-campeão, e com quase todos os jogadores atuando na Itália, neste campeonato. E se esse não é mais o campeonato principal, a responsabilidade é nossa de passar a fazer algo a mais. Eu trabalho para a Roma, mas de modo indireto trabalho pelo futebol italiano”.

Sobre o confronto com Cristiano Ronaldo:
“Ronaldo não precisa se preocupar comigo porque eu não sou zagueiro. Se jogar, vou ter que bater nele com certeza, mas infelizmente estou muito velho para isso”

Questionado sobre se Dzeko voltará a ser o capitão do time
“Não preciso te dizer o que faço dentro do clube. Se entrarmos nessa dinâmica de eu precisar dizer o que faço, com quem falo, o que falo, desculpe mas eu serei um antipático que não vai dividir com vocês o que faço internamente. Sobre o capitão, é o clube e os jogadores que têm que saber isso antes de vocês”.


 
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Itália e Espanha contra a síndrome dos malvadões viris

Gian Oddi

Italiano Chiellini abraça e brinca com espanhol Jordi Alba
Italiano Chiellini abraça e brinca com espanhol Jordi Alba reprodução TV

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Apesar da rivalidade esportiva, há quem atribua o que ocorreu na semifinal em Wembley durante o jogo entre Itália e Espanha às boas relações e muitas semelhanças entre os dois países. Há quem ache que a amizade entre seus integrantes, explicitada pelo “agora vou torcer pela Itália” do técnico espanhol Luis Enrique, foi determinante. Há quem pense que só o fato de um cara diferente como Chiellini estar em campo já deixa tudo mais leve. Certamente há também quem acredita que foi apenas um acaso, coisa rara.

Não importa o motivo. Importa o que houve, como aconteceram os 120 minutos de futebol disputados entre as seleções italiana e espanhola nesta última terça-feira. Importa perceber que as coisas podem (e devem) funcionar assim.

Itália comemora classificação

 

         

 

    

 

Tratamos de uma semifinal após a qual não soa demagógico dizer que as duas seleções poderiam e até mereciam ter passado. A Itália por tudo que faz na Euro e pelo que fez nos último três anos, um enorme trabalho de renovação e reinvenção capitaneado por Roberto Mancini. A Espanha por ter entendido onde e como precisava mexer para fazer com que sua ainda jovem equipe conseguisse se impor na maior parte do tempo contra um time que, até ali, havia jogado mais.

O jogo era enorme, tenso, disputado. E nem por isso qualquer uma das seleções – que neste aspecto estão longe de ser as mais exemplares da Europa – recorreu ao jogo de intimidações, ameaças ou qualquer tipo de violência para se impor em relação ao adversário. Pelo contrário, o que se viu em campo foi cordialidade, abraços e, pasmem, até bom humor e sorrisos.

Quem não aprecia lutas de qualquer tipo possivelmente vê como patéticas, um tanto cênicas e de efeito prático duvidoso aquelas famigeradas cenas de intimidação de lutadores após as pesagens nos dias anteriores aos embates. Parece justa a desconfiança. Mas ainda que também a mim (que nada entendo de lutas) essas cenas soem patéticas, é preciso admitir que esse tipo de intimidação pode fazer algum sentido em esportes nos quais o objetivo é espancar uma pessoa até que ela não consiga mais se sustentar em pé.

Um sentido que fica bem mais difícil de encontrar numa modalidade na qual o objetivo é fazer gols no adversário.

Vivemos numa era em que tudo é filmado, reproduzido, copiado. Um tempo em que ações ou reações sem sentido transformam-se em padrão sem que se reflita muito sobre o quanto aquilo faz sentido ou não. É por isso que você já deve ter cansado de ver, seja na escola dos seus filhos ou no campinho em que joga sua pelada semanal, crianças ou marmanjos transformando o futebol num embate de virilidade tão ridículo quanto grotesco.

Chiellini aperta bochecha de Jordi Alba
Chiellini aperta bochecha de Jordi Alba Carl Recine - Pool/Getty Images

Para quem se acostumou com isso, foi muito curioso ver o que as seleções de Itália e Espanha fizeram em Wembley. Para surpresa de muita gente, elas fizeram parecer que jogar futebol pode até ser divertido. 

 
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Tite, Abel Ferreira, Hulk e as críticas mais valiosas

Gian Oddi

Depois da vitória por 1 a 0 e a classificação sobre o Chile nas quartas-de-final da Copa América, Tite não teve dúvidas e, mesmo já multado pela Conmebol por ter feito críticas à organização atabalhoada da competição, voltou a reclamar, novamente com razão, desta vez do gramado do Estádio Nilton Santos.

“Poderia ser um grande espetáculo, muito mais bonito. Eu fiquei triste com o espetáculo. Até para bater tiro de meta o Ederson teve dificuldade. Por favor, tenham responsabilidade. Humildemente eu falo: encontrem um campo melhor para jogarmos. Está perigoso machucar, são jogadores de alto nível. Por favor, encontrem um campo melhor”, afirmou Tite.

‘Deveria ser proibido jogar futebol aqui': Abel Ferreira detona gramado da Ilha do Retiro

Dois dias depois, neste domingo, o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, fez coro às reclamações do treinador da seleção, agora referindo-se ao gramado da Ilha do Retiro, onde seu time venceu o Sport por 1 a 0 pelo Campeonato Brasileiro.

“Deveria ser proibido jogar aqui. Um jogador que tem um bom jogo, terá um impacto no futuro. O Danilo Barbosa jogou 15 ou 20 minutos e estava com dores incríveis no tendão de Aquiles. Isso mostra bem o desgaste que este campo provoca. Tite, estou contigo: se queremos melhorar o futebol brasileiro, precisamos melhorar as condições dos gramados”, afirmou.

Hulk reclamou do gramado da Arena Pantanal. Após vencer
Hulk reclamou do gramado da Arena Pantanal. Após vencer Pedro Souza / Atlético


Também no domingo, outro vitorioso da rodada, o atacante Hulk, do Atlético, tocou no assunto após derrotar o Cuiabá por 1 a 0 na Arena Pantanal: “O campo está irregular, a gente conduz a bola e atrasa o jogo. Sabemos que vamos enfrentar campos assim, difíceis, mas é preciso entrar em campo concentrado para não pecar e perder pontos”.

Em comum, nas críticas públicas feitas pelos três, não está apenas o foco das reclamações: o estado dos gramados onde se pratica futebol no Brasil. Há em comum, também, o fato de que tanto os treinadores como a estrela do Atlético, todos com boas experiências em campos internacionais, fizeram suas reclamações após vencer.

Num universo em que estamos acostumados a encarar reclamações como “choro de perdedor” ou “mimimi”, é essencial que as figuras relevantes que fazem o futebol no Brasil reclamem daquilo que julgarem relevante reclamar após as vitórias, sobretudo após as vitórias.

Não só porque essas críticas costumam ser menos passionais e mais técnicas, pois menos contaminadas pela insatisfação com o resultado. Mas também para não passar a impressão de que o que se busca é exclusivamente o benefício próprio, o olhar apenas para o próprio umbigo – uma outra característica marcante do futebol brasileiro.


 
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