O Real Madrid está melhor, mas o Barcelona já esteve pior
A goleada sobre o Shakhtar Donetsk recolocou a temporada do Real Madrid na rota certa. Após a conturbada semana de empate com o Villarreal e derrotas para Sheriff Tiraspol e Espanyol, os merengues voltaram a jogar bem, após perderem a invencibilidade na Champions e em LaLiga, e tiveram grande atuação na Ucrânia.
Na comparação direta com seu grande rival, o Real Madrid tem desempenho melhor na temporada do que o Barcelona. No entanto, os culés já estiveram piores. No mesmo período da "crise" blanca, o sonoro 3 a 0 para o Benfica teria derrubado Ronald Koeman se o clube tivesse uma solução imediata, além de estar em uma situação financeira melhor para bancar a demissão do holandês. Na sequência o 2 a 0 para o Atlético de Madrid mostrou times em estágios bem diferentes, mas o Barça conseguiu reagir com as vitórias sobre Valencia, com rendimento muito bom, e Dinamo Kiev, rendimento ruim.
Fato é que há um time claramente melhor que o outro para El Clásico deste domingo entre Barcelona e Real Madrid. Mesmo jogando no Camp Nou, pelo que mostrou até agora, há bem mais dúvidas sobre os catalães do que sobre os madrilenhos.
Nas duas últimas vitórias, Koeman teve menos margem de manobra para inventar. Voltou a escalar o time no 4-3-3 e não mudou as funções tradicionais dos jogadores em campo. Assim, Sergi Roberto foi lateral, Frenkie de Jong formou a trinca de meio-campo com Gavi, substituindo o lesionado Pedri, e Busquets mais recuado. Memphis, sem Luuk de Jong em campo, joga centralizado e se entende muito bem com os companheiros. A única mudança maior criada pelo técnico holandês foi a utilização de Sergiño Dest como atacante pela direita, o que funcionou até agora - diferentemente de De Jong como meia aberto no 4-2-3-1, a insistência pelo 3-5-2 em jogos grandes, a inexplicável contratação e as consequentes escalações de Luuk de Jong e 54 cruzamentos na área com Gerard Piqué como centroavante. Há ainda um risco enorme para o Barcelona, e que devolveria a Koeman margem de manobra, caso Jordi Alba, com dores no tornozelo, não possa entrar em campo.
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De qualquer modo, Ansu Fati tem sido desequilibrante desde que retornou de lesão. Contra o Valencia foi titular pela primeira vez nesse retorno e marcou; diante do Dinamo começou no banco, já que ainda não está 100% fisicamente, entrou no intervalo e mais uma vez foi bem, apesar da partida fraca de todo time. Nesta semana, o atacante de 18 anos acertou a renovação de contrato com o Barcelona até 30 de junho de 2027, com cláusula de rescisão de 1 bilhão de reais - mesmo valor de Pedri. Outra novidade, mais discreta do que Ansu Fati, é Philippe Coutinho. O brasileiro, saindo do banco, tem recuperado a boa forma e vai, aos poucos, subindo o nível de seu jogo. Hoje é um jogador de rotação no elenco.
Este El Clásico, porém, tem outros brasileiros como grandes destaques. Nenhum deles maior do que Vinicius Júnior. São 11 jogos, sete gols e cinco assistências em 833 minutos para o ex-atacante do Flamengo em toda temporada. Assumiu protagonismo graças à confiança do técnico Carlo Ancelotti, correspondida em campo com ótimas atuações. Hoje é um jogador, ainda com apenas 21 anos, mais seguro em campo e inteligente nas movimentações ofensivas. Defensivamente entrega o que o treinador pede na recomposição pelos lados. Aliás, na parte tática, Ancelotti afirmou nesta semana que o time precisa jogar no 4-3-3 para render. Tem sido a base tática do Real Madrid neste temporada, apesar da variação que já aconteceu para o 4-4-2. Diferentemente de Koeman, o italiano inventa pouco - quase sempre com Federico Valverde.
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Ainda sobre os brasileiro, Casemiro permanece como um dos pilares no meio-campo, que deve ter Luka Modric e Toni Kroos em sua formação tradicional e histórica. Marcelo é reserva de Ferland Mendy, sendo que os dois voltaram justamente contra o Shakhtar, aliviando os problemas defensivos, já que na direita Dani Carvajal pode até ser relacionado, mas ainda sem as melhores condições dará lugar a Nacho na linha com os ótimos Éder Militão e David Alaba. Em outras rodadas, Eden Hazard ganhou várias oportunidades, mas a tendência é que Rodrygo comece jogando pela direita - apesar de ter sido titular apenas duas vezes neste Campeonato Espanhol. Tudo isso sem falar na temporada absurda de Karim Benzema, com nove gols e sete assistências em LaLiga.
O duelo de imposição de estratégias será bem interessante. Barcelona e Real Madrid são os dois times desta temporada de LaLiga que jogam mais "alto", com suas linhas bem adiantadas. O Barça lidera em posição média global no campo (50,8m) e também na distância para a linha defensiva 40,9), seguido pelos merengues nos dois índices (49,1m e 39,6m). E mesmo em um período tão conturbado, mesmo que a crise maior tenha passado, o Barcelona ainda é o time de LaLiga com maior média de posse de bola (64,7%). Com índice de 56,4%, o Real Madrid é somente o sexto nesse ranking, mas o primeiro em gols marcados (22), média de finalizações por jogo (17). É um time que sabe jogar muito bem em transição, explorando a velocidade de seus atacantes de beirada. Vinicius, por exemplo, apresentou até aqui o segundo maior pico de velocidade em uma partida com 35,1km.
Por outro lado, a defesa madridista tem sofrido muitos gols, já são dez em apenas oito partidas. Em média, o time permite 10,6 finalizações contra Thibaut Courtois por partida, média intermediária na competição. E olha que tudo isso acontece mesmo com Casemiro no top 10 de recuperações por jogo (8,6), sendo 38% delas no campo de ataque, e Éder Militao com índice de 70% de duelos aéreos vencidos.
Será também o primeiro El Clásico com público desde 1o de março de 2020. O Camp Nou poderá utilizar novamente 100% de sua capacidade para um dos maiores jogos possíveis de futebol no planeta. E o primeiro desde o adeus de Lionel Messi ao Barcelona, no entanto, com ou sem o argentino, o desempenho culé tem sido ruim em casa nos clássicos: nos últimos dez disputados, três vitórias dos mandantes, quatro empates e três vitórias do Real Madrid.
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