Futebol no Brasil tem bastante patrocínio, mas do jeito errado
Na última sexta-feira (14), o instituto Ibope Repucom divulgou seu mapeamento anual do patrocínio nas camisas de futebol dos clubes brasileiros. Sempre relacionado ao ano anterior, o ranking procura mostrar quais marcas estiveram nos uniformes dos clubes brasileiros.
A lista mostra um dado curioso. Em média, nossos clubes da Série A do Brasileirão tiveram, cada um, quase 9 marcas diferentes estampadas em suas camisas. É um número que indica algumas peculiaridades do nosso mercado.
A primeira delas é de que não temos problema de falta de marca querendo investir no futebol. Foram 172 empresas que se relacionaram com os clubes ao longo de 12 meses. É bastante coisa!
Mas esse levantamento mostra também o lado ruim dessa história. Temos muitas empresas, mas será que elas realmente estão fechando acordos de patrocínio ou, em vez disso, procuram uma compra de mídia relativamente barata para justificar seu investimento em marketing?
Não há espaço, num uniforme de clube de futebol, para 9 marcas. Ainda mais que, considerando ainda o escudo do time, temos um total de dez diferentes empresas, estampando suas logomarcas às vezes mais de uma vez, num curto espaço de visibilidade.
O problema é que o mercado vende, exatamente, exposição de marca para o patrocinador. Os clubes geralmente mostram que colocar a verba num pedaço da camisa, do meião, do calção ou até do número do uniforme é mais “barato” do que fazer uma campanha de mídia em TV aberta ou fechada no Brasil.
E as empresas, acostumadas no país a mensurar o investimento em mídia como parte nobre de uma campanha de marketing, aceita esse discurso e passa a pagar para ter sua marca exposta, nem que seja no dedo esquerdo do pé de um lateral-direito reserva do grande time que joga a Série A. E, pior ainda, limitam o investimento a esse aporte, sem fazer qualquer ação direta para o torcedor de seu time patrocinado.

No final das contas, os patrocinadores do futebol deveriam ser nomeados de compradores de mídia do futebol. Eles não patrocinam o clube. Eles compram um espaço dentro do uniforme. E o retorno desse investimento é medido pelo relatório de exposição de marca que o mesmo Ibope Repucom fornece.
Mas o que a marca fez com os milhares ou milhões de torcedores daquele clube? Qual comunicação ou produto ela ofereceu para a torcida, para o sócio ou mesmo para os atletas do time?
Patrocinar é fazer um constante exercício de conversa com o time e a torcida patrocinados. Não é apenas colocar a marca no uniforme e contabilizar os minutos que ela apareceu na TV. Não é assim que se constrói uma marca. Muito menos é assim que se consegue fazer uma grande promoção para aumentar vendas.
Ao ver o relatório do Ibope, a conclusão é óbvia: há mais empresa do que espaço para aparecer no futebol brasileiro. No fim das contas, o descontão que a marca tem para aparecer na mídia ao patrocinar o clube talvez não seja tão eficiente quanto gastar o mesmo dinheiro mas ter um programa regular dentro da TV oficial daquele time.
Patrocinar dá trabalho. Só expor a marca no uniforme não é patrocínio. É gasto errado em mídia. Temos bastante patrocínio no futebol brasileiro, mas ele é feito de uma maneira totalmente equivocada...
Futebol no Brasil tem bastante patrocínio, mas do jeito errado
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