Quem vai se safar da SAF?
Ronaldo e XP Investimentos, mais uma vez, colocaram o Cruzeiro contra a parede. A primeira vez tinha sido lá em dezembro de 2021, quando a presença do Fenômeno na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ainda era segredo. Na ocasião, Pedro Mesquita, da XP, disse que somente naquelas condições determinadas pela empresa que um comprador aceitaria colocar dinheiro para chamar o Cruzeiro de seu.
Agora, passados três meses do “Cruzeiro Fenomenal”, é a vez de Ronaldo exigir transferir para a SAF a propriedade dos dois CTs cruzeirenses, que sempre foram referência na formação de jogadores no Brasil. O argumento usado por XP e pelo Fenômeno é técnico. Se a SAF não assumir os terrenos, corre-se o risco de eles serem penhorados pelas dívidas do clube, e esse risco é grande demais para correr.
Claro que existe um risco de penhora do terreno. Mas, tirando clubes completamente falidos e sem qualquer popularidade, qual terreno foi confiscado e perdido até hoje no Brasil? A Portuguesa está aí como exemplo de como é difícil a penhora ser executada, por mais falido que o clube esteja, desde que ele tenha o mínimo de história para contar dentro do futebol.
O problema é que a forma como a Mesa Diretora do Conselho Deliberativo do Cruzeiro reagiu às novas exigências de Ronaldo mostra como o clube está entregue às traças. Sem qualquer responsabilidade, os conselheiros expuseram os detalhes do acordo do Fenômeno com o clube e, mais ainda, muito possivelmente fizeram uma interpretação errada do que significa o investimento a ser feito no clube.
Até agora, Ronaldo já colocou dinheiro do próprio bolso no Cruzeiro. Sanou dívidas esportivas de curto prazo que comprometeriam o andamento do projeto. É uma grana que o Cruzeiro não teria e que precisou aceitar que fosse investida para tentar reordenar a bagunça dentro da casa celeste.
Ronaldo explica por que teve dificuldade em novo pedido ao Cruzeiro
Agora, porém, as exigências do Fenômeno são maiores. E podem comprometer o longo prazo do clube numa vida sem investidores. E é exatamente esse ponto que deveria estar em discussão. O que o Cruzeiro quer com a SAF? Para a torcida, o destino é claro. Tirar o clube da mão de dirigentes despreparados, para dizer o mínimo, na esperança de que isso devolverá a competitividade em campo.
A questão é. Qual o custo para isso? Mais do que valores investidos ou promessas de performance, o que os clubes precisam entender é o que eles desejam ao ter o futebol, sua maior fonte de arrecadação, transformado em empresa. O segundo passo para se observar é o que o investidor espera do clube. Entregar o controle a alguém pressupõe ter o mínimo de interesse mútuo em comum.
Hoje, comprar um clube como o Cruzeiro, por mais dívidas que existam, é um excelente caminho para se apoderar de um dos principais formadores de atletas do Brasil a custo praticamente zero. Quanto rende a venda de jogadores hoje? Quanto ela pode render dentro de uma entidade bem gerenciada?

Está claro que o Cruzeiro, por pernas próprias, não conseguirá atingir um nível de organização e gerenciamento que lhes permita ser dono do próprio nariz. Assim como o clube mineiro estão praticamente todos os outros clubes no Brasil.
Essa situação mostra bem o quanto os clubes estão começando a virar reféns das SAFs e, pelo andar da carruagem, não ficará um para contar história depois que o primeiro vendaval de aquisições passar. Mas, do jeito que as coisas caminham, a SAF elevará o nível da gestão do futebol no Brasil, mas isso não significará melhoria de desempenho para todos os clubes. Esse alinhamento de expectativas, principalmente com os torcedores, precisará ser feito. Urgentemente.
Quem vai se safar da SAF?
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