Na disputa entre Palmeiras e São Paulo, fica a pergunta: quem é o cliente, afinal?
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Leila Pereira e Júlio Casares protagonizaram um embate nos bastidores para definir quando e onde seria disputado o segundo jogo da final do Campeonato Paulista. Argumentos técnicos foram levantados para cada um deles tentar defender o seu ponto de vista e, claro, sair "vitorioso" nessa discussão.
Nessa disputa boba de querer ter a razão e fazer aquilo que é melhor apenas para si, o futebol brasileiro, para variar, parece se esquecer de fazer uma simples pergunta: quem é o cliente, afinal?
Estamos acostumados a assumir uma posição clubística e egoísta em todos os debates envolvendo o futebol. Ninguém abre espaço para o mínimo de empatia em se colocar no lugar do outro e, mais do que isso, em se preocupar com o que realmente deveria ser importante: o evento que é promovido ao torcedor.
O cliente do futebol não é o clube, o atleta, o patrocinador ou a mídia. Todos eles existem e são bem remunerados dentro dessa cadeia pela existência do torcedor. Toda a cadeia produtiva do futebol deveria se preocupar, sempre, em responder a essa pergunta antes de qualquer iniciativa: o que essa atitude causa para o meu torcedor?
Já partimos do absurdo da torcida única nos estádios paulistanos, uma aberração promovida pelos dirigentes há mais de meia década e que passou a ser vista como "solução" para acabar com a violência entre as torcidas. Uma medida ineficaz, que só serve para afastar torcedores dos estádios, ainda mais torcedores rivais que, antes de qualquer coisa, são amigos e gostariam de assistir juntos a um jogo de seus times do coração.

Na briga para "ter razão", Palmeiras e São Paulo abriram mão de ter um estádio completamente lotado para a decisão do campeonato. O Allianz Parque estará sem um setor aberto para o torcedor. O que mudaria fazer a partida um dia antes? Mais uma vez, argumentos técnicos não faltarão. Mas será que realmente eles são suficientes para questionar o que pode ser a melhor solução para o torcedor?
Temos visto diversos debates sobre melhoria da qualidade do jogo no Brasil. Os clubes têm buscado no exterior soluções técnicas para elevar o padrão competitivo e buscar novas ideias. Melhorar o jogo é uma das coisas que precisam ser feitas no futebol brasileiro. Não apenas porque isso pode ajudar o clube a ganhar mais títulos, mas porque isso eleva, de certa forma, a qualidade do produto ofertado ao torcedor, o que pode ajudar a aumentar a audiência dos jogos, a ida de torcida aos estádios e, consequentemente, os valores a serem pagos pelos patrocinadores e pela mídia. O problema é que a lógica dos dirigentes ainda é a de que um clube é inimigo do outro. Assim, nenhuma concessão pode ser dada, de um lado ou de outro, para que o torcedor seja mais bem-atendido.
Quem é o cliente, afinal?
Na disputa entre Palmeiras e São Paulo, fica a pergunta: quem é o cliente, afinal?
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