A frustrante temporada do Arsenal
Tudo, ou quase tudo, é uma questão de expectativa, mas qualquer expectativa deveria passar por contextos. Não existe muito questionamento em relação ao trabalho de Carlo Ancelotti no Everton. São 17 meses em que o treinador italiano tem tocado o seu trabalho em Finch Farm, e o torcedor tem compreendido que o clube aos poucos tenta se reencontrar com seu passado.
O time em campo até tem trazido alguma aflição por não conseguir confirmar o favoritismo nos jogos em casa, mas o torcedor já percebe que os planos são grandes, que o novo estádio oferecerá um salto e se permite não reclamar tanto de um tropeço ou outro. Questão de expectativa, mas especialmente uma questão de contexto, de cenário.
Após os mesmos 17 meses de trabalho, Klopp já havia arrebatado o coração do torcedor do Liverpool. Questão de contexto. O clube tentava caminhar para frente após anos e anos de incertezas, mas o trabalho de Brendan Rodgers dava sinais claros de estagnação. O ídolo Gerrard havia saído, e o vazio passou a fazer morada no coração vermelho. Até que um alemão cheio de dentes resolveu comprar a briga da cidade e da história do clube. A posição do Liverpool na tabela de classificação na Premier League após 17 meses de Klopp não era de liderança, mas os torcedores entendiam que os sinais eram positivos, e os títulos vieram com o tempo. O caminho estava sendo pavimentado.
Mikel Arteta foi anunciado no Arsenal na mesma semana que o Everton anunciou Carlo Ancelotti. O gigante londrino vivia ainda o vazio da ausência de Wenger, e a tentativa com Unai Emery apenas aumentou as dúvidas. O Arsenal poderia ter optado por nomes consagrados como o do próprio Ancelotti, mas viu em Arteta sinais que julgou confiáveis para uma reestruturação. Era uma aposta. Arteta foi convidado a dar os primeiros passos de sua carreira como treinador e aceitou o desafio. Largou o Manchester City e o convívio diário com um professor como Guardiola para ser desafiado na reconstrução do Arsenal.
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Qual era a expectativa naquele momento? Qual era o contexto?
Ainda que Arsene Wenger já convivesse com algum descontentamento e hashtags WengerOut em seus últimos anos, todos sabiam e valorizavam o que ele fez na história do clube. Foram 22 anos à frente do Arsenal e muitos deles à frente também do tempo. Se a exigência com Arteta fosse pela busca de títulos, ela era equivocada. E vale lembrar que Arteta ergueu a Copa da Inglaterra em sua primeira temporada. Arteta foi o técnico da conquista do início ao fim. Talvez o título tenha gerado euforia e elevado a expectativa, mas o contexto de anos em busca de competitividade mais elevada não deveria ter sido desconsiderado.
A atual temporada do Arsenal é frustrante!
O time deveria ter rendido mais em todas as competições. Arteta acabou de ver seu time ter muita dificuldade para ser percebido no campo de ataque, jogando em casa e também fora, nas disputas contra o Villarreal na Europa League. Eliminação justa e ausência justa de competições europeias na próxima temporada. Entretanto, a culpa pelo insucesso no trabalho de recondução do Arsenal ao seu caminho normal talvez passe menos por Arteta hoje.
Qual a garantia que uma substituição no comando técnico oferece? Quem poderia devolver o sorriso ao torcedor?
Na falta de um messiânico nome, que tal dar amparo e tempo para o trabalho florescer? Nem nomes consagrados e com muito tempo de janela como Klopp ou Ancelotti devolveram a festa nos mesmos iniciais 17 meses, e Mikel Arteta ofereceu espaço para jogadores como Bukayo Saka, Smith Rowe e Nketiah.
Talvez tudo o que o Arsenal precise no momento seja um ajuste de expectativas e um melhor entendimento do cenário do futebol.
A frustrante temporada do Arsenal
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