Premier League 2020/2021 - Os destaques, as lamentações e as observações de cada time (Parte 1)
Terminou no domingo 23 de maio. Todos viram o Manchester City erguendo a taça, o Leicester dando bobeira, o Liverpool confirmando vaga e o Sheffield United fechando o seu ciclo de Premier League com uma vitória. Com City e Chelsea ainda por jogar a decisão da Champions League, no próximo sábado (29), a partir da próxima semana já está liberado dedicar o tempo a marcar na folhinha quantos dias faltam para o início da temporada 2021/2022. Norwich e Watford já confirmaram a participação na próxima edição, e a outra vaga ficará com Brentford ou Swansea.
Pensando em amenizar um pouco o período da saudade do futebol da primeira divisão inglesa, coloquei a memória e as estatísticas para funcionar. Completamente desprovido da aspiração de ser dono da verdade, aponto o que meus olhos viram como destaque dos clubes que disputaram o Inglês 2020/2021.
Faltas perfeitas, chutaços e até cabeçada histórica: os gols brasileiros mais bonitos na Premier League 20/21; assista
20, Sheffield United - É incrível pensar que os Blades terminaram com sete vitórias. Pouco, né? Sim, mas Fulham e West Brom venceram apenas cinco partidas. Foi mesmo merecida a queda - veja a classificação final -, mas a recuperação até que não foi de se jogar fora. Chris Wilder iniciou, mas não conseguiu concluir seu trabalho. A queda foi um duro golpe em um clube que flertou seriamente com a conquista de vagas europeias na temporada passada. Sem Dean Henderson, que voltou do empréstimo, com diversos desfalques e vendo a aposta em Brewster não se confirmar, o Sheffield United ao menos comemorou uma vitória em Old Trafford. Destaques: McGoldrick e Ramsdale, que até teve o nome lembrado na lista da seleção da Inglaterra. Lamentação: uma pena que Sander Berge não tenha conseguido a sequência esperada.
19, West Bromwich - Outro que teve o trabalho do treinador interrompido. Slaven Bilic percebeu ainda cedo qual seria a luta e o tamanho dela. Não deu. O West Brom demorou a apresentar os reforços necessários e com a pressão aumentando cada vez mais, Sam Allardyce foi acionado, mas não conseguiu fazer o milagre. Alguns bons momentos o time apresentou. Empatar com o Manchester City fora de casa, fazer cinco gols em cima de um Chelsea muito sólido defensivamente e emendar um belo 3 a 0 no Southampton fez o torcedor sonhar, mas o time dependia muito de um ou outro jogador e de encontrar adversários menos inspirados. Destaques: Matheus Pereira e Sam Johnstone. Não é pouca coisa o que o brasileiro Matheus Pereira fez: foram 11 gols e seis assistências. Números muito parecidos com os de Sadio Mané, uma das estrelas do Liverpool, que fez dois jogos a mais. Sam Johnstone sofreu com os equívocos de seu time, mas teve uma temporada de muito bom nível e é um dos quatro goleiros chamados por Southgate para a seleção da Inglaterra. Lamentação: Diangana teria que ter rendido mais. Apenas um gol marcado e sem proporcionar uma única assistência, é frustrante perceber ele só conseguiu ser titular por 15 jogos.
18, Fulham - Scott Parker viu de novo o seu trabalho não ser suficiente para tirar o Fulham do rebaixamento. Sim, é verdade que o Fulham fez bons jogos. E não foram poucos. O mês de fevereiro foi bastante interessante. O time entrou em campo seis vezes e só foi batido uma vez. Parecia que daria certo. Pareceu quando o time bateu o Everton no Goodison Park e o Liverpool, em Anfield. Grande! Entretanto, a vitória em cima dos campeões foi também a última. O Fulham fechou a sua participação sem vencer nos últimos dez jogos. Destaques: Lookman oferecia muito perigo com a bola. Foram quatro gols e quatro assistências. Decordova-Reid se ofereceu ao time. Mais adiantado, por dentro, pelos lados e voltando para fechá-los. Ele, que já pediu para não mais ser chamado de Bobby Reid, mas com o nome que homenageia a família da mãe, não tem muitos motivos para ficar cabisbaixo com seu desempenho. O dinamarquês Andersen, Areola e Anguissa também mereciam ser citados. Lamentação: Mitrovic foi titular em apenas 13 jogos. O atacante que marcou 26 gols na temporada passada tem muito a explicar por ter terminado apenas com três nesta. É muito pouco para alguém que foi tão responsável pelo acesso.
17, Burnley - O clube trocou de dono. A empresa de Alan Pace promete muito. Promete em contratações, promete em estreitamento de relação com os moradores da região e também promete novidades tecnológicas no Turf Moor. Como se dará a relação com Sean Dyche? O treinador está para completar uma década à frente do Burnley e foi um grande incentivador da construção do novo prédio de Barnfield, que visa trabalhar a captação e desenvolvimento de jovens atletas. Trabalhar com poucos recursos ano a ano tem obrigado o treinador a se desdobrar para pontuar. Ele, de novo, conseguiu. E foi o Burnley o time que quebrou a invencibilidade do Liverpool em Anfield. Destaques: Chris Wood. Foram 12 gols marcados e três assistências. Dos 33 gols marcados pelo Burnley, Wood foi diretamente responsável por 15! Uau! McNeil se confirma um jogador de muita qualidade técnica e Tarkowski teve outra temporada de bravura, boa colocação e solidez. Lamentação: a contusão do titular Nick Pope fez Peacock-Farrell ser acionado. Em quatro jogos como titular, o goleiro sofreu 14 gols.
16, Brighton - Romper com o trabalho de cinco temporadas de Chris Hughton não deve ter sido tarefa fácil, mas, após a segunda temporada de Graham Potter está fácil perceber que o clube fez aposta em um conceito. O Brighton adora ter a bola, tem prazer em jogar e em envolver os adversários. O time tem média de idade baixa e não gasta o que não tem. Assediado por todos os lados para vender Ben White, o clube não abriu mão de seu defensor e fez muito bem. O elenco trabalhado por Potter hoje comemora ter diversos jogadores convocados para as diversas seleções da Eurocopa. Destaques: Bissouma. O malinês protegeu a defesa, saiu com muita qualidade para o jogo, descobriu passes entre as linhas de marcação e desarmou. É certo que Bissouma será cobiçado por outros clubes da Premier League. É difícil imaginar o que seria do Brighton se Lamptey não tivesse sofrido tanto com contusões. Outro destaque é Robert Sanchez. O goleiro, que agora é parte também da seleção da Espanha, superou as expectativas e é uma realidade para a próxima temporada. É cruel fechar a lista de destaques dos Seagulls sem lembrar o nome do belga, e também convocado, Leandro Trossard. Lamentação: o time criava, criava e não conseguia marcar os gols. Claro que a pressão aumentava e o time sentia. Um ano a mais do elenco com o trabalho de Potter tende a diminuir o número de erros graves na finalização das jogadas.
Gabriel Jesus no City: todos os gols do brasileiro na campanha do título da Premier League; assista
15, Southampton - Confesso que esperava mais. Esperava mais vitórias, mais maturidade e melhor colocação. Os Saints de novo sofreram nove gols em um jogo e de novo chegaram a ser a sensação da competição. É preciso encontrar o equilíbrio. Ralph Hasenhuttl chegou a dormir duas noites na liderança, mas passou apertos do meio para o fim da competição. A volta de Walcott mexeu com as lembranças dos torcedores, mas é preciso destacar que a saída de Hojbjerg pesou. A temporada forjou o amadurecimento de Ward-Prowse e afinou a parceria com Armstrong. Destaques: Ward-Prowse é o grande destaque. Ings não repetiu o número de gols da temporada passada, mas de novo anotou dois dígitos: 12 gols. Lamentação: foram 68 gols sofridos. É muita coisa. Claro que Vestergaard e Bednarek merecem críticas, mas até mesmo McCarthy perdeu a titularidade absoluta do gol dos Saints. Hasenhuttl vai precisar achar um padrão defensivo melhor.
14, Crystal Palace - Um novo Palace vem aí. Sem diversos jogadores que terminaram a temporada e sem a figura paternal de Roy Hodgson. Os desafios serão grandes. Steve Parish, chefão do Palace, postou em suas redes sociais agradecimento ao grupo de jogadores e se mostrou animado com o novo Palace. Já são nove anos de volta à Premier League e é difícil saber se a aspiração será diferente. Roy Hodgson dificilmente teria forças para iniciar um trabalho totalmente diferente e possivelmente com um perfil novo de jogadores. Se muitos jogadores não renovarão contrato, é na base que é possível ter esperanças. Destaques: Eze fez o time render. Hodgson insistiu com o meia pela esquerda e sem a bola ele não conseguia render. A contusão do meia que chegou do Queens Park Rangers traz inquietação para a próxima temporada. Zaha, de novo, foi muito bem, mas o coletivo mais acertado faria o atacante render ainda mais. É preciso destacar que Benteke voltou a marcar e a ser decisivo. Lamentação: objetivo de permanência atingido e de novo o Palace dava sinais de que já desejava as férias. Um sério problema foi administrativo. Em janeiro, o clube tinha 15 jogadores sem a situação contratual decidida.
13, Wolverhampton - É muito difícil afirmar como seria a temporada dos Wolves se Raúl Jiménez não tivesse sofrido a grave lesão que sofreu. O mexicano esteve em campo nos 38 jogos da temporada passada e marcou 17 gols, além de ter oferecido seis assistências. Não é possível saber em qual colocação o time terminaria, mas não faria apenas 36 gols! Menos de um por jogo! A temporada mostrou Nuno Espírito Santo abrindo mão de três zagueiros e tateando soluções. Houve desgaste. Nuno não permanecerá e é difícil prever o tamanho do fantasma que ele será para o próximo treinador. Destaque: Pedro Neto. Rápido, leve, abusado e mais maduro. O português marcou cinco gols e deu seis assistências. Dendoncker foi outro destaque e em diversas funções. Pau para toda obra, o belga foi outro que se doou para o coletivo. Lamentações: o time criava e não marcava. Seja com Willian José ou com Fábio Silva, a falta de jogos sólidos dos atacantes dos Wolves acabava sobrecarregando o meio e a defesa. O time que marcava poucos gols e não segurava a bola no ataque fazia o torcedor sofrer.
12, Newcastle - Tudo parecia encaminhado, mas de novo o clube não foi vendido. O torcedor já não suporta mais ouvir falar o nome de Mike Ashley e fez campanha contra Steve Bruce. Até mesmo o ídolo Alan Shearer deu sinais de que já não via esperanças na campanha. E não é que o Newcastle fechou a campanha com bastante folga de distância da zona de rebaixamento?! Destaques: Callum Wilson se confirmou. O clube esperava gols, e ele cumpriu. Saint-Maximin jogou apenas 25 partidas e em quase todas elas mostrou como é perigoso quando tem a bola. Dribla, corre, finaliza, cria e faz qualquer marcador passar apertado. Vale destacar que a chegada de Willock caiu como uma luva para o time. Lamentações: a solidez defensiva foi duramente questionada. O time que ganhou vários jogos na temporada passada com os gols dos defensores foi o mesmo que viu sua defesa sofrer 62 gols. O clube precisa de paz, e paz não existe no mercado.
11, Aston Villa - Que maravilha! O time de Dean Smith sofreu muito no ano passado, mas fez o torcedor voltar a sonhar na atual temporada. O que falar sobre um 7 a 2 aplicado em cima do então atual campeão Liverpool? O clube se estruturou para dar passos mais sólidos ainda no futuro. O clube fez aquisições que mudaram o rumo na atual temporada. A chegada de Johan Lange mostrou boa visão e trânsito no mercado. Se Barkley ainda não chegou a confirmar, a situação de diversos outros contratados foi diferente. Matty Cash ajudou muito. Watkins e Emiliano Martínez foram especiais na temporada. Destaques: Jack Grealish. O time era um com ele e outro sem ele. As vitórias sumiram sem ele e logo na reta final da temporada. Já citado anteriormente, Watkins é uma das principais contratações de toda a Premier League. Lamentações: é ótimo ter Grealish e é péssimo não poder contar com ele. Uma prioridade de Dean Smith é encontrar soluções e variações eficazes para quando o camisa 10 não puder jogar.
A primeira parte da proposta de passar por cada equipe foi cumprida. Metade está aqui, e a outra estará em novo post nesta sexta-feira (28), com, entre outros, o surpreendente West Ham de David Moyes, o Manchester United de sua apaixonada torcida e o campeão City, de Pep Guardiola, o homem que sabe corrigir rotas.
Premier League 2020/2021 - Os destaques, as lamentações e as observações de cada time (Parte 1)
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.