Premier League 2020/2021 - Os destaques, as lamentações e as observações de cada time (Parte 2)
Terminou no domingo 23 de maio. Todos viram o Manchester City erguendo a taça, o Leicester dando bobeira, o Liverpool confirmando vaga e o Sheffield United fechando o seu ciclo de Premier League com uma vitória. Com City e Chelsea ainda por jogar a decisão da Champions League, no próximo sábado (29), a partir da próxima semana já está liberado dedicar o tempo a marcar na folhinha quantos dias faltam para o início da temporada 2021/2022. Norwich e Watford já confirmaram a participação na próxima edição, e a outra vaga ficará com Bretford ou Swansea.
Pensando em amenizar um pouco o período da saudade do futebol da primeira divisão inglesa, coloquei a memória e as estatísticas para funcionar. Completamente desprovido da aspiração de ser dono da verdade, aponto o que meus olhos viram como destaques e lamentações dos clubes que disputaram o Inglês 2020/2021. Na quinta-feira (27), passei pela metade deles, do 20º ao 11º colocado; nesta sexta (28), passo detalhadamente do 10º lugar ao campeão.
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10, Everton - Três vitórias nos últimos 12 jogos! O péssimo final de campeonato e a baixa pontuação como mandante foram determinantes para que o Everton saísse da disputa de uma vaga na Champions e acabasse na décima colocação. Ancelotti saiu do sério algumas vezes, e a tendência é que vejamos mudanças em todos os setores do time na próxima temporada. Destaques: Calvert-Lewin fez 16 gols na temporada. Nome na lista de Southgate na Eurocopa, o atacante confirma tudo o que foi esperado dele. Ancelotti ofereceu tempo e a bola alta na área para que ele crescesse na carreira. Ele aproveitou como poucos. Ver o nome de Godfrey nas escalações trazia inúmeras dúvidas. Ele seria lateral? Jogaria de qual lado? Zagueiro? Volante? Tudo isso em um só jogador e em um jogador que havia rebaixado na temporada anterior. Richarlison foi outro que se desdobrou. Pronto a ajudar, o brasileiro acabou jogando aberto pelo lado e sendo obrigado a ficar longe do gol. A temporada dele foi novamente muito boa. Lamentações: se Digne resolve bem pelo lado esquerdo, é preciso olhar com carinho para o jogo do outro lado. Coleman é esforçado e identificado com a causa, mas talvez não dê para contar com ele como titular em todos os jogos em um time que busca algo mais. James Rodriguez fazia o torcedor sonhar, mas sem ele o time se mostrou previsível e muito pouco criativo.
9, Leeds - Um sonho. O time de Marcelo Bielsa não teve medo de ninguém. Encarou o campeão da temporada passada e o também o atual campeão. Mesmo sabendo que seria normal sofrer com o ritmo intenso e a exigência da primeira divisão,o Leeds terminou com a segunda melhor campanha nos últimos dez jogos. A temporada de retorno ao topo do futebol inglês confirmou a excelência do trabalho técnico. Destaques: não são poucos. Bamford marcou 17 gols e ainda deu sete assistências. Foram 24 gols com participação direta do atacante. Kalvin Phillips também viveu uma temporada de confirmação e solidez. Raphinha foi uma contratação de grande impacto no futebol inglês. Seis gols marcados e nove assistências em uma primeira temporada. Números muito interessantes para um estreante em uma competição com exigência elevada. Lamentações: durante boa parte da temporada foi possível prever como as partidas do Leeds seriam decididas: gols em jogadas de bola parada. A defesa sofreu. Sofrer gol aumentava a necessidade de se fazer presente no campo de ataque e acabava exigindo um elevado poder decisão e maturidade.
8, Arsenal - Mikel Arteta iniciou e finalizou uma temporada como técnico pela primeira vez. O início muito fraco determinou que a campanha não oferecesse vagas para competições europeias. O fim de 2020 já mostrava sinais de recuperação. Arteta melhorou o time quando encontrou espaços para Emile Smith Rowe e Bukayo Saka. A chegada de Odegaard também fez bem ao funcionamento do time. Destaques: Tierney se mostrou muito ligado aos movimentos do jogo, do campo. Eficiente quando tinha a bola e pronto a intervir sem a bola. Ao lado dele é preciso destacar os jovens Saka e Smith Rowe. Uma boa sequência de cinco vitórias nos últimos cinco jogos não chega a encher a barriga de ninguém, mas permite acreditar que algum caminho foi encontrado. Lamentações: se olharmos os nove primeiros colocados, o Arsenal foi o que menos marcou. A demora para encontrar o melhor modelo de jogo fez cobrança pesada ao ataque. Sem Tierney, especialmente na reta final da competição, o Arsenal sofreu pelo lado esquerdo.
7, Tottenham - A temporada começou com Mourinho e terminou com Ryan Mason. O rendimento da equipe alternou muito. Um time capaz de golear em Old Trafford e de emendar sequência de derrotas no fim de janeiro e início de fevereiro. Além, claro, da frustrante eliminação da Liga Europa. Quais passos o clube dará? Por onde passa o pensamento de Daniel Levy? Outra pergunta, a principal, como será a vida sem Harry Kane? Destaques: Harry Kane marcou 23 gols e deu 14 assistências. Pausa para reflexão. Incrível o que o camisa 10 dos Spurs fez na temporada. Artilheiro e campeão de assistências em um time que terminou a temporada em sétimo. Qual o tamanho de Harry Kane? Hojbjerg chegou e tomou conta do meio campo. Desarmou e encorpou. O time rendeu com ele. Lamentações: a irregularidade da equipe deve ter irritado Kane e também os torcedores. Talvez tenha chegado a hora de ver caras novas na defesa.
6, West Ham - Pep Guardiola foi o melhor técnico do campeonato, mas não é absurdo pensar que o melhor trabalho tenha sido de David Moyes. Que grande trabalho! Que grande temporada! O West Ham namorou firmemente com a vaga na Liga dos Campeões, mas só de ter confirmado a vaga na Liga Europa, o torcedor tem o direito de festejar. É sabido que o clube teve uma mudança de mentalidade, no entanto, é preciso manter e até mesmo melhorar o que já foi feito. Talvez para a próxima temporada Moyes exija um pouco mais dos homens de ataque a retomada da posse de bola no campo de ataque. Destaques: não foram poucos. Soucek e Coufal foram jogadores que ajudaram na tal mudança de mentalidade. Os dois são muito responsáveis por exigirem cada vez mais e de entregarem cada vez mais em campo. Lingard experimentou novos dias em Londres e o time rendeu muito com ele. Não dá para fechar uma lista de destaques sem citar Cresswell, Declan Rice e Antonio. Lamentações: em alguns momentos da competição a falta de um maior números de "reservas-titulares" pesou. Moyes foi obrigado a girar o elenco e muitas vezes percebeu que o nível das atuações caiu. Até aí tudo bem, mas para dar o salto que o clube quase deu é preciso ter mais jogadores que mantenham o nível dos de cima.
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5, Leicester - A temporada de título da Copa da Inglaterra foi a mesma temporada de um novo erro no passo final. Se na última rodada da temporada passada o Leicester viu a vaga para a Champions escapar, na atual o gosto amargo foi repetido. A coincidência não para aí. Schmeichel errou na última rodada do ano passado e errou de novo no último jogo contra o Tottenham. Entretanto, é justo destacar que o goleiro continua sendo um líder técnico e responsável por ótimos momentos do time em campo. Brendan Rodgers teve que tomar decisões disciplinares com Maddison, Choudhury e Ayoze Pérez. É difícil precisar qual o tamanho de interferência no clima e no rendimento do clube, mas era para ter sido diferente. Destaques: Fofana chegou e se comportou como um veterano no time. Tielemans é um dos melhores meias de toda a competição. O belga se sacrificou pelo bom desempenho do time. Bom iniciador de jogador e muita capacidade para encontrar o passe perfeito de aproximação para a finalização. Se a temporada de Vardy não foi do mesmo nível de sempre, a de Iheanacho foi muito boa. Somados, os dois atacantes principais marcaram 27 gols para os Foxes. Lamentações: Não faltou coragem ao Leicester de Brendan Rodgers. Vale lembrar que as contusões assombraram todos os setores do campo. Belvoir Drive, CT do clube e onde a base é lapidada, ofereceu Luke Thomas ao time e é certo que novos bons valores sairão de lá, mas o time teve uma queda na produção ofensiva com a ausência de Harvey Barnes. Foi a temporada de maturidade dele, mas e sem ele? Ünder não se confirmou, Albrighton não tem as mesmas características, Praet e Choudhury também não. A solução foi adiantar os laterais e contar com os coelhos tirados da cartola por Vardy e Iheanacho. Outro ponto, talvez o mais importante, é não permitir que o grupo de jogadores conviva com os fantasmas da reta final de Premier League. E isto é trabalho para a comissão técnica.
4, Chelsea - Não deve ter sido fácil tomar a decisão de romper com um ídolo como Frank Lampard. Não deve ser nada fácil para o torcedor apaixonado e fiel ao antigo craque admitir que a mudança melhorou muito o time. O Chelsea mudou para melhor em todos os quesitos com o chegada do treinador alemão. Tuchel teve impacto imediato na equipe e na tabela de classificação. O Chelsea terminou a competição com a segunda melhor defesa da Premier League. Destaques: Kanté foi o Kanté em sua melhor versão. Jogou muito na PL e também na Champions. Mason Mount confirmou todas as pistas e entregou em campo. O camisa 19 é o jogador que mais achava os passes decisivos e, incrivelmente, só Kanté desarmou mais que o meia. Mendy deu a segurança ao gol do Chelsea. O goleiro senegalês chegou e se estabeleceu. Foram 16 jogos sem ser vazado. Lamentações: Timo Werner trouxe inquietações. Não foram poucas as vezes em que o alemão foi chamado a definir e acabou errando. Talvez os erros nas finalizações ajudem a explicar que o Chelsea tenha tido um número tão baixo de gols marcados. O time de Tuchel fechou a competição com 58 gols marcados, número bem perto da produção ofensiva da equipe.
3, Liverpool - Klopp chegou a dizer que o Liverpool não defenderia o título, mas atacaria. O jogo com as palavras até se mostrou verdadeiro até dezembro, mas o Liverpool viu os seus números desabarem em janeiro, fevereiro e março. Até mesmo a fortaleza que Anfield representava parecia ter ficado no passado. É óbvio que um pouquinho de contexto ajuda a explicar. As seguidas contusões de zagueiros cobraram uma fatura bem alta. Sem Van Dijk, Matip e Gomez, Klopp acabou optando por improvisar Fabinho e Henderson. Os dois até iam bem, mas também sofreram com contusões. A pressão, marca do time de Klopp, também não conseguia ser vista com tanta frequência em campo. Com Fabinho e Henderson distantes da linha de meio campo, o time sofreu quase que um efeito dominó. O jogo dos lados do campo mudou. Arnold e Robertson, que antes percorriam um espaço menor, passaram a ter que ir e voltar com muito mais frequência. Os atacantes também precisaram carregar a bola por mais tempo e por maior espaço de tempo. Tudo piorou. Já perto do apagar das luzes, Klopp insistiu em Nat Phillips e Rhys Williams na zada. Resultado: o Liverpool teve o seu funcionamento resgatado e foi o que mais pontuou nas útimas dez rodadas. Destaques: Salah também oscilou, mas respondeu. Com 22 gols marcados, o egípcio quase foi novamente artilheiro da competição. Robertson jogou todos os jogos e mostrou todo o esforço possível. Fabinho se mostrou eficiente e versátil. Os últimos jogos de Thiago Alcântara mostraram um pouco do que ele pode oferecer em um time acertado. Lamentações: Mané e Firmino não conseguiram manter números e desempenhos anteriores. É bem verdade que Diogo Jota mostrou que vai ajudar muito, mas a falta de um banco com mais opções ofensivas desgatou os titulares.
2, Manchester United - Se voltarmos ao final do ano passado, o United falava claramente em título. Era verdadeiro e justo. O time rendia e os adversários não conseguiam passar por um bloqueio que mostrava Fred, McTominay, Pogba, Bruno Fernandes e Rashford em alta intensidade. Como foi bonito ver o time retomar a bola e sufocar o adversário. Sem falar na firmeza pelos dois lados do campo. É muito digno de nota perceber a solidez da campanha fora de casa. Imbatível. A temporada também é marcada como a que marcou o fim da paciência dos torcedores com a presidência. A torcida deixou muito claro o descontentamento com a distância dos patrões com a realidade de quem vive o clube com a emoção e paixão que ele merece. Destaques: Henderson assumiu o gol do United e foi muito bem. Bruno Fernandes merece capítulos e mais capítulos. Frio, certeiro e extremamente importante. Mesmo nos dias em que as coisas não se acertavam, era com ele em uma ou outra jogada de bola parada que os três pontos chegavam. Luke Shaw teve uma temporada muito boa. Sério, firme com ou sem a bola, o lateral viveu ótimos momentos. Mason Greenwood se mostrou maduro e decisivo. Lamentações: Cavani entra facilmente na lista de destaques, mas não foi normal ver o uruguaio jogar bem os 90 minutos. Cabe ao United minimizar os efeitos das esperadas ausências dele.
Guardiola levanta a taça da Premier League! Treinador e time do Manchester City fazem muita festa; assista
1, Manchester City - Ter Pep Guardiola é poder confiar que ele sabe corrigir rotas. A campanha inicial não sugeria ser campanha de título. Pep falou sobre isso após o desanimador empate diante de West Brom. Ele mudou. O time recuperou o encanto. Leve com a bola e intransponível sem ela. Se o ataque não foi novamente de cem gols, a defesa foi a menos vazada com muita folga. Foram apenas 32 gols sofridos e mais um título conquistado com antecedência. A nova temporada será estranha sem Aguero, mas a atual já foi bastante estranha sem David Silva. E tem sido assim. Destaques: todos. Claro que é brincadeira, mas o time rendeu muito bem. O principal destaque foi Rúben Dias. O português jogou muito e ofereceu os melhores momentos de Stones também. Como foi sólida a dupla de zaga. Fernandinho desfilou em campo. Prometo não me alongar muito em elogios a Gundogan e a Kevin De Bruyne. O Gundogan que a temporada mostrou deve ter surpreendido todos que acompanharam toda a carreira do alemão. Foram 13 gols. Uma volta no relógio e fique assustado. Sabe quantos gols ele marcou jogando três partidas a mais na temporada passada? Dois! De Bruyne não conseguiu repetir as mesmas 20 assistências da temporada passada, mas não dá para reclamar de 12 assistências e seis gols em 25 jogos. Ederson de novo foi o goleiro que ficou mais partidas sem sofrer gol. Bernardo Silva voltou a repetir grandes atuações de 18/19. A temporada marcou também a confirmação de Phil Foden. Decisivo, muito técnico com a bola nos pés e com grande poder de decisão. Mahrez também foi ótimo e apareceu nas horas mais complicadas. Era para falar de alguns destaques e sei que já foram muitos citados, termino com João Cancelo. Brilhante em várias posições. Lamentações: Não há!
Ufa! Agora, sim, a proposta de passar por cada equipe foi totalmente cumprida. O tempo até à chegada da nova temporada ainda é longo, mas espero ter oferecido assunto para ajudar a matar o tempo até que agosto chegue.
Premier League 2020/2021 - Os destaques, as lamentações e as observações de cada time (Parte 2)
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