Sorria, Blackpool! Um pouco da história de um clube que viveu desmandos e abusos e agora só quer mesmo é ser feliz
Dougall faz dois, Blackpool supera gol contra, vence o Lincoln City em Wembley e está de volta à Championship
É bem possível que Neil Critchley conhecesse a história do Blackpool. O que dá para afirmar é que assim que o treinador saiu da base do Liverpool e aceitou o desafio de reescrever páginas bonitas na história dos Tangerines, Critchley conversou e conviveu com torcedores locais que sabiam na ponta da língua tudo sobre a The Mathews Final e sobre Alan Ball Jr.
Blackpool respira futebol. A cidade litorânea, que um dia foi também escolhida por Brian Epstein (empresário dos Beatles) para receber o lançamento de Help!, é a mesma que recebeu a taça da Copa da Inglaterra de 1953 em um jogo emocionante contra o Bolton Wanderers. O Bolton chegou a fazer 3 a 1, mas Stanley Mathews, na época com 38 anos, chamou o jogo e criou todas as jogadas para a espetacular virada para 4 a 3.
Foi lá em Blackpool que surgiu para o mundo do futebol um outro camisa 7 daqueles. Alan Ball defendia os Tangerines quando foi chamado para a Copa do Mundo de 1966. A Inglaterra comemorou o título, mas o Blackpool acabou não resistindo e vendeu Ball para o Everton. Lá no Goodison, ele, Colin Harvey e Howard Kendall são chamados de "Santíssima Trindade".
Neil Critchley foi contratado para que o time passasse a dar os passos para frente que o clube tem sofrido para dar, mas tem conseguido. Depois de anos e anos nas mãos da família Oyston, o Blackpool deixou de ser assunto nas páginas policiais e voltou a estampar a camisa laranja nos principais meios de comunicação do Reino Unido.
Como um clube que teve Stanley Mathews e Alan Ball como ídolos pode ter o nome envolvido até mesmo em escândalos sexuais? A história é longa e envolve décadas de uso indevido por parte de Owen Oyston, que foi afastado por ter sido preso por violência sexual, Vicki Oyston, esposa de Owen, e seu filho Karl Oyston. A família se perdeu na administração do clube e foi acusada de se servir da imagem e posteriormente de parte dos bens do clube.
O torcedor Simon Peter Sadler, de longe, via tudo com muita atenção. Natural de Blackpool e torcedor apaixonado do clube, Sadler não perdeu a oportunidade e adquiriu 96,2% do clube. Empresário de sucesso no mercado financeiro na Rússia e também na China, Sadler sonhou com um Blackpool mais forte. Em uma entrevista ao jornal The Guardian em julho de 2019, Simon Sadler preferiu dizer que o que os Oyston fizeram no clube foi triste, mas que alguém com amor ao clube que teria que dar a oportunidade a filhos e netos da cidade verem o time em campo.
Neil Critchley chegou, sofreu, mas ajudou a construir um sentido coletivo, uma cara de time. Hoje, após bater o Lincoln e garantir vaga na próxima Championship, Blackpool está em festa. Um primeiro importante passo foi dado, mas é sempre bom lembrar que Simon Sadler estimula as lembranças do passado nos corredores do clube. Vem mais pela frente.
Sorria, Blackpool! Um pouco da história de um clube que viveu desmandos e abusos e agora só quer mesmo é ser feliz
COMENTÁRIOS
Use a Conta do Facebook para adicionar um comentário no Facebook Termos de usoe Politica de Privacidade. Seu nome no Facebook, foto e outras informações que você tornou públicas no Facebook aparecerão em seu cometário e poderão ser usadas em uma das plataformas da ESPN. Saiba Mais.