O polêmico gol de Mbappé que deu título à França: jogadores e treinadores discordam da regra
A França venceu a Espanha por 2 a 1 e se consagrou campeã da Liga das Nações da UEFA. O segundo gol vem dos pés de Mbappé, que estava em posição de impedimento no momento do passe de seu companheiro, porém como o jogador espanhol Eric Garcia tem uma ação deliberada e toca a bola, isso habilita o jogador francês e torna o lance legal, conforme as orientações que os árbitros recebem sobre ação deliberada no impedimento.
O jogador Eric Garcia se manifestou sobre o lance: “Tocam a bola e eu me jogo. Toco com o calcanhar nela e o Mbappé está impedido. O árbitro me disse que, como toquei com o calcanhar, eu tinha a intenção de jogar, e me disse que eu não deveria disputar (a jogada). Que essa é a regra. É uma jogada que é impedimento claro e onde um defensor nunca na vida pode pensar em não disputar.”
Quem acompanha o meu trabalho, principalmente no Sportscenter, já me viu falar que discordo de vários pontos da regra e de certas orientações, que parece que quem faz a regra não assiste, não entende de futebol. E nesse lance do gol para mim é exatamente isso que acontece. A fala do Eric Garcia é exatamente o que penso e não é de hoje, finalmente um jogador se manifestou a respeito.
O jogo é para ser jogado, não para o jogador ficar estático.
O defensor, na maioria das vezes, ainda mais em lances ajustados, não sabe se o atacante está ou não em posição de impedimento. Desta forma, ele não vai ficar “engessado” no campo torcendo para que seja marcado impedimento. O defensor vai ter uma ação, vai tentar cortar essa bola, isso é o futebol, a dinâmica do jogo.
Entretanto, dentro das orientações/regra quando o jogador ataca uma bola, tem a ação de ir jogar com tempo e espaço, domínio do corpo e toca nessa bola, ele vai habilitar o jogador em posição de impedimento.
Nesse caso do gol do Mbappé, e não é o único, o toque do Eric Garcia muda a rotação, mas não a direção da bola, isto é, ela chegaria com ou sem o toque do defensor da mesma forma ao atacante. Onde a ação do defensor, que não pode jogar “engessado” no campo, interferiu claramente para habilitar um jogador em posição de impedimento, mudou a trajetória da bola? Não, não interferiu de forma alguma para habilitar um jogador em posição de impedimento na minha opinião, e sim, é só a minha opinião e visão de regras e futebol.
Assim, como antigamente a regra de mão na bola e bola na mão pareciam mais claras e justas, ocorre o mesmo no impedimento, que antes sequer cabia interpretação e atualmente ela sobra. Antes para habilitar um jogador em posição de impedimento, teria que ser um passe claro e intencional do defensor, não uma ação deliberada, ir jogar a bola como diz a regra hoje.
Os jogadores recebem muitas informações para serem processadas em segundos durante a partida, como se costuma dizer, o jogo é mais jogado com a cabeça do que com os pés e ainda tem a regra para complicar mais em alguns casos.
Como um técnico vai treinar a sua zaga para possíveis lances de impedimento, se corre o risco de uma ação de seu defensor habilitar claramente um atacante em posição?
“Concordo com sua posição e a do Eric Garcia. Na fração de segundo que ele (defensor) tem para decidir o que fazer, não tem certeza sobre a posição do atacante ser legal ou não. E penso que não podemos incentivar pela regra qualquer atitude do atleta que seja a negação ao jogo (parar de tentar disputar a jogada, por exemplo). É o oposto do que é a essência do jogo”, segundo Leandro Zago, treinador do Joinville e Licença A da CBF.
Em sua conta no Twitter, Pep Muñoz disse em relação ao gol de Mbappé e a regra do jogo: “Sempre pedimos aos jogadores que não parem até que acabe a jogada. A regra contradiz o espírito do jogo e do esporte.”
Como um defensor vai agir em campo em lances de ataques do adversário? Eles têm que se adaptar a esse tipo de regra ou a regra precisa entender de futebol e se adaptar ao jogo?
“Quem faz a regra não joga. Já pensou todos os jogadores deixarem de disputar a bola porque vai deixar o atacante impedido.? Existem vários tipos de situações durante o jogo e no vestiário os jogadores são sempre orientados a não desistir das jogadas, irem até o final. O árbitro agora tem que esperar a jogada se concluir em função do VAR, isso mostra como a partida é dinâmica e é contra a essência do jogo o atleta ficará parado”, opina Zé Elias, ex-jogador de futebol e comentarista nos Canais Esportivos da Disney.
É fundamental ter jogador, ex-jogador, treinador e, atualmente com essas orientações ‘loucas’, até mesmo um profissional especializado em Biomecânica do Esporte para direcionar sobre o que é natural ou não no futebol. Inclusive fazendo parte da equipe do VAR se for o caso, ter um ex-jogador. Quem entende de regra, nem sempre entende futebol e isso precisa mudar, pois se observa muitas marcações que não condiz com o jogo, sua essência e seu espírito.
Fonte: Renata Ruel
O polêmico gol de Mbappé que deu título à França: jogadores e treinadores discordam da regra
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