Dados como aposentados por alguns, Ancelotti, Mourinho e Van Gaal dão resposta ao resultadismo seletivo que celebra Bielsa

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Não sei se você é dos que davam Carlo Ancelotti (62 anos), José Mourinho (58 anos) e Van Gaal (70 anos) como aposentados, mas, de forma bem resultadista, quero dizer que o primeiro lidera LaLiga (com o Real Madrid), o segundo está na ponta do Campeonato Italiano (com a Roma) e o terceiro tirou a Holanda do buraco e a deixou bem perto da Copa do Mundo de 2022, no Catar. Os três têm currículos invejáveis e estão entre os maiores treinadores das últimas três décadas, mas não ganham títulos há alguns anos e foram colocados em segundo plano recentemente por muita gente.

Quando os nomes de Ancelotti, Mourinho e Van Gaal surgem, logo aparece alguém para dizer que estão ultrapassados ou que já não fazem um grande trabalho há muito tempo. O italiano e o português não levantam uma taça desde 2017, ano em que Ancelotti faturou a Bundesliga e a Supercopa da Alemanha com o Bayern de Munique e que o português conquistou a Europa League e a Copa da Liga Inglesa com o Manchester United. O holandês estava de fato aposentado após vencer 'apenas' a Copa da Inglaterra com o Manchester United em 2016. Considerando que nos últimos anos Ancelotti trabalhou no Napoli e no Everton, que Mourinho dirigiu o Tottenham e que Van Gaal saiu mesmo de cena por conta própria, é natural que eles não tivessem títulos.

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Rotulado como egocêntrico, problemático e retranqueiro, o 'Malvadão' Mourinho até levou o Tottenham à final da Copa da Liga Inglesa, mas não pôde tirar os Spurs da fila (não ganham nada desde 2008) porque o demitiram de forma cruel e injusta uma semana antes da decisão, na esteira do anúncio da Superliga de clubes europeus (a que pouco depois naufragou).

O City de Guardiola era favorito na final contra o Tottenham? Era, mas Mourinho
bateu duas vezes o time do espanhol na Inglaterra. E em jogos de mata-mata,
sabemos bem pela Champions League, muitas vezes Guardiola inventa e se dá mal.
Os Spurs deixaram um interino perder a final e até uma possível vaga na
Champions League (após a saída de Mourinho, o time perdeu do Aston Villa em
casa e do Leeds fora, ficando em 7º lugar, jogando assim nesta temporada a
Conference League, não pegou nem Europa League).

José Mourinho, líder do Italiano com a Roma, completou mil jogos como técnico e tem mais de 70% de aproveitamento
José Mourinho, líder do Italiano com a Roma, completou mil jogos como técnico e tem mais de 70% de aproveitamento reprodução Roma Channel

 

O Special One teve um fim de semana histórico ao completar mil jogos como profissional. A Roma bateu por 2 a 1 o emergente e badalado Sassuolo no final, e o português saiu correndo para celebrar com a torcida, que o idolatra desde a sua chegada mesmo com seu passado interista. José Mourinho tem mais de 70% de aproveitamento na carreira de técnico. No Tottenham, seu último trabalho, ele teve 'só' 58,53% de aproveitamento, um número que Marcelo Bielsa não conseguiu em nenhum clube que dirigiu.

E por que eu citei Bielsa aqui e no título? Nada contra o louco argentino, eu o adoro e já encomendei meu livro sobre ele, mas é engraçado ver como alguns profissionais podem ter números ruins, derrotas desastrosas e poucos títulos que logo alguém vai passar aquele pano para essas figuras. Bielsa não tem título de elite no futebol europeu, foi ganhar a 2ª divisão do Campeonato Inglês. Além disso, tem uma medalha de ouro olímpica e três títulos nacionais na Argentina, entre Newell’s e Vélez. Nesta temporada, o Leeds já tomou 5 a 1 do Manchester United e 3 a 0 do Liverpool, a defesa do time está quase sempre exposta pelo jeito mais despojado e ofensivo de Marcelo Bielsa. Até o cruyffista Guardiola o trata como uma lenda e referência.

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O pecado de Ancelotti, Mourinho e Van Gaal seria adotar táticas mais conservadoras, proteger mais as suas defesas? O italiano é discípulo de Arrigo Sacchi, o homem que montou o espetacular Milan que dominou a Europa no final da década de 80. Gosta de um 4-4-2, muitas vezes usando um diamante no meio (não me refiro a um craque, mas sim ao sistema de jogo). Mourinho ficou nove anos sem perder como mandante em campeonatos nacionais e quebrou recordes defensivos na Premier League (apenas 15 gols sofridos em uma edição do Inglês), é verdade, mas o Real Madrid dele tem o recorde de gols (121) em uma edição do Espanhol. Van Gaal, que é visto de forma torta por alguns como um general que odeia brasileiros (foi campeão holandês com o AZ de Ari), venceu a Champions League e campeonatos nacionais em três países diferentes, apenas um a menos do que Ancelotti e Mourinho.

É bom ressaltar que Van Gaal, diferentemente do italiano e do português, teve experiência como técnico de seleção também. Foi mal nas eliminatórias da Copa de 2002 e saiu invicto do Mundial de 2014, ficando em terceiro lugar no Brasil. Voltou agora para salvar a sua Holanda, que estava em situação desconfortável em seu grupo no qualificatório por ter perdido de 4 a 2 da Turquia. Meteu 6 a 1 nessa mesma Turquia e bateu boca em coletiva de imprensa com um jornalista que insistia que a linha de cinco usada por Van Gaal era defensiva (na Holanda, o tradicional 4-3-3 é quase sempre pedido pelos mais românticos e ofensivos).

“Um 5-3-2 ou um 5-2-3 pode ser ofensivo. O Chelsea mostrou isso todo o tempo com diferentes jogadores, e tiro meu chapéu para Tuchel por isso”, respondeu Van Gaal após ser 'acusado' de aplaudir o futebol defensivo querendo jogar como o Chelsea. Thomas Tuchel bateu Guardiola na final da Champions League após superar o espanhol em jogos pela Premier League e pela Copa da Inglaterra. A linha de cinco do técnico alemão amarra a equipe de Guardiola, que tentou sem sucesso até agora uma forma de dobrar o Chelsea de Tuchel, que agora foi colocado na primeira prateleira dos treinadores de futebol da atualidade.

Van Gaal, que voltou à seleção da Holanda e a colocou na liderança nas eliminatórias, bateu boca com jornalista que o chamou de defensivo
Van Gaal, que voltou à seleção da Holanda e a colocou na liderança nas eliminatórias, bateu boca com jornalista que o chamou de defensivo Matthew Ashton - AMA/Getty Images

 

Aí preciso voltar para a questão do resultadismo. Tuchel chegou a ser ridicularizado por só vencer campeonatos nacionais com o Paris Saint-Germain durante duas temporadas. Bastou se mudar neste mesmo ano de 2021 e ganhar a Europa para ser rotulado como técnico top, rival de Guardiola. Coisa parecida já tinha acontecido anteriormente com Jürgen Klopp. Alguns grandes treinadores parecem só ter espaço na primeira prateleira quando vencem nobres torneios. Já Bielsa pode ir mal no México, na Espanha e na França (na Itália, acertou com a Lazio, mas pulou fora quando não teve os reforços pedidos) que está tudo certo. E Guardiola pode completar uma década sem ganhar a Champions League mesmo com fortes e endinheirados clubes que não há problema. Mas ai de Ancelotti, Mourinho e Van Gaal se não conquistam títulos de ponta, estão condenados a ficar no passado.     

Sinceramente, acho que Ancelotti tem grande chance de ser campeão espanhol, o que o tornaria vencedor das cinco principais ligas nacionais da Europa. Ele ganhou a Champions com o Real, mas faltou o principal título nacional. Tem um bom elenco para brigar com o Atlético, detentor do título, e o Barcelona, em fase maior de reconstrução. Mourinho mal pode hoje sonhar com o scudetto, mas pode muito bem brigar pelas copas (incluindo a nova Conference League), além de travar bons duelos táticos com outros estrategistas do calcio. Van Gaal já terá méritos por recuperar a Holanda e levá-la de volta à Copa, mas não estará entre os favoritos ao título mundial. Possivelmente, retornará à aposentadoria após o Mundial de 2022, mas sem se sentir um técnico pior do que a imensa maioria dos que estão no topo hoje.

Confesso que estou na torcida por Ancelotti, Mourinho e Van Gaal, seja por clubismo, seja por 'selecionismo', seja por egocentrismo, seja porque admiro mesmo esses três grandes estrategistas, dos maiores que eu vi como jornalista e amante do futebol. Eles fazem bem ao esporte e ainda têm muito valor, podem sim realizar grandes trabalhos, ganhando ou não troféus.

Carlo Ancelotti, que lidera o Espanhol com o Real Madrid, pode ser campeão das cinco principais ligas nacionais da Europa
Carlo Ancelotti, que lidera o Espanhol com o Real Madrid, pode ser campeão das cinco principais ligas nacionais da Europa Bryn Lennon/Getty Images

 

 

  

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Que os jornalistas não recuem e não abaixem a cabeça quando houver censura e intimidação

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Passaram dos limites no futebol brasileiro! Um técnico super elogiado no país acaba de tomar o celular de um jornalista que estava trabalhando em uma área reservada para a imprensa. Depois, visivelmente alterado (como de costume quando perde ou quando acha que foi prejudicado pela arbitragem), desconta também em outro integrante da imprensa que estava registrando a confusão no acesso aos vestiários do Mineirão após Atlético 1 x 1 Palmeiras, acusando-o de ser o responsável pelo futebol brasileiro estar nesta fase. No mesmo Mineirão, na coletiva de outro técnico que também já foi muito elogiado no Brasil (o argentino Eduardo Coudet), uma questão simples e justificada sobre um determinado jogador (Igor Gomes) recebe inicialmente uma negativa (treinador dizendo que não fala de jogador, que não responde sobre indivíduos) e logo depois uma sugestão para o jornalista fazer curso de treinador para poder fazer uma pergunta.

Parem as máquinas, como já diria, os jornalistas da antiga, como o saudoso Roberto Avallone! E não é questão de ser estrangeiro ou não, de ter idade avançada ou não. Vanderlei Luxemburgo, um dos maiores treinadores da história do futebol brasileiro, voltou ao mercado (o que achei legal) distribuindo patadas e grosserias nas coletivas no Corinthians, tentando intimidar especialmente os jornalistas mais jovens, que ficam procurando palavras às vezes para tirar alguma resposta básica que seja do veterano técnico. No começo, parecia apenas uma certa mágoa dele pelas críticas que ele vem recebendo nos últimos anos, quando não teve resultados muito expressivos e se dedicou a outras áreas além do futebol. Mas virou rotina para o Luxa responder com perguntas ou nem responder, falando apenas sobre o que ele quer. Várias figuras importantes no futebol brasileiro neste momento estão se achando no direito de ensinar os jornalistas a perguntar (são quatro anos para se formar jornalista, Coudet, mais tempo do que o curso de treinador) ou, pior, de censurá-los mesmo de alguma forma.

Quando Abel toma o celular de um jornalista e tenta dar uma lição do que deve e do que não deve ser mostrado (como entregar uniforme do clube para a arbitragem, por exemplo), ele está sim censurando. Ele sabe que errou feio e já tratou de pedir desculpas a um dos jornalistas que atacou neste fim de semana. O treinador palmeirense, que faz excelente trabalho na América do Sul, tem temperamento forte e sistematicamente é advertido pelos árbitros, mas desta vez ele foi longe demais. Precisa mesmo fazer uma reflexão sobre seu comportamento, ainda mais se quer ter sucesso um dia na elite do futebol europeu. Um tempo atrás ele ficava irritado quando faziam uma pergunta normal sobre o Endrick. E a resposta, quando vinha, era pouco amistosa, para dizer o mínimo. Agora, simplesmente ele levanta e vai embora quando o indagam sobre o suposto interesse do Paris Saint-Germain em seus serviços, tema que merece sim um esclarecimento, até para o torcedor palmeirense que tanto o ama (as perguntas dos jornalistas normalmente são as que os torcedores gostariam de fazer).     

O temperamental Abel Ferreira faz trabalho exemplar no Palmeiras, mas não teve cabeça fria no Mineirão, onde tomou celular de um jornalista e acusou outro profissional da imprensa de ser o responsável pela fase ruim do futebol brasileiro
O temperamental Abel Ferreira faz trabalho exemplar no Palmeiras, mas não teve cabeça fria no Mineirão, onde tomou celular de um jornalista e acusou outro profissional da imprensa de ser o responsável pela fase ruim do futebol brasileiro Cesar Greco / Palmeiras

 

Cássio, o principal goleiro da história do Corinthians, também mostrou seu lado ditador. Ele conseguiu discutir com o ótimo e pacato Rodrigo Vessoni, do site Meu Timão, porque entende que o portal deve apenas falar bem do clube que tanto diz nas mídias sociais ser democrático. “Estou cansado de criarem polêmica em situação. Você [Vessoni] usa Meu Timão, é em prol do clube, tem que ajudar. Vamos falar da vitória, se unir um pouquinho, parar de jogar contra. Vamos tentar ajudar o Corinthians”, afirmou Cássio, que parece não entender mesmo nada sobre jornalismo. Vessoni tem seu time preferido, como praticamente todos os jornalistas possuem, mas em seu trabalho jornalístico ele pode e deve sim apontar os problemas do clube, dentro e fora de campo, tem todo o direito de fazer uma pergunta sobre o incomum gesto do ídolo corintiano no jogo contra o Fluminense (após fazer uma defesa, ele levou as mãos aos ouvidos, aparentemente mandando uma mensagem para os torcedores que estavam em Itaquera). Cássio pode até não querer responder, mas cobrar que o jornalista ajude o time e só fale coisa boa dele é demais, uma falta de noção.

Renato Gaúcho é outro nome forte do futebol brasileiro que vez ou outra tenta intimidar jornalistas, inclusive publicamente. Neste ano mesmo, ameaçou dar os nomes dos profissionais da imprensa que estavam perguntando sobre uma folga do treinador no Rio de Janeiro. Soou como uma ameaça, como se Renato fosse passar os alvos para a torcida gremista ficar de olho. Nessa mesma coletiva, o treinador “pautou” a imprensa dizendo que deveriam falar de quantas vitórias o Grêmio teve desde que ele chegou. Perguntas sobre os tropeços do time o Renato não gosta muito, está claro.

Não costumo ser corporativista, mas neste momento isso se faz necessário. Na semana passada, durante o Futebol 90, eu disse que o comportamento de Luxemburgo seria diferente se entre os entrevistadores estivessem nomes consagrados do jornalismo e que trabalharam na época do auge de Luxa. Citei os nomes dos companheiros Abel Neto, Mauro Naves e Osvaldo Pascoal, que foram grandes na reportagem (uma vez repórter, sempre repórter) e que hoje estão nos canais ESPN participando de programas em outras funções, sem nunca deixar o jornalismo de lado. Parece mais fácil nas coletivas “crescer” para cima de jornalistas mais jovens ou que não se conhece bem. Então digo para os colegas da nova geração que não recuem e que não abaixem a cabeça diante da estupidez e da intimidação que alguns estão praticando. Façam seu trabalho com ainda mais vontade, sem medo de perguntar e de registrar os fatos que estão acontecendo dentro dos clubes. Antes de o Cruzeiro cair afundado em dívidas, houve protestos de torcedores cruzeirenses contra jornalistas, achando que a imprensa estava “jogando contra” o clube mineiro. Mais tarde viram que quem estava sabotando o Cruzeiro eram seus dirigentes. A imprensa apenas tentava fazer seu trabalho e mostrar a sujeira dentro do clube.

Talvez o mundo do futebol, agora mais acostumado com TVs dos próprios times, canais parceiros e influenciadores digitais, queira que só passem pano para tudo. Se falarem bem, atendem. Mas, se criticarem, não falam ou respondem de forma mal-educada. No Futebol 90 desta segunda-feira, eu citei uma frase clássica dos jornalistas. Acho que é bom e também necessário lembrá-la neste momento. “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. Eu vou acrescentar aqui outra frase (que o companheiro e brilhante jornalista Edu Elias tão bem me lembrou) sobre a nossa profissão. “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados”, sentenciou Millôr Fernandes.

 

 

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Europa respira um verão italiano como o tema da Copa de 1990, mas os favoritos nas finais são outros

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Quem diria no começo da temporada que a Itália teria um time finalista nas três competições interclubes da Uefa? As campanhas da Inter de Milão (Champions League), da Roma (Europa League) e da Fiorentina (Conference League) resgatam o saudosismo da época dourada do calcio, nos anos 80 e 90, quando muitas equipes da terra da Bota triunfavam em disputas continentais. E essa doce nostalgia só aumentou com o título italiano do Napoli, o primeiro sem Maradona, conquistado pouco tempo depois da morte do genial meia argentino. O tema da Copa do Mundo de 1990, de Gianna Nannini, era “Un’ Estate Italiana”, uma canção que embalou aquele verão na Itália e que parece ressoar agora. 

Não há hoje um Bayern de Munique um Paris Saint-Germain ou um Manchester City para dominar a Itália, são quatro campeões nacionais diferentes nas quatro últimas temporadas, uma rotatividade no topo da tabela incomum nas principais ligas nacionais da Europa. A Azzurra venceu de forma convincente o título da última Eurocopa e, embora tenha ficado de fora do Mundial do Qatar, mostra força de novo sendo uma das semifinalistas da atual Nations League. Se não há praticamente craques no futebol italiano neste momento, há muito trabalho coletivo, bastante estratégia e organização que recolocam o tradicional calcio em uma posição de destaque internacional.   

Mas, diante das limitações financeiras dos clubes italianos em relação aos ingleses e até espanhóis, não dá para apontar hoje os times da terra da pizza como favoritos nas decisões continentais. Na nobre Champions League, creio que há o maior abismo em termos de desempenho em campo e de investimento (não necessariamente nessa ordem). A máquina de Guardiola já era poderosa na temporada passada, mas a chegada de Haaland transformou o Manchester City em um tubarão faminto. Busca sua primeira Champions e leva muita vantagem, teoricamente, sobre a Inter, tricampeã da Europa. A última vez que o esquadrão nerazzurro venceu a disputa foi também a última vez que o futebol italiano conquistou a famosa “Orelhuda”. O técnico da Inter na ocasião foi José Mourinho, o mesmo homem que conquistou a Conference League na temporada passada com a Roma e o mesmo comandante que guiou a simpática equipe da capital rumo à final da Liga Europa na atual competição.

José Mourinho, que venceu os dois últimos títulos europeus de clubes italianos (Inter em 2010 e Roma no ano passado), tenta mais uma taça da Liga Europa em final grandiosa contra o dominante Sevilla
José Mourinho, que venceu os dois últimos títulos europeus de clubes italianos (Inter em 2010 e Roma no ano passado), tenta mais uma taça da Liga Europa em final grandiosa contra o dominante Sevilla reprodução Roma Channel

 

A Roma tem como adversário na grande final em Budapeste simplesmente o dono da Europa League. O Sevilla venceu seis vezes a disputa e se acostumou a derrubar gigantes e poderosos ao longo de sua rica história na disputa que cresce em relevância a cada ano. O caliente clube espanhol jamais perdeu uma decisão da Liga Europa e já dobrou em uma final uma equipe italiana: a forte Inter de 2020, base do time que foi à final da Champions agora. Muito da força da Roma está no sistema defensivo montado pelo estrategista José Mourinho, que também nunca perdeu uma final europeia (o carismático português é o único treinador a ter os troféus dos três interclubes atuais da Uefa). Contra o Bayer Leverkusen, o famoso ônibus do “Special One” se fez presente, sobretudo na partida de volta na Alemanha, quando estatísticas mostram 23 x 1 em finalizações para o clube alemão. Mesmo assim, o 0 a 0 foi garantido por Mourinho e seus jogadores. Será possível segurar também na final o embalado rival espanhol?

Mourinho teve que superar mais uma vez lesões e desfalques para avançar no torneio europeu, mas a Roma acabou fora do G4 do italiano. A rival Lazio está na quarta posição, seis pontos à frente da Roma quando faltam apenas três rodadas para o final. A briga romanista agora em âmbito nacional é com o Milan e a Atalanta por uma vaga na próxima Liga Europa. Só que o título da atual Europa League, que seria o maior troféu da história da Roma, renderia vaga na Champions League. Assim como um título da Fiorentina na Conference League a jogaria na próxima temporada para a Liga Europa. A equipe de Florença está na oitava posição no Italiano, bem longe da zona de classificação para competições europeias na pontuação. A chance de vaga é conquistando mesmo a taça contra o forte West Ham em Praga no final deste mês. Encarar um time da Premier League não será uma tarefa fácil para a Viola, a primeira campeã da antiga Recopa (faturou o caneco na temporada 1960/61 diante de outro britânico: Glasgow Rangers).  

A Juventus, que caiu apenas na prorrogação em Sevilla na semifinal da Liga Europa, recuperou os pontos que havia perdido no tapetão e chegou assim ao G4 do Italiano, garantindo assim virtualmente uma vaga na próxima edição da Champions League (matematicamente, bastam dois pontos em três jogos para a classificação da Velha Senhora). Quando o assunto é escândalo de manipulação de resultados, algo que já marcou bastante o calcio, neste momento trata-se de um problema bem mais brasileiro. A imagem do futebol italiano de fato está mudando agora. A imensa maioria dos jogadores que servem a seleção italiana atuava no futebol local até pouco tempo atrás, mas hoje vemos muitos jogadores se destacando em outras ligas. Dentre os jogadores “estrangeiros” da Azzurra atual, estão Donnarumma e Verratti, do PSG, Emerson Palmieri e Scamacca, do West Ham, Jorginho, do Arsenal, Grifo, do Freiburg, Gnonto, do Leeds, Zaniolo, do Galatasaray, Luiz Felipe, do Betis e até Mateo Retegui, do Tigre.

O renascimento do futebol italiano é real. E belo, como a Itália. Mas essa paixão toda que o calcio carrega talvez não seja suficiente para ganhar a Europa, em termos de clubes, agora.

 

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Casas de aposta são vítimas nos casos de manipulação de jogos, mas decidi não fazer propaganda agora

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

O escândalo de manipulação de jogos no futebol brasileiro é o assunto do momento. Para algumas pessoas, era uma bomba relógio, um problema que vem aumentando na esteira do crescimento colossal das casas de apostas, que hoje em dia financiam centenas de equipes e ligas mundo afora. Ouvíamos sobre casos em jogos de menor expressão e em outros países. A ideia de que isso estava acontecendo na elite do futebol brasileiro parecia meio irreal, afinal jogador de time grande normalmente é bem remunerado e não precisaria de um “dinheirinho” extra, não seria tolo a ponto de colocar a sua carreira em risco por causa de um lateral, um escanteio, um cartão amarelo, um pênalti etc.     

Como falei no programa Futebol 90 outro dia, entendo mesmo que as casas de aposta são grandes vítimas nesses casos de manipulação de jogos. São estabelecimentos que, de certa forma, até dependem da credibilidade no esporte para existir. Se ninguém acredita na lisura das partidas, ninguém vai apostar. E tem gente ganhando dinheiro de forma ilícita em cima das casas de aposta. Assim, satanizar agora esse mercado não é bem o caminho, até porque apostas existem desde que o esporte existe (a tão elogiada Inglaterra é pátria mãe do futebol e também das casas de aposta).

Minha relação com as casas de aposta começou há alguns poucos anos, quando comecei a botar uma grana por diversão como um apostador normal. Não ganhei nem perdi dinheiro relevante, mas me viciei rapidamente. Estava perdendo tempo precioso da minha vida apostando seguidamente e, depois, acompanhando todo tipo de jogo de várias modalidades ao longo do dia e da noite. Esse é um problema sério das casas de aposta: elas viciam. Tanto que achei bacana uma casa de aposta que já indicava até tratamento psicológico para os casos de viciados em jogatina. Eu parei um tempo com as apostas, voltei depois de um tempo com essa prática e parei de novo já faz mais de um ano. Essa vontade de apostar varia, para mim, muito da época em que estou, das conversas com amigos que apostam com bem mais frequência, das inúmeras propagandas e vantagens oferecidas pelas casas de aposta. Mas eis que eu recebi há poucas semanas um convite diferenciado: virar parceiro comercial de uma dessas casas.

[]

Até hoje, como jornalista, só fiz parceria comercial mesmo com cursos. Em um deles, fui professor. Em outro, faço divulgação nas minhas mídias sociais e ganho uma pequena porcentagem se algum seguidor meu se matricula usando meu desconto. Essa é uma prática hoje comum entre jornalistas, muito por conta desta era das mídias sociais em que quase todo mundo tenta monetizar postagens. Divulgar um curso, ainda mais sobre jornalismo e sobre futebol, não foi um problema para mim, pois estimulo mesmo naturalmente as pessoas a sempre estudar e aprender como for possível. Pensei como seria quando eu recebesse uma proposta para vender um outro tipo de produto. Há quem não goste de fazer comercial de bebida alcoólica ou de cigarro, coisas que causam dependência e afetam negativamente muitas famílias. Mas não seria um problema parecido divulgar casas de apostas?

Fiquei pensando durante alguns dias se devia associar a minha imagem ou não a uma casa de apostas. Eu preciso mesmo fazer isso para ganhar um dinheiro extra? Hoje, não. Tenho um bom salário na ESPN, onde estou empregado e satisfeito. Talvez precise de uma parceria comercial como essa no futuro para garantir, sobretudo, a saúde e a educação dos meus filhos. E por eles (e em uma situação de desemprego) eu faria sim propaganda de uma casa de apostas tranquilamente, pois, como escrevi no início deste post, não as vejo como responsáveis por manipulação de jogos. Eu talvez recomendasse apenas apostar com sabedoria para não comprometer o dinheiro dos meus seguidores e alertaria para o risco de se viciar nas apostas. Tenho colegas na imprensa que fazem publicidade de casas de aposta. Não os condeno. E tenho colegas que vetam com veemência qualquer contato com casas de aposta. Eu os respeito. Se um dia eu fizer propaganda de casa de apostas, será porque a proposta é muito compensadora ou porque eu esteja precisando muito de grana. Tomei essa decisão conversando com pessoas próximas e com colegas. Cada um sabe o que faz e o que precisa. Mas por que eu estou tratando disso?

A fala de Marçal, lateral-esquerdo do Botafogo após os 3 a 0 no Corinthians, foi bem sincera e reveladora. Ele contou que recebeu um convite, em mensagem no Instagram, de uma pessoa que queria lhe pagar por cartão amarelo recebido. Vetou na hora a proposta, respondendo com palavrão ao aliciador. Na entrevista, Marçal falou que quase todos os jogadores no futebol recebem hoje algum tipo de oferta do tipo. E, com o caso Bauermann bastante exposto, percebemos que há jogadores que aliciam outros atletas. Isso já acontecia tradicionalmente no nosso futebol com a chamada mala branca. Normalmente, eram jogadores que faziam propostas para outros jogadores, afinas os cartolas espertos não queriam se “sujar” se o caso fosse revelado. Não trata-se então de um caso isolado, o ex-zagueiro do Santos (creio que já posso falar assim de Bauermann) não é o único investigado no momento. Talvez estejamos vendo apenas o topo do iceberg. Não temos ideia real do alcance do problema ainda, qualquer lance agora pode ser colocado em dúvida, o que é triste demais para o esporte.

“No meu caso, foi ano passado contra o Flamengo. Eu tomo cartão por reclamação. Depois, eu recebi uma mensagem no Instagram dizendo: ‘Tomando cartão por reclamação? Mais vale ganhar dinheiro por isso.’ Eu dei uma resposta que não pode passar na televisão e nunca mais tive contato. Acaba tendo esse tipo de abordagem. Como foi assim. Com outros é de outra maneira. Todo jogador já recebeu algum tipo de convite. Que as pessoas possam responder à altura e também mostrar à polícia. Se (um apostador) faz o convite e você diz não, com certeza ele procura outro. E talvez outro diga sim, seja por uma situação ruim no clube ou problema financeiro. Que esses jogadores que foram pegos sirvam de lição para outros e que a gente possa ter um campeonato limpo. É triste porque acaba afetando o Campeonato Brasileiro. Acaba tendo uma visibilidade negativa. Porque isso está acontecendo com jogadores que não precisam disso. Isso passa pelo caráter do jogador. Vocês sabem o quanto é difícil chegar no profissional, sabem o quanto é difícil você estar em um clube grande de Série A. E você, depois de toda essa luta que tem para chegar, se queima por causa de um esquema. É ridículo. Espero que os jogadores respondam”, afirmou Marçal.

Onde está o sindicato dos jogadores para tratar deste assunto tão sério agora? Trabalho com ex-atletas que estão revoltados, tristes e até envergonhados pela classe. Os jogadores precisam se manifestar, se posicionar, esclarecer todo tipo de convite ou aliciamento. Mesmo se tiver que acusar algum colega que se vendeu por algum lance para esses criminosos do submundo das apostas, que as denúncias sejam feitas. As casas do ramo têm mecanismos para detectar apostas suspeitas e devem também ajudar a revelar esses casos que atentam contra o esporte e contra o próprio negócio. Não acho que as casas de apostas deixarão de perder poder no futebol atual (embora a Premier League já tenha decidido que, a partir de 2026/2027, não vai ter mais patrocínio de casas de aposta na frente das camisas dos times), mas algo precisa ser feito para pegar e punir com rigor quem está roubando.

Tem muita gente roubando dinheiro e, mais que isso, a honra e a credibilidade do futebol. E há algumas coisas que não têm preço.

 

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Após metade dos jogos da fase de grupos dos torneios da Conmebol, vemos nova realidade na América

Rodrigo Bueno
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Estamos nos acostumando ainda com o domínio brasileiro avassalador nos torneios da Conmebol, e claro que muito disso por razões financeiras e pelo aumento dos estrangeiros no nosso futebol. Mas a situação não está tão confortável para muitas das equipes do país na Libertadores e na Copa Sul-Americana. São 14 clubes brasileiros nos dois torneios, e só cinco estão liderando seus grupos. Outros cinco estão em segundo lugar, o que é um perigo especialmente para quem está na Sul-Americana (os segundos jogarão um playoff contra os terceiros da Libertadores). E quatro “brazucas” estão em terceiro lugar em suas chaves, algo que foge um pouco da lógica econômica e técnica do continente.   

O Atlético-MG é colocado atualmente na Santíssima Trindade dos elencos do futebol brasileiros juntamente com Flamengo e Palmeiras. Só que o Galo está ameaçado de não se classificar para as oitavas da Libertadores. Está hoje em terceiro lugar e vai ter muito possivelmente uma decisão no Paraguai contra o Libertad, rival que o derrotou em Minas. Outro elenco caro do futebol brasileiro está na terceira posição: o Corinthians. A situação para o time, agora comandado por Vanderlei Luxemburgo, é delicada em termos de classificação. Perdeu em casa de Argentinos Juniors e Independiente del Valle em Itaquera e tudo indica agora que irá para a Copa Sul-Americana como um “prêmio de consolação”.

O Santos, com toda a sua tradição internacional, está atrás de Newell’s Old Boys e do Audax Italiano em seu grupo. Hoje, luta apenas pelo segundo posto da chave, sendo que decidirá, quase que seguramente, sua sorte no Chile contra o Audax, que segurou o alvinegro praiano na Vila Belmiro. Já o América-MG, tão elogiado por boas administrações recentes e mais acostumado agora a jogar torneios continentais, é quem corre mais risco de terminar em terceiro lugar em seu grupo na Copa Sul-Americana.  

Em segundo lugar na Libertadores, estão Palmeiras, atual campeão brasileiro, Internacional, vigente vice-campeão nacional, e Flamengo, detentor do maior título continental no momento. O clube alviverde, por conta da decisão do Paulista, estreou com derrota na altitude diante do Bolívar. Terá que dobrar esse mesmo adversário no Allianz Parque para terminar como líder de sua chave. O Inter de Mano Menezes não está convencendo mesmo nos jogos no Beira-Rio, o que preocupa nessa disputa contra o Nacional e o Independiente Medellín por vaga nas oitavas. Já o poderoso rubro-negro, agora nas mãos de Jorge Sampaoli, não conseguiu vencer o Racing mesmo jogando com um a mais por boa parte da partida. Como já perdeu uma para o Aucas, corre sério risco de avançar para o mata-mata como segundo colocado, o que o obrigaria a decidir fora de casa, talvez com um forte rival.

Na Copa Sul-Americana, o Botafogo, mesmo embalado como líder do Campeonato Brasileiro, não passou pela LDU em casa e tudo aponta agora para uma segunda posição que o jogará para um playoff de alto risco contra um time da Libertadores, que pode ser o Corinthians, por exemplo. O Goiás é outro clube brasileiro que está na segunda posição na Sul-Americana. O esmeraldino time do Centro-Oeste, que já foi vice-campeão uma vez no torneio da Conmebol, possivelmente decidirá sua sorte contra o Independiente Santa Fé na Colômbia, o que não é moleza.

O São Paulo, agora de Dorival Júnior, lidera ainda seu grupo na Sul-Americana, mas não venceu o Tolima e viu a aproximação do Tigre na tabela. Mais uma vez um duelo entre eles no Morumbi será decisivo, portanto. Pelo desempenho recente do Tricolor, o cenário não é muito animador pensando em título da competição, lembrando que o São Paulo foi campeão em 2012 e vice no ano passado. O Bragantino também lidera sua chave, mas parou em casa no Estudiantes, rival que nunca foi vazado (em três jogos) pela equipe da Red Bull. Será difícil a vida do time de Bragança Paulista na partida de volta em La Plata. A vice-liderança do time brasileiro, talvez até no saldo de gols, é possibilidade muito real.

O técnico Fernando Diniz, muito elogiado agora após fazer 5 a 1 no River Plate, pode levar o Fluminense ao seu primeiro título de Libertadores
O técnico Fernando Diniz, muito elogiado agora após fazer 5 a 1 no River Plate, pode levar o Fluminense ao seu primeiro título de Libertadores MAILSON SANTANA/FLUMINENSE FC
 

Apenas três times brasileiros estão fazendo de fato grandes campanhas nos torneios da Conmebol até agora: Athletico, Fluminense e Fortaleza. O Furacão, que estava menos cotado do que o Galo, já venceu o ex-xará brasileiro e triunfou fora de casa contra o Libertad de virada. Assim, o atual vice da Libertadores encaminhou bem a sua classificação em primeiro lugar. O Flu, que aplicou a maior goleada que o River Plate já sofreu em torneios da Conmebol na história (5 a 1), une resultados e ótimo desempenho. Desponta como um dos grandes favoritos agora para o título continental, que seria inédito para o Tricolor. Também seria inédito para o Nordeste um título continental, algo que pode acontecer neste ano com o excelente Fortaleza, que mantém 100% de aproveitamento em seu grupo na Sul-Americana. O Leão do Pici faz a melhor campanha da competição e, caso não se perca nas viagens longas e no calendário recheado, deve brigar sim pelo título internacional. Dos 14 clubes brasileiros nos torneios da Conmebol, só Fortaleza e Flu ostentam 100% de aproveitamento.

Caso Athletico, Fluminense ou Fortaleza sejam campeões continentais neste ano, vamos continuar falando do domínio brasileiro na América, mas seriam gratas novidades, pois seriam taças nobres conquistadas por esses clubes pela primeira vez na história. Podemos ter um certo ar de renovação após os últimos anos em que Flamengo e Palmeiras reinaram na Libertadores e que o Athletico triunfou duas vezes na Copa Sul-Americana (torneio que seu dirigente máximo agora despreza devido ao crescimento à nova realidade do rubro-negro paranaense).

Esse domínio brasileiro no continente faz com que várias marcas e recordes coletivos, como o de invencibilidade fora de casa (Palmeiras ficou 20 jogos sem perder como visitante, e Galo e Flamengo somaram 14 partidas sem perder em sequência), estejam virando rotina. E também já vemos uma nova realidade em estatísticas individuais no continente. Gabigol, por exemplo, chegou a 30 gols na Libertadores, sendo agora de forma isolada o brasileiro com mais tentos na competição. Mas ele está a só sete gols de ser o segundo maior goleador da história do nobre torneio (pode muito bem passar o argentino Daniel Onega e os uruguaios Fernando Morena e Pedro Rocha). Só é difícil para o atacante do Flamengo pegar os 54 gols do lendário equatoriano Spencer.

O Palmeiras disparou entre os times brasileiros em praticamente todas as estatísticas da Libertadores (partidas, vitórias, gols, participações etc.) e já começa a se aproximar do pelotão de elite histórico do torneio, que inclui os dois maiores clubes de Argentina, Uruguai e Paraguai, todos com inúmeras participações. O São Paulo, em contrapartida, vai se isolar como o segundo melhor clube nessas estatísticas todas na Copa Sul-Americana. Jogando bastante o torneio nesse período de vacas magras, o Tricolor, precisa de seis pontos para se igualar ao Independiente, o Rey de Copas, e ficar atrás apenas da LDU, recordista em jogos, vitórias e gols na agora valorizada segunda copa da Conmebol.  

O Brasil nunca esteve tão voltado para o resto da América do Sul. Talvez mudem os clubes dominantes nas competições e alguns personagens como destaque, mas a importância dada para todos no país aos torneios da Conmebol é uma nova realidade que veio para ficar. Os clubes brasileiros, que vêm fazendo finais seguidas na América nos últimos anos, estão se aproximando dos argentinos em títulos da Libertadores (está 25 a 22 para os “hermanos”) e da Sul-Americana (9 a 5 para os vizinhos). “Soy loco por ti, América” nunca foi tão atual como agora no Brasil.

Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza, já fez história no clube ao vencer o San Lorenzo na Argentina e pode dar a primeira taça internacional oficial para o Nordeste
Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza, já fez história no clube ao vencer o San Lorenzo na Argentina e pode dar a primeira taça internacional oficial para o Nordeste Vinicius Palheta / Fortaleza EC
 
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Após metade dos jogos da fase de grupos dos torneios da Conmebol, vemos nova realidade na América

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Após duas recentes pesquisas de torcida conflitantes, veja o alcance dos times nas mídias sociais

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

No último dia 10, saiu uma pesquisa de torcida feita pela CNN Esportes/Itatiaia/Quaest que gerou estranheza em algumas torcidas e festa em outras. Nela, Atlético-MG e Cruzeiro dividiam a quinta posição entre as maiores torcidas do país, ficando à frente do Vasco, reconhecidamente um time com muitos fãs espalhados pelo país. Nessa mesma pesquisa, o Palmeiras apareceu na frente do São Paulo em terceiro lugar, uma novidade em relação a praticamente todas as pesquisas desde os anos 90. Talvez a boa fase alviverde nos últimos tempos e a sofrência são-paulina de quase uma década estariam causando essa virada. Mas eis que vem uma outra pesquisa, essa feita pelo instituto AtlasIntel, que recoloca as coisas, digamos, em seus lugares mais tradicionais: São Paulo na terceira colocação, e o Vasco na frente dos mineiros.

A primeira pesquisa teve como base 6.507 entrevistas presenciais com pessoas de 16 ou anos mais em 325 cidades brasileiras. Pelo que foi divulgado, a margem de erro seria de 1,4 ponto percentual para mais ou para menos e o nível de confiabilidade seria de 95%. Já a segunda pesquisa foi feita pela internet e colheu 1.600 votos em 640 municípios do país. A margem de erro dessa votação é de 2% para mais ou para menos. Como somos aproximadamente 215 milhões de brasileiros, o universo ouvido é bem pequeno, e muita gente contesta as pesquisas por isso. Mas é bom lembrar que as pesquisas têm um cunho científico, uma metodologia, trata-se de um trabalho normalmente respeitável. Mas por que então números tão diferentes de uma pesquisa para outra? Talvez pela forma diferente como foram realizadas. Deve ter uma lógica que vai além do bairrismo (uma pesquisa mais mineira ou mais paulista) e do clubismo (já ouvi que dono de instituto de pesquisa dava um peso maior para seu time de coração na pesquisa de sua empresa).   

Então como saber com mais certeza o tamanho de cada torcida? Usar o público pagante seria uma opção, mas estádios têm capacidades diferentes e preços distintos. Uma outra forma de medir seria pelo número de sócios, de sócios-torcedores, de audiência, de venda de camisas, etc... Os departamentos de marketing dos clubes, claro, turbinam todos esses números. Haveria algum dado então confiável que pudesse aferir quantos simpatizantes um clube possui? As mídias sociais estão aí com seus números absolutos, mesmo que não sendo 100% de verdadeiros fãs. A Chapecoense virou um dos clubes mais queridos do país nas mídias sociais mesmo não tendo uma das maiores torcidas, houve na verdade uma grande onda de apoio (até de fora do Brasil) ao clube de Santa Catarina após o acidente aéreo que matou quase toda a delegação da equipe em 2016.

Feitas essas ponderações todas, acho bastante significativo analisar os números de seguidores que cada clube possui. O Flamengo, que certamente tem mais de 40 milhões de torcedores, ostenta, no Instagram, 17,1 milhões de seguidores e, no Twitter, pouco mais de 10 milhões de fãs. Nem todo mundo usa internet, claro, especialmente as pessoas da terceira idade e os bebês. Mas as pesquisas descartam tradicionalmente os menores de 16 anos. Um bom número de crianças e adolescentes certamente devem seguir hoje em dia seus times de coração. Também por isso acho válido dar uma olhada com carinho nos números que passarei aqui abaixo com clubes das Séries A, B e C do Brasileiro, bem como algumas outras equipes tradicionais do nosso futebol.  

Em todas as pesquisas de torcida no Brasil, o Flamengo aparece em 1º lugar e o Corinthians vem na 2ª posição, com a briga esquentando a partir do 3º posto, inclusive nas mídias sociais
Em todas as pesquisas de torcida no Brasil, o Flamengo aparece em 1º lugar e o Corinthians vem na 2ª posição, com a briga esquentando a partir do 3º posto, inclusive nas mídias sociais Gazeta Press

 

TWITTER (27/03/2023)

CLUBE              SEGUIDORES

Flamengo       10.219.510

Corinthians    7.713.863

São Paulo       4.864.406

Palmeiras       3.758.617

Santos             3.105.984

Grêmio           3.101.138

Vasco              2.688.304

Atlético-MG  2.606.638

Cruzeiro         2.577.955

10º Inter              1.903.230

11º Sport             1.687.416

12º Bahia            1.576.145

13º Fluminense  1.524.448

14º Botafogo      1.458.665

15º Vitória           1.218.952

16º Athletico      1.199.593

17º Coritiba        981.192

18º Goiás            666.058

19º Figueirense  662.717

20º Chapecoense 611.009

21º Criciúma      574.933

22º Ceará            448.000

23º Fortaleza      431.403

24º Santa Cruz   278.632

25º Avaí              240.674

26º Paysandu     225.830

27º Ponte Preta  212.949

28º América-MG 184.288

29º Náutico        179.204

30º Remo            155.024

31º ABC             139.431

32º Atlético-GO 134.135

33º Bragantino   127.635

34º Paraná           124.731

35º Vila Nova    120.889

36º América-RN 110.447

37º CRB              107.467

38º Portuguesa   104.163

39º Juventude    94.676

40º CSA              69.565

41º Cuiabá           67.779

42º Londrina      63.626

43º Guarani        56.591

44º Ituano           55.238

45º Botafogo-SP 48.029

46º Volta Redonda 46.963

47º Sampaio Corrêa 43.573

48º Operário-PR 38.995

49º Confiança    25.721

50º América-RJ  24.234

51º Bangu           23.744

52º Ypiranga-RS 21.849

53º Brusque       17.922

54º Manaus        15.892

55º Novorizontino 12.573

56º São José-RS 12.544

57º Santo André 12.523

58º São Bernardo 9.422

59º Aparecidense 8.017

60º Altos             7.112

61º Floresta        6.400

62º Mirassol       4.020

63º Pouso Alegre 3.649

64º Paulista        2.705

65º Amazonas    1.953

66º Tombense    não tem Twitter oficial

 

INSTAGRAM (27/03/2023)

CLUBE              SEGUIDORES

Flamengo       17.100.000

Corinthians    9.400.000

São Paulo       5.000.000

Palmeiras       4.700.000

Grêmio           2.600.000

Atlético-MG  2.500.000

Cruzeiro         2.300.000

    Santos             2.300.000

    Vasco              2.300.000

10º Inter              1.700.000

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13º Sport             1.100.000

14º Bahia            1.000.000

15º Botafogo      874.000

16º Athletico      684.000

17º Figueirense  662.717

18º Chapecoense 611.009

19º Criciúma      574.933

20º Bragantino   526.000

21º Paysandu     519.000

22º Remo            514.000

23º Ceará            448.000

24º Santa Cruz   436.000

25º Fortaleza      431.403

26º Goiás            410.000

27º CSA              321.000

28º Coritiba        302.000

29º Cuiabá           280.000

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36º Portuguesa   197.000

37º Atlético-GO 196.000

38º América-RN 192.000

39º Vila Nova    182.000

40º Confiança    169.000

      Ponte Preta   169.000

42º Juventude    149.000

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46º Paraná           112.000

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52º Brusque       81.500

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55º São Bernardo 71.600

56º Pouso Alegre 56.500

57º Altos             55.300

58º Bangu           54.100

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62º São José-RS 42.300

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65º Amazonas    32.400

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21º Remo            465.000

22º Coritiba        454.000

23º Paysandu     438.000

24º Bragantino   378.000

25º Goiás            324.000

26º Ponte Preta  288.107

27º Figueirense  280.000

28º Avaí              260.000

29º América-RN 232.000

30º ABC             231.000

31º Náutico        214.068

32º Portuguesa   205.000

33º Paraná           203.000

34º Juventude    200.566

35º Criciúma      194.000

36º Botafogo-SP 191.617

37º Sampaio Corrêa 188.000

38º CSA              173.000

39º América-MG 165.000

40º CRB              154.000

41º Cuiabá           142.000

42º Vila Nova    118.000

43º Londrina      116.000

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      São Bernardo 104.000

46º Manaus        103.000

47º Guarani        101.000

48º Ituano           64.000

49º Operário-PR 60.000

50º Confiança    59.000

51º Ypiranga-RS 58.000

52º Bangu           56.364

53º Volta Redonda 54.000

54º Mirassol       50.000

55º Brusque       39.000

56º Paulista        38.000

57º Pouso Alegre 32.073

58º Novorizontino 32.000

59º Santo André 31.000

60º São José-RS 24.000

61º Altos             18.000

      Floresta        18.000

63º Tombense    16.000

64º Aparecidense 9.300

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Muita gente ama odiar Rogério Ceni, era assim como jogador e é assim como técnico também

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Rogério Ceni é não só um ídolo gigantesco do São Paulo, mas também um dos principais jogadores da história do futebol brasileiro. Maior goleiro artilheiro do esporte, dono de inúmeros recordes, multicampeão, desperta admiração em muita gente pelas suas marcas e sua liderança, mas sofre uma resistência absurda de muita gente também, sobretudo de torcedores de clubes rivais do Tricolor. Era assim como atleta e é assim como treinador. Ver o São Paulo rebaixado com Rogério como comandante talvez seja a maior alegria possível em 2023 para muitos. Mas vários desses antis já festejariam a simples demissão de Ceni neste momento.  

Quando era goleiro, ele sofria uma espécie de preconceito. Por tratar muito bem a bola com os pés, era rotulado por alguns como um arqueiro comum debaixo das traves (o que sempre foi uma grande injustiça com ele) e por querer aparecer demais (hoje exaltam os goleiros-líberos, cobram que todos sejam como o Neuer, que sejam como era o Rogério Ceni em seus tempos como atleta), passando por cima de companheiros e até superiores. Vou citar como exemplo um trecho de uma coluna publicada na Folha no dia 23 de março de 2004 por Marcos Augusto Gonçalves.

“A imagem vai se tornando rotineira: Rogério Ceni, em vistoso uniforme, e depois de algumas tentativas de acertar um gol de falta, posta-se na intermediária são-paulina assumindo o papel de líbero. A essa altura o jogo já está invariavelmente perdido. Mas vale a encenação. Apressadinho, pega a bola, olha para lá e para cá, faz que passa para ali, depois faz que passa para acolá, mas acaba mesmo chutando para frente. Beleza. Está “empurrando” o time, pensam os incautos. Na verdade, o efeito muitas vezes acaba sendo o contrário: retarda a articulação da equipe, produz mais nervosismo e mais desconcentração. No domingo, na derrota do São Paulo para o São Caetano, a cena se repetiu. Com o leite já derramado, o presepeiro guardião da meta do Tricolor estava lá, oferecendo seu show de “garra” e “liderança” para uma torcida que gosta de chamá-lo de o “melhor goleiro do Brasil”.”    

Um ano depois dessa coluna, Rogério Ceni foi o principal jogador do futebol brasileiro, fazendo dezenas de gols (muitos de falta, não era só batedor de pênalti) e ganhando CONMEBOL Libertadores e Mundial de Clubes pelo São Paulo sendo o melhor atleta das duas competições. Dois anos depois dessa coluna, com Rogério iniciando um período hegemônico do Tricolor no Campeonato Brasileiro (tri genuíno até hoje único, contando o Nacional a partir de 1971), houve a famosa treta entre o arqueiro são-paulino e a jornalista Milly Lacombe, que terminou na Justiça com vitória de Ceni na causa que tratava, sem entrar aqui em detalhes, de sua imagem sendo atacada. As críticas a Rogério, mais especialmente as públicas, passavam a ficar cada vez mais raras com ele ganhando tudo em campo e com ele virando exemplo de líder positivo, símbolo de atleta articulado e inteligente, figura respeitada aqui e no exterior.

Mas a verdade é que uma grande rejeição (para não dizer um certo ódio) a Rogério nunca deixou de existir. Ele poderia ter saído de cena do futebol, poderia ter virado comentarista e criticar os outros, mas preferiu ser treinador, profissão que é vidraça desde sempre. Se como atleta ele já era criticado por dominar o vestiário em excesso, por passar por cima de técnico e por ser personalista demais, imagina com ele sendo o chefe mesmo, com ele sendo o líder de fato do grupo. No atrito entre o jovem Marcos Paulo e o experiente ídolo tricolor, muita gente na mídia ficou do lado do jogador que acabou de chegar ao São Paulo e cobrou a demissão de Rogério por abuso de autoridade, assédio, agressão, por não saber se controlar e comandar etc. Marcos Paulo quebrou a hierarquia e sacaneou o técnico (que é simplesmente um mito no clube) publicamente, mas a imagem que ficou forte (não tem imagem na verdade) é que Rogério extrapolou ao atingir, de alguma forma física e na frente do grupo, um “garoto” que “só” cometeu um deslize virtual, coisa tão comum nos dias atuais. O mesmo Marcos Paulo fez um gol contra o Puerto Cabello que aliviou um pouco a situação de Rogério e depois o abraçou, como o grupo quase todo fez com palavras, basta ouvir o bravo Calleri.

Rogério Ceni em São Paulo x Puerto Cabello pela CONMEBOL Sul-Americana
Rogério Ceni em São Paulo x Puerto Cabello pela CONMEBOL Sul-Americana Marcello Zambrana/AGIF/Gazeta Press

Apesar de o grupo de atletas demonstrar com declarações e com luta em campo estar com o treinador, Rogério Ceni, no clube em que é lenda, está na corda bamba agora em vários níveis. As críticas à sua figura, que eram quase praxe em algum momento (inclusive com ele na seleção sendo campeão do mundo em 2002) e que rarearam bastante com ele multicampeão e artilheiro, estão de volta agora com ainda mais peso. A própria Independente, maior torcida organizada do Tricolor, citou na nota em que pede a demissão de Rogério que ele tem “erros de atitude e de personalidade” e que “ninguém é perfeito”. Rogério nunca foi perfeito e nunca será, assim como ninguém. Mas por que tanta gente detesta sua postura, seu jeito? É algo para pensar. Será por clubismo? Afinal ele representa demais o São Paulo, clube que em algum momento se achou o soberano, o “rei da cocada preta”, como a presidente palmeirense Leila Pereira se referiu ao Flamengo, o “time da soberba” agora. Será porque Rogério é falso ou tem caráter discutível? Não me parece que seja isso, ele dá declarações bastante sinceras para os padrões do futebol brasileiro e isso que talvez incomode algumas pessoas, inclusive dentro do São Paulo, do DM até o responsável pela piscina.

A fama de arrogante paira desde sempre sobre Rogério Ceni. Ele sabe disso e não sei se depois de tanto tempo isso o afete de verdade. O treinador do São Paulo não é santo e já cometeu vários deslizes, erros e excessos mesmo, mas será que a pena que querem aplicar a ele não é exagerada? Será que muitos não desejam o mal de Rogério apenas por ele ser uma figura grandiosa e centralizadora dentro de seu clube? O mesmo tratamento acontece com outras pessoas desse tamanho no futebol? A ausência de simpatia faz de Rogério um alvo ainda mais prazeroso? Cobram comando forte de alguns treinadores. Ceni é criticado por comandar demais. Cobram dedicação de alguns técnicos. Poucos caras são tão obcecados com trabalho quanto Rogério. Ele já venceu muita coisa como treinador, procurou estudar, buscar auxiliares estrangeiros, falar outros idiomas, evoluir, mas a análise rasa diz que ele ainda não é um técnico de verdade, que ainda estaria preso na figura de jogador ou pecaria se achando maior do que é em sua função de comandante.

Você quer Rogério Ceni fora de seu clube porque ele é um treinador limitado e incapaz ou porque ele é um mala como pessoa? Deixo essa pergunta para os antis. Para você, são-paulino, as questões são outras. Rogério é o maior culpado pela fase tenebrosa do único clube tricampeão mundial deste país? Que técnico de ponta ou melhor do que Rogério atualmente aceitaria assumir este time medíocre do Tricolor, que nem consegue pagar em dia seu elenco meia boca e que corre sério risco de descenso inédito? Com a saída de Ceni, os jogadores “pés de rato” vão começar a brilhar, o DM passará a funcionar, as finanças entrarão em ordem e a política danosa vai parar de atrapalhar a equipe?

 

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Festas, imagens e públicos comprovam que Estaduais ainda fazem a alegria geral

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Ano após ano ouvimos uma ladainha de que os Estaduais não servem para nada, não passam de um estorvo no calendário, que deveriam ser extintos e que iludem torcedores, especialmente os mais carentes. E ano após ano a gente vê grandes celebrações pelos títulos estaduais, públicos vultosos na final, emoção dos campeões e postagens alegres de todo tipo, em especial com crianças vendo com os pais mais uma conquista do clube do coração (até jornalistas que malham sistematicamente os Estaduais têm seus 15 minutos que sejam de celebração com familiares e amigos). É um ciclo que se renova a cada temporada, a cada geração, mesmo que os mais jovens não tenham vivido a época em que os Estaduais valiam muito e os torneios internacionais ficavam em um segundo plano no nosso país.

Estamos vendo em vários Estados uma hegemonia rara de um determinado time. Começando por São Paulo, o Palmeiras venceu seu terceiro Paulista em quatro anos. Pela primeira vez em sua história, o alviverde disputou quatro finais seguidas do torneio, que teve durante muitas décadas o sistema de pontos corridos. Pouco tempo atrás, após perder de forma polêmica para o Corinthians uma decisão estadual, Maurício Galiotte, então presidente palestrino, desdenhou a competição, dizendo que “o Palmeiras é muito maior do que um Paulistinha”. Nós nos acostumamos no Brasil a chamar os Estaduais no aumentativo: Paulistão, Gauchão, Baianão etc. De alguns anos para cá, algumas pessoas passaram a usar o diminutivo para zombar desse tipo de torneio. Foi o que o Galiotte fez quando perdeu o “Paulistinha”. Só que, quando o time ganha, mesmo um Palmeiras que tem conquistado Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil, o estádio bate recorde de público, a diretoria faz camisa especial e festa, técnicos e jogadores choram, se ajoelham, pagam promessas, se dão banho de água ou outra coisa em coletivas, a imprensa exalta os recordes e os currículos dos vencedores (aí é “Paulistão”). Abel Ferreira já é o segundo técnico com mais troféus no Palmeiras também porque é bicampeão estadual, e o português que dirige muito bem o Verdão não tira o pé no campeonato teoricamente menos importante da temporada (para muita gente, superar os rivais estaduais e ser campeão regional é mais gostoso do que vencer uma disputa como a Supercopa ou mesmo a Recopa).    

Abel Ferreira, bicampeão paulista cm o Palmeiras, leva muito a sério o Estadual e virou o segundo técnico com mais títulos na história do clube alviverde
Abel Ferreira, bicampeão paulista cm o Palmeiras, leva muito a sério o Estadual e virou o segundo técnico com mais títulos na história do clube alviverde Cesar Greco/Palmeiras/by Canon
 

Neste século, o Palmeiras havia vencido o Paulista apenas uma vez até 2020. Tinha triunfado em 2008 quando teve o apoio da Traffic. Nesta era vitoriosa tendo a Crefisa como grande parceira, o Palmeiras venceu bastante, mas não deixou de lado o Estadual. Agora, tenta se aproximar de novo do maior rival em número de títulos (chegou a 25 Paulistas, cinco a menos que o Corinthians). O Timão só supera o Verdão em taças de Mundial e do Paulista. Claro que o Mundial tem um peso muito maior, carrega todo um simbolismo de grandeza, mas torcedor, especialmente os mais acostumados com vitórias e títulos, querem estar à frente dos rivais em tudo, até em disputa de bocha e de cuspe à distância.

A cena mais marcante do título carioca do Fluminense foi a comemoração efusiva de Fernando Diniz, técnico que é tão elogiado quanto é criticado por sua diferenciada filosofia de jogo. Ele chorou e deu cambalhota como se fosse uma criança, tirou um caminhão das costas de tanta pressão que sofria por não ter conquistado ainda nenhum título de expressão. Há quem diga ainda que ele não ganhou nada, pois venceu “só” um Estadual. Mas no fundo todos sabem a dimensão histórica desses 4 a 1 com domínio absurdo sobre o Flamengo. Por mais que os tricolores repitam que “é normal ganhar Fla-Flu”, a forma como o título veio engrandece e valoriza demais a conquista. Quem viu esse jogo, seja rubro-negro, tricolor ou neutro, não vai esquecer. O Fluminense é bicampeão em cima do maior rival, que possui ainda o melhor elenco do país, que ostenta o maior faturamento do futebol brasileiro, que mantém boa vantagem como a maior torcida do país, que investiu em treinador estrangeiro mais uma vez, que era o mais cotado etc. Não é pouca coisa não o que o Flu conseguiu fazer, mesmo com limitações e com o Fla aproveitando muito revelações de Xerém, como Ayrton Lucas, Gerson e Pedro.

O Fluminense chegou a 33 títulos estaduais. O clube tantas vezes campeão está agora quatro atrás do Flamengo. Se nós pensarmos no poderio rubro-negro e em seu poder de investimento, especialmente nos últimos anos, a distância não é tão grande assim. E contra o Flamengo o Flu não tem na prática o mando de campo, pois ambos dividem o Maracanã e basicamente lá duelam. No ano passado, o Tricolor já impediu o que seria um inédito tetra do maior rival. Agora, em decisões diretas pelo título carioca, o Flu levou a melhor sobre o Fla em 1919, 1936, 1941, 1969, 1973, 1983, 1984, 1995, 2022 e 2023. Isso é história, isso não tem preço. Um time de futebol tem como principal objetivo alegrar seu torcedor. E, para quem gosta do Fluminense, talvez nada seja mais gostoso e dê mais orgulho do que castigar o Flamengo através dos tempos, incomodar aquele irmão ou vizinho rival. Se em São Paulo o Palmeiras conquistou seu primeiro bi estadual desde 1994, na era Parmalat, o Flu não encaixava dois títulos seguidos no Rio desde o tricampeonato na metade dos anos 80.

Fernando Diniz chorou e deu cambalhota após o título carioca conquistado de forma brilhante pelo Fluminense em cima do Flamengo
Fernando Diniz chorou e deu cambalhota após o título carioca conquistado de forma brilhante pelo Fluminense em cima do Flamengo MARCELO GONÇALVES / FLUMINENSE FC
 

Vamos agora para Minas! O maior campeão do Estado faturou um tetra. O Galo confirmou seu favoritismo e conquistou pela 48ª vez a disputa, colocando dez troféus de vantagem agora sobre o Cruzeiro, com quem briga (até com participação polêmica de fornecedora de material esportivo) pelo título de “Maior de Minas”. Cada um tem seus valiosos argumentos: mais títulos internacionais, mais taças nacionais, mais conquistas estaduais, vantagem no confronto direto, maior torcida, torcida mais apaixonada etc. Estamos vendo agora a maior hegemonia de um clube em Minas desde o hexacampeonato do Galo entre 1978 e 1983, o lendário time de Reinaldo. Isso passa bastante pela fase endinheirada do Galo, que vai inaugurar nesta temporada sua arena, e se explica também pela derrocada administrativa, financeira e esportiva do Cruzeiro. Por mais que o América-MG faça um bom trabalho, não alcança o patamar do rival alvinegro.

O Galo teve mais uma vez como destaque Hulk, um ídolo nacional hoje em dia, eu diria. A crise após as declarações fortes de Coudet roubaram muito a atenção na semana decisiva, mas o Mineirão (sempre o principal palco do futebol mineiro, embora o Independência tenha sido muito importante para os dois finalistas nos últimos anos) foi de novo o lugar perfeito para a coroação atleticana. Talvez os próximos troféus venham todos na nova casa do Galo, mas o Mineirão será sempre uma praia atleticana, assim como o Campeonato Mineiro. O tão esperado bi brasileiro veio, a Libertadores foi conquistada, a Copa do Brasil está na galeria do clube, mas não é tudo isso que fará o Galo desprezar o Mineiro.

Chegou a hora do Rio Grande do Sul, uma “aldeia” cada vez mais gremista. Pintou o hexa do Tricolor, uma sequência que apenas é superada na história pelo hepta do Grêmio nos anos 60 e pelo octo do Internacional na década de 70. O time de Renato Portaluppi superou o Caxias em uma acirrada final que foi decidida com um pênalti conquistado (cavado) por Luis Suárez, a estrela uruguaia que vai abrilhantar muito o futebol brasileiro em 2023. Não foi fácil o título gremista, que não foi invicto por conta da derrota na semifinal para o Ypiranga de Erechim. É bom lembrar que o Grêmio vem da Série B e que o Colorado foi vice-campeão brasileiro outro dia. Superar o rival treinador por Mano Menezes não era uma tarefa das mais simples, mas o Grêmio venceu com méritos o Gre-Nal e soube ser mais copero no mata-mata.  

O Grêmio chega agora a 42 conquistas, apenas três a menos que o Inter. Aquela diferença larga que o Colorado tinha colocado no rival e aquela provocação de D’Alessandro e seus parceiros pelos 15 anos sem títulos importantes dos gremistas ficou no passado. E agora o jogo virou: o Inter que não conquista nada desde 2016, e com Renato no comando do Grêmio a freguesia no clássico vem se invertendo (o Inter leva a vantagem histórica, mas nos últimos anos o Grêmio vem castigando seu maior inimigo seguidamente). Curioso ver como em poucos meses o Grêmio remontou a equipe e se colocou em uma situação melhor do que o Inter. Os gremistas não têm taça internacional para disputar em 2023, mas tudo indica que voltará a disputar essas copas em 2024. Enquanto isso, vai “brincando” no Brasileiro com Renato e enfileirando Estaduais.  

Uma outra hegemonia estadual que chama a atenção neste momento é a do Fortaleza. Primeiro, porque trata-se de um pentacampeonato inédito e sem contestação (o Ceará conseguiu depois de muito tempo ser proclamado campeão cearense entre 1915 e 1919). Depois, porque os dois rivais estão em grandes fases, sendo que o Vozão tem tido mais sucesso na Copa do Nordeste. Claro que o campeonato regional tem valor maior na hierarquia do futebol, mas essa supremacia tricolor no Estado é algo histórico. O Fortaleza, com o penta atual, superou o Ceará de vez e é o maior campeão cearense agora: 46 a 45 em trofeús.

Um outro título emblemático no Nordeste veio na Bahia. O maior campeão do Estado chegou à marca de 50 taças. O Tricolor superou na final o Jacuipense, uma prova de que o Vitória não vive mesmo uma fase negativa de sua história (desde 2018 o rubro-negro não consegue nem ser vice do Baiano). O Bahia tem dado mais importância para a Copa do Nordeste, o que faz sentido, mas o título estadual serviu para amenizar um pouco a dor sofrida pela surra histórica que tomou do Sport (6 a 0). O Leão da Ilha do Retiro está tanto na decisão da Copa do Nordeste (duelo forte contra o Ceará) quanto na final do Pernambucano (é favorito contra o Retrô de Camaragibe) e pode ganhar seu 43º título estadual, interrompendo série de duas taças do Náutico.

Se tem um time no país que ganhou fama por minimizar o Estadual é o Athletico, mas adivinha quem conquistou o Campeonato Paranaense? O Furacão e algumas de suas estrelas, como Felipão e Vitor Roque, posaram bem alegres como campeões estaduais. O título desta vez foi conquistado em cima do Cascavel. Pegando os últimos 8 campeonatos no Paraná, são 5 títulos do Athletico. Será que dá mesmo para dizer que o Furacão não leva a sério o Estadual? Pode não ser a prioridade do clube (e não é mesmo), mas ser campeão é sempre bom. O Furacão está encurtando a vantagem estadual do rival Coritiba. Agora, são 39 troféus para o Coxa e 27 para o rubro-negro. Se não dá para falar ainda em hegemonia atleticana no Paraná (levando em conta todos os torneios, isso é evidente), não dá para dizer também que o Athletico não curte ser campeão em seu Estado, o que pode ajudar também a conquistar mais torcedores dentro do Paraná.

Em Goiás já dá sim para falar em uma nova hegemonia ou pele menos em uma nova onda. O Dragão tem colocado fogo na disputa estadual com o Goiás, maior campeão do Estado com 28 títulos. Pelo segundo ano seguido, o Atlético-GO foi campeão em cima do rival alviverde. O Goiás não conquista o Goiano desde 2018. De lá para cá o Dragão se estruturou, investiu e já faturou quatro canecos estaduais. Chegou a 17 títulos estaduais, deixando para trás o tradicional Vila Nova, que parou em 15 troféus e está na fila desde 2005. Curiosamente, o Goiás é o único representante do Estado na Série A, sendo um candidato forte ao rebaixamento. Em contrapartida, o Atlético-GO é um dos mais cotados para ficar entre os quatro primeiros da Série B e voltar à elite do país.

Para fechar o giro pelos Estaduais que possuem time na primeira divisão nacional, vou para o Mato Grosso. O Cuiabá, fundado em 2001, já virou o segundo maior campeão do Estado. Venceu o União Rondonópolis na decisão deste ano e chegou a 12 troféus, empatando assim com o CEOV de Vargem Grande. O Mixto, maior campeão mato-grossense com 24 conquistas, não levanta a taça desde 2008. Cuiabá venceu 10 dos últimos 13 campeonatos no Mato-Grosso e virou uma força regional, tendo chegado e permanecido na Série A. Investimento explica essa guinada que o Dourado vem dando em seu Estado e em termos regionais (ganhou dois títulos da Copa Verde). Como se vê, resultados e hegemonias não acontecem do nada. Isso em qualquer lugar.

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Os palpites para os grupos da Libertadores e da Sudamericana, cada vez mais previsíveis

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Devido ao poderio econômico dos clubes brasileiros na América do Sul, é claro que os times do nosso país entram como favoritos nas disputas da Conmebol mais uma vez. Isso não é novidade mais nem para os nossos combalidos vizinhos. Se Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras, não necessariamente nessa ordem, são os clubes mais cotados para ganhar a Libertadores e estender a hegemonia nacional no continente, o Fortaleza me parece o candidato mais pronto no Brasil para conquistar a Sudamericana (seria o primeiro título internacional oficial de time do Nordeste).

Claro que Athletico, Botafogo, Corinthians, Fluminense, Inter, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo podem avançar longe nas disputas, ainda mais com um bom cruzamento no mata-mata. Mesmo esses clubes que não são os mais badalados no momento têm a esperança de ao menos brigar por taça em copas. Eu fiz um prognóstico simples de todos os grupos da Libertadores e da Copa Sudamericana e só não classifiquei, dentre os times brasileiros, o América-MG, que caiu em um verdadeiro Grupo da Morte (podia muito bem ser um grupo da Libertadores), e o Goiás, que também encontrará adversários encardidos logo de cara. Na Libertadores, eu passei quase todos os clubes brasileiros em primeiro lugar, exceção feita ao Corinthians (respeito demais o Independiente del Valle, que aliás até já eliminou o Timão de Sudamericana) e ao Athletico, que teve o azar de ver o forte Galo cair em seu grupo.

É bom lembrar que os segundos colocados dos grupos da Sudamericana não são mais eliminados. Eles fazem agora um playoff com os terceiros colocados dos grupos da Libertadores. Não será estranho se algum time que for mal na Libertadores virar depois favorito na Copa Sudamericana. O próprio Fortaleza, meu favorito maior para o título do segundo interclubes da Conmebol, naufragou nesta Libertadores e “caiu” para a Sudamericana.

O Fortaleza do bom técnico Vojvoda naufragou na Libertadores cedo neste ano, mas virou assim favorito para ganhar a Sudamericana e dar ao Nordeste o seu primeiro título internacional oficial interclubes
O Fortaleza do bom técnico Vojvoda naufragou na Libertadores cedo neste ano, mas virou assim favorito para ganhar a Sudamericana e dar ao Nordeste o seu primeiro título internacional oficial interclubes GETTY
 

Bem, vamos às classificações finais dos grupos agora. Se eu estou certo em dizer que a Libertadores, mais especialmente, e também a Sudamericana, em menor grau, estão cada vez mais previsíveis, eu deverei ter alto índice de acerto no fim das contas. Me cobrem!

 

 

LIBERTADORES

GRUPO A

1º Flamengo (Brasil)

2º Racing (Argentina)

3º Aucas (Equador)

4º Ñublense (Chile)

GRUPO B

1º Internacional (Brasil)

2º Nacional (Uruguai)

3º Independiente Medellín (Colômbia)

4º Metropolitanos (Venezuela)

GRUPO C

1º Palmeiras (Brasil)

2º Cerro Porteño (Paraguai)

3º Barcelona (Equador)

4º Bolívar (Bolívia)

GRUPO D

1º Fluminense (Brasil)

2º River Plate (Argentina)

3º Sporting Cristal (Peru)

4º The Strongest (Bolívia)

GRUPO E

1º Independiente del Valle (Equador)

2º Corinthians (Brasil)

3º Argentinos Juniors (Argentina)

4º Liverpool (Uruguai)

GRUPO F

1º Boca Juniors (Argentina)

2º Deportivo Pereira (Colômbia)

3º Colo Colo (Chile)

4º Monagas (Venezuela)

GRUPO G

1º Atlético-MG (Brasil)

2º Athletico (Brasil)

3º Libertad (Paraguai)

4º Alianza Lima (Peru)

GRUPO H

1º Atlético Nacional (Colômbia)

2º Olimpia (Paraguai)

3º Patronato (Argentina)

4º Melgar (Peru)

 

SUDAMERICANA

GRUPO A

1º LDU (Equador)

2º Botafogo (Brasil)

3º Universidad César Vallejo (Peru)

4º Magallanes (Chile)

GRUPO B

1º Huracán (Argentina)

2º Emelec (Equador)

3º Guaraní (Paraguai)

4º Danubio (Uruguai)

GRUPO C

1º Estudiantes (Argentina)

2º Red Bull Bragantino (Brasil)

3º Oriente Petrolero (Bolívia)

4º Tacuary (Paraguai)

GRUPO D

1º São Paulo (Brasil)

2º Deportes Tolima (Colômbia)

3º Tigre (Argentina)

4º Academia Puerto Cabello (Venezuela)

GRUPO E

1º Newell’s Old Boys (Argentina)

2º Santos (Brasil)

3º Audax Italiano (Chile)

4º Blooming (Bolívia)

GRUPO F

1º Peñarol (Uruguai)

2º Defensa y Justicia (Argentina)

3º América-MG (Brasil)

4º Millonarios (Colômbia)

GRUPO G

1º Independiente Santa Fé (Colômbia)

2º Gimnasia y Esgrima (Argentina)

3º Goiás (Brasil)

4º Universitario (Peru)

GRUPO H

1º Fortaleza (Brasil)

2º San Lorenzo (Argentina)

3º Palestino (Chile)

4º Estudiantes de Mérida (Venezuela)

 

 

 

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O Calcio volta a brilhar nos interclubes europeus, mas os favoritos ainda são os outros

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Há uma energia bastante positiva em torno das campanhas dos times italianos nos interclubes europeus nesta temporada. Vejo uma celebração coletiva por aquele que pode ser um resgate, mesmo que tímido, do futebol que foi o Eldorado da bola nos anos 1980 e 1990. São seis representantes do Calcio nas quartas de final dos torneios da Uefa: Inter de Milão, Milan, Napoli, Juventus, Roma e Fiorentina. Essa esquadra italiana remete ao final do século passado, quando a Serie A dominava em boa parte o futebol do Velho Continente. Só na temporada 1990/1991 tivemos mais clubes italianos nas quartas das competições continentais do que agora (naquela oportunidade, foram sete equipes da terra da pizza: Milan, Juventus, Sampdoria, Atalanta, Bologna, Inter e Roma).

Felizmente ou infelizmente para a Itália, o sorteio desta sexta-feira (17) colocou os times do Calcio na Champions League do mesmo lado da chave. Milan e Napoli vão duelar agora (saudade daqueles embates entre o trio de holandeses e Maradona/Careca) e quem passar pode pegar a Inter na semifinal (desde que essa supere o perigoso Benfica). Mas podemos ter uma final Juventus x Roma na Europa League, e a Fiorentina pode repetir a Roma da temporada passada sendo campeã da Conference League (foi o primeiro título do Calcio em interclubes da Uefa desde a conquista da Inter na Champions League em 2010, sendo que José Mourinho, ainda vivo na Liga Europa, responde por esses dois títulos). De fato é saboroso ver tantos times italianos competitivos após muitos anos como coadjuvantes. Só que ainda acho outros clubes favoritos. O Napoli, virtual campeão italiano (primeiro scudetto do clube sem Maradona), talvez seja o time mais espetacular da temporada, mas não posso dizer que ele está mais cotado do que os times que estão do outro lado da chave e que têm elencos bem mais caros.   

Farei aquela tradicional aposta nos duelos das quartas de final, dando mais ênfase, claro, para a Champions. Vamos ver se meus palpites vão funcionar e se eu de fato estou acreditando no calcio.

Osimhen e Kvaratskhelia, destaques do Napoli, virtual campeão italiano e forte candidato a finalista na Champions League
Osimhen e Kvaratskhelia, destaques do Napoli, virtual campeão italiano e forte candidato a finalista na Champions League EFE/EPA/CIRO FUSCO

REAL MADRID (60%) X (40%) CHELSEA

Vão se encontrar como na temporada passada, quando o Real Madrid avançou. Aliás o gigante espanhol também deixou o Liverpool para trás na campanha que lhe rendeu mais uma taça, a de número 14 no torneio. E a equipe de Carlo Ancelotti ainda pode pegar o Manchester City de novo, isso na semifinal. Será que a camisa mais pesada do planeta vai varrer os ingleses mais uma vez?

Nas oitavas, o Real fez um 6 a 2 no Liverpool no agregado. A base merengue é a mesma, com destaque para Benzema, Courtois e Vinícius Júnior, além da boa aparição de Tchouaméni. Vini é o artilheiro do time no torneio, com seis gols. Está voando no pós-Copa, o que não se pode dizer do Bola de Ouro Benzema. O Real completou 300 jogos de Champions League, sendo o primeiro clube a atingir tal marca. Chelsea x Real Madrid acontece pela terceira vez seguida (nos últimos dois anos, quem passou deste confronto acabou ficando com o mais nobre título europeu).

O Chelsea vem em uma fase muito irregular, com campanha capenga na Premier League apesar de ter sido o clube que mais dinheiro gastou em 2023. O trabalho de Graham Potter é alvo de críticas, e alguns dos destaques do time não estão em seu melhor momento. A chegada do português João Félix é uma esperança.

Nas oitavas, os Blues suaram para eliminar o Borussia Dortmund após perderem o jogo de ida. A equipe não é mais tão sólida como era na gestão de Thomas Tuchel. O time costuma atuar hoje com três zagueiros e dois volantes. O clube londrino tem se mostrado bastante cascudo na Champions, tanto que venceu 8 dos últimos 11 duelos de quartas de final da competição..

BENFICA (55%) X (45%) INTER DE MILÃO

O gigante português está fazendo uma campanha histórica, com seis vitórias e dois empates contra o endinheirado PSG. Um ataque eficaz é uma das armas do time dirigido por Roger Schmidt (anotou 25 gols até aqui no torneio). João Mário é o artilheiro da equipe na competição, com seis gols, uma a mais do que Rafa Silva, uma peça desequilibrante no elenco encarnado.

Inter de Milão x Benfica já foi final da antiga Copa dos Campeões da Europa, em 1965. A equipe de Milão levou a melhor e conquistou na ocasião seu bicampeonato europeu. Uma prova da força do atual Benfica é que ele chega pela segunda temporada seguida às quartas de final da Champions. Mesmo com a saída de Enzo Fernández, que foi para o Chelsea, a equipe lidera com certa folga o Campeonato Português. David Neres, ex-São Paulo, vive grande fase de novo.

A Inter sofreu para superar outro gigante português nas oitavas. Fez apenas um gol no Porto, o que bastou para a classificação. O goleiro Onana teve que fazer várias defesas no confronto. O time de Milão oscilou no Campeonato Italiano e viu o Napoli disparar. Na Champions, no entanto, conseguiu passar por um grupo duro, com Bayern de Munique e Barcelona. Parece que o time de Inzaghi joga melhor as partidas grandes (contra Milan, Napoli e Porto) do que as pequenas (perdeu de Empoli, Bologna e Spezia). Atuando em um 3-5-2, a Inter conta com a força e o entrosamento da sua dupla de ataque 'Lu-La' (Lukaku e Lautaro Martínez).

MANCHESTER CITY (55%) X (45%) BAYERN DE MUNIQUE

A equipe de Guardiola triturou o Leipzig no jogo da volta com um 7 a 0, cinco gols de Haaland, um recorde que poderia ser maior se o treinador espanhol não substituísse o artilheiro norueguês aos 17 minutos do segundo tempo (o 'Cometa' é o grande goleador da atual Champions, com 10 gols). O City, que também briga pelos títulos da Premier League e da Copa da Inglaterra (a FA Cup), ainda está invicto na competição. Guardiola usa no papel um 4-3-3 que se transforma em 2-3-5 quando tem a bola (o que acontece na maior parte do tempo contra quase todos os adversários).

A grande mudança na equipe de Manchester em relação à temporada passada, quando caiu diante do Real Madrid de forma dramática no final, é a presença de Haaland no comando do ataque. Antes, Guardiola adotava jogadores com 'falso 9' (o verdadeiro 9 do time virou o mais jovem a chegar a 30 gols em Champions, aos 22 anos e 236 dias ou em só 25 jogos). O genial treinador não vence uma Champions League desde 2011, quando ganhou seu segundo troféu continental com o Barcelona.

De Bruyne, eleito o melhor jogador da temporada passada na Inglaterra, ainda é o cara no Manchester City: ele deu quatro assistências nesta Champions, sendo o vice-líder nesse fundamento no atual torneio. Ele fica atrás justamente do ex-companheiro João Cancelo, lateral português que trocou o City pelo Bayern e que será uma grande atração deste confronto.

O Bayern não conta mais com seu verdadeiro 9 Lewandowski (hoje, no Barcelona), mas ainda tem um time muito forte. Goretzka deu o mesmo número de assistências de De Bruyne nesta Champions (4). Choupo-Moting e Sané dividem a artilharia do time bávaro na competição europeia, com quatro gols cada um. Será o primeir duelo de mata-mata entre os times. Até aqui, um grande equilíbrio na história com três vitórias para cada lado (nunca empataram).

A defesa tem sido um ponto forte do time do ainda jovem Julian Nageslmann, que molda sua equipe de acordo com o adversário. O 'Magic Musiala' tem sido a cereja desse bolo alemão, que caminha para conquistar mais uma Bundesliga. A tradicional equipe do Sul da Alemanha chega às quartas de final da Champions League pela 21ª vez, um recorde no torneio.

MILAN (40%) X (60%) NAPOLI

A velha rivalidade entre o Norte e o Sul da Itália, só que agora com o time de Nápoles como favorito. Virtual campeão italiano, o time azul enfim vai conseguir um scudetto sem Diego Armando Maradona, nome de seu estádio. O Napoli atropelou o Eintracht Frankfurt nas oitavas com um placar agregado de 5 a 0. Tem sete vitórias e apenas uma derrota nesta Champions, tendo marcado incríveis 25 gols. O clube da Bota humilhou o Ajax na fase de grupos e mostrou seu poderio também para o Liverpool.

O time de Luciano Spalletti joga com linha de quatro atrás, variando do 4-3-3 para o 4-2-3-1. A ordem é explorar os espaços deixados pelos rivais. Há muitas jogadas de velocidade pelas pontas, o que favorece o perigoso Osimhen, que divide a artilharia do time com Raspadori, Simeone e Zielinski, todos com 4 gols. Kvaratskhelia é o responsável pelas assistências (são 4 nesta Champions) e talvez o jogador mais importante da equipe.

O Milan melhorou bem em relação à campanha passada na Champions, quando ficou na lanterninha de seu grupo. Campeão vigente da Itália, vê em Giroud seu artilheiro na Champions, com quatro gols. Nas oitavas, superou o Tottenham em um duelo bem travado e passou com um 1 a 0 apenas no agregado. O time de Stefano Pioli também é muito flexível e pode se adaptar ao tipo de jogo do adversário. A camisa é pesada, mas o elenco é bem mais fraco do que aqueles que o mundo viu nas décadas de 80, 90 e 00, por isso o Napoli chega sem dúvida mais cotado ao duelo.

Theo Hernández é um dos poucos destaques individuais de fato do Milan, que vai decidir o confronto fora de casa. A força coletiva e a tradição do time podem tornar o embate equilibrado.


EUROPA LEAGUE

MANCHESTER UNITED (60%) X (40%) SEVILLA

JUVENTUS (55%) X (45%) SPORTING

BAYER LEVERKUSEN (60%) X (40%) U. SAINT-GILLOISE

FEYENOORD (50%) X (50%) ROMA

 

CONFERENCE LEAGUE

LECH POZNAN-POL (40%) X (60%) FIORENTINA-ITA

GENT-BEL (40%) X (60%) WEST HAM-ING

ANDERLECHT-BEL (50%) X (50%) AZ-HOL

BASEL-SUI (50%) X (50%) NICE-FRA

 

 

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Nunca na história deste país se torceu tanto contra um time como com o Flamengo de Vítor Pereira

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

 

Não deixa de ser algo natural existir uma certa torcida contra os mais poderosos, isso em qualquer parte do mundo. Mas o que vemos neste momento no Brasil com o Flamengo de Vítor Pereira é algo singular. Nunca a sensação de “todos contra um” foi tão grande no futebol brasileiro, e por uma série de razões.

Desde sempre o Flamengo é o time de futebol mais popular do país, o que por si só já o torna um gigantesco ímã para “antis” (aqueles torcedores que se alimentam muito do ódio ao rival). Há uma sensação, ainda mais nos últimos anos, de que o rubro-negro é forte demais para a concorrência. Os importantes títulos que o clube conquistou desde 2019 confirmam isso, embora tenha pelo menos uma equipe, o Palmeiras, que esteja conseguindo rivalizar administrativamente, financeiramente e esportivamente com o Flamengo atual. Acontece que a diretoria flamenguista tem dado muitos sinais de soberba, especialmente quando ganha.

A frase “Real Madrid, pode esperar, a tua hora vai chegar”, puxada pelo diretor rubro-negro Marcos Braz, virou piada dos rivais e deve embalar as arquibancadas Brasil afora neste ano (a temporada em que o Flamengo não só não enfrentou o Real Madrid como ainda perdeu do Al Hilal, do Independiente del Valle, do Vasco, do Fluminense...). Braz, mesmo com apoios como o de Romário e com a Nação por trás, não conseguiu se eleger deputado federal e fazer parte da bancada bolsonarista na Câmara dos Deputados pelo PL. Agora, vem enfrentando um forte desgaste (era um dos maiores símbolos do Flamengo arrasador de 2019) até na torcida rubro-negra que o idolatrava. Outras figuras importantes da atual política flamenguista, como o presidente Rodolfo Landim e o BAP (Luiz Eduardo Baptista), por vezes também dão alguns sinais de arrogância, o que a pujança do Flamengo, especialmente nesta fase glamourosa em que o clube fatura cerca de R$ 1 bilhão por ano, talvez possa explicar.  

Vítor Pereira, ex-técnico corintiano, cumprimenta, Dorival Junior, a quem sucedeu no Flamengo, clube que une cada vez mais as torcidas adversárias
Vítor Pereira, ex-técnico corintiano, cumprimenta, Dorival Junior, a quem sucedeu no Flamengo, clube que une cada vez mais as torcidas adversárias Staff Images / CONMEBOL

 

Em campo, alguns dos principais jogadores do Flamengo dão uma ou outra cutucada em adversários. Bruno Henrique soltou o mantra de que o Flamengo está em “outro patamar”, e Gabigol, muito identificado com a Nação, entre outras coisas anunciou o “inferno” para o Atlético-MG. O atacante tão confiante ficou incomodado com o fato de André, do Fluminense, ter apontado o Tricolor como favorito para a decisão da Taça Guanabara. Logo no comecinho do jogo, foi caçar o volante com um pontapé e uma bolada com o jogo já paralisado. Talvez se Felipe Melo tivesse feito o mesmo, seria expulso mesmo com poucos segundos de partida. Após o Flamengo abrir o placar contra o Flu, Gabigol foi para cima de André dizer que ele havia escolhido “o favorito errado”. O ídolo rubro-negro queria que André dissesse que o Flamengo ganharia? O bom volante, agora da seleção brasileira (onde Gabigol não ficou para a Copa nem para este início de ciclo em 2023), não pode confiar no próprio time, que vem fazendo bons jogos? Há muita gente humilde ou sem nariz em pé no time do Flamengo, como Everton Ribeiro, mas outras figuras, como Gerson "Vapo Vapo" ou o próprio Vidal, que chegou faz pouco tempo à Gávea, espalham uma certa imagem de marra e superioridade.    

Eu tratei até aqui da diretoria e de parte do elenco de atletas do Flamengo, mas chegou a hora da cereja do bolo: Vítor Pereira. A forma como o treinador português conduziu sua saída do Corinthians e seu acerto com o Flamengo causou indignação e repulsa até em gente que trabalhava com ele. Não são apenas os corintianos que estão secando o trabalho do técnico que mais pegou a fama de traíra no Brasil (a sogra mais famosa do Brasil é a de um português, quem diria). Quase ninguém no mundo do futebol e mesmo da sociedade tolera esse tipo de figura, esse comportamento reprovável que remete ao caráter. O Flamengo tinha todo o direito de não renovar com o bonzinho Dorival Júnior, mesmo com os títulos da Libertadores e da Copa do Brasil. E tinha todo o direito de buscar um treinador que achava ser melhor para evoluir sua boa equipe. Mas talvez nem tenham pensado em como seria a rejeição interna e externa desse técnico.

A decisão da Supercopa entre Flamengo e Palmeiras já foi emblemática nessa união de torcidas contra o gigante rubro-negro. Muitos corintianos (para não dizer todos) apoiaram o grande rival alviverde contra o clube carioca. Há um sentimento forte na Fiel de que o Flamengo com Vítor Pereira é mesmo o time a ser batido e odiado, as rivalidades históricas com Palmeiras e São Paulo estão agora em um segundo plano. Se somarmos as torcidas de Corinthians (segunda maior do país) e Palmeiras (a quarta maior) com as de Vasco (quinta maior), Fluminense e Botafogo (essas duas estão tecnicamente empatadas), veremos que a maior torcida do país neste momento é a contra o Flamengo. Alguém vai dizer que sempre foi assim, pois as torcidas de Athletico-PR, Atlético-MG, Grêmio e Sport, por exemplo, nunca morrerão de amores pelo rubro-negro carioca. Só que nunca houve uma união tão grande de torcidas contra um clube apenas como vemos agora no país.  

O Flamengo deve se preocupar com essa colossal rejeição ou deve se orgulhar disso? O Real Madrid é o clube mais vitorioso e poderoso da história, tem mais de 300 milhões de torcedores mundo afora, e talvez mais do que isso de haters. O madridismo é quase tão forte quando o antimadridismo, não só na Espanha, e tudo bem para os merengues. Incomodar os adversários talvez seja mesmo a ideia e o propósito de um time. Não é um crime o que o Flamengo está fazendo ao tentar ser hegemônico, brigando sempre para ter as melhores cotas de TV. Crime, mesmo que não seja doloso, foi a morte dos dez garotos no CT do clube.

O caso, que revoltou todo o país em 2019, voltou à tona agora porque, como mostra matéria do UOL, um engenheiro contratado pelo Flamengo acusou Reinaldo Belotti, o CEO flamenguista, de ter adulterado a cena do local em que os jovens atletas morreram para impedir a perícia de descobrir uma possível negligência no Ninho do Urubu. O clube carioca, em nota oficial, negou que isso seja verdade, mas o fato é que até agora ninguém foi de fato responsabilizado por aquela tragédia nas dependências do Flamengo. Será que não há mesmo culpados pela morte dos meninos? Essa é uma pergunta que deve ser dada devidamente à sociedade. A diretoria rubro-negra não lidou da melhor forma, desde o início, com esse triste caso. Não sei bem como estão todas as famílias das vítimas e a luta deles por justiça. Não é só uma questão financeira, de pagar uma quantia e está tudo certo. Tem a necessidade de identificar eventuais culpados e também um lado moral. Muita gente, com clubismo (o que é deplorável nessas horas também) ou sem clubismo, vê o Flamengo, como um todo, como o responsável pela tragédia. Isso, creio, contribua ainda mais para essa rejeição recorde que vemos no país agora.

Meu pai costuma dizer que o futebol é cíclico, que clubes de futebol vivem como em uma roda gigante, uma hora estão por cima e outra estão por baixo. Na era Pelé, o Santos era o time dominante do país também por ter muito investimento, tanto que manteve o Rei por muito tempo e ainda contratava outros craques, como Carlos Alberto Torres. O Santos atual tem um de seus piores elencos da história, vem de três anos seguidos sem avançar ao mata-mata do Paulista e vai brigar mais uma vez para não cair no Campeonato Brasileiro, o que tem virado rotina. O Flamengo, neste mesmo século em que estamos, brigou mais de uma vez para não cair e ganhou fama de mau pagador. Hoje, está em uma situação invejável que o permite ser favorito em tudo, inclusive em ser o favorito na torcida contra de todos os não-flamenguistas.

       

 

  

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Nunca na história deste país se torceu tanto contra um time como com o Flamengo de Vítor Pereira

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Temporada europeia pode ser a mais rica em 'campeões surpresas' neste século

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

 Muita gente imaginava que, depois de Maradona, nunca mais o Napoli seria campeão italiano. E o time do Sul da Itália vai faturar agora seu primeiro scudetto sem o maior ídolo de sua história. O Napoli está tão bem que já encaminhou sua classificação para as quartas de final da Champions League ao fazer 2 a 0 no Eintracht Frankfurt na partida de ida. Com 15 pontos de vantagem sobre a Inter de Milão na Serie A, não dá mais para duvidar da força dessa equipe de Luciano Spalletti. Mas o Napoli não é um fenômeno isolado em termos de surpresa nesta diferenciada temporada europeia.

Na badalada Premier League, o título do Arsenal pinta cada vez como algo real. Não que os Gunners não tenham camisa e torcida de sobra, sobretudo em termos nacionais, mas é que pouca gente acreditava no início que o troféu não ficaria com Manchester City ou Liverpool (só o primeiro briga de verdade hoje com o time de Arteta, que já foi pupilo de Guardiola). Apesar de ter perdido o confronto direto em Londres contra o City, a equipe dos Gabriéis (Jesus, Magalhães e Martinelli) tem dois pontos de vantagem na liderança e um jogo a menos. É uma vantagem interessante que faz dele o único time que depende apenas de si para ser campeão. Os Gunners não erguem a principal taça do futebol inglês desde a temporada 2003/2004, quando foram campeões invictos com um time épico que ajudou a popularizar a Premier League no Brasil com as primeiras transmissões regulares do Inglês na ESPN. O Arsenal ainda pode brilhar na Liga Europa, torneio acessível no qual é um dos principais favoritos. Pode ser uma temporada mesmo de sonhos para o popular esquadrão do norte londrino.

Arsenal e Napoli lideram Premier League e Série A e podem quebrar o jejum de títulos em suas ligas nacionais contra todos os prognósticos
Arsenal e Napoli lideram Premier League e Série A e podem quebrar o jejum de títulos em suas ligas nacionais contra todos os prognósticos Getty Images - Montagem ESPN

Na Alemanha, o império do Bayern de Munique está correndo risco. Tanto o tradicional Borussia Dortmund quanto o emergente Union Berlin estão mirando o título da Bundesliga, ambos acompanhando o gigante de Munique na pontuação. O Bayern tem a vantagem de receber em casa o postulante da capital e depois o rival aurinegro. Mas o Union Berlin acaba de eliminar com autoridade o Ajax da Europa League, tendo feito já uma grande partida como visitante em Amsterdã. Não dá para desacreditar do time tão bem treinado por Urs Fischer. O Dortmund está mais concentrado no campeonato nacional, enquanto a equipe que venceu as últimas dez edições da Bundesliga precisa se dividir ainda com a Champions League. Há uma chance concreta de o Bayern perder sua colossal hegemonia.   

Na França, a tendência ainda é de título para o Paris Saint-Germain estrelado, porém o Olympique de Marselha tem apenas cinco pontos a menos que o endinheirado time da capital e recebe o rival no Sul do país neste fim de semana podendo colocar fogo na reta final da Ligue 1. Com alguns problemas internos crônicos e com as lesões de jogadores importantes, como Neymar, o PSG não tem a tranquilidade de que vai abocanhar mais um troféu do Francês. A motivação do Olympique de Marselha para ganhar o segundo título do campeonato neste século é enorme (não vence a principal disputa na França desde 2010 e tenta a 10ª taça agora).

Na Holanda, o líder é o Feyenoord, que mais uma vez faz uma temporada de sucesso em termos continentais. Finalista da primeira Conference League, está agora na disputa da Liga Europa com força. O time de Arne Slot tem três pontos de vantagem na Eredivisie e vai pegar o Shakhtar Donetsk na Liga Europa com todas as dificuldades que estão sendo enfrentadas pelo adversário ucraniano em meio à guerra com a Rússia. A equipe de Roterdã acaba de vencer um confronto direto contra o AZ para se manter na ponta da tabela de forma isolada. Tem um duelo em Amsterdã contra o Ajax, mas esse está instável e ainda tem uma tabela dura até o final do Holandês. Dessa forma, o Feyenoord pode muito bem conquistar seu segundo título da Eredivisie neste século (faturou o título apenas em 2016/2017).

Em Portugal, não haverá surpresa, mas é bom destacar a grande campanha do Sporting Braga, terceiro colocado à frente do xará mais famoso. Na Espanha, tudo indica que dará Barcelona, mas será o primeiro título relevante de Xavi como técnico, o que traz uma certa aura de novidade, ainda mais com o Real Madrid sendo tão dominante na Europa nos últimos anos. Podemos ter surpresas na Champions League, sobretudo com Benfica  e Leipzig, talvez pinte alguma sensação nesta Liga Europa cheia de gigantes como Arsenal, Juventus e Manchester United (talvez o valoroso Union Berlin, talvez a Roma do vitorioso José Mourinho, talvez o Fenerbahçe de Jorge Jesus). Na Conference League, o título pode continuar em mãos italianas, com a Lazio ou a Fiorentina, mas tem o West Ham representando a forte Premier League e o copero Villarreal. Algo fora disso será uma grande surpresa no terceiro interclubes europeu em importância. Eu já não duvido de nada.  


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Futebol brasileiro precisa mudar várias regras, inclusive as do número de rebaixados e gringos

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

A discussão do momento no futebol brasileiro passa pelo número de clubes rebaixados no campeonato da Série A e, possivelmente, no da Série B também. Antes de tudo, não dá para chamar de virada de mesa esse movimento para rebaixar 'apenas' três times desde que a mudança seja aprovada e definida antes de o torneio começar. É só uma mudança no regulamento, que aliás vai ao encontro do que acontece nas principais ligas europeias, sobretudo na Premier League, o campeonato nacional mais badalado do planeta e que acho, faz tempo, que deve ser mesmo o modelo para o Campeonato Brasileiro em praticamente tudo.  

Sendo justo com Vanderlei Luxemburgo (técnico que merece críticas por vários temas, mas que fez muita coisa boa e inovadora no futebol brasileiro), rebaixamos muito historicamente aqui no Brasileiro. Fechamos há muitos anos em 20 clubes e 4 clubes rebaixados, o que significa dizer que 20% dos times vão para a segunda divisão. Me parece um pequeno exagero. Poderia até ser feito um playoff entre o 17º colocado e o 4º da Série B, algo que também vemos em liga europeia, mas pior, para mim, é rebaixar além da conta. Essa cultura nossa talvez tenha a ver com o número elevado de clubes grandes e tradicionais do país. E esse assunto talvez tenha voltado à pauta agora porque de novo temos na Série A os chamados 12 grandes, alguns apoiados por empresas estrangeiras e SAFs e alguns temerosos com a possível ida para a segunda divisão (os 'incaíveis' Santos e São Paulo estão bem mais preocupados com a queda agora do que no passado).

O fato é que eu sempre defendi aqui a Premier League como exemplo, seja para o número de rebaixados, seja para o limite de estrangeiros (tem mais é que liberar aqui no Brasil para fortalecer ainda mais o campeonato), seja para a divisão bem mais justa do dinheiro entre os clubes, seja para a profissionalização dos árbitros, para o uso de tecnologia, para um tribunal de penas ágil e confiável, para o número de cartões amarelos para suspender (três é pouco, a liga não deve ser tão desfalcada), para as torcidas (sou contra a torcida única e sou a favor de punições pesadas para quem for culpado por violência e desordem nos estádios), etc.

O Campeonato Brasileiro, infelizmente ainda nas mãos da CBF, é um excelente produto que vem melhorando vagarosamente. A adoção do sistema de pontos corridos a partir de 2003 já foi um importante passo para aproximar a nossa liga dos torneios europeus. Por mais que a previsibilidade dos campeões seja uma realidade (o que acontece também na Europa), houve uma forçosa melhora na estrutura e na administração de vários clubes. Quem se preparou bem e se modernizou, como o Athletico-PR e times do Nordeste, teve sua recompensa e mais espaço. Quem pecou na organização e manteve velhos hábitos ruins, caiu ou perdeu seu protagonismo, caso de muitos dos 12 grandes clubes do país. 

Ainda acredito que surgirá em algum momento uma liga mais forte independente da CBF, mas é preciso haver união dos clubes,  o que no Brasil não é nada fácil. Mas quando há interesses comuns, como normalmente acontece na hora de pedir ajuda aos governos no alongamento das dívidas, a coisa costuma andar. Parece que é o caso agora, com muitos clubes relevantes querendo o rebaixamento de apenas três times e lutando para aumentar para sete o número de jogadores estrangeiros em uma partida no país.

O Santos, que não tem rebaixamento em sua história, vem lutando para não cair até no Paulista e pode lucrar com a redução do número de rebaixados no Brasileiro
O Santos, que não tem rebaixamento em sua história, vem lutando para não cair até no Paulista e pode lucrar com a redução do número de rebaixados no Brasileiro Ivan Storti/Santos FC

 

O calendário é outro ponto que pode e deve ser melhorado, claro. Ainda seguindo o modelo europeu, o Campeonato Brasileiro precisa ocupar a temporada toda, com os estaduais sendo enxugados e colocados em algumas datas nos meios de semana, como acontece com a Copa da Liga da Inglaterra. Defendo que os estaduais continuem, mas nesse formato curto, com no máximo sete jogos para o campeão. Eu também desejo que todos os times pequenos participem de campeonatos em turno e returno, seja em Séries E, F, G, H... Assim, estarão dentro da pirâmide do futebol brasileiro podendo crescer e escalar divisões. 

Todos os times do país também deveriam jogar a Copa do Brasil. Em mata-mata, em um único dia, você pode eliminar umas 400 equipes (imagino a Copa do Brasil com 800 times). Mais inclusão e mais democracia no futebol brasileiro. E se em 2011 eu já lancei uma candidatura para a presidência da CBF (não tive nenhum apoio de clube ou federação e por isso não concorri), agora me coloco à disposição para ser o 'manda-chuva' da liga nacional independente, que já deveria existir desde 1987, antes mesmo da Premier League.

 

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A cada fracasso do futebol brasileiro, título mundial passa a ter um valor ainda maior

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Uma das maiores surpresas da história do Mundial de Clubes aconteceu nesta semana. E a eliminação do Flamengo diante do Al Hilal, incrivelmente, já está sendo vista e analisada como algo normal. Muito fácil mesmo comparar essa queda do campeão da Conmebol Libertadores ainda na semifinal com os tropeços precoces de Internacional (2010), Atlético-MG (2013), Atlético Nacional (2016), River Plate (2018) e Palmeiras (2020). Só que, lembro, o Rubro-Negro fatura R$ 1 bilhão por ano aproximadamente, monta o melhor elenco da América do Sul com certa folga, possui uma diretoria ambiciosa que quer mesmo colocar o clube carioca no patamar dos grandes da Europa. Cair diante de um time saudita, que tem inclusive ex-jogadores do Flamengo (casos de Cuéllar e Michael), é um tiro no pé nesse projeto planetário rubro-negro.

O tombo é gigantesco como a torcida do Flamengo, que canta desde 2019 que "quer o mundo de novo". Quanto maior é a expectativa, maior é a frustração. Desde a criação deste formato de Mundial da Fifa, em 2005, foram apenas três títulos sul-americanos, sempre conquistados no sufoco, com sofrimento, de forma mais reativa diante da superioridade financeira e técnica do campeão daChampions League. O São Paulo contra o Liverpool (2005), o Inter diante do Barcelona (2006) e o Corinthians em cima do Chelsea (2012) foram mais cirúrgicos do que brilhantes. Os clubes brasileiros que fracassaram na semifinal de forma surpreendente ou não se prepararam da forma mais adequada (caso do Flamengo neste ano e talvez do Galo de 2013 com a saída anunciada de Cuca) ou tinham adversário de nível similar (Tigres de 2020 não era muito diferente do Palmeiras) ou acharam que a semifinal seria algo protocolar e sucumbiram com certa soberba (creio ter sido o caso do Inter contra o Mazembe).     

Como o Brasil acaba de perder mais uma Copa do Mundo, caindo nas quartas de final diante da Croácia (que não é uma potência), de novo estamos refletindo sobre o momento preocupante do futebol brasileiro em termos mundiais. Nossos clubes dominam o cenário sul-americano por uma questão basicamente econômica hoje em dia, a Libertadores virou quase uma Copa do Brasil nos últimos anos. Mas nos embates contra os melhores de outros continentes essa vantagem financeira e técnica não está prevalecendo em muitas oportunidades. Se é por causa da grana que estamos bem atrás dos europeus, por que não conseguimos nos impor diante de rivais da Arábia Saudita, do Congo, do Marrocos e do México? Para a sorte dos times brasileiros, aliás, os endinheirados clubes mexicanos não disputam mais os torneios da Conmebol. Nosso nível é similar com o deles. O provável aumento do limite de estrangeiros no futebol brasileiro tende a fortalecer ainda mais os elencos dos times do nosso país, desfalcando ainda mais os nossos vizinhos. Mas será que isso basta para ganhar Mundial?  


         
     

A Argentina tirou a América do Sul da fila de títulos mundiais ao ganhar a Copa no Qatar. Os brasileiros vinham gozando a rival pelo jejum de taças e por estar pouco competitiva em termos de clubes. Após uma Copa América conquistada em pleno Maracanã e com o tricampeonato mundial que vai coroar Lionel Messi de novo como Melhor do Mundo, os argentinos ganharam muita confiança e resgataram sua autoestima. Os brasileiros, no caminho contrário, questionam cada vez mais se ainda são os reis do futebol (e olha que o Rei agora se foi mesmo). A seleção brasileira, ainda sem técnico e com Neymar chegando aos 31 anos, está um tanto quanto perdida no momento. Ela vai completar 24 anos sem título mundial em 2026, o que significa muita pressão em cima dos jovens bons jogadores que surgiram nos últimos anos. A grita por um técnico estrangeiro aumentou ainda mais após o trabalho mediano de Tite, muito parecido com o de Dunga em resultados e desempenho.    

O Campeonato Brasileiro continua sendo uma grande disputa, embora restrita (em termos de título) a poucos clubes mais bem estruturados. Temos um certo orgulho de um equilíbrio histórico do nosso futebol local, algo que vem se perdendo bastante com o domínio recente de Flamengo e Palmeiras ( que voltaram de mãos vazias de dois Mundiais cada um nos últimos anos). Na cabeça de alguns, o Mundial nem deve ser visto hoje mais como objetivo principal, mais importante seria triunfar e reinar nos torneios nacionais e continentais. Entendo esse ponto de vista, afinal os grandes clubes europeus pensam dessa forma, mas nossa cultura de "país do futebol" (precisa mesmo de aspas agora) exige que nossa seleção e nossos clubes não passem vergonha mundo afora. E é justamente o que o "Malvadão" Flamengo passou diante do Al Hilal, que foi superior e podia ter feito placar maior.   

Pedro lamenta gol do Al Hilal na semifinal do Mundial de Clubes, que mais uma vez vê um fracasso precoce do futebol brasileiro
Pedro lamenta gol do Al Hilal na semifinal do Mundial de Clubes, que mais uma vez vê um fracasso precoce do futebol brasileiro Alex Grimm - FIFA/FIFA via Getty Images

Estamos cada vez mais saudosistas, lembrando de quando o Brasil era temido no futebol. Pelé é eterno, mas o reinado brasileiro no mais popular dos esportes não é. Quem teve a sorte de ganhar um Mundial vai dar cada vez mais valor a essa conquista. Temos duas gerações já de brasileiros que não viram a seleção ganhar uma Copa. E uma geração já de amantes do futebol que nunca viram um clube brasileiro conquistar um Mundial. O último jogador brasileiro eleito melhor do mundo foi o Kaká em 2007. Haja carência (em termos mundiais) para o futebol brasileiro. E um torcedor carente, sabemos, adora se apegar ao passado, às boas lembranças e histórias que viu ou que ouviu dos pais e avós. Preparem-se para mais músicas como “em dezembro de 81, botou os ingleses na roda”, mais bustos como o de Telê no Morumbi, mais homenagens para Pelé, mais estátuas como a de Renato...   



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Mesmo com VAR só em jogos grandes, FA Cup é mais democrática do que a Copa do Brasil

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Se tem uma coisa que as terríveis ações golpistas em Brasília deixaram de positivo, foi uma consciência ainda maior (de quase todas as pessoas, inclusive muitas de direita), de que a democracia é algo valioso demais. No futebol, nada é mais democrático do que as copas nacionais, que abrem a possibilidade de clubes humildes duelarem contra os gigantes e conseguirem assim os seus 15 minutos de fama. Na Europa, isso acontece de verdade, com equipes das mais diversas divisões, algumas até amadoras, ganhando a chance de escalar, em uma temporada, a grande pirâmide do futebol. No Brasil, apesar de a grande copa nacional ter nascido em 1989, ainda há inúmeras restrições para entrar na disputa. Quem joga a Copa do Brasil é sim uma minoria, a elite.

Há muitos anos eu defendo que todos os clubes do país disputem o nobre torneio de mata-mata. Se são 800 times brasileiros, em um dia apenas, com um simples mata-mata, 400 equipes já seriam eliminadas. Não seria tão complicado para a rica CBF permitir a todos do país jogar a sua endinheirada copa. Claro que com um aumento de fases eliminatórias, possivelmente com as primeiras promovendo duelos regionais para evitar custos e problemas de logística. Na França, clubes até de antigas e longínquas colônias jogam sem maiores problemas. Aqui tudo seria resolvido mais facilmente dentro do território nacional. Os altos valores que a CBF paga aos primeiros colocados da Copa do Brasil poderiam e deveriam ser distribuídos para os mais humildes, seria uma forma mais justa de a entidade que rege o futebol nacional diminuir um pouco a concentração de renda em pouquíssimos clubes do país.   

A FA Cup, torneio mais antigo do planeta, começou nesta temporada com 732 times, sendo que 640 jogaram as fases prévias. Ainda temos alguns jogos de replay para fechar a terceira rodada (aquela onde entram os clubes da Premier League) e já foram realizadas 100 partidas. Mais de 800 mil pessoas foram assistir aos jogos da FA Cup 2022/2023. Quem tem sucesso na primeira rodada abocanha, fazendo a conversão, mais de R$ 250 mil. O torneio, que tem uma média de praticamente três gols por partida, é um sucesso dos pés (dos times menores) à cabeça (dos clubes mais endinheirados). Mas houve um ponto que despertou críticas dentro e fora da Inglaterra: o uso do VAR em alguns jogos apenas, notadamente os que têm times da Premier League como mandantes, além das partidas de semifinal e final.

Troféu da FA Cup no Estádio de Wembley, em Londres
Troféu da FA Cup no Estádio de Wembley, em Londres Marc Atkins/Getty Images

Eu tenho uma visão um pouco diferente da maioria das pessoas, como falei no ESPN FC de futebol internacional nesta semana. Para poder contar com todo tipo de time (grandes, médios, pequenos e nanicos) e permitir a chance de todos jogarem em suas casas (de acordo com sorteio), não dá para usar a tecnologia do VAR sempre. Os estádios da maioria das equipes não estão prontos para receber algumas modernidades. Impedir partidas em campos mais humildes porque não é possível ter VAR neles seria quase o mesmo que proibir jogos nesses locais porque eles não possuem iluminação de ponta, vestiários grandiosos, telão de última geração, gramados no padrão Fifa etc. Bom, então não deveria ter VAR em partida nenhuma da competição, como defendem alguns? Eu acho isso errado. Se é possível usufruir do árbitro de vídeo (assim como de outros avanços e modernidades recentes) em algumas partidas, que isso seja utilizado sim.  

Mas e a isonomia na competição? Não é injusto um jogo ter VAR e outro ficar sem essa ferramenta? Creio que não.  A explicação é simples. Os dois times em campo têm as mesmas condições: jogam no mesmo gramado, atuam com o mesmo clima e possuem a mesma arbitragem. Durante mais que um século o futebol viveu muito bem sem VAR. Então não é o fim do mundo ter jogos ainda sem árbitro de vídeo. O futebol virou o esporte mais popular do mundo exatamente porque é simples e democrático. Não temos VAR em muitos lugares mundo afora, nem todos os campeonatos são a Copa do Mundo, que estreou no Qatar uma tecnologia de impedimento semiautomático. Tinha para todas as 32 seleções, perfeito, porque assim foi possível. Em um torneio com mais de 700 times, muitos desses nanicos, não dá para exigir muita coisa. Isonomia deve sim ser exigida, mas meu ponto é que ela existe sim na atual FA Cup. Assim como no sorteio um time pode pegar um adversário forte ou fraco, pode jogar em casa ou decidir fora, ele pode também cair diante de um adversário com estádio raiz. Não há só arenas modernas e milionárias em uma copa nacional verdadeiramente democrática. As vantagens continuam sendo muitas para os clubes mais poderosos com ou sem VAR. Como regras e condições são iguais para ambos em um jogo, tudo certo.

Eu entro de férias agora e assim estarei até o fim do mês, assim não irei trabalhar na quarta rodada da FA Cup, que terá, entre outros grandes jogos, um Manchester City x Arsenal, duelo de líder e vice-líder da Premier League (pena que sem Gabriel Jesus, lesionado). São apenas dois duelos entre times da primeira divisão nesta fase. Os outros 14 jogos terão equipes das mais diversas divisões. Temos ao menos um clube da quinta divisão garantido: o Wrexham, que vai receber o Sheffield United. Outras duas equipes da quinta divisão ainda estão vivas: o Boreham Wood e o Chesterfield. Creio que eles estão pouco preocupados com o VAR na FA Cup. Eles estão desfrutando do torneio como sempre.

O Wolverhampton tem todo o direito de reclamar da arbitragem contra o Liverpool (coisa que está fazendo), pois entende que foi prejudicado mesmo com uso do VAR. A ferramenta estava lá para os dois, assim como estará no jogo da volta, agora com os Wolves como mandantes. Quem passar para a quarta fase entre Liverpool e Wolverhampton vai pegar fora de casa o Brighton, também da primeira divisão. Mas quem sabe em uma quinta fase eles não tenham que visitar o pequenino Wrexham. Espero que não tenha mimimi nem chororô nesse hipotético confronto porque não vai ter o glamour da Premier League em um estádio raiz ou porque simplesmente não terá árbitro de vídeo. Come on! Segue o jogo!          

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Minha maior honra foi estar com Pelé quando ele recebeu o troféu de Melhor Jogador do Século

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

A morte de Pelé, por mais que já fosse esperada há algum tempo por conta de sua saúde debilitada, fez com que muita gente refletisse sobre a figura do maior jogador de futebol de todos os tempos. Recebi mensagens de jovens perguntando se ele era mesmo tudo isso, vi gente embasbacada conferindo vídeos dele pela internet agora e percebi gente próxima, pessoas que amo, envolvidas de diferentes formas com a notícia mais temida pelos jornalistas esportivos desde que eu comecei na área há 27 anos.  

Desde pequenino, eu sempre tive como premissa que Pelé era inalcançável, um ser único e especial. Meu pai, são-paulino e pelezista doente, me ensinou assim. Ele me contava como ia com alguns amigos ao Pacaembu para ver o Rei. A história que meu pai (Seu Nestor) mais repete é de quando ouviu falar de um garoto bom de bola que apareceu no Santos e que, por causa dele, foi ao jogo e escalou então o muro do Pacaembu só para poder acompanhar o menino. Seu Nestor, humilde até hoje, sofreu um bocado com Pelé nos anos 60, quando o São Paulo ficou na fila. Mas, como amante do futebol e da seleção brasileira, curtiu Pelé do início ao fim, como ele diz com orgulho: “Eu o vi começar”.   

Nunca pensei na vida que eu poderia um dia estar perto de Pelé. Meu pai também não imaginava isso. Mas a vida é surpreendente e, após eu virar jornalista, tive a chance de encontrar o Rei em algumas oportunidades. Em todas elas bateu uma enorme emoção, um orgulho que vai além do profissionalismo. Não costumo ser amigo de boleiros, não me relaciono pessoalmente com atletas e técnicos, me dou bem mais com ex-jogadores e ex-treinadores (muitos deles colegas na imprensa). Como não vi Pelé como jogador na ativa, me senti ainda mais à vontade para pedir a ele um autógrafo para meu pai. Precisava daquele registro histórico e daquele presente para meu velho. Pensava no orgulho que meu pai teria de mim por eu ter chegado a entrevistar o maior de todos.

Pelé celebra o título da Copa do Mundo de 1970, no Estádio Azteca, no México, após a vitória do Brasil por 4 a 1 sobre a Itália na final
Pelé celebra o título da Copa do Mundo de 1970, no Estádio Azteca, no México, após a vitória do Brasil por 4 a 1 sobre a Itália na final Alessandro Sabattini/Getty Images

Especialmente no meu primeiro contato com Pelé, tive a sensação de estar diante de uma entidade, não parecia mesmo humano, era algo quase sobrenatural que estava ali na minha frente. Você sabe que está diante de uma lenda, de um mito, de um ícone, de um símbolo, de uma figura reconhecida no mundo todo mesmo após dezenas de anos de sua aposentadoria. Demora um tempo para cair na ficha e se comportar de forma normal. Eu tinha a ideia exata do privilégio que estava recebendo. E desfrutei bastante desse primeiro encontro breve com o Rei. Mas haveria outros dois encontros bem mais importantes, tanto para ele como para mim.

Um desses encontros mais relevantes vou tratar aqui rapidamente. Foi uma entrega de troféu da IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol), que reconheceu Pelé como o maior artilheiro do planeta. Eu e o amigo André Fontenelle, dois dos brasileiros colaboradores da entidade com sede na Europa, lutamos com outros companheiros para que os números e dados dos Campeonatos Paulista e Carioca fossem levados em conta pela IFFHS. Quando esse nosso pedido foi acatado, a entidade enviou para o Brasil o troféu referente ao recorde de gols do Rei. Ele nos recebeu gentilmente (sempre ao lado de seu simpático assessor Pepito) em seu escritório e fizemos até uma foto oficial juntos para registrar a entrega de mais um troféu para Pelé.

O momento mais inesquecível que tive com o Rei aconteceu no final do ano 2000, em Roma, que vivia então o Grande Jubileu da Igreja Católica. A Fifa criou uma disputa para definir os melhores do século. A categoria mais falada e a que gerou mais polêmica foi, claro, a de Melhor Jogador do Século 20, isso muito por conta da rivalidade entre Pelé e Maradona. Em votação na internet, que começava ainda a engatinhar, Maradona venceu a disputa com 53,70% dos votos, recebi o resultado em primeira mão de Julio Grondona, dirigente argentino que era um dos vices da Fifa. A obtenção desses números talvez tenha sido mesmo o maior furo jornalístico da minha carreira. Uma enorme repercussão tomou conta do planeta. Seria justo dar o troféu de melhor do século para Maradona por uma enquete feita na internet que reuniu poucos milhares de pessoas, muitas dessas jovens que não viram Pelé? Houve até corrente para Maradona, que deixou Pelé com apenas 15,98% dos votos nessa eleição pela internet. A Fifa ficou então em uma saia justa, pois ela criou uma disputa e, mesmo que essa tenha tido um desfecho torto, precisava premiar Maradona, que tinha relação bastante ruim com a máxima entidade do futebol.  

Só que a “Família da Fifa”, então presidida pelo suíço Joseph Blatter, não abriu mão de dar o prêmio de melhor do século para Pelé, que sempre esteve muito próximo e alinhado com a entidade que rege o futebol no planeta. Em uma votação mais reservada que ouviu membros da Fifa, treinadores e jornalistas do mundo todo, o Rei ganhou com 72,8% dos votos (Maradona ficou com só 6% dos votos, atrás até de seu conterrâneo Di Stéfano, que teve 9,8%). Pelé chegou mais cedo para a cerimônia em Roma, em uma espécie de teatro e estúdio da RAI. Vários dos maiores nomes do esporte estavam ali na primeira fila e todos faziam questão de saudar o Rei, reverenciá-lo mesmo que de forma não oficial. Maradona cogitou não ir ao saber que haveria uma divisão do prêmio de melhor do século, mas chegou quase em cima da hora causando um grande rebuliço entre os jornalistas e os demais presentes. Ele mal cumprimentou as pessoas, subiu ao palco para pegar o troféu de melhor do século pela internet, disse que tinha sido eleito o melhor pelo povo e deixou logo depois o recinto.  

Eu estava ao lado de Pelé na entrada do local da premiação quando Joseph Blatter tentou convencê-lo a receber o troféu de melhor do século junto com Maradona para mostrar a união da “Família do Futebol”. Hélio Viana, então sócio do Rei, disse a Blatter que não seria dessa forma de jeito nenhum, que Pelé receberia o troféu sozinho no palco. Blatter deu então um sorriso amarelo (parecia se sentir culpado pela votação na internet), não insistiu e fez o que vimos: consagrou Pelé no final da cerimônia em uma bela homenagem. Oficialmente, a Fifa proclamou dois jogadores como melhor do século, mas de forma escancarada colocou Pelé no momento máximo do evento e acima de todos. O Rei, como de costume, esbanjou carisma e sorriso no fim de tudo.

A cobertura jornalística que fiz nesses dias em Roma rendeu meu nome na primeira página da Folha de S. Paulo algumas vezes. Eu dizia que meu maior orgulho profissional era ter feito a cobertura in loco de todas as Copas do Mundo deste século, mas essa série foi quebrada neste ano porque não fui ao Qatar. Pouco depois do Mundial, no entanto, veio a triste notícia do falecimento de Pelé e quase todo mundo que teve algum contato com ele passou a lembrar com carinho desses momentos mágicos, desses 15 minutos de fama com o cara que foi eleito o “Atleta do Século”. Logo me veio à mente esses dias de trabalho e tensão em torno da cobertura do Melhor do Século. O final foi muito feliz para o Rei e para mim. Profissionalmente e pessoalmente, posso dizer agora que esse é mesmo o momento máximo da minha carreira, muito por conta do personagem envolvido. Pelé é o maior de todos!

Minha matéria na capa da Folha de S. Paulo
Minha matéria na capa da Folha de S. Paulo Arquivo pessoal Rodrigo Bueno

Meu pai, que me levou nos anos 80 para ver a Copa Pelé (um torneio de masters para exaltar o Rei),  estava certo desde sempre, e eu pude dar um orgulho para ele, que investiu até com o que não tinha para eu poder me formar jornalista. Eu não pulei o muro do Pacaembu para ver o Pelé jogar, mas eu estive em duas entregas de troféu para o ilustre homem de Três Corações. Seu Nestor está com 85 anos (nasceu três anos antes de Pelé) e viu o fim do reinado com tristeza, assim como grande parte do mundo. Quem ama futebol de verdade ama o Pelé, independentemente de idade, de nacionalidade, de sexo, de política, de religião, de tudo. Que o Edson Arantes do Nascimento descanse em paz em Santos. Já o Pelé, o Melhor do Século 20, continuará jogando por mais algumas centenas e milhares de anos, pois ele é, de fato, eterno.

 

   

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Minha maior honra foi estar com Pelé quando ele recebeu o troféu de Melhor Jogador do Século

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Ranking de melhores técnicos da Copa do Mundo tem Tite só no meio da tabela e consagra semifinalistas

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Muitos treinadores brilharam na Copa do Mundo do Qatar, não apenas o campeão Lionel Scaloni, que era visto como um auxiliar ou mesmo um estagiário quando assumiu o comando da Argentina. Boa parte dos técnicos do Mundial saiu maior do nobre torneio da Fifa, independentemente da posição de suas seleções. Os quatro semifinalistas puxam a fila dos melhores trabalhos desta Copa no Oriente Médio disputada no fim do ano, no meio da temporada europeia. Mas tem 'professor' que foi eliminado ainda na fase de grupos deixando uma impressão positiva. Fiz um ranking dos treinadores do Mundial, tentando resumir os motivos pelos quais eles ocupam suas posições nesta lista. Tite, com quem sonhei de verdade na véspera do Natal (eu o entrevistava e ele dizia estar “mais leve”), está no meio da tabela

1º LIONEL SCALONI (ARGENTINA)

Seu time chegou à Copa com uma invencibilidade de 36 partidas. Perdeu na estreia e mexeu profundamente na equipe. Passou a jogar todas as partidas como mata-mata mesmo, alterando a escalação de acordo como adversário. Vale lembrar que perdeu Lo Celso, um grande parceiro de Messi, pouco antes da Copa.

2º DIDIER DESCHAMPS (FRANÇA)

Perdeu oito atletas para o Mundial, alguns de grande peso, como Benzema, Pogba e Kanté. Mesmo assim, levou o time à final e só caiu na disputa de pênaltis. Seu trabalho foi até melhor do que o de 2018, quando saiu com o título. A França atuou de forma mais ofensiva. Perdeu um jogo para a Tunísia, mas atuou com reservas.

3º WALID REGRAGUI (MARROCOS)

Liderou a sensação da Copa e fez história ao colocar pela primeira vez uma seleção africana nas semifinais. Despachou Espanha e Portugal, além de ter ficado em 1º no grupo que tinha Bélgica e Croácia. Nos dois últimos jogos, o time de Regragui foi batido, mas estava com sérios desfalques, sobretudo em sua forte defesa.

4º ZLATKO DALIC (CROÁCIA)

Depois do vice em 2018, Dalic voltou a surpreender ao levar sua equipe à terceira posição na Copa. Mesclou bem a experiência de jogadores como Modric e Perisic com a juventude de Gvardiol. Controlou o começo do jogo contra o Brasil com seu forte meio-campo. Acabou eliminando um dos grandes favoritos ao título.

5º HAJIME MORIYASU (JAPÃO)

A seleção japonesa bateu Alemanha e Espanha e terminou em 1º lugar em seu grupo. Depois, jogou melhor do que a Croácia nas oitavas, empatou e caiu nos pênaltis. Pouca gente acreditava nesta nova geração japonesa, mas Moriyasu, técnico local, surpreendeu. Outro caso de assistente técnico da Copa-18 que vinga em 2022.

6º HERVÉ RENARD (ARÁBIA SAUDITA)

A vitória contra a Argentina na estreia talvez seja a maior zebra da história das Copas, afinal o rival não perdia há 36 partidas e iria alcançar o recorde de jogos sem perder de seleções. O forte discurso de Renard no intervalo viralizou. E, depois do jogo, o vidente Renard disse que a Argentina seria a campeã do mundo.

7º LOUIS VAN GAAL (HOLANDA)

O veterano, que venceu um câncer enquanto salvava a Holanda na luta para ir à Copa, saiu do Mundial invicto, como em 2014 (são 12 jogos de Copa sem perder, caindo nas duas vezes diante da Argentina nos pênaltis). O futebol não foi vistoso, mas terminou em 5º lugar. E deixou um gol de jogada ensaiada para a história.  

8º GARETH SOUTHGATE (INGLATERRA)

Exceção feita à partida contra os EUA, um empate sem gols, a seleção inglesa foi a mais ofensiva da Copa até as quartas de final, quando foi superior à França em boa parte do jogo mas perdeu por 2 a 1 (com Kane desperdiçando um pênalti). Southgate ousou ao confiar em Maguire e deu vez a Bellingham. Fez bom papel.

9º GRAHAM ARNOLD (AUSTRÁLIA)

Muitos diziam que era a Austrália mais fraca que já foi para uma Copa, mas ela surpreendeu, passando para as oitavas batendo a bem cotada Dinamarca e a Tunísia, que tinha grande torcida no Qatar. No mata-mata, realizou um jogo duro com a Argentina, com Martínez fazendo defesaça que impediu uma prorrogação.  

10º GREGG BERHALTER (ESTADOS UNIDOS)

O jovem time norte-americano foi para o Mundial mais para se preparar para a Copa de 2026 em casa, mas praticou um bom futebol, sendo superior à Inglaterra no 0 a 0 entre eles (mantido o tabu de não perder dos ingleses em Copas). Venceu o explosivo duelo com o Irã e teve bons momentos até contra a Holanda.   

11º ALIOU CISSÉ (SENEGAL)

O bom time africano sofreu um grande baque ao perder por contusão seu craque Mané, mas, apesar da ausência pesada, Senegal avançou ao mata-mata, sendo que não merecia ter perdido da Holanda pelo futebol que apresentou. Cissé não conseguiu fazer muita coisa contra a Inglaterra nas oitavas.

12º GUSTAVO ALFARO (EQUADOR)

A classificação para as oitavas não veio, mas os sul-americanos deixaram boa impressão na Copa. Após bater os anfitriões no jogo de abertura, o Equador jogou melhor do que a Holanda e sufocou a seleção europeia no final. Gustavo Alfaro aproveitou bem Enner Valencia mesmo quando ele não estava 100%.

13º LUIS ENRIQUE (ESPANHA)

A campanha espanhola não foi boa, mas o estilo de toque de bola e controle de jogo pela posse esteve presente. A Espanha iniciou arrasando a Costa Rica (7 a 0), depois segurou a Alemanha e perdeu do Japão quando podia. Diante de Marrocos, o time de Luis Enrique dominou, mas pecou na conclusão até nos pênaltis.    

14º FERNANDO SANTOS (PORTUGAL)

O treinador português, muito criticado antes da Copa por ser conservador e incapaz de mudar situações, foi bem ao barrar Cristiano Ronaldo por conta da fase ruim do badalado atacante e pelo desrespeito público dele com seu técnico. Portugal goleou nas oitavas com um show de Gonçalo Ramos, o reserva de CR7.

15º TITE (BRASIL)

Na sua 2ª Copa, com muito mais opções, o técnico decepcionou. Seu time fez 3 gols na fase de grupos (pior campanha ofensiva desde 1978) e perdeu de Camarões (1ª queda em Copas do Brasil para um país que não é de Europa e América do Sul). Demorou para entender a Croácia e saiu nos pênaltis sem Neymar cobrar.  

Tite comandando a seleção brasileira
Tite comandando a seleção brasileira Lucas Figueiredo/CBF

16º MURAT YAKIN (SUÍÇA)

Quase conseguiu terminar na 1ª posição no grupo do Brasil (faltou um gol no saldo). Conseguiu mais uma vez travar o time de Tite e superar a rival Sérvia e seus talentos individuais. O problema foi a goleada sofrida para Portugal nas oitavas (6 a 1), placar histórico e vergonhoso para a tradição defensiva suíça.

17º RIGOBERT SONG (CAMARÕES)

Fez história ao vencer o Brasil por 1 a 0, pois Camarões virou o 1º país de fora da Europa e da América do Sul a derrotar os pentacampeões. Terminou na frente da Sérvia em grupo difícil, no qual fez eletrizante 3 a 3 contra o time do leste europeu, com direito a um dos golaços da Copa (Aboubakar, por cobertura).

18º CZESLAW MICHNIEWICZ (POLÔNIA)

Não fez seu time jogar um bom futebol, mas conseguiu levar a equipe até as oitavas, sendo eliminado pela favorita França. Um pouco menos dependente de Lewandowski, o time polonês festejou os primeiros gols de seu famoso centroavante em Copas.  Problema é que dependeu muito de milagres do goleiro Szczesny.

19º PAULO BENTO (COREIA DO SUL)

Avançou com dramaticidade às oitavas em um grupo dos mais embolados. A vitória no fim contra Portugal fez os uruguaios chorarem. Por não ser uma das gerações mais talentosas da Coreia, embora tenha Son no time, o trabalho de Paulo Bento foi satisfatório. Ele foi mal nas oitavas, sendo goleado pelo Brasil.

20º HANSI FLICK (ALEMANHA)

Claro que foi uma vergonha a seleção alemã não passar da fase de grupos pela segunda vez seguida, mas o desempenho do time foi bom na maior parte do Mundial. Pecou em especial no 2º tempo contra o Japão (poderia ter feito boa vantagem na etapa inicial). Fez jogo igual contra a Espanha, mas ficou sem a vaga no saldo.

21º CARLOS QUEIROZ (IRÃ)

Chegou ao Mundial sem muita condição de avançar às oitavas, mas esteve perto de conseguir isso ao pressionar os Estados Unidos no fim. O Irã reclamou sem razão de pelo menos um pênalti no jogo decisivo contra os americanos. Queiroz mandou bem contra País de Gales, mas foi muito mal contra a Inglaterra.

22º JALEL KADRI (TUNÍSIA)

Mais um caso de técnico local que fez uma Copa interessante. Venceu a poderosa França, um triunfo bastante significativo para os torcedores tunisianos, e segurou a bem cotada Dinamarca, a quem superou em pontuação. O pecado foi ter perdido um jogo para a Austrália, mas a performance da equipe foi bem aceitável.

23º DIEGO ALONSO (URUGUAI)

Verdade que o técnico da Celeste demorou a usar Arrascaeta como titular, mas seu time só não avançou de fase por conta de erros de arbitragem. Acabou fora no saldo de gol, e alguns lances de pênalti mudariam o cenário. Administrou os veteranos Cavani e Suárez e não explorou bem novos valores, como Valverde.

24º OTTO ADDO (GANA)

Ele se transformou no 1º técnico de Gana a vencer uma partida de Copa. Dividido entre a função de treinador e a de caçador de talentos, conseguir fazer boas partidas contra Portugal (2 a 3) e Coreia do Sul (3 a 2). No nervoso duelo diante dos uruguaios, seu time começou bem, mas falhou de novo em um pênalti decisivo.

25º JOHN HERDMAN (CANADÁ)

Como o Canadá não jogava a Copa desde 1986 e o foco maior está no Mundial de 2026, quando será sede, a participação dos canadenses até que não foi de todo ruim. Na estreia, mostrou um desempenho surpreendente, jogando melhor do qu a Bélgica. Depois, caiu diante de Croácia e Marrocos, duas seleções que foram à semifinal. Davies fez o 1º gol do Canadá em Copas.

26º GERARDO 'TATA' MARTINO (MÉXICO)

Pela primeira vez desde 1978 a seleção mexicana ficou fora na fase de grupos da Copa, mas isso aconteceu por causa do saldo de gols. A vitória de 2 a 1 contra a Arábia Saudita foi curta. Empatou com a Polônia em campo e perdeu de 2 a 0 da campeã Argentina. Muito criticado pela imprensa, Tata Martino já deixou a seleção.

27º LUIS FERNANDO SUÁREZ (COSTA RICA)

O início foi tenebroso (7 a 0 para a Espanha), mas o time mostrou poder de reação e venceu na sequência o Japão por 1 a 0. Chegou a virar incrivelmente contra a Alemanha na partida que terminou com vitória de 4 a 2 dos europeus. Não passou pelo Grupo da Morte agora, mas fez 1 ponto a menos que 2 campeãs mundiais.

28º DRAGAN STOJKOVIC (SÉRVIA)

Seleção bem cotada por conta de boas individualidades, a seleção da Sérvia colocou o Brasil em dificuldade, sobretudo no 1º tempo. Fez jogo eletrizante com Camarões (3 a 3) e decidiu tudo contra a rival Suíça. Virou o placar ainda no 1º tempo, mas sucumbiu na etapa final e saiu de forma precoce e na lanterninha do grupo.

29º ROBERT PAGE (PAÍS DE GALES)

Uma seleção com pouca alma na Copa, talvez um reflexo do que virou Bale, astro da equipe. Aliás Bale fez de pênalti o único gol do time galês no Mundial, na estreia contra os EUA (1 a 1). Caiu diante do Irã (0 a 2) e da rival Inglaterra (0 a 3) sem competir muito. Giggs seria o técnico, mas ele teve problemas pessoais.

30º KASPER HJULMAND (DINAMARCA)

Para uma seleção que chegou tão bem cotada, dando pinta de que poderia ir à semifinal pela sua organização e pelo ânimo por contar com seu craque Eriksen, a decepção foi enorme. O time ficou na lanterna de seu grupo e marcou um mísero gol, esse contra a França, talvez no único jogo aceitável da equipe na Copa.

31º ROBERTO MARTÍNEZ (BÉLGICA)

Um treinador que brilhou na Copa-18 não foi capaz de controlar um vestiário em chamas. Os jogadores belgas entraram em conflito e fizeram um papelão no Mundial. Nem mesmo quando ganharam do Canadá convenceram. Lukaku começou fora de forma e terminou perdendo gols. Fim da dourada geração belga.

32º FÉLIX SÁNCHEZ BAS (QATAR)

A pior campanha de um anfitrião nas Copas é um fiasco que passa também pelo treinador espanhol, que se construiu na base do Barcelona e tinha a missão, desde 2006, de desenvolver o futebol no Qatar. Passou pelas seleções de base do país e conhecia bem seus jogadores, que protagonizaram lances de churrasco na Copa.

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Apanhado de marcas da Copa consagra Messi, CR7, Mbappé, Livakovic, Van Gaal, Giroud...

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno
Messi, CR7, Mbappé, Livakovic e Giroud fizeram história na Copa do Qatar
Messi, CR7, Mbappé, Livakovic e Giroud fizeram história na Copa do Qatar Getty Images | ESPN Brasil

Terminou a Copa do Qatar, que nasceu cheia de problemas e críticas merecidas (por uma série de razões) e acabou com a melhor final de Mundiais de futebol da história. Todo torneio desse porte deixa marcas nas pessoas e deixa também recordes para as próximas gerações. Neste post, vou elencar algumas dessas estatísticas e curiosidades desta diferenciada Copa no Oriente Médio. Vale como um grande arquivo do Mundial.       

Messi se tornou o jogador argentino com mais gols em Copas (13), deixando Batistuta e Maradona para trás.

Cristiano Ronaldo se transformou no único atleta que fez gol em cinco Copas do Mundo diferentes (2006-2022).  

A Argentina superou a Itália na tabela histórica de pontos (158 a 156), de jogos (88 a 83) e de vitórias (47 a 45), assumindo a terceira posição da lista, atrás só de Brasil e Alemanha.

Messi passou a ser o jogador com mais partidas em Copas (26), superando o alemão Lothar Matthäus (25).

Mbappé se tornou o segundo jogador na história a marcar um hat-trick em final de Copa, igualando o feito de Hurst em 1966.

Mbappé se tornou o jogador com mais gols em finais de Copa (4).

O chute de Mbappé que resultou no segundo gol da França na final atingiu a velocidade de 123,34 km/h, sendo assim a finalização mais poderosa do torneio.

Lloris se transformou no jogador com mais partidas com a seleção francesa (145), deixando Thuram para trás (142).

Giroud passou a ser o atleta com mais gols pela seleção francesa (53), superando Thierry Henry (51).

A Copa do Qatar é a que teve mais gols na história (172), superando os Mundiais de 1998 e 2014 (171).

Messi se tornou o primeiro jogador a dar assistência em cinco Copas do Mundo seguidas (2006-2022).

Messi virou o primeiro jogador a fazer gol em todas as etapas da Copa após a fase de grupos (oitavas, quartas, semi e final).

Messi é o primeiro jogador a fazer gol e dar assistência em três jogos diferentes de Copa desde 1966.

Cristiano Ronaldo se transformou no jogador mais velho a fazer gol em Copa por Portugal (37 anos e 292 dias).  

Gavi se transformou no jogador espanhol mais jovem a atuar e a fazer gol pela seleção espanhola (18 anos e 110 dias).

Ivan Perisic se tornou o maior goleador croata em torneios de grande porte (Copa e Eurocopa), com dez gols.

Dumfries, da Holanda, tornou-se o jogador expulso de forma mais tardia em um jogo de Copa. Ele recebeu o cartão vermelho após a disputa de pênaltis contra a Argentina, igualando o que Cufré, da Argentina, havia feito contra a Alemanha em 2006.

Wahbi Khazri, da Tunísia, é o primeiro jogador africano a fazer gol em três jogos seguidos de Copa como titular.

Vincent Aboubakar fez um gol contra o Brasil e foi expulso logo depois após tirar a camisa. O último atleta que tinha feito gol e sido expulso na mesma partida foi Zidane na final de 2006.

Szczesny, da Polônia, entrou para a galeria dos goleiros que pegaram dois pênaltis em Copa sem contar as disputas de penalidades máximas, igualando Tomaszewski (Polônia, 1974), Friedel (EUA, 2002) e Casillas (Espanha, 2002 e 2010).

Livakovic, da Croácia, entrou para a galeria dos goleiros que pegaram três pênaltis em uma disputa de pênaltis em Copa, igualando Ricardo (Portugal, 2006) e Subasic (Croácia, 2018).

Livakovic também entrou para a galeria dos goleiros que pegaram quatro pênaltis em disputas de pênaltis em Copas, igualando Schumacher (Alemanha, 1982-1986), Goycochea (Argentina, 1990) e Subasic (Croácia, 2018).

O Canadá virou o país com mais jogos de Copa sem somar um único ponto (6), igualando assim El Salvador.

A Arábia Saudita quebrou uma invencibilidade de 36 partidas da Argentina (2 a 1) quando faltava apenas um jogo para a seleção sul-americana bater o recorde de 36 jogos sem perder da Itália.

O Qatar foi o primeiro time anfitrião a perder seu primeiro jogo em Copas e também o pior anfitrião, saindo sem nenhum ponto.

O Japão teve 17,7% de posse de bola no jogo em que venceu a Espanha, sendo esse o menor índice de posse de bola de uma equipe na história da Copa do Mundo.

O Canadá fez seu primeiro gol em Copa, tornando-se o 76º país diferente a balançar as redes em Mundial.

A Holanda virou o país com mais jogos seguidos de Copa sem perder no tempo normal (19), com a série começando no 2 a 0 na Dinamarca em 2010 e terminando com o 2 a 2 contra Argentina neste ano.

O Brasil estabeleceu um recorde de 17 jogos sem perder em fase de grupos da Copa até cair diante de Camarões (0 a 1).

A Alemanha não venceu seus dois primeiros jogos em uma edição de Copa, algo que não acontecia desde 1938.

O México não passou da fase de grupos da Copa do Mundo pela primeira vez desde 1978.

A Holanda manteve o tabu de sempre avançar nas fases de grupos da Copa. São 9 nove classificações na primeira fase de grupos e 11 se contarmos os grupos da segunda fase de 1974 e 1978.

A Argentina manteve o tabu de nunca ter perdido na semifinal, tendo passado por esta fase cinco vezes em Copas.

Messi manteve o tabu de nunca ser eliminado em fase de grupos contando tanto a carreira na seleção como em clubes.

Louis van Gaal passou a ser o técnico com a maior série invicta em Copas do Mundo (12 jogos, sete em 2014 e cinco em 2018), igualando Luiz Felipe Scolari (sete em 2002 e cinco em 2006)  

Rigobert Song, de Camarões, é agora um dos recordistas em participação em Copas como atleta e jogador (5 edições, 1994-2002 e 2010, como jogador, e 2022, como técnico). Os outros recordistas são Zagallo (1958-1962, como jogador, e 1970-1974 e 1998, como treinador), Beckenbauer (1966-1974, como jogador, e 1986-1990, como técnico), Berti Vogts (1970-1978, como atleta, e 1994-1998, como treinador) e Maradona (1982-1994, como jogador, e 2010, como técnico).

Stephanie Frappart tornou-se a primeira mulher a apitar um jogo de Copa do Mundo masculina (México x Polônia).

Alireza Faghani, do Irã, e Bakary Gassama, de Gâmbia, são agora também recordistas em participações em Copas como árbitros (3 edições, 2014-2022). Os outros recordistas são John Langenus (Bélgica,1930-1938), Ivan Eklind (Suécia, 1934-1950), Benjamin Griffiths (País de Gales 1950-1958), Arthur Ellis (Inglaterra, 1950-1958), Juan Gardeazábal (Espanha, 1958-1966), Erik Fredriksson (Suécia, 1982-1990), Jamal Al Sharif (Síria, 1986-1994), Joël Quiniou (França, 1986-1994), Ali Mohamed Bujsaim (Emirados Árabes Unidos, 1994-2002), Óscar Ruiz (Colômbia, 2002-2010), Carlos Eugênio Simon (Brasil, 2002-2010), Marco Rodríguez (México, 2006-2014), Joel Aguilar (El Salvador, 2010-2018) e Rayshan Irmatov (Uzbequistão, 2010-2018).

 

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Holanda deixa a Copa com 20 jogos de invencibilidade, uma jogada histórica e pouca bola

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

Eu vinha dizendo que a Holanda atual não tinha muito como ir longe nesta Copa, que sofria com algumas limitações, que não era bastante ofensiva e que Van Gaal fez até alguns pequenos milagres com o material humano que possuía. A eliminação diante da Argentina nas quartas de final não chega a chocar ou surpreender ninguém nem mesmo na Holanda. Mas o roteiro da queda é dos mais doloridos para os torcedores da Laranja.       

Quando saiu o sorteio dos grupos da Copa, ficou claro que a seleção holandesa passaria em primeiro lugar na chave, o que de fato aconteceu. Depois, também era esperada uma “moleza” nas oitavas de final, e apareceram os Estados Unidos, com um time muito jovem, pela frente. A Holanda passou em seu melhor jogo neste Mundial, usando bem seus alas como não havia feito no torneio do Qatar. Até por isso, Lionel Scaloni, o treinador da Argentina, espelhou o adversário laranja e atuou com três zagueiro, deixando Di María, que não estava 100%, no banco. Essa mudança do rival surtiu muito feito, tanto que o ala direito argentino Molina fez um gol e o ala esquerdo Acuña sofreu o tolo pênalti cometido por Dumfries. A Holanda pouco incomodou no ataque até os minutos finais do tempo regulamentar, quando usou os postes Luuk de Jong e Weghorst. O último fez os dois gols holandeses após substituir o “craque enganação” Memphis.     

Argentina leva empate aos 100 minutos, mas vence a Holanda nos pênaltis e está na semifinal da Copa; VEJA como foi          

     


Memphis Depay começou a Copa tentando se recuperar de lesão e foi entrando aos poucos no time. Mas mesmo quando está em seu auge físico e técnico, ele não inspira muita confiança. Contra a Argentina, ele teve uma atuação pobre. No seu melhor jogo, contra os Estados Unidos, também mostrou sua displicência. Ele declarou gostar mais de jogar com Bergwijn no ataque e ganhou esse presente de Van Gaal. Só que a fase de Bergwijn é ruim e ele fez mais uma partida bem discreta, sendo substituído no segundo tempo. Os gols “salvadores” da Holanda saíram no final da partida de jogada aérea e de jogada ensaiada na bola parada. Weghorst, o melhor dos três centroavantes que Van Gaal levou para o Qatar, teve um grande impacto no jogo e definiu bem um cruzamento de Berghuis e, sobretudo, a jogada que ficará eternizada na história das Copas como mais uma inovação laranja.   

Koopmeiners, no último lance do jogo praticamente, rolou a bola na área para Weghorst fazer um gol emblemático que coroa a despedida de Van Gaal das Copas. Ele saiu invicto do Mundial do Brasil em 2014 inovando com a entrada do goleiro Krul na reta final para pegar pênaltis. E ele sai invicto da Copa do Qatar usando uma jogada ensaiada impensável para aquele momento crucial da partida, uma falta muito perto da área que, pela lógica, deveria ser cobrada de forma direta. Os dois jogadores que executaram com perfeição a jogada ensaiada saíram do banco de reservas para dar uma sobrevida na partida para a Laranja.   

O empate dramático nos segundos finais não esconde o fato de a Argentina ter jogado um pouco melhor nos 90 minutos. Aliás a Argentina continua sem vencer a Holanda em 90 minutos: apenas ganhou na prorrogação na final de 1978 (3 a 1). Em dez confrontos, agora são quatro vitórias da Holanda, cinco empates e uma vitória argentina. Só que em dois empates a Argentina venceu na disputa de pênaltis (o time de Van Gaal caiu dessa forma em 2014 e em 2022). O experiente treinador holandês disse que tinha contas a acertar com os argentinos por conta da eliminação na semifinal em Itaquera, mas agora deixa o futebol com uma conta ainda maior. Só que Van Gaal deixa a Copa sem perder (somando os dois últimos Mundiais que a Holanda jogou, são oito vitórias e quatro empates). Para quem estava aposentado e precisou superar  um câncer agressivo em meio às eliminatórias, a campanha pode ser considerada bem boa. Não viu a Holanda perder desde que assumiu o time em um momento de dificuldade.  

Blind teve uma atuação ruim contra a Argentina e aumentou o coro de quem queria Malacia na lateral esquerda. O filho do auxiliar de Van Gaal, que atua com um desfibrilador, deu lugar para um centroavante: Luuk de Jong. A Holanda melhorou e começou a sufocar a Argentina, que recuou após fazer 2 a 0 (pênalti convertido por Messi, que deu a assistência para o gol de Molina). Messi não havia feito gol na Holanda nos dois jogos anteriores em Copas (0 a 0 em 2006 e em 2014). A tática do chuveirinho ficou ainda mais escancarada na Holanda quando Weghorst entrou. De cabeça, ele fez o gol que manteve a Laranja viva. Faltavam apenas sete minutos para acabar o tempo normal.  Clima ficou bem tenso após uma bola ser chutada com força por Paredes no banco da Holanda. Na base da pressão, a equipe europeia conseguiu uma falta na entrada da área por volta dos 10 minutos de acréscimos. No minuto 90+11, veio o gol de Weghorst que chocou quem estava assistindo ao jogo. O estádio, lotado de argentinos que já celebravam a classificação para as semifinais, ficou quase mudo (havia poucos holandeses no Qatar).    

O primeiro tempo da prorrogação foi morno, com os times cansados e temendo serem vazads. Na segunda etapa no tempo extra, a Argentina bombardeou o gol de Noppert, goleiro que Van Gaal tirou da cartola nesta Copa e de quem se esperava muito na disputa de pênaltis. Mas, apesar dos seus 2,03 m, o arqueiro do Heerenveen que nunca tinha defendido a seleção até esta Copa não defendeu nenhuma penalidade máxima. Levou dois gols dessa forma de Messi, sendo sempre deslocado. A única cobrança errada da Argentina teve uma bola para fora. A Holanda já havia caído nos pênaltis em 1998 (semifinal contra o Brasil), em 2014 e 2018 (diante dos argentinos). Assim, dos últimos 19 jogos de Copa da Laranja, ela teve apenas uma derrota: 1 a 0 para a Espanha na decisão do Mundial de 2010. E foi um gol de Iniesta já no finalzinho da prorrogação. Mesmo com time limitados, a Holanda tem conseguido fazer boas campanhas em Copas.

A seleção holandesa manteve o tabu de sempre avançar na fase de grupos da Copa, chegou a 30 vitórias na história dos Mundiais (está à frente do Uruguai na tabela histórica de pontos do mais nobre torneio de seleções), mas o título tão sonhado ainda não veio. Há uma boa chance de conquista no meio do ano que vem, quando a Holanda vai sediar a fase final da Nations League. Vai medir forças contra Croácia, Espanha e Itália. Koeman voltará a comandar a Holanda, que estreia nas eliminatórias para a Eurocopa de 2024 simplesmente contra a França fora de casa. Algumas novidades positivas, como Gakpo, devem ganhar ainda mais espaço no time liderado por Van Dijk, capitão que bateu e perdeu o primeiro pênalti da Holanda contra a Argentina. Berghuis também parou no catimbeiro goleiro Martínez.

Resumindo tudo, mais uma campanha destacada da Laranja em Mundiais e mais uma eliminação dolorosa com requintes de crueldade. Não foi uma queda injusta, afinal a Argentina procurou atacar e vencer mais. Além de uma geração melhor de atletas, a Holanda precisa ter mais fome, competitividade e mais bola mesmo, honrar a escola holandesa e ser mais presente no ataque. Fica a lição desta Copa do Qatar, assim como fica o segundo gol da Holanda contra a Argentina na história dos Mundiais.   

“Há coisas que só acontecem com a Holanda.”

Time da Holanda antes da eliminação para a Argentina
Time da Holanda antes da eliminação para a Argentina Getty Images
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Holanda deixa a Copa com 20 jogos de invencibilidade, uma jogada histórica e pouca bola

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Holanda faz melhor jogo na Copa e ostenta maior série invicta de seleções: mas por que ainda não inspira confiança?

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

A Holanda fez o seu melhor jogo até aqui na Copa do Mundo do Qatar, mas, apesar dos 3 a 1 no jovem time dos Estados Unidos, ainda não desencantou totalmente e não inspira muita confiança para o duelo duro que terá pela frente contra a Argentina

Uma notícia boa é a subida de produção de jogadores importantes, como Dumfries e Memphis Depay. O ala direito foi o melhor em campo, com um gol e duas assistências. Memphis jogou quase o tempo todo, pois agora está melhor fisicamente, e fez seu primeiro gol na Copa, o de número 43 pela seleção holandesa (só está atrás na história de Van Persie, que tem 50).

HOLANDA 3 x 1 EUA: ASSISTA PELA ESPN NO STAR+ AO COMPACTO DO JOGO COM NARRAÇÃO DE HAMILTON RODRIGUES E COMENTÁRIOS DE RODRIGO BUENO

Desta vez, Gakpo não abriu o placar. Destaque da Holanda na fase de grupos, ele fez um jogo discreto, talvez porque Memphis declarou que prefere ter Bergwijn como parceiro de ataque. Mesmo assim, Gakpo participou do lance do primeiro gol. Dumfries avançou ao ataque e cruzou para trás para Memphis pegar de primeira e balançar as redes. 

Esse gol saiu após 20 toques na bola, um recorde para a Holanda na história das Copas (e olha que a seleção laranja tem fama de trocar muitos passes e fazer jogadas coletivas de grande refinamento e paciência). 

O gol cedo não mudou o panorama do jogo. Desde o início os Estados Unidos tiveram mais a posse de bola e também mais finalizações, poderia ter aberto o placar logo de cara com Pulisic, mas Noppert fez uma grande defesa.

Para quem é amante do futebol holandês, tão associado ao jogo ofensivo, é estranho deixar a bola com o adversário, ainda mais sendo pior tecnicamente do que a Laranja Mecânica. Sargent, contundido, ficou fora, mas a equipe estadunidense contou ao menos com seu melhor jogador, Pulisic, que sofreu pancada na região pélvica no gol que fez contra o Irã. 


         
     

Noppert fez ainda uma outra boa defesa no primeiro tempo antes de Blind anotar o segundo gol holandês, já no fim da etapa inicial. O gol foi a segunda assistência de Dumfries no jogo. Os dois lances foram bem parecidos. E detalhe: essa conexão de ala para ala na marcação do gol seria repetida na etapa final, só que com os personagens invertidos.

No segundo tempo, a Holanda pareceu continuar se poupando na Copa, algo que se viu muito na fase de grupos. Os Estados Unidos tiveram duas bolas para descontar, mas essas foram tiradas quase em cima da linha (uma por Gakpo e outra por Timber). 

Memphis, que já havia dado um recuo de bola desastrado que quase resultou em gol americano, tentou um passe de efeito no contragolpe e perdeu a bola na jogada que resultou no gol estadunidense. Pulisic cruzou da direita, e o grandalhão Wright desviou a bola sem querer para encobrir o goleirão de 2,03 m.

Pouco depois, quando a numerosa torcida americana empurrava o time da Concacaf para o empate, Blind serviu com estilo Dumfries para anotar seu gol. Gentileza gera gentileza. 

Blind, que joga com um desfibrilador, teve um dia especial com seu gol e sua assistência também. Deu um abraço emotivo no seu pai, o ex-zagueiro Blind, hoje auxiliar de Van Gaal. Blind havia feito um gol na Copa de 2014 contra o Brasil na disputa de terceiro lugar: 3 a 0 para a Holanda. Ele era um dos jogadores que vinham rendendo pouco na equipe laranja na fase de  grupos, mas que cresceu no mata-mata.

Van Gaal continua invicto em Copas. Agora, são oito vitórias e três empates. Um desses empates foi o 0 a 0 contra a Argentina na semifinal de 2014. A Holanda, para variar, foi eliminada nos pênaltis. O caminho da Holanda nesta Copa, aliás, lembra um pouco o do Mundial de 1998, quando a equipe passou pelos argentinos nas quartas de final e depois caiu nas penalidades máximas diante do Brasil.

Jogadores da Holanda comemoram classificação às quartas de final da Copa do Mundo
Jogadores da Holanda comemoram classificação às quartas de final da Copa do Mundo Getty Images

A Holanda deve manter a equipe das oitavas para o duelo contra a Argentina. Van Gaal já manteve o time que começou contra o Qatar por entender que os Estados Unidos possuem um meio-campo muito forte. A Argentina tem ainda mais força no setor, especialmente por contar com Messi. Possivelmente De Roon e De Jong farão a marcação no craque argentino, que brilhou muito nas oitavas contra a Austrália. Nesse jogo contra os EUA, Van Gaal pôde até poupar um pouco alguns jogadores, como o zagueiro Aké, que tem um cartão amarelo e saiu no fim para não ser suspenso.

Até Xavi Simons, jovem de 19 anos que foi uma surpresa na convocação para a Copa, entrou no final da partida contra a equipe norte-americana. Deu para ver seu talento, e ele vira mais uma opção ofensiva para a equipe. Trabalha bem na construção das jogadas, sendo destaque do atual Campeonato Holandês. Koopmeiners entrou e levou um cartão amarelo. De Ligt, que atuou na estreia, também teve seis minutos. A Holanda chegou a 19 jogos sem perder, ostenta hoje a maior invencibilidade dentre as seleções. Mas vai pegar a Argentina, que estava invicta há 36 partidas até cair para a Arábia Saudita neste Mundial.

A seleção laranja não perde em  Copas para um time de fora da Europa desde 1994, quando perdeu de 3 a 2 do Brasil nas quartas de final. Neste século, ainda não perdeu para adversários sul-americanos. Contra a Argentina, são nove confrontos, com apenas uma vitória dos hermanos (na final da Copa de 1978, que terminou 1 a 1 no tempo normal). 

São dados e estatísticas que dão ânimo para a Holanda, mas o futebol do time continua sendo criticado em seu país (Van Basten exaltou os belos gols, mas disse que no resto do jogo a Holanda foi de chorar). Que a Holanda possa fazer seus torcedores chorarem de alegria pela primeira vez após uma final de Copa.

Timber limpa o rosto durante partida da Holanda na Copa do Mundo
Timber limpa o rosto durante partida da Holanda na Copa do Mundo Getty Images

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Holanda faz melhor jogo na Copa e ostenta maior série invicta de seleções: mas por que ainda não inspira confiança?

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Holanda treina contra o Qatar, não apresenta sinal de melhora e festeja só tabu e gols de Gakpo

Rodrigo Bueno
Rodrigo Bueno

A Holanda, como era esperado, terminou em primeiro lugar no grupo A. E a seleção laranja, como não era esperado, não jogou absolutamente nada até aqui na Copa do Mundo do Qatar. Não mereceu vencer Senegal (que avançou às oitavas de final em segundo lugar), não mereceu empatar com o Equador (que foi tristemente eliminado) e não mereceu golear o Qatar, o pior anfitrião da história dos Mundiais. A festejar, apenas os gols e as marcas de Gakpo, ainda jovem estrela do PSV que merecidamente ganhou vaga de titular e anotou gol nas três partidas. Ele é o primeiro holandês a conseguir tal feito em Copas e igualou até o número de gols do lendário Cruyff no torneio (o melhor jogador do Mundial de 1974 atuou apenas naquela edição, na  Alemanha). E um detalhe: Gakpo fez gol de cabeça, com o pé esquerdo e com o pé direito. Só Sneijder, dentre os holandeses, alcançou tal proeza (em 2010, na África do Sul).      

Os 2 a 0 em cima da seleção da casa deram sono em uma Copa que teve vários empates sem gol. O Qatar não tinha qualidade nem coragem de atacar a Holanda, e a equipe de Van Gaal, muito preguiçosa, pareceu desde o início se poupar para as oitavas. O problema maior é que a sensação que os holandeses passam é de estarem se poupando na Copa desde o início. Além de problemas e limitações, o time de Memphis Depay mostra uma apatia, uma falta de atitude, o que pode tornar qualquer confronto decisivo (contra Estados Unidos, Irã ou País de Gales) em algo perigoso. Ao menos a Holanda manteve o tabu de sempre avançar nas fases de grupo nas Copas. Agora, são nove classificações nas primeiras fases e podemos colocar outras duas classificações nas segundas fases dos Mundiais de 1974 e 1978 (o regulamento tinha esse sistema). Nenhuma outra seleção com mais de uma participação em Copas possui 100% de classificações em fases de grupo.         

HOLANDA 2 x 0 QATAR: ASSISTA PELA ESPN NO STAR+ AO COMPACTO DO JOGO COM NARRAÇÃO DE FERNANDO NARDINI E COMENTÁRIOS DE FERNANDO CAMPOS

Memphis Depay começou como titular desta vez no ataque, uma prova de que ele está melhor de sua lesão. Foram 30 minutos na estreia e outros 45 minutos na segunda rodada para o atacante do Barcelona. Contra o frágil Qatar, no entanto, Memphis foi uma figura discreta e errou alguns lances de forma displicente. Eu ainda continuo com muitas dúvidas sobre o potencial de Memphis, um jogador de fato dotado de boa técnica, mas que carece de mais competitividade, mais contundência. Em defesa dele, posso dizer que ele também não tem um parceiro de elite. Gakpo tem sido uma melhor opção ofensiva do que Bergwijn, que vive uma fase ruim e nem atuou no duelo contra a seleção anfitriã.   

Gakpo aproveitou uma boa trama ofensiva, um passe de Klaassen e um buraco na defesa do Qatar para marcar com o pé direito aos 26 minutos do primeiro tempo o gol de abertura do placar. Essa vantagem não mudou em nada o panorama lento do jogo. O Qatar continuou tímido e com quase todo mundo atrás da linha da bola, e a Holanda ficou tocando a pelota sem pressa e sem muita objetividade. Nas duas primeira rodadas, a seleção laranja só criou mais chances claras de gol do que a Costa Rica, uma vergonha para uma equipe que historicamente é associada a um jogo ofensivo e vistoso. 

O gol de Gakpo foi o de número 90 da Holanda nas Copas. O gol 91 sairia só aos 4 minutos da segunda etapa. Frenkie de Jong aproveitou rebote do goleiro Barsham após chute de Memphis e só empurrou para as redes. O bom volante do Barcelona, que participou bem da estreia do time, marcou pela Holanda após 1.180 dias (ele fez apenas o seu segundo gol pela seleção, o outro foi contra a Alemanha em setembro de 2019). De Jong jogou um pouco mais adiantado na partida contra o Qatar.   

A defesa passou batida mais uma vez, levou apenas um gol do Equador nesta fase de grupos. O goleiro Noppert, uma aposta de Van Gaal para esta Copa, não comprometeu, mas deixou escapar de forma perigosa uma bola que encaixou contra o Qatar. Van Dijk, que foi criticado por Van Basten pelo gol sofrido contra o Equador (muita gente condena a estratégia de Van Dijk de não dar bote), ficou tranquilo quase o jogo todo na sobra. Aké, o seu parceiro pela esquerda, faz um bom Mundial, porém levou um tolo cartão amarelo entrando forte em lance no campo de ataque. Timber foi mais uma vez o zagueiro pela direita (De Ligt atuou apenas na estreia contra Senegal, muito pela estatura do rival). Na volância, De Roon atuou desta vez desde o início (ele também tinha um problema médico no começo da Copa), dando mais liberdade assim para De Jong avançar. Klaassen voltou a atuar entre o meio e o ataque, e ele tem se entendido bem com Gakpo, servindo mais uma vez o companheiro. Nas alas, Dumfries e Blind continuam devendo, oferecendo pouco apoio efetivo ao ataque do time.  

Van Gaal, que continua invicto em jogos de Copa (são sete vitórias e três empates, contando com o Mundial de 2014, no Brasil), deu sorte no sorteio, pois o grupo com o Qatar como cabeça de chave foi uma bênção, assim como também pode ser o jogo de sábado que abre as oitavas de final. Por mais que o experiente técnico continue otimista e defendendo sua equipe, não há muita animação e otimismo na torcida holandesa. Malacia deveria ter mais minutos na ala esquerda. Noa Lang e até Xavi Simons poderiam ter tido alguma chance nesta fase de grupos. Mas Van Gaal tirou do banco de reservas Koopmeiners (que não foi bem contra o Equador), Janssen (que não foi bem contra Senegal), Berghuis (que mandou uma bola no travessão contra o Qatar), Weghorst (o grandalhão da área que está à frente de Luuk de Jong) e Taylor (jovem meio-campista do Ajax).

Não sei se Gakpo (um dos artilheiros da Copa junto com Mbappé e Enner Valencia) anotará o gol de abertura do placar nas oitavas, como ele fez nos três primeiros jogos da Holanda no Qatar. Não sei como a equipe laranja vai reagir se estiver atrás no marcador, coisa que aconteceu nas oitavas da Eurocopa, quando veio a última derrota da equipe (diante da República Tcheca). O que eu posso dizer é que, se esta Holanda atual for campeã do mundo, será uma das grandes surpresas da história das Copas e um tapa na cara das tantas gerações bacanas e admiradas que a seleção laranja já teve e que já enviou para os Mundiais de futebol.

Gakpo em ação pela Holanda na Copa do Mundo do Qatar
Gakpo em ação pela Holanda na Copa do Mundo do Qatar Getty Images
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