Neste domingo, o Manchester City, líder da Premier League, visita o vice-líder Manchester United em um jogaço cercado de expectativa, às 14h30 (de Brasília), com transmissão ao vivo e exclusiva da ESPN Brasil e do WatchESPN. 

E para vencer mais uma e permanecer tranquilo na ponta do Campeonato Inglês, o time comandado por Josep Guardiola aposta muito alto em um espanhol de 31 anos que fala pouco, mas faz muito em campo.

Trata-se do meia David Silva, que está há sete anos no clube celeste e acumula dois títulos da Premier League, além de uma Copa da Inglaterra, duas Copas da Liga e um Community Shield. 

Avaliado em 30 milhões de euros (R$ 115 milhões) pelo site Transfermarkt, especializado no mercado da bola, ele ostenta ótimos números na atual temporada: em 19 partidas, são dois gols e incríveis 10 assistências para os companheiros.

Dono de muitos títulos também com a camisa da seleção espanhola, como a Copa do Mundo de 2010 e as Eurocopas de 2008 e 2012, o "mago" é conhecido por ser extremamente discreto e tímido desde surgiu como um meteoro no Valencia, em 2007, após passar temporadas emprestado pelos Ches a Eibar e Celta de Vigo. 

No entanto, ele é capaz de decidir jogos dificílimos sozinho com golaços tirados do fundo da cartola ou passes espetaculares de perna esquerda.

E quem o conhece desde os tempos de Valencia diz que ele mudou pouco desde então: segue calado e genial.

"Joguei uma temporada com o David Silva. Ele entrava mudo e saía calado (risos). Cara, ele não fala. Nunca! É um cara muito quieto. Se você não for falar com ele, pode ter certeza que ele não irá conversar com você", conta o lateral esquerdo Thiago Carleto, Bola de Prata do Campeonato Brasileirão de 2017 com a camisa do Coritiba e que na última quarta-feira acertou transferência para o Atlético-PR, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.

O brasileiro e o espanhol atuaram juntos entre 2008 e 2009, quando Carleto foi contratado do Santos para reforçar o bom time do Valencia, que havia vencido a Copa do Rei na temporada 2007/08 e tinha nomes como Juan Mata, David Villa, Fernando Morientes e Éver Banega, além de Edu Gaspar, atual coordenador da seleção brasileira e "braço direito" do técnico Tite na equipe nacional. 

O lateral esquerdo diz que raramente ouvia a voz de Silva no vestiário da equipe.

"Nunca consegui conversar muito com ele, só coisas mais superficiais mesmo, pois ele era bem calado. No vestiário, ficava na dele. Nos jantares ou quando íamos visitar as peñas [torcidas organizadas], ele também entrava mudo e saía calado. Era difícil ouvir a voz dele, tanto é que nem lembro como era (risos)", diverte-se. 

O novo lateral do Atlético-PR também diz que ficou surpreso recentemente ao ver o ex-companheiro de equipe careca em jogo do Manchester City no Inglês.

"Estava assistindo e acredita que não o reconheci (risos)? Ele está carequinha de tudo! Na hora pensei que ele deve ter pedido alguma aposta, só pode (risos). Até porque ele não é de fazer isso, pois evita tudo que possa chamar atenção", salienta.

• Fala pouco, faz muito

Segundo Carleto, Silva sempre foi partidário da receita "falar pouco e fazer muito". O brasileiro diz que o meio-campista muitas vezes resolvia as partidas do Valencia sozinho, mesmo sendo caçado em campo pelos adversários, que tentavam parar o habilidoso canhoto na base da porrada, quase sempre sem sucesso. 

"Ele não fala uma palavra, mas o que faz com a bola é brincadeira!", elogia o ala, antes de lembrar um episódio marcante do amigo.

"Teve um jogo contra o Sporting Gijón que ele levou uma pancada no tornozelo e inchou pra caramba, isso com só 10 minutos do primeiro tempo. Mesmo assim, ele ficou quieto, na dele, jogou o tempo todo no sacrifício e acabou com o jogo", recorda o ala, que estava no banco de reservas na partida válida pela 30ª rodada de La Liga 2008/09.

"Nós ganhamos de 3 a 2 nesse dia. Ele abriu o placar com um golaço driblando todo mundo e deu a assistência para o Mata fazer o gol da vitória. Aí quando acabou o jogo, fomos ver o tornozelo dele e parecia uma bola de tão grande e inchado. Inclusive depois ele teve que ficar três semanas parado por causa disso", relembra. 

Carleto conta, inclusive, que David Silva chegou até a ser criticado por parte dos torcedores no dia por não ter corrido muito em campo, mas diz que isso só ocorreu porque o tornozelo do armador estava completamente destruído. 

"Ele foi criticado porque jogou meio mancando e mesmo assim não pedia para sair. Aí no final do jogo conseguiu essa façanha! Eu estava lá e vi tudo, fiquei impressionado com o esforço dele", rememorou.

O brasileiro ainda recordou a grande parceria entre Silva e David Villa.

"Villa é um ídolo na Espanha inteira e um grande jogador. Acho que foi o melhor atacante com quem joguei junto na carreira. Era um finalizador impressionante, um espetáculo de ver. Fazia gols até de olho fechado, era coisa de fração de segundos e ele arrumava um jeito de guardar nas redes", suspira o ala esquerdo.

"E como era o David Silva que dava as assistências para ele no Valencia, ficava tudo mais fácil, né (risos)? Toda hora o Villa estava na cara do gol, porque o Silva é um 'mago' e sempre acha aquele passe que parece impossível", finaliza Carleto.