16 anos depois, René Simões revela por que barrou campeão da Champions e do Mundial pelo United: 'Não teve jeito'

Francisco De Laurentiis e Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
Relembre lances de Dwight Yorke, um dos atacantes mais temidos do mundo em 2001

Em 2001, o trinitino Dwight Yorke era um dos atacantes mais temidos do mundo. Vivendo o auge da forma, ele era titular do "SuperManchester United" que conquistou a tríplice coroa na temporada 1998/99 (Premier LeagueFA Cup e Champions League), além de ter vencido o Mundial de Clubes de 1999 em cima do Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, e seguia como destaque da linha de frente dos "Diabos Vermelhos" nos anos seguintes, ganhando mais títulos. 

Na mesma época, porém, ele se envolveu na maior polêmica de sua carreira, e perdeu a chance de disputar a Copa do Mundo de 2002 com a seleção de Trinidad & Tobago. E o responsável por punir o craque de maneira dura foi um brasileiro.

Trata-se do técnico René Simões, que comandou a seleção do arquipélago entre 2001 e 2002 e a levou até a fase final das eliminatórias da Concacaf, mas não conseguiu a classificação para o Mundial da Coreia do Sul e Japão. Muito disso por não poder contar com a principal estrela de sua equipe, barrada por indisciplina. 

René Simões durante seu tempo como técnico da Jamaica
René Simões durante seu tempo como técnico da Jamaica Michael Steele/EMPICS via Getty Images

O caso em questão aconteceu no final de junho de 2001. Antes de um jogo decisivo contra a Jamaica, pelas eliminatórias, Simões chocou o Caribe ao anunciar que Yorke e o também atacante Russell Latapy, o outro destaque do time, estavam cortados do elenco e não jogariam o restante do qualificatório da Copa. 

À época, o treinador brasileiro não revelou o motivo de Yorke e Latapy terem sido barrados. Disse apenas que eles tinham que ter se apresentado na segunda-feira de manhã para treinarem com a seleção, mas não apareceram. Com isso, Trinidad & Tobago foi a campo sem o par e perdeu por 2 a 1 para os jamaicanos em casa.

16 anos depois, em entrevista ao ESPN.com.br conta o motivo de ter tirado o astro do "SuperUnited" dos jogos decisivos das eliminatórias: o centroavante exagerou na bebedeira, deu blackout e sumiu. Com isso, Simões não teve outra opção a não ser fazer de Yorke um exemplo e tirá-lo da seleção sem pensar duas vezes. 

Yorke em ação contra o Palmeiras, em 1999
Yorke em ação contra o Palmeiras, em 1999 Getty Images

"Eu acabei trabalhando com o Yorke em só um jogo, um amistoso, no qual ele foi muito bem. Só que ele não apareceu para o treino depois, faltou ao jogo e tivemos que cortá-lo da seleção. Uma pena, porque ele estava jogando bem e era a esperança do país para ir para a Copa de 2002", lembrou René.

O comandante, atualmente desempregado e à espera de propostas, conta como ficou sabendo da farra de Yorke e Latapy, que eram muito amigos e tinham uma queda pela vida noturna.

"Chegou até mim que ele tinha passado do ponto na bebida e nem apareceu na concentração. Aí tive que cortá-lo, não teve jeito... Era um jogador fantástico, mas não teve como não fazer isso. Ele aprontou, não apareceu e isso teve que acontecer. Foi um dos motivos que tirou Trinidad daquela Copa", lamentou.

"Não classificamos e aí Trinidad começou o trabalho visando o Mundial de 2006", completou o experiente técnico, que deixou a equipe do arquipélago e em seguida assumiu a seleção de Honduras, na qual ficou até 2004, quando começou seu trabalho à frente da seleção feminina do Brasil para as Olimpíadas de Atenas. 

Yorke ainda jogaria a Copa de 2006
Yorke ainda jogaria a Copa de 2006 Ross Kinnaird/Getty Images

Yorke, por sua vez, ainda teria sua chance de ter sua redenção pela equipe nacional e se desculpar pelo vexame de 2001.

Após pedido de desculpas, ele foi reintegrado à seleção trinitina para o ciclo do Mundial de 2006 e conseguiu ajudar o time a se classificar pela primeira vez para uma Copa, terminando na zona da repescagem da Concacaf e passando por Bahrein para carimbar o passaporte para a Alemanha.

Na Copa-2006, ele foi titular absoluto e jogou as três partidas de Trinidad & Tobago na primeira fase, mas acabou eliminado após um empate por 0 a 0 com a Suécia e derrotas para Inglaterra e Paraguai, ambas por 2 a 0. Ele seguiria na seleção até 2009, quando pendurou de vez as chuteiras pela equipe e disse adeus.

  • Calote em Trinidad & Tobago

Da passagem por Trinidad & Tobago, ainda sobrou um calote para René Simões.

O treinador havia assinado um contrato de quatro anos com a seleção caribenha, após ser contratado por Jack Warner, então presidente da Federação local (o ex-cartola atualmente está preso por envolvimento nos escândalos da Fifa). 

René tomou calote de Jack Warner
René tomou calote de Jack Warner Reuters

O dirigente, porém, se envolveu em disputas com o Governo local, e Simões achou melhor sair. No entanto, nunca viu boa parte do dinheiro que lhe foi prometido quando ele assinou o contrato.

"O primeiro-ministro de Trinidad queria que eu ficasse, mas eu tinha sido contratado pelo Warner, que era inimigo dele. Aí pensei: 'Se eu ficar aqui, não vou conseguir ganhar um jogo'. Eu tinha assinado por quatro anos, e ainda tinham mais dois anos e meio para cumprir lá", recordou o técnico de 64 anos.

"Só que conversei com o Warner e acabei encerrando o contrato. Eles ficaram de me pagar um dinheiro que até hoje não pagaram. Pagaram só uma parcela bem pequena, faltou muito para receber. Mas isso ficou pra trás, já passou", garantiu.

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