Victoria Pavón assumiu a presidência do Leganés em 2009 Divulgação/La Liga

Há cinco anos, o Leganés disputava a terceira divisão do futebol espanhol. Agora, figura como surpresa da elite, ocupando a sétima colocação, apenas uma abaixo do Real Madrid, com um ponto a menos (11 contra 10). O nome da mudança atende por Victoria Pavón, presidente do clube desde 2009. Nesses oito anos de comando, trabalha para matar um leão por dia, dentro e fora de campo. E neste sábado, tem mais um pela frente: o Atlético de Madrid, às 15h45, pela sétima rodada.

O Leganés vivia uma situação dramática em dezembro de 2008: jogava na terceira divisão, estava afundado em dívidas e via jogadores protestando nos gramados por não receberem seus salários no final do mês. Foi então que seu marido, Felipe Moreno, trocou os negócios imobiliários da família pela compra do clube. E colocou sua esposa como presidente.

“De imediato, pensei muito. Isso nunca havia passado pela minha cabeça. Meus filhos jogavam futebol e em casa não se falava de outra coisa. Mas daí a ser presidente, é bem diferente. Mas então pensei: por que não? Eu podia fazer o mesmo que qualquer um e não me sentia inferior a ninguém. E o grande problema do Leganés não eram as dívidas, mas a falta de recursos.”

E então, Victoria Pavón começou a trabalhar. Reaproximou a cidade do clube - sobretudo os jovens -, reduziu o quadro de funcionários, mudou a forma de administrar, injetou dinheiro e colocou como meta sair da terceira divisão para atrair verba de patrocinadores. O acesso à Liga Adelante, a segunda divisão espanhol, se deu na temporada 2012/2013. E no ano passado, estrearam na elite: terminaram em 17º, uma posição acima da zona de rebaixamento.

O Leganés se tornou um clube modesto, mas não mais afundado em crise financeira. A dívida de 500 mil euros se transformou em lucro de 5 milhões. Os outros 40 milhões de euros que entram para os cofres chegam pelos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Espanhol.

A estrutura administrativa do clube tem dez pessoas, sendo quatro da família. Além de Victoria e seu marido, maior acionista, trabalham o filho, Alberto, e a irmã, Esperanza. “Não gastamos um euro além do imprescindível. Não posso, claro, comprar um jogador por 7 milhões. Mas estamos bem. Nossos elencos são muito econômicos, mas sempre pagamos os salários, ainda que o valor seja só mil euros. Isso faz com que os jogadores queiram estar aqui.”

Em oito anos, ela tirou o clube da terceira divisão e levou à elite Divulgação/Leganés

Victoria Pavón é bem próxima dos jogadores. “É natural. Conversamos sobre suas esposas, seus filhos e sempre viajo com a equipe.” Até hoje, em oito anos de mandato, perdeu somente duas partidas do Leganés: uma porque estava gripada e outra quando seu pai morreu. Apesar de se definir como ‘observadora’, já mudou. No começo, não se intrometia em questões técnicas. Agora, já se arrisca.

“A principio, eu não emitia opiniões para o treinador. Não me atrevia. Nosso corpo técnico tem autonomia total. Mas a primeira conclusão a que cheguei, depois de escutar muita coisa, é que as opiniões de quem supostamente entende de futebol são, muitas vezes contraditórias. De futebol ninguém entende nada. Então, posso opinar sem problemas.”

Nascida em Leganés e apaixonada pelo clube desde sempre, Victoria Pavón é uma das três mulheres que ocupam cargo de presidência na primeira divisão do Campeonato Espanhol. As outras duas são Amaia Gorostiza, do Eibar, e Layhoon Chan, do Valência.