Curti: Os Cardinals podem ser uma grata surpresa em 2020
A NFL é um grande moinho e seus recursos – teto salarial, free agency e Draft com ordem de escolha inversa à classificação da temporada – permitem que equipes que ficaram em último lugar num ano acabem vencendo a divisão no ano posterior. No ano passado não vimos isso acontecendo – mas quase, com o San Francisco 49ers, terceiro na NFC West em 2018 e campeão em 2019.
Neste, se tivermos que apostar nosso dinheiro em algum time que possa dar essa volta por cima, o Arizona Cardinals apresenta-se como um time interessante para colocarmos no radar. A divisão é extremamente difícil – discutivelmente a mais forte da liga – mas a possibilidade está ali.
Kyler Murray foi o calouro ofensivo do ano na temporada passada e começou sua carreira de forma parecida com a qual terminou sua trajetória no college: como uma ameaça dupla. Apenas dois calouros na história da liga, segundo o ESPN Stats and Info, tiveram 3500 jardas passadas e 500 corridas. Um é Cam Newton em 2011 – o outro, Murray no ano passado. Não houve apenas flores nessa história, com dores de crescimento aparecendo. Um dos pontos que Murray precisa melhorar e que acabava sendo uma virtude na várzea defensiva que é a conferência Big XII é o fato de que ele segurava demais a bola. Fazia isso no college, continuou fazendo na NFL.
Mas na NFL o negócio é outro. Prova foi o elevado número de sacks que Murray sofreu na temporada passada – 48, empatado com Matt Ryan e Russell Wilson como os que mais foram ao chão em sacks. Não que a linha dos Cardinals tenha sido um suprassumo de excelência, mas ele precisa segurar menos a bola e ser mais eficiente. Isso, claro, vem com o tempo. Peyton Manning bem disse uma vez que a medida em que os anos vão passando, os quarterbacks profissionais enxergam o jogo passando "mais lentamente" na sua frente.
E em 2020, o que esperar?
A princípio, boas notícias. "Kliff [Kingsbury, o head coach e responsável pelo ataque] está fazendo umas coisas ali que vão deixar qualquer um com problemas... É muito rápido [o ataque]. Algo que nunca experimentei num training camp e vai levar tempo para se ajustar", disse o DL Jordan Phillips ao jornal Arizona Republic. Ou seja, o ataque dos Cardinals, que já teve alta octanagem em 2019, está a todo vapor.
Regressão à média pode acontecer – sobretudo porque os coordenadores defensivos adversários terão tape de Murray e do Air Raid de Kingsbury para pensar em formas de neutralização – mas a outra boa notícia vem da intertemporada. Os Cardinals se aproveitaram do atrito entre Bill O'Brien e DeAndre Hopkins e trocaram por DeAndre Hopkins com o custo de praticamente uma segunda rodada. David Johnson saiu também nessa troca, mas acabou sendo positivo: Kenyan Drake melhorou o ataque desde que chegou e se mostrou um running back mais eficaz – e barato. Não é contestável que Hopkins é um dos melhores wide receivers da NFL. Ele pode, inclusive, melhorar as jogadas nas quais Murray esteja em movimento e fora do pocket, algo que não foi tão bom no ano passado (dado que teve bons números assim com Deshaun Watson em Houston).
A defesa, a propósito, também deve apresentar melhora. Ela ainda conta com Chandler Jones, o melhor pass rush da liga na minha humilde opinião – e um dos mais subestimados jogadores da NFL. A chegada de Isaiah Simmons, um faz-tudo defensivo, dá uma versatilidade interessante para o setor e aparte disso melhora o miolo defensivo de Arizona, o qual foi problema no ano passado.
É muito difícil cravar que os Cardinals sejam o "Worst to First" de 2020 e vençam a divisão após ficar em último lugar no ano passado. Afinal, é uma NFC West com o fortíssimo elenco dos 49ers, um quarterback de elite em Russell Wilson nos Seahawks e um Los Angeles Rams que embora fragilizado pode dar trabalho. O que podemos afirmar, porém, é que Arizona é um time para ficarmos de olho e que está sob o radar de muitos – mas que pode brigar por playoffs nesta temporada.
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