Euro e Copa América expõem: seleção brasileira é a menos querida em seu país. E isso não tem nada a ver com Tite
Se você for uma exceção, um fã fervoroso da seleção brasileira, você deve até se incomodar com isso, mas precisa admitir: é incrível o quanto ela não consegue mobilizar e sensibilizar os apaixonados por futebol em seu próprio território.
Em tempos de Euro e Copa América simultâneas, o fato fica ainda mais claro porque nos permite comparar as relações de outros países com suas seleções, seja através da cobertura jornalística, seja por aquilo que conseguimos captar de sentimento dos torcedores – mesmo com estádios (quase) vazios.
Exceção feita à Espanha, onde a relação com La Furia é conturbada em certas regiões por razões políticas, nos países futebolisticamente relevantes em que as seleções nacionais são alvos de críticas constantes, essas críticas ocorrem apenas por razões esportivas e não pelo simples desinteresse ou antipatia pela seleção em si.
É o que acontece, por exemplo, na Argentina: há quem discuta a capacidade do técnico Scaloni, quem se irrite com Otamedi na zaga, quem ache que a Albiceleste não vai para frente enquanto não deixar de ser uma panela com os preferidos de Messi. Mas quase não se vê o “não estou interessado” quando o tema é seleção. O desconforto é esportivo, e só.
Neymar dá aula de bobinho, mete toque de letra 'nojento', e Alex Sandro e Richarlison se perdem na qualidadeNa Holanda muitos criticam as escolhas de Frank de Boer. Os alemães, que recuperaram o orgulho por sua equipe desde 2006, vivem um momento de baixa e nem por isso perderam o interesse pela Nationalelf. Na Itália existe empolgação com o trabalho de Mancini pela Azzurra. Os ingleses sempre desconfiam, até ironizam, mas estão bem esperançosos com o English Team. A França desfruta de seu momento de superpotência.
Já a seleção brasileira, exceção feita à Copa do Mundo, parece no melhor dos casos não interessar à maioria daqueles que amam futebol no Brasil. E, no pior, despertar irritação, chegando até mesmo a fazer com que muita gente torça contra uma equipe que já foi vista como principal motivo de orgulho nacional. Por que será?
A resposta certamente não passa pelo trabalho de Tite, que conseguiu formar uma equipe eficiente e sólida, hoje a melhor do continente. Mesmo não sendo brilhante (e afinal, qual seleção do planeta brilha constantemente?), o Brasil entrega o suficiente para não ser criticado. Dessa forma, fica evidente que o desinteresse ou antipatia pela seleção brasileira surge por outras causas, que nenhuma relação tem a ver com o jogo ou com seu treinador.
Reflexo em dia! No treino da seleção brasileira, Weverton opera 'milagre' com a mão esquerdaParece óbvio: enquanto as seleções continuarem jogando no mesmo período dos times de futebol mais amados do Brasil, enquanto elas seguirem desfalcando as equipes mais fortes do país em jogos importantes, enquanto a ideia for colocar a seleção brasileira para concorrer e rivalizar com aqueles que despertam interesses e paixões maiores que ela, não haverá solução para este problema.
Ganhar uma Copa do Mundo, claro, fará com que tudo seja esquecido por semanas. O amor pela amarelinha será revigorado. Até que o ciclo se reinicie.
O curioso é que o padrão de ação da CBF, mantendo eternamente as rodadas com jogos importantes de competições nacionais nas datas Fifa, não só provoca desinteresse e antipatia pela seleção brasileira e pelo futebol de seleções de forma geral, como deixa o seu próprio campeonato mais pobre, com seus melhores times incompletos, sem suas maiores estrelas.
É estranho, porque no fim das contas a CBF prejudica esportivamente, com uma mesma medida, seus dois principais produtos: a seleção brasileira e o Campeonato Brasileiro. Pode-se supor, portanto, que a prioridade é alguma outra coisa...
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