Foi a vaidade, e não o desejo de explicar, que motivou a resposta de Daniel Alves
Sejamos sinceros: ninguém espera dos jogadores de futebol do Brasil qualquer tipo de posicionamento que não seja aquele de dentro de campo, o das variações táticas. Com raríssimas exceções, e por motivos que não vêm ao caso aqui, questionamentos sociais e políticos não fazem parte de suas rotinas nem mesmo quando o tema em questão é relacionado ao sistema no qual estão inseridos, o do esporte.
Diante disso, é de se supor que o fato de os jogadores de futebol da seleção olímpica terem subido ao pódio vestindo os uniformes da Nike/CBF com os agasalhos da Peak/COB escondidos e amarrados em suas cinturas não passa daquilo que costuma ser a atitude desses mesmos jogadores em suas rotinas diárias: pura submissão sem contestação. Alguém mandou que assim fosse, eles assim fizeram. Para os jogadores de futebol da seleção, afinal, seria térmica a única diferença entre utilizar a camisa ou o agasalho.
É bem provável que, ao acatar tal ordem, nenhum deles tenha imaginado que a atitude poderia gerar consequências negativas, no aspecto financeiro, até mesmo para atletas de outras modalidades cujas realidades são bem diferentes das suas no dia a dia de um ciclo olímpico.
Ao responder uma nota divulgada pelo COB sobre o caso, o sempre supersincero nadador Bruno Fratus fez questão de deixar isso claro através do Twitter: “A mensagem foi clara: não fazem parte do time e não fazem questão. Também estão completamente desconexos e alienados das consequências que isso pode gerar a inúmeros atletas que não são milionários como eles”, escreveu.
Daniel Alves não gostou e, ostentando o rótulo de capitão da seleção, inflou-se para responder exatamente assim em sua conta de Instagram: “Eu como capitão dessa equipe respeito todas as opiniões de atletas de outros esportes, porém tem coisas que nós também não aceitamos dentro do esporte. Não queremos ser diferente de ninguém, mas não aceitamos algumas imposições. Favor quando forem exigir alguma coisa pro seus esportes, respeitar o nosso…. até mesmo porque presamos para que haja uma igualdade dentro das modalidades ou pelo menos um equilíbrio. Não se faz reivindicações criticando outros esportes, devemos criar uma base sólida nas nossas teses para defender as nossas solicitações”.
Deixemos de lado o vazio e a desconexão de boa parte da resposta do capitão da seleção. Mesmo nos atendo àquilo que é possível compreender, seu teor não faz sentido algum, não explica nada.
Afinal, a quais “imposições” eles não se submeteram? A de vestir o agasalho? Ora, não teriam os jogadores da seleção aceitado a “imposição” de amarrá-los na cintura? E basta reler o comentário de Bruno Fratus para perceber que o nadador não desrespeitou ou criticou um “esporte”, e sim uma atitude que pode prejudicar atletas em situações mais precárias. Não seria melhor para Dani Alves buscar entender a questão e, no caso de ela já tiver sido entendida, explicar melhor e de forma mais direta, sem clichês vagos, por que eles preferiram usar os uniformes da Nike aos da Peak, que foram utilizados por todos os outros medalhistas olímpicos do Brasil?
Está claro que Daniel Alves não estava interessado em dar respostas com fatos e explicações para que entendêssemos o porquê da postura. Provavelmente, bastaria dizer o óbvio: “Fomos orientados a utilizar apenas as camisetas e assim fizemos, sem imaginar que isso poderia ter consequências negativas para outros atletas. Os ataques que estamos recebendo são injustos, reclamem com a CBF ou com o chefe do futebol olímpico”. Pelo histórico dos jogadores já citado, ninguém duvidaria da versão.
Está claro, porém, que foi por absoluta vaidade que Daniel Alves preferiu posar de galo, bater no peito e dar uma resposta sem responder absolutamente nada. Afinal, era o suficiente para que, na sequência, recebesse vários elogios de seus companheiros capitaneados na seleção, também através do Instagram. Coisas do tipo: “Bom demais capita!”, “Craque craque e craque!”, “É isso capita!” ou “É todo mundo contigo capita!”
Bom saber que pelos menos aos outros jogadores da Seleção Brasileira a vaga resposta de Daniel Alves agradou. Já para quem pretendia entender os motivos que os levaram a usar as camisas e não os agasalhos....
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